2000–2009
Salvação e Exaltação
Abril 2008


14:31

Salvação e Exaltação

No plano eterno de Deus, a salvação é um assunto individual; já a exaltação é um assunto de família.

Com gratidão, damos as boas-vindas ao Élder D. Todd Christofferson ao Quórum dos Doze Apóstolos. De todo o coração, apoiamos esta maravilhosa Primeira Presidência e todos os que foram chamados.

Irmãos e irmãs, ao recebermos a notícia do falecimento do Presidente Gordon B. Hinckley, todos sentimos imediatamente profundo pesar. Contudo, por sabermos que seu destino estava nas mãos do Senhor, nossa tristeza transformou-se em gratidão. Somos imensamente gratos pelo que aprendemos com esse grande profeta de Deus.

Hoje, nesta assembléia solene, cumprimos a vontade do Senhor, que declarou: “[A] ninguém será permitido sair a pregar meu evangelho ou estabelecer minha igreja, a não ser que tenha sido ordenado por alguém que tenha autoridade; e que a igreja saiba que tem autoridade e foi apropriadamente ordenado pelos dirigentes da igreja”.1 Essa lei do comum acordo2 foi observada, e a Igreja seguirá avante em seu devido curso.

Os membros de todo o mundo apóiam o Presidente Thomas S. Monson e seus conselheiros tão capazes. Não somos mais “estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus;

Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina”.3

O Senhor revelou por que “deu uns para apóstolos, e outros para profetas”. Fez isso para o “aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;

Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus”.4

Assim, o ministério dos apóstolos — a Primeira Presidência e os Doze — é proporcionar essa unidade da fé e proclamar nosso conhecimento do Mestre. Nosso ministério é abençoar a vida de todos os que desejarem aprender e seguir o “caminho mais excelente”5 do Senhor. E devemos ajudar as pessoas a se prepararem para sua potencial salvação e exaltação.

A terceira regra de fé declara que “por meio da Expiação de Cristo, toda a humanidade pode ser salva por obediência às leis e ordenanças do Evangelho”.

Ser salvo — ou alcançar a salvação — significa ser salvo da morte física e da espiritual. Graças à Ressurreição de Jesus Cristo, todos ressuscitarão e serão salvos da morte física. As pessoas podem ser salvas individualmente da morte espiritual por meio da Expiação de Jesus Cristo caso tenham fé Nele, obedeçam às leis e ordenanças de Seu evangelho e sirvam a Ele.

Ser exaltado — ou alcançar a exaltação — refere-se ao estado mais elevado de felicidade e glória no reino celestial. Podemos receber essas bênçãos depois de deixarmos esta existência frágil e mortal. O momento de nos prepararmos para a nossa salvação e exaltação futuras é agora.6

Como parte dessa preparação, é preciso primeiro ouvir e compreender o evangelho. Por esse motivo, o evangelho de Jesus Cristo está sendo levado a “toda a nação, e tribo, e língua, e povo”.7

Responsabilidade Individual

Há alguns anos, conheci o rei de uma tribo africana. Quando percebeu que estava sendo ensinado por um apóstolo do Senhor, ficou profundamente emocionado. Disse que multidões do seu povo se batizariam se ele lhes ordenasse. Agradeci sua bondade, mas expliquei que o Senhor não procede dessa forma.

O desenvolvimento da fé no Senhor é uma questão individual. O arrependimento também é uma questão individual. As pessoas só podem ser batizadas e receber o Espírito Santo individualmente. Cada um de nós nasce individualmente; da mesma forma, cada um de nós precisa “nascer de novo”8 individualmente. A salvação é uma questão individual.

Responsabilidades Familiares

O progresso individual é promovido na família, que é “essencial ao plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos”.9 O lar é o laboratório de Deus para o amor e o serviço. Nele, o marido deve amar a mulher, a mulher deve amar o marido e os pais e filhos devem amar uns aos outros.

Em todo o mundo, a família está sendo alvo de cada vez mais ataques. Se as famílias fracassarem, muitos de nossos sistemas políticos, econômicos e sociais também fracassarão. E se as famílias desmoronarem, seu glorioso potencial eterno não será alcançado.

Nosso Pai Celestial quer que marido e mulher sejam fiéis um ao outro e que estimem e tratem os filhos como uma herança do Senhor.10 Numa família assim, estudamos as escrituras e oramos juntos. Mantemos os olhos fitos no templo, onde recebemos as bênçãos mais sublimes que Deus tem reservadas para Seus filhos fiéis.

Graças ao grandioso plano de felicidade que Deus estabeleceu,11 podemos permanecer juntos em família para sempre — como seres exaltados. O Pai Celestial declarou: “Pois eis que esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem”.12 Esses dois objetivos foram possibilitados pela Expiação de Seu Filho Amado, Jesus Cristo. A Expiação tornou a ressurreição uma realidade e a vida eterna uma possibilidade para todos os que viveriam no mundo.

A ressurreição ou imortalidade é concedida a todos os homens e mulheres como uma dádiva incondicional.

A vida eterna, ou glória celeste, ou exaltação é uma dádiva condicional. As condições desse dom foram estipuladas pelo Senhor, que prometeu: “E se guardares meus mandamentos e perseverares até o fim, terás vida eterna, que é o maior de todos os dons de Deus”.13 Os requisitos incluem a fé no Senhor, o arrependimento, o batismo, o recebimento do Espírito Santo e a fidelidade até o fim às ordenanças e aos convênios do templo.

Nenhum homem nesta Igreja pode alcançar o grau mais elevado de glória celeste sem uma mulher digna selada a ele.14 Essa ordenança do templo possibilita a exaltação futura de ambos.

Nos chamados da Igreja, podemos vir a ser desobrigados. Não podemos, porém, ser desobrigados da responsabilidade de pais. Desde o princípio da história humana, o Senhor deu aos pais o mandamento de ensinar o evangelho aos filhos.15 Moisés escreveu: “Ensinarás a teus filhos [as palavras de Deus] e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te”.16

Em nossa época, o Senhor acrescentou: “[Ordenei] que criásseis vossos filhos em luz e verdade”.17 A Igreja auxilia, não substitui os pais em sua responsabilidade de ensinar os filhos.

Nesta época de imoralidade desenfreada e pornografia que enreda e vicia, os pais têm a responsabilidade sagrada de ensinar aos filhos a importância de Deus em sua vida.18 Esses males, que destroem tão insidiosamente o potencial divino, devem ser totalmente rejeitados pelos filhos de Deus.

Devemos também ensinar os filhos a honrarem os pais. O quinto mandamento declara: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”.19

Qual será a melhor maneira de ensinar os filhos? O Senhor deixou bem claro para nós: “Nenhum poder ou influência pode ou deve ser mantido em virtude do sacerdócio, a não ser com persuasão, com longanimidade, com brandura e mansidão e com amor não fingido;

Com bondade e conhecimento puro, que grandemente expandirão a alma, sem hipocrisia e sem dolo —

Reprovando prontamente com firmeza, quando movido pelo Espírito Santo; e depois, mostrando então um amor maior por aquele que repreendeste, para que ele não te julgue seu inimigo”.20

Quando um filho precisar de correção, perguntem a si mesmos: “O que posso dizer ou fazer para persuadi-lo a escolher um caminho melhor?” Ao aplicar o corretivo necessário, faça-o de modo calmo, discreto, amoroso e não em público. Se for preciso repreender, mostre prontamente um amor ainda maior a fim de não criar ressentimento. Para ser persuasivo, seu amor deve ser sincero e seus ensinamentos devem basear-se em doutrinas divinas e princípios corretos.

Não tentem controlar os filhos. Em vez disso, escutem-nos, ajudem-nos a aprender o evangelho, inspirem-nos e conduzam-nos rumo à vida eterna. Vocês são agentes de Deus para cuidar dos filhos que Ele lhes confiou. Que a influência divina Dele permaneça em seu coração ao ensinarem e exortarem.

Antepassados

Qualquer debate sobre as responsabilidades familiares quanto à preparação para a exaltação seria incompleto se mencionássemos apenas a mãe, o pai e os filhos. E os avós e outros antepassados? O Senhor revelou que não podemos aperfeiçoar-nos sem eles; tampouco eles podem aperfeiçoar-se sem nós.21 As ordenanças de selamento são essenciais à exaltação. A mulher precisa ser selada ao marido, os filhos aos pais e todos nós precisamos ser ligados aos nossos antepassados.22

E o que acontecerá com as pessoas que não conseguirem casar-se nesta vida ou se selar aos pais nesta vida? Sabemos que o Senhor julgará cada um de nós segundo os desejos do nosso coração, bem como nossas obras,23 e que as bênçãos da exaltação serão concedidas a todos os que forem dignos.24

Como filhos do convênio, somos altamente favorecidos. Foram plantadas em nosso coração as promessas feitas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. O Senhor afirmou: “Porque sois herdeiros legais segundo a carne e fostes escondidos do mundo com Cristo, em Deus (…).

Portanto bem-aventurados sois se continuais em minha bondade, uma luz para os gentios; e por meio deste sacerdócio, um salvador para meu povo, Israel”.25

Esta vida é o período para nos prepararmos para a salvação e a exaltação.26 No plano eterno de Deus, a salvação é um assunto individual; já a exaltação é um assunto de família.

Como filhos do convênio, reunimo-nos na assembléia solene desta manhã. Voltamos a atenção para o título sagrado dos profetas e apóstolos, mas a responsabilidade final de se preparar para a salvação e exaltação recai sobre cada pessoa responsável pelo uso que fizer do arbítrio individual, agindo na própria família e com um outro título sagrado: de mãe, pai, filha, filho, avó ou avô.

Nesses papéis de grande responsabilidade, sigamos em frente com fé, guiados por Jesus Cristo, a quem pertence esta Igreja, e por Seu profeta por meio do qual Ele fala à humanidade. Essa é a minha oração, em nome de Jesus Cristo. Amém.

  1. D&C 42:11; grifo do autor.

  2. Ver D&C 26:2; 28:13.

  3. Efésios 2:19–20.

  4. Efésios 4:11–13.

  5. I Coríntios 12:31; Éter 12:11.

  6. Ver Alma 34:32–33.

  7. Apocalipse 14:6.

  8. João 3:3, 7; Mosias 27:25; Alma 5:49; 7:14; Moisés 6:59.

  9. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49.

  10. Ver Salmos 127:3.

  11. Ver Alma 42:8.

  12. Moisés 1:39.

  13. D&C 14:7; ver também 3 Néfi 15:9. O Livro de Mórmon explica melhor a natureza condicional desse dom grandioso. Insta-nos: “Deveis, pois, prosseguir com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens. Portanto, se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo, e perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna” (2 Néfi 31:20; grifo do autor).

  14. Ver D&C 131:1–3.

  15. Ver Moisés 6:57–58. Observem também o seguinte ensinamento do rei Benjamim: “E não permitireis que vossos filhos andem famintos ou desnudos; nem permitireis que transgridam as leis de Deus e briguem e disputem entre si e sirvam ao diabo, que é o mestre do pecado (…). Ensiná-los-eis, porém, a andarem nos caminhos da verdade e da sobriedade; ensiná-los-eis a amarem-se uns aos outros e a servirem-se uns aos outros” (Mosias 4:14–15).

  16. Deuteronômio 6:7.

  17. D&C 93:40. O Senhor disse ainda: “E também ensinarão seus filhos a orar e a andar em retidão perante o Senhor” (D&C 68:28).

  18. Paulo ensinou a Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (II Timóteo 3:14–15).

  19. Êxodo 20:12. Lembrem-se deste provérbio sobre os pais: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6).

  20. D&C 121:41–43.

  21. Ver D&C 128:15.

  22. Ver D&C 128:18.

  23. Ver D&C 137:9.

  24. Ver D&C 130:20–21; ver também Rudger Clawson, Conference Report, outubro de 1917, p. 29: Joseph F. Smith, Deseret News, 1º de maio de 1878, p. 2; Richard G. Scott, “The Joy of Living the Great Plan of Happiness”, Ensign, novembro de 1996, p. 75.

  25. D&C 86:9, 11.

  26. Ver Alma 12:24.