Ajudá-los a Estabelecer Metas Elevadas
Com sua orientação, aqueles que vocês lideram serão capazes de ver que podem atingir seu pleno potencial para o serviço no reino de Deus, de querer e de desejar atingi-lo.
Sou muito grato pela oportunidade de estar nesta grande reunião do sacerdócio, por ter ouvido esses ensinamentos e testemunhos maravilhosos. Lembrei-me de minha própria experiência. Quase tudo o que fui capaz de realizar como portador do sacerdócio foi por causa das pessoas que me conheceram e viram em mim coisas que eu não conseguia ver.
Quando eu era um jovem pai, orei para saber quais contribuições meus filhos poderiam fazer no reino do Senhor. Para os meninos, eu sabia que eles poderiam ter oportunidades do sacerdócio. Para as meninas, eu sabia que elas prestariam serviço representando o Senhor. Todos estariam fazendo a obra Dele. Eu sabia que cada um deles era um indivíduo e, portanto, o Senhor lhes daria dons específicos para cada um usar a serviço Dele.
Não posso dizer a cada pai e a cada líder de jovens quais são os detalhes do que é melhor para vocês fazerem. Mas posso prometer-lhes que terão a bênção de ajudá-los a reconhecer os dons espirituais com os quais nasceram. Toda pessoa é diferente e tem uma contribuição diferente a fazer. Ninguém está destinado a fracassar. Ao buscarem a revelação para ver os dons que Deus vê naqueles a quem vocês lideram no sacerdócio, em especial os jovens, vocês terão a bênção de ampliar a visão deles para o serviço que eles podem desempenhar. Com sua orientação, aqueles que vocês lideram serão capazes de ver que podem atingir seu pleno potencial para o serviço no reino de Deus, de querer e de desejar atingi-lo.
No caso de meus próprios filhos, orei por revelação para saber como poderia ajudar cada um deles individualmente a preparar-se para suas oportunidades específicas de servir a Deus. Depois, procurei ajudá-los a visualizar, a esperar e a trabalhar por esse futuro. Entalhei um quadro para cada filho com uma citação das escrituras que descrevia seus dons especiais e uma imagem que representava esse dom. Embaixo da gravura e da legenda, entalhei as datas do batismo e da ordenação aos ofícios do sacerdócio de cada rapaz, com a altura que tinham na data de cada marco da vida deles.
Vou descrever os quadros que entalhei para cada filho para ajudá-lo a ver seus dons espirituais e com o que ele podia contribuir para a obra do Senhor. Vocês podem ser inspirados a reconhecer, como eu, os dons específicos e as oportunidades exclusivas de cada um dos jovens que vocês amam e lideram.
Quando meu filho mais velho se tornou diácono e um escoteiro da pátria, a gravura de uma águia me veio à mente quando pensei nele e em seu futuro. Estávamos morando em Idaho, perto do sopé do monte South Teton, onde fazíamos caminhadas e observávamos as águias voando. Aquela imagem em minha mente deu-me o sentimento das palavras de Isaías:
“Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.
Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão;
Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”.1
Na verdade, com esse filho mais velho, havíamos interrompido nossa caminhada antes de chegar ao topo do monte South Teton porque meu filho ficou cansado e quis parar. Ele disse: “Será que sempre lamentarei por não termos chegado ao topo? Pai, vá em frente, não quero que você fique decepcionado”.
Respondi: “Nunca ficarei decepcionado, e você não vai lamentar. Sempre nos lembraremos de termos subido até aqui juntos”. No alto do quadro dele, entalhei uma águia e a inscrição “Nas Asas das Águias”.
Com o passar dos anos, meu filho voou mais alto como missionário do que eu jamais imaginara. Nos desafios do campo missionário, alguns dos que ele enfrentou pareciam estar além de sua capacidade. Para o rapaz que vocês encorajam, pode acontecer, como foi para meu filho, que o Senhor o eleve ainda mais alto do que eu achava possível ao pregar o evangelho em um idioma difícil. Se procurarem fazer com que cada jovem sinta suas possibilidades no sacerdócio, prometo que o Senhor vai dizer-lhes tudo o que lhes for necessário. O rapaz pode ter um potencial até maior do que o Senhor vai revelar a vocês. Ajudem-no a estabelecer metas elevadas.
O rapaz que vocês encorajam pode parecer tímido demais para ser um vigoroso servo no sacerdócio. Um de meus outros filhos era tão tímido, quando pequeno, que não conseguia entrar em uma loja e falar com o atendente. Ficava com muito medo. Preocupei-me ao orar pelo seu futuro no sacerdócio. Eu o imaginava no campo missionário — o que não parecia muito promissor. Fui conduzido a uma escritura em Provérbios: “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão”.2
Entalhei “Ousado como um Leão” no quadro dele, colocando embaixo a imagem da cabeça de um leão rugindo. Em sua missão e nos anos que se seguiram, ele cumpriu a esperança do que entalhei. Meu filho, antes tímido, pregou o evangelho com grande convicção e enfrentou perigos com bravura. Foi magnificado em suas responsabilidades para representar o Senhor.
Isso pode acontecer com o rapaz que vocês estão liderando. Vocês precisam edificar a fé que ele tem para que o Senhor possa transformá-lo em um servo mais corajoso do que o rapaz tímido que vocês agora veem.
Sabemos que o Senhor faz com que Seus servos sejam destemidos. Joseph, o rapaz que viu Deus, o Pai, e Seu Filho, Jesus Cristo, em um bosque, foi transformado num gigante espiritual. Parley P. Pratt percebeu isso quando o Profeta Joseph Smith repreendeu os guardas iníquos que os mantinham cativos. O Élder Pratt escreveu:
“De repente, ele se ergueu e falou com a voz de trovão, como um leão a rugir, proferindo, pelo que me lembro, as seguintes palavras:
‘CALEM-SE, demônios do abismo infernal. Em nome de Jesus Cristo eu os repreendo e ordeno que se calem; não viverei nem mais um minuto ouvindo esse tipo de linguagem. Parem com essa conversa, ou vocês ou eu morreremos NESTE INSTANTE!’”
A respeito desse ocorrido, o Élder Pratt escreveu: “Dignidade e majestade vi apenas uma vez: num homem acorrentado, à meia-noite, numa masmorra, numa obscura cidadezinha do Estado do Missouri”.3
O Senhor dará oportunidades a Seus servos justos para que sejam destemidos como leões, quando falarem em Seu nome e testemunharem em Seu sacerdócio.
Outro filho, desde menino, tinha um grande círculo de amigos que com frequência procuravam sua companhia. Ele tinha facilidade em fazer amizade com as pessoas. Ao orar e tentar prever sua contribuição no reino de Deus, senti que ele teria o poder de reunir as pessoas em amor e união.
Isso me conduziu ao relato encontrado em Doutrina e Convênios que descreve o trabalho dos élderes do sacerdócio para edificar Sião no Missouri e o louvor dos anjos que viram os esforços e a contribuição deles. Isso exigiu grande sacrifício. A revelação em Doutrina e Convênios declara: “Não obstante, bem-aventurados sois, porque o testemunho que prestastes está registrado no céu para ser visto pelos anjos; e eles se regozijam por vós e vossos pecados vos são perdoados”.4
No quadro do meu filho, entalhei: “Anjos Se Regozijam por Você”.
A grande habilidade que aquele filho tinha de reunir e influenciar pessoas se estendeu para além de seus anos na escola. Com seus colegas portadores do sacerdócio, ele organizou atividades de estaca que deram aos jovens de sua região a fé para suportar e até superar situações difíceis. Ao edificar a fé naqueles rapazes e naquelas moças, ele ajudou a edificar baluartes de Sião nos centros urbanos da América. No quadro, entalhei os anjos tocando trombetas, que talvez não seja exatamente como eles fizeram, mas era mais fácil entalhar uma trombeta do que um brado.
Os anjos se regozijam quando os líderes do sacerdócio do mundo inteiro edificam Sião em suas alas, estacas e missões. E vão regozijar-se pelos rapazes e pelas moças que vocês ajudam ao edificar Sião onde quer que estejam e em quaisquer situações que se encontrem. Sião é o resultado de pessoas ligadas por convênio e amor. Convido vocês a ajudar seus jovens a se unirem.
Para um de meus filhos, fui inspirado a entalhar um sol — um sol no céu — e as palavras da oração intercessória do Salvador: “A Vida Eterna É Esta”. Quase no fim de Seu ministério mortal, o Salvador orou a Seu Pai:
“E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer”.5
Meu filho prestou serviço do sacerdócio em três continentes, porém mais importante, em sua casa e em meio a sua família. Ele edificou sua vida em redor deles. Trabalha perto de casa e com frequência volta para se reunir com a esposa e os filhinhos na hora do almoço. A família dele mora bem perto da minha casa. Eles cuidam de nosso quintal como se fosse o deles. Esse filho está vivendo não apenas para qualificar-se para a vida eterna, mas também para viver eternamente rodeado de familiares gratos os quais ele está reunindo a sua volta.
A vida eterna é viver em união, nas famílias, com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A vida eterna somente é possível por meio das chaves do sacerdócio de Deus, que foram restauradas por intermédio do Profeta Joseph Smith. Mostrar essa meta eterna para os jovens que vocês lideram é a maior dádiva que vocês podem conceder a eles. Vocês fazem isso principalmente pelo exemplo em sua própria família. Aqueles que vocês lideram talvez não tenham a família na Igreja, mas convido vocês a ajudá-los a sentir e desejar o amor da família em ambos os lados do véu.
Os quadros que descrevi são apenas um meio de ajudar os jovens a terem um vislumbre da grandiosidade que Deus vê neles, no futuro deles e no serviço especial que Ele os preparou para realizar. Ele vai ajudá-los a ver como fazer isso por seus filhos e por outros jovens. Mas, ao buscarem em espírito de oração visualizar por si mesmos esse futuro e comunicá-lo ao jovem, um a um, vocês saberão que Deus ama cada um de Seus filhos, individualmente, e vê dons grandiosos e especiais em cada um deles.
Como pai, tive a bênção de ver um grande futuro no reino de Deus para minhas filhas, assim como para meus filhos. Quando busquei orientação em espírito de oração, foi-me mostrado um meio de ajudar minhas filhas a reconhecer a confiança que Deus depositara nelas como servas que podiam edificar Seu reino.
Quando minhas filhas eram jovens, vi que podia ajudá-las a sentir o amor daqueles que estão além do véu, ao longo das gerações. Eu sabia que o serviço gera amor e traz esperança de vida eterna.
Por isso entalhei bandejas de pão nas quais colocamos um pão feito em casa e fomos juntos entregá-los a viúvas, viúvos e famílias. A legenda que entalhei em cada uma daquelas bandejas de pão dizia: “J’aime et J’espere”, que em francês significa “Amo e espero”. A evidência de seus dons espirituais especiais apareceu não apenas nas bandejas que entalhei, porém com mais clareza quando as entregamos para aqueles que necessitavam, em meio à dor ou à perda, da confirmação de que o amor do Salvador e Sua Expiação poderiam produzir um perfeito resplendor de esperança. Essa é a vida eterna, para minhas filhas, e para cada um de nós.
Vocês podem estar pensando: “Irmão Eyring, você está dizendo que tenho que aprender a entalhar madeira?” A resposta é não. Aprendi a entalhar apenas com a ajuda de um bondoso e talentoso mentor, o Élder Boyd K. Packer. O pouco que sei pode ser atribuído ao grande talento que ele tem para esculpir e sua paciência como professor. Somente o céu pode prover um mentor assim como o Presidente Packer. Mas há muitas maneiras pelas quais vocês podem moldar o coração de seus filhos, sem ter de entalhar quadros de madeira para eles.
Por exemplo: as novas tecnologias de comunicação permitem o compartilhamento de mensagens de fé e esperança entre as distâncias que nos separam, instantaneamente e com pouco ou nenhum gasto. Minha mulher me ajuda a fazer isso. Começamos falando por telefone com os filhos e os netos com os quais conseguimos. Pedimos que contem suas histórias de sucesso pessoal ou de serviço prestado por eles. Também os convidamos a enviar fotos dessas atividades. Usamos essas fotos para ilustrar alguns parágrafos de texto. Acrescentamos um ou dois versículos do Livro de Mórmon. Talvez Néfi e Mórmon não ficassem muito impressionados com a qualidade espiritual de nosso conteúdo ou do esforço reduzido para criar o que chamamos de “O Diário da Família: As Placas Menores”. Mas minha mulher e eu somos abençoados por esse esforço. Sentimos inspirados ao selecionar as passagens de escritura e as breves mensagens de testemunho que escrevemos. E vemos a evidência na vida de nossos netos de que seu coração se volta para nós e para o Salvador.
Há outras maneiras de influenciar as pessoas. Vocês já usam muitas dessas maneiras. Seus hábitos de oração familiar e leitura das escrituras vão criar lembranças mais duradouras e maiores mudanças no coração do que se dão conta hoje. Até atividades aparentemente seculares, como assistir a um evento esportivo ou ver um filme no cinema, podem moldar o coração de um filho. O que importa não é a atividade, mas os sentimentos que surgem quando vocês fazem isso. Descobri um bom teste para identificar atividades com o potencial para fazer uma grande diferença na vida de um jovem. É quando eles sugerem a atividade devido a um interesse que sentem e que lhes foi concedido como dom de Deus. Sei por experiência própria que isso é possível.
Quando me tornei diácono, aos 12 anos, morávamos em Nova Jersey, a 80 quilômetros da Cidade de Nova York. Eu sonhava em me tornar um grande jogador de beisebol. Meu pai concordou em levar-me para ver um jogo disputado no velho e lendário estádio Yankee, no Bronx. Ainda posso ver o bastão de Joe DiMaggio rebater uma bola para o centro do campo, com meu pai sentado a meu lado, a única vez em que fomos assistir juntos a um jogo importante de beisebol.
Porém, passar mais um dia com meu pai moldou minha vida para sempre. Ele levou-me de Nova Jersey até a casa de um patriarca ordenado, em Salt Lake City. Eu nunca o tinha visto antes. Meu pai me deixou junto à porta dele. O patriarca me levou até uma cadeira, colocou as mãos sobre minha cabeça e proferiu uma bênção como um dom de Deus que incluía uma declaração do grande desejo de meu coração.
Ele disse que eu seria um daqueles de quem foi dito: “Bem-aventurados os pacificadores”.6 Fiquei tão surpreso que aquele homem totalmente desconhecido conhecesse meu coração, que abri os olhos para ver a sala na qual aquele milagre estava acontecendo. Aquela bênção descrevendo minhas possibilidades moldou minha vida, meu casamento e meu serviço no sacerdócio.
A partir daquela experiência pessoal e do que se seguiu, posso testificar: “Pois a todos não são dados todos os dons; pois há muitos dons e a cada homem é dado um dom pelo Espírito de Deus”.7
Pelo fato de o Senhor ter-me revelado um dom, pude reconhecer e preparar-me para oportunidades de exercê-lo para abençoar aqueles a quem amo e sirvo.
Deus conhece nossos dons. Meu desafio para vocês e para mim é orar para conhecer os dons que nos foram dados, para saber como desenvolvê-los e para reconhecer as oportunidades que Deus nos concede de servir ao próximo. Acima de tudo, oro para que sejam inspirados a ajudar outros a descobrir os dons divinos que eles têm para servir.
Prometo que se pedirem, terão a bênção de ajudar e elevar outros a seu pleno potencial no serviço daqueles que eles lideram e amam. Testifico que Deus vive, Jesus é o Cristo, esse é o sacerdócio de Deus, o qual Ele porta, e Deus nos preparou com dons especiais para servi-Lo além de nossas mais ternas esperanças. Em nome de Jesus Cristo. Amém.