2010–2019
“Se Me Amais, Guardai os Meus Mandamentos”
Abril 2014


16:5

“Se Me Amais, Guardai os Meus Mandamentos”

Élder Robert D. Hales

A decisão de usar nosso arbítrio para obedecer significa “[fazer] o bem, e [esperar] os efeitos”.

Irmãos e irmãs, de todas as lições que aprendemos com a vida do Salvador, nenhuma é mais clara e poderosa do que a lição da obediência.

O Exemplo do Salvador

No conselho pré-mortal do céu, Lúcifer se rebelou contra o plano do Pai Celestial. Aqueles que seguiram Lúcifer encerraram seu progresso eterno — tomem cuidado a quem vocês seguem!

Então, Jesus expressou Seu compromisso de obedecer, dizendo: “Pai, faça-se a tua vontade e seja tua a glória para sempre”.1 Ao longo de Seu ministério, Ele “sofreu tentações, mas não lhes deu atenção”.2 De fato, “aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu”.3

Por que nosso Salvador foi obediente, Ele expiou nossos pecados, possibilitando nossa ressurreição e preparando o caminho para que retornemos à presença de nosso Pai Celestial, que sabia que cometeríamos erros ao aprendermos a obediência na mortalidade. Quando obedecemos, aceitamos Seu sacrifício, porque “cremos que, por meio da Expiação de Cristo, toda a humanidade pode ser salva por obediência às leis, ordenanças [e aos mandamentos dados no] evangelho”.4

Com uma linguagem simples e fácil de compreender, Jesus nos ensinou a obedecer: “Se me amais, guardai os meus mandamentos”5 e “Vem, e segue-me”.6

Quando fomos batizados, “[tomamos] sobre [nós] o nome de Cristo” e “[fizemos] convênio com Deus de [ser] obedientes até o fim de [nossa] vida”.7 Todo domingo, renovamos esse convênio batismal tomando o sacramento e testemunhando que estamos dispostos a guardar os mandamentos. Procuramos obter perdão de quaisquer pensamentos, sentimentos ou ações que não estejam em harmonia com a vontade do Pai Celestial. Quando nos arrependemos, afastamo-nos da desobediência e voltamos a ser obedientes, mostramos nosso amor por Ele.

Tipos de Obediência

À medida que vivemos o evangelho, progredimos em nossa compreensão da obediência. Às vezes, podemos ser tentados a praticar o que chamo de “obediência do homem natural”, em que deliberadamente se rejeita a lei de Deus em favor da própria sabedoria e dos desejos e até mesmo da popularidade. Como isso é amplamente praticado por muitos, essa perversão da obediência rebaixa os padrões de Deus em nossa cultura e em nossas leis.

Às vezes os membros exercem a “obediência seletiva”, afirmando amar e honrar a Deus, mas escolhendo e selecionando quais de Seus mandamentos e ensinamentos — e quais ensinamentos e conselhos de Seus profetas — vão seguir plenamente.

Alguns obedecem seletivamente porque não conseguem perceber os motivos de um mandamento, assim como os filhos nem sempre sabem os motivos das regras e dos conselhos dados pelos pais. Mas sempre sabemos o motivo pelo qual seguimos o profeta, porque esta é a Igreja de Jesus Cristo, e é o Salvador que dirige Seus profetas em todas as dispensações.

À medida que nossa compreensão da obediência se aprofunda, reconhecemos o papel essencial do arbítrio. Quando Jesus estava no Jardim do Getsêmani, Ele orou três vezes a Seu Pai no céu: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”.8 Deus não passou por cima do arbítrio do Salvador, mas misericordiosamente enviou um anjo para fortalecer Seu Filho Amado.

O Salvador passou por outro teste no Gólgota, onde poderia ter convocado legiões de anjos para tirá-Lo da cruz, mas Ele fez Sua própria escolha de suportar obedientemente até o fim e completar Seu Sacrifício Expiatório, mesmo que isso significasse grande sofrimento, inclusive a morte.

A obediência espiritualmente madura é “a obediência do Salvador”. Ela é motivada pelo amor verdadeiro ao Pai Celestial e a Seu Filho. Quando estamos dispostos a obedecer, como fez o Salvador, apreciamos imensamente as palavras de nosso Pai Celestial. “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.9 E ansiamos por ouvir quando estivermos na presença de nosso Pai Celestial: “Bem está, servo bom e fiel. (…) Entra no gozo do teu senhor”.10

A decisão de usar nosso arbítrio para obedecer significa “[fazer] o bem, e [esperar] os efeitos”.11 Exige autodomínio e gera confiança, felicidade eterna e um sentimento de realização para nós e, pelo exemplo, para as pessoas a nosso redor; e sempre inclui o profundo compromisso pessoal de apoiar os líderes do sacerdócio e de seguir seus ensinamentos e conselhos.

Consequências

Ao decidirmos se vamos obedecer ou não, sempre é útil lembrar as consequências de nossas escolhas. Será que Lúcifer e seus seguidores compreendiam as consequências de sua decisão de rejeitar o plano do Pai Celestial? Se compreendiam, por que fizeram essa escolha terrível? Bem poderíamos fazer a nós mesmos uma pergunta semelhante: Por que alguém entre nós escolheria ser desobediente se conhecemos as consequências eternas do pecado? As escrituras nos fornecem uma resposta: o motivo pelo qual Caim e alguns dos filhos de Adão e Eva decidiram ser desobedientes foi porque “amaram Satanás mais que a Deus”.12

Nosso amor pelo Salvador é o ponto-chave da obediência semelhante à Dele. Ao esforçar-nos por ser obedientes no mundo atual, declaramos nosso amor e nosso respeito por todos os filhos do Pai Celestial. Contudo é impossível esse amor ao próximo modificar os mandamentos de Deus, que nos foram dados para o nosso bem! Por exemplo: o mandamento “[não] matarás nem farás coisa alguma semelhante”13 se baseia na lei espiritual que protege todos os filhos de Deus, até os que não nasceram. A longa experiência mostra que, quando ignoramos essa lei, o resultado é um sofrimento imenso. Contudo, muitos acreditam que é aceitável dar fim à vida de uma criança que ainda não nasceu por motivos de preferência ou conveniência.

A racionalização da desobediência não muda a lei espiritual ou suas consequências, mas conduz à confusão, à instabilidade, à perambulação por caminhos estranhos, ao sentimento de desorientação e ao sofrimento. Como discípulos de Cristo, temos a sagrada obrigação de apoiar Suas leis e Seus mandamentos e os convênios que fazemos.

Em dezembro de 1831, alguns irmãos foram chamados para ajudar a amenizar alguns sentimentos hostis que estavam se desenvolvendo em relação à Igreja. Por meio do Profeta Joseph Smith, o Senhor os instruiu de modo incomum e até surpreendente:

“Confundi vossos inimigos; convidai-os para debater convosco, tanto em público como em particular; (…)

Portanto, que exponham eles seus fortes argumentos contra o Senhor.

(…) Arma alguma que se forme contra vós prosperará;

E se contra vós algum homem erguer a voz, em meu próprio e devido tempo será confundido.

Portanto guardai meus mandamentos; eles são verdadeiros e fiéis”.14

Lições das Escrituras

As escrituras estão repletas de exemplos de profetas que aprenderam as lições da obediência por experiência própria.

Joseph Smith aprendeu quais eram as consequências de ceder à pressão de seu benfeitor, amigo e escrevente Martin Harris. Em resposta às súplicas de Martin, Joseph pediu permissão ao Senhor para emprestar as primeiras 116 páginas manuscritas do Livro de Mórmon de modo que Martin pudesse mostrá-las à família dele, mas o Senhor disse a Joseph que não. Martin rogou a Joseph que pedisse novamente ao Senhor. Depois do terceiro pedido de Joseph, o Senhor deu permissão para que cinco pessoas específicas examinassem o manuscrito. “Num convênio extremamente solene, Martin se comprometeu a cumprir aquele acordo. Quando chegou à sua casa e foi pressionado, esqueceu-se de seu solene juramento e permitiu que outras pessoas vissem o manuscrito; como resultado disso, por meio de um estratagema, o manuscrito foi tirado de suas mãos”15 e foi perdido. Como consequência, Joseph foi repreendido pelo Senhor, sendo-lhe negada a permissão de continuar a traduzir o Livro de Mórmon. Joseph sofreu e se arrependeu de sua transgressão por ceder à pressão de outras pessoas. Depois de um tempo, foi permitido a Joseph que retomasse seu trabalho de tradução. Joseph aprendeu uma lição valiosa de obediência que lhe foi útil pelo restante de sua vida!

O profeta Moisés nos deixou outro exemplo. Quando Moisés obedientemente se casou com uma mulher etíope, Miriã e Arão falaram contra ele. Mas o Senhor os repreendeu, dizendo: “Boca a boca falo com [Moisés]”.16 O Senhor usou esse incidente inimaginável para ensinar os membros da Igreja de nossa dispensação. Em 1830, Hiram Page afirmou receber revelação para a Igreja. O Senhor o corrigiu e ensinou aos santos o seguinte: “Tu serás obediente às coisas que eu der [a Joseph], tal como Aarão”,17 “porque ele as recebe como Moisés”.18

A obediência resulta em bênçãos, “e quando recebemos uma bênção de Deus, é por obediência à lei na qual ela se baseia”.19

A obediência é ensinada pelo exemplo. Pelo modo como vivemos, ensinamos nossos filhos: “Aprende sabedoria em tua mocidade; sim, aprende em tua mocidade a guardar os mandamentos de Deus!”.20

A obediência nos torna progressivamente mais fortes, capazes de suportar com fidelidade testes e provações no futuro. A obediência no Getsêmani preparou o Salvador para obedecer e perseverar até o fim no Gólgota.

Meus amados irmãos e irmãs, as palavras de Alma expressam os sentimentos de meu coração:

“E agora, meus amados irmãos, eu vos disse estas coisas a fim de despertar em vós o senso de vosso dever para com Deus, para que andeis irrepreensivelmente perante ele. (…)

E agora, quisera que fôsseis humildes e submissos e mansos; (…) guardando diligentemente os mandamentos de Deus em todos os momentos”.21

Presto meu testemunho especial de que nosso Salvador vive. Por Ele ter obedecido, “todo joelho se dobrará e toda língua confessará (…) que ele é [nosso Salvador]”.22 Oro para que O amemos tão profundamente e creiamos Nele com fé tão plenamente de modo que também obedeçamos, guardemos Seus mandamentos e voltemos a viver com Ele para sempre no reino de nosso Deus, é minha oração em nome de Jesus Cristo. Amém.