2010–2019
Por Que o Casamento e a Família São Importantes — Em Todas as Partes do Mundo
Abril 2015


15:38

Por Que o Casamento e a Família São Importantes — Em Todas as Partes do Mundo

A família é o ponto central da vida e é a chave para a felicidade eterna.

Em novembro do ano passado, tive o privilégio de ser convidado — com o Presidente Henry B. Eyring e o Bispo Gérald Caussé — para participar no Vaticano, em Roma, de um colóquio sobre o casamento e a família. Estavam presentes representantes religiosos de 14 religiões diferentes de seis dos sete continentes, todos os quais tinham sido convidados para expressar suas crenças a respeito do que está acontecendo com a família no mundo de hoje.

President Henry B. Eyring, Bishop Gerald Causse and Elder Perry in Rome

O Papa Francisco abriu a primeira sessão da assembleia com esta declaração: “Vivemos atualmente em uma cultura de coisas passageiras, na qual mais e mais pessoas estão simplesmente desistindo do casamento como um compromisso público. Essa revolução nos costumes e padrões morais frequentemente hasteia a bandeira da liberdade, mas na verdade tem trazido devastação espiritual e material a incontáveis seres humanos, especialmente aos mais pobres e mais vulneráveis. (…) São sempre eles que mais sofrem durante essa crise”.1

Referindo-se aos da nova geração, ele disse que é importante que eles “não cedam à [mentalidade] venenosa das coisas passageiras, mas que sejam revolucionários quanto à coragem para buscar o amor verdadeiro e duradouro, contrariando o padrão comum”; isso deve ser feito.2

Synod hall with the faith leaders on the marriage summit

Essa declaração foi seguida de três dias de apresentações e debates com líderes religiosos abordando a questão do casamento entre um homem e uma mulher. Enquanto ouvia uma grande variedade de líderes religiosos de todas as partes do mundo, escutei-os concordando plenamente uns com os outros e expressando apoio às crenças dos outros quanto à santidade da instituição do casamento e à importância da família como a unidade básica da sociedade. Senti uma forte sensação de mutualidade e união com eles.

Houve muitos que viram e expressaram essa união, e o fizeram de várias maneiras. Uma de minhas partes favoritas foi quando um erudito muçulmano do Irã citou integralmente dois parágrafos de nossa própria proclamação sobre a família.

Durante o colóquio, observei que, quando várias religiões, denominações e crenças estão unidas quanto ao casamento e à família, elas também estão unidas quanto aos valores, à lealdade e ao comprometimento que naturalmente são associados à unidade familiar. Foi extraordinário ver como o casamento e as prioridades voltadas à família ultrapassam e substituem quaisquer diferenças políticas, econômicas ou religiosas. Quando se trata do amor ao cônjuge, das expectativas, das preocupações e dos ideais para os filhos, somos todos iguais.

President Henry B. Eyring speaking in a news room.

Foi maravilhoso participar de reuniões com oradores de todas as partes do mundo expressando seus sentimentos sobre a importância do casamento entre um homem e uma mulher. Cada um de seus discursos foi seguido de testemunhos de outros líderes religiosos. O Presidente Henry B. Eyring prestou o testemunho final no colóquio. Ele prestou um vigoroso testemunho sobre a beleza de um casamento fiel e sobre nossa crença na bênção prometida de famílias eternas.

O testemunho do Presidente Eyring foi uma bênção apropriada para encerrar aqueles três dias especiais.

Agora, você deve estar se perguntando: “Se a maioria teve um sentimento mútuo quanto às crenças e à prioridade familiar, se todas as religiões essencialmente concordaram com o modelo ideal de casamento e se todos concordaram com o valor que deve ser dado aos lares e aos relacionamentos familiares, como então somos diferentes? Como A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias se distingue e se diferencia do resto do mundo?”

Eis a resposta: Embora tenha sido maravilhoso ver e sentir que temos muito em comum com o resto do mundo em relação a nossas famílias, temos, no entanto, a perspectiva eterna do evangelho restaurado.

O que o evangelho restaurado menciona sobre o casamento e a família é tão importante e tão relevante que não pode ser negado: tornamos o assunto eterno! Levamos o comprometimento e a santidade do casamento a um nível mais elevado por causa de nossa crença e compreensão de que as famílias existiam antes desta Terra e de que elas podem continuar por toda a eternidade.

Essa doutrina é ensinada de modo bem simples, poderoso e belo nas palavras de Ruth Gardner na canção “As Famílias Poderão Ser Eternas”, da Primária. Pausem por um momento e pensem sobre como as crianças da Primária de todo o mundo cantam estas palavras em seu idioma nativo, com toda a força, com entusiasmo que apenas o amor da família pode evocar:

“As famílias poderão ser eternas

No plano do Senhor.

Pra com eles viver pra sempre eu merecer,

O Senhor mostrou-me o que fazer.”3

Toda a teologia de nosso evangelho restaurado se concentra na família e no novo e eterno convênio do casamento. Em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, acreditamos em uma vida pré-mortal, onde todos vivíamos literalmente como filhos espirituais de Deus, nosso Pai Celestial. Cremos que éramos, e ainda somos, membros de Sua família.

Cremos que os laços familiares e do matrimônio podem continuar além desta vida — que os casamentos realizados por aqueles que possuem a devida autoridade em Seus templos continuarão a ser válidos no mundo vindouro. Nossas cerimônias de casamento eliminam as palavras “até que a morte os separe” e, em vez disso, mencionam “para esta vida e por toda a eternidade”.

Também cremos que famílias tradicionais fortes não são apenas a unidade básica de uma sociedade, uma economia e uma cultura de valores estáveis, mas que também são as unidades básicas da eternidade e do reino e governo de Deus.

Cremos que a organização e o governo do céu serão edificados em torno de famílias e de seus parentes.

É por causa de nossa crença de que os casamentos e as famílias são eternos que nós, como Igreja, queremos liderar e participar de movimentos em todo o mundo para fortalecê-los. Sabemos que não são apenas os religiosamente ativos que têm valores e prioridades comuns quanto a casamentos duradouros e relacionamentos familiares fortes. Muitos estudiosos concluíram que um casamento e um estilo de vida familiar compromissados são a maneira mais lógica, mais econômica e mais feliz para viver.

Ninguém jamais sugeriu uma forma mais eficiente de criar a próxima geração do que por meio de uma família, composta de pais casados e filhos.

Por que o casamento e a família são importantes — em todas as partes? Pesquisas de opinião pública mostram que o casamento ainda é o ideal e é o que espera a maioria em todas as faixas etárias — mesmo entre a geração do milênio, em que muito ouvimos falar sobre as escolhas de permanecer solteiro, da liberdade pessoal e da coabitação em vez do casamento. O fato é que a grande maioria no mundo todo ainda quer ter filhos e criar famílias fortes.

Uma vez que somos casados e temos filhos, a verdadeira semelhança entre toda a humanidade se torna ainda mais evidente. Como “pessoas de família” — não importa onde vivamos ou quais sejam nossas crenças religiosas —, vivenciamos muitas das mesmas dificuldades, ajustes, expectativas e ideais para nossos filhos.

David Brooks, um colunista do New York Times, disse: “As pessoas não se encontram em uma melhor situação quando lhes é concedida uma maior liberdade pessoal de fazerem o que quiserem. Elas se encontram em uma melhor situação quando estão envolvidas com compromissos que transcendem a escolha pessoal: o compromisso com a família, com Deus, com o trabalho e com o país”.4

O problema é que os muitos meios de comunicação e entretenimento que o mundo oferece não refletem as prioridades e os valores da maioria. Seja qual for a razão, grande parte da televisão, dos filmes, da música e da Internet apresenta um clássico caso da minoria se passando pela maioria. A imoralidade e a amoralidade, da violência explícita ao sexo por diversão, são retratadas como regras e podem fazer com que aqueles que têm valores populares sintam que somos ultrapassados ou de outra era. Em um mundo dominado pela mídia e pela Internet, nunca foi tão difícil criar filhos responsáveis e manter casamentos e famílias unidas.

A despeito do que grande parte da mídia e dos meios de entretenimentos possam sugerir e apesar do real declínio quanto à orientação conjugal e familiar de alguns, a grande maioria da humanidade ainda acredita que o casamento deve ser entre um homem e uma mulher. Eles acreditam na fidelidade dentro do casamento e acreditam nos votos matrimoniais “na saúde e na doença” e “até que a morte os separe”.

Precisamos nos lembrar de vez em quando, como me lembrei em Roma, de como é maravilhosamente reconfortante e consolador o fato de que o casamento e a família ainda são a aspiração e o ideal da maioria das pessoas e que não estamos sozinhos quanto a essas crenças. O desafio de encontrar um equilíbrio prático entre emprego, família e necessidades pessoais nunca foi tão grande. Como igreja, queremos ajudar em tudo o que pudermos para criar e apoiar famílias e casamentos fortes.

É por isso que a Igreja lidera e participa ativamente de vários acordos e esforços ecumênicos com o intuito de fortalecer a família. É por isso que compartilhamos nossos valores familiares na mídia e nas redes sociais. É por isso que compartilhamos nossos registros familiares com todas as nações.

Queremos que nossa voz seja ouvida contra todos os estilos de vida alternativos e falsos que tentam substituir a organização familiar, a qual foi estabelecida pelo próprio Deus. Também queremos que nossa voz seja ouvida em apoio à alegria e satisfação que as famílias tradicionais trazem. Precisamos continuar a elevar essa voz em todo o mundo ao declarar o motivo pelo qual o casamento e a família são e sempre serão importantes.

Meus irmãos e irmãs, o evangelho restaurado é centralizado no casamento e na família. É também no casamento e na família que podemos nos unir à maioria de outras religiões. É no casamento e na família que encontraremos nossa maior semelhança com o resto do mundo. É no casamento e na família que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem a maior oportunidade de ser uma luz sobre o monte.

Gostaria de encerrar prestando testemunho (e minhas nove décadas nesta Terra me qualificam plenamente para dizer isto) de que, quanto mais velho fico, mais me dou conta de que a família é o ponto central da vida e é a chave para a felicidade eterna.

Dou graças a minha esposa, a meus filhos, a meus netos e bisnetos e a todos os primos, familiares e parentes por tornarem minha própria vida tão valiosa e, sim, eterna. Presto meu mais forte e mais sagrado testemunho dessa verdade eterna, em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Papa Francisco, discurso no colóquio Humanum: Um Colóquio Internacional Inter-religioso sobre a Complementaridade do Homem e da Mulher, 17 de novembro de 2014, humanum.it/en/videos; ver também zenit.org/en/articles/pope-francis-address-at-opening-of-colloquium-on-complementarity-of-man-and-woman.

  2. Papa Francisco, Colóquio sobre a Complementaridade do Homem e da Mulher.

  3. “As Famílias Poderão Ser Eternas”, Hinos, nº 191.

  4. David Brooks, “The Age of Possibility” [A Idade da Possibilidade], New York Times,16 de novembro de 2012, A35; NYTimes.com/2012/11/16/Opinion/Brooks-The-Age-of-Possibility.html.