2010–2019
A solícita bondade de Deus
Conferência Geral de Abril de 2019


11:39

A solícita bondade de Deus

Mesmo quando estamos aguardando pacientemente no Senhor, há certas bênçãos que recebemos imediatamente.

Há alguns anos, meu filho de 5 anos de idade veio até mim e anunciou: “Papai, descobri uma coisa. Descobri que pouco tempo para você é muito tempo para mim”.

Quando o Senhor ou Seus servos dizem: “Não se passarão muitos dias” ou “Não está longe o tempo”, isso pode significar literalmente a vida toda ou mais. O tempo Dele — e frequentemente Seu tempo de resposta — é diferente do nosso. O ponto-chave é a paciência. Sem ela, não podemos desenvolver nem demonstrar fé em Deus para a vida e a salvação. Mas, minha mensagem de hoje é que, mesmo quando estamos aguardando pacientemente no Senhor, há certas bênçãos que recebemos imediatamente.

Quando Alma e seu povo foram capturados pelos lamanitas, eles oraram pedindo libertação. Não foram libertados de imediato, mas enquanto esperavam pacientemente por sua libertação, o Senhor mostrou Sua bondade com certas bênçãos imediatas. Ele imediatamente abrandou o coração dos lamanitas para que não os matassem. Ele também fortaleceu o povo de Alma e aliviou sua carga. Quando foram finalmente libertados, viajaram para Zaraenla, onde contaram sua experiência para pessoas que ficaram assombradas com o que ouviram. Os habitantes de Zaraenla ficaram maravilhados, e “quando pensaram na solícita bondade de Deus e no seu poder para libertar Alma e seus irmãos (…) do cativeiro, elevaram as vozes e renderam graças a Deus”.

A solícita bondade de Deus é concedida a todos os que O invocam com real intenção e pleno propósito de coração. Isso inclui aqueles que clamam em sincero desespero, quando a libertação parece muito distante e o sofrimento parece prolongado, até mesmo intensificado.

Foi isso que aconteceu quando um jovem profeta, no auge de seu sofrimento em uma prisão úmida, finalmente clamou: “Ó Deus, onde estás? (…) Até quando tua mão será retida (…)? Sim, ó Senhor, até quando (…)?” Em resposta, o Senhor não libertou Joseph de imediato, mas imediatamente pronunciou Sua paz.

Deus também concede esperança imediata na libertação final. Não importa o que aconteça nem quando, em Cristo e por intermédio de Cristo sempre há uma reluzente esperança diante de nós. Imediatamente à frente.

Além disso, Ele prometeu: “A minha benignidade não se desviará de ti”.

Acima de tudo, o amor de Deus é imediato. Assim como Paulo, testifico que nada “nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus”. Nem mesmo nossos pecados, que embora possam nos separar de Seu Espírito por um tempo, não podem nos separar de Seu constante, imediato e divino amor paterno.

Essas são algumas das maneiras pelas quais “ele imediatamente [nos abençoa]”. Para mostrar como esses princípios se relacionam, quero compartilhar com vocês a experiência de duas pessoas cuja vida são um testemunho da solícita bondade de Deus.

Desde que era adolescente, Emilie tinha problemas com drogas. Ela começou experimentando, depois desenvolveu um hábito que, por fim, tornou-se um vício que a escravizou por vários anos, apesar dos períodos ocasionais em que esteve bem. Emilie tomou o cuidado de esconder seu problema, especialmente depois de se tornar esposa e mãe.

O início de sua libertação não pareceu de modo algum uma libertação. Num minuto, Emilie estava fazendo um exame médico de rotina; no minuto seguinte, estava sendo levada de ambulância para ser internada. Ela começou a entrar em pânico ao pensar que ficaria separada de seus filhos, seu marido e seu lar.

Naquela noite, sozinha num quarto escuro e frio, Emilie se encolheu na cama e chorou desconsolada. Sua capacidade de raciocinar diminuiu até que, finalmente, dominada pela ansiedade, pelo temor e pela opressiva escuridão do quarto e de sua alma, Emilie realmente achou que morreria naquela noite. Sozinha.

Naquela situação desesperadora, Emilie de alguma forma encontrou forças para escorregar da cama e se ajoelhar. Sem nenhum fingimento, que algumas vezes fez parte de orações anteriores, Emilie se entregou completamente ao Senhor, suplicando em desespero: “Querido Deus, preciso de Ti. Por favor, ajuda-me. Não quero ficar sozinha. Por favor, ajuda-me a passar esta noite”.

Imediatamente, tal como fizera com o apóstolo Pedro, Jesus lhe estendeu a mão e agarrou sua alma prestes a afundar. Emilie sentiu uma calma, uma coragem, uma segurança e um amor indescritíveis. O quarto já não estava frio, ela sabia que não estava sozinha e, pela primeira vez desde os 14 anos, Emilie sabia que tudo ficaria bem. Assim que “[despertou] para Deus”, Emilie adormeceu em paz. E assim vemos que “se vos arrependerdes e não endurecerdes o coração, imediatamente terá efeito para vós o grande plano de redenção”.

Família no templo

A cura e a libertação final de Emilie levaram muito tempo — meses de tratamento, orientação e aconselhamento, nos quais ela foi consolada e às vezes amparada por Sua bondade. E essa bondade continuou com ela, ao entrar no templo com o marido e os filhos para serem selados para a eternidade. Tal como o povo de Zaraenla, Emilie agora agradece ao refletir na solícita bondade de Deus e em Seu poder para libertá-la do cativeiro.

Agora, vou contar algo da vida de outra pessoa corajosa e fiel. No dia 27 de dezembro de 2013, Alicia Schroeder recebeu com alegria seus queridos amigos Sean e Sharla Chilcote, que apareceram de repente à sua porta. Sean, que também era o bispo de Alicia, entregou-lhe seu celular e disse em tom solene: “Alicia, nós amamos você. Você precisa atender a essa ligação”.

O marido de Alicia, Mario, estava ao telefone. Ele estava numa área distante com alguns dos filhos, em um passeio de moto de neve pelo qual tinham esperado um longo tempo. Acontecera um terrível acidente. Mario estava gravemente ferido e seu filho de 10 anos, Kaleb, estava morto. Quando Mario contou a Alicia, em lágrimas, que Kaleb havia morrido, ela ficou tão arrasada e tão horrorizada que poucos de nós jamais conseguiriam imaginar. Aquilo a derrubou. Paralisada por uma angústia inexprimível, Alicia não conseguia falar nem se mover.

O bispo e a irmã Chilcote a ampararam rapidamente e a abraçaram. Por um tempo, choraram juntos, profundamente consternados. Então, o bispo Chilcote se ofereceu para dar uma bênção em Alicia.

O que aconteceu em seguida seria incompreensível sem algum entendimento da Expiação de Jesus Cristo e da solícita bondade de Deus. O bispo Chilcote gentilmente colocou as mãos sobre a cabeça de Alicia e, com voz trêmula, começou a falar. Alicia ouviu duas coisas que lhe pareceram ter sido proferidas pelo próprio Deus. Primeiro, ela ouviu seu nome: Alicia Susan Schroeder. Depois, ouviu o bispo invocar a autoridade do Deus Todo-Poderoso. Naquele instante, pelo simples pronunciamento de seu nome e do poder de Deus, Alicia encheu-se de uma paz, um amor e um consolo indescritíveis e, de certa forma, de alegria. E isso permaneceu com ela.

Evidentemente, Alicia, Mario e sua família ainda sentem tristeza e muitas saudades de Kaleb. É muito difícil. Sempre que falo com ela, os olhos de Alicia se enchem de lágrimas ao dizer o quanto ama seu filhinho e sente saudades dele. E ela ainda se emociona ao contar o quanto o Grande Libertador a amparou em cada momento de sua provação, começando por Sua solícita bondade durante seu desespero mais profundo e continuando agora com a doce esperança de um reencontro que não está muito distante.

Acho que às vezes as experiências da vida geram confusão e turbulências que podem fazer com que nos seja difícil receber, reconhecer ou reter o tipo de alívio que Emilie e Alicia tiveram. Já passei por coisas semelhantes. Testifico que, nesses momentos, o simples fato de sermos preservados é uma manifestação terna e poderosa da solícita bondade de Deus. Lembrem-se de que a antiga Israel foi, por fim, libertada “pelo mesmo Deus que os havia preservado” dia após dia.

Presto testemunho de que Jesus Cristo é o Grande Libertador e, em Seu nome, prometo que, ao se voltarem a Ele com real intenção e pleno propósito de coração, Ele vai libertá-los de tudo o que ameaça diminuir ou destruir sua vida ou sua alegria. Essa libertação pode levar mais tempo do que vocês gostariam, talvez uma vida inteira ou mais. Por isso, para lhes dar consolo, coragem, esperança, alento e forças até esse dia da libertação final, recomendo que recorram à solícita bondade de Deus da qual presto testemunho, em nome de Jesus Cristo. Amém.