Conferência Geral
O grande plano
Conferência Geral de Abril de 2020


16:3

O grande plano

Nós, que conhecemos o plano de Deus e que nos comprometemos a participar dele, temos a clara responsabilidade de ensinar essas verdades.

Mesmo em meio a provações e a desafios inigualáveis, somos verdadeiramente abençoados. Esta conferência geral tem nos abençoado com as riquezas e a alegrias da Restauração do evangelho de Jesus Cristo. Alegramo-nos com a visão do Pai e do Filho que deu início à Restauração. Fomos lembrados do surgimento milagroso do Livro de Mórmon, cujo principal propósito é testificar a respeito de Jesus Cristo e de Sua doutrina. Fomos renovados com a alegria da realidade da revelação dada aos profetas e a nós individualmente. Ouvimos testemunhos preciosos da Expiação infinita de Jesus Cristo e de Sua Ressurreição literal. A nós foram ensinadas outras verdades sobre a plenitude do evangelho revelado a Joseph Smith após Deus o Pai, ter declarado àquele recém-chamado profeta: “Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!” (Joseph Smith — História 1:17.)

Fomos fortalecidos em nosso conhecimento da restauração do sacerdócio e de suas chaves. Foi renovada nossa determinação de tornar a Igreja restaurada do Senhor conhecida por seu devido nome, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Fomos convidados a nos unir em jejum e oração para minimizar os efeitos atuais e futuros de uma pandemia mundial devastadora. Nesta manhã fomos inspirados pelo profeta vivo do Senhor, que apresentou uma proclamação histórica da Restauração. Confirmamos a declaração feita de que “aqueles que em oração estudarem a mensagem da Restauração e agirem com fé serão abençoados com a aquisição de seu próprio testemunho da divindade da Restauração e do propósito que ela tem de preparar o mundo para a prometida Segunda Vinda de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo”.1

O plano

Tudo isso faz parte de um plano divino cujo propósito é tornar possível que os filhos de Deus sejam exaltados e se tornem como Ele. Citado nas escrituras como “o grande plano de felicidade”, o “plano de redenção” e o “plano de salvação” (Alma 42:8, 11, 5), esse plano — revelado na Restauração — teve início com um Conselho dos Céus. Como espíritos, desejávamos alcançar a vida eterna desfrutada por nossos pais celestiais. Naquele momento tínhamos atingido nosso maior progresso possível sem uma experiência mortal em um corpo físico. A fim de nos prover essa experiência, Deus o Pai, planejou criar esta Terra. Na vida mortal que foi planejada, seríamos maculados pelo pecado ao enfrentarmos a oposição necessária para nosso crescimento espiritual. Também estaríamos sujeitos à morte física. Para nos livrar da morte e do pecado, o plano de nosso Pai Celestial nos proveria um Salvador. Sua Ressurreição redimiria todas as pessoas da morte, e Seu sacrifício expiatório pagaria o preço necessário para que todos se tornassem limpos do pecado segundo as condições prescritas para promover nosso crescimento. A Expiação de Jesus Cristo desempenha um papel central no plano do Pai.

No Conselho dos Céus, foi apresentado a todos os filhos espirituais de Deus o plano do Pai, inclusive as provações e consequências, a ajuda celestial e o glorioso destino delineado nesse plano. Vimos o fim desde o princípio. Todos os incontáveis mortais que nasceram nesta Terra escolheram o plano do Pai e lutaram por ele na contenda celestial que se seguiu. Muitos de nós também fizeram convênios com o Pai relativos às coisas que fariam na mortalidade. De uma maneira que não foi revelada, nossas ações no mundo espiritual influenciaram nossas circunstâncias na mortalidade.

A mortalidade e o mundo espiritual

Vou agora resumir alguns dos principais elementos do plano do Pai — como ele nos afeta durante nossa jornada mortal e no mundo espiritual que está por vir.

O propósito da vida mortal e o crescimento pós-mortal que poderá vir a acontecer posteriormente é que os filhos de Deus se tornem como Ele é. Isso é o que o Pai Celestial deseja para todos os Seus filhos. Para alcançarmos essa condição de alegria, leis eternas exigem que nos tornemos seres purificados pela Expiação de Jesus Cristo para que possamos habitar na presença do Pai e do Filho e desfrutar as bênçãos da exaltação. Como é ensinado no Livro de Mórmon, Ele convida “todos a virem a ele e a participarem de sua bondade; e não repudia quem quer que o procure, negro e branco, escravo e livre, homem e mulher; e lembra-se dos pagãos; e todos são iguais perante Deus, tanto judeus como gentios” (2 Néfi 26:33; ver também Alma 5:49).

O plano divino para nos tornarmos o que estamos destinados a nos tornar exige que façamos escolhas para rejeitar a oposição do mal que tenta os mortais a agir contrariamente aos mandamentos de Deus e ao Seu plano. Isso requer também que estejamos sujeitos a outras oposições da mortalidade, como as que advêm dos pecados cometidos por outras pessoas e de alguns defeitos de nascença. Às vezes, nosso necessário crescimento é alcançado por meio do sofrimento e da adversidade mais do que pelo conforto e pela tranquilidade. E nenhuma dessas oposições da mortalidade poderia alcançar seu propósito eterno se houvesse uma intervenção divina para nos livrar de todas as consequências adversas da mortalidade.

O plano revela nosso destino na eternidade, o propósito e as condições de nossa jornada na mortalidade e a ajuda celestial que receberemos. Os mandamentos de Deus nos alertam a não nos colocarmos em situações de perigo. Os ensinamentos de líderes inspirados guiam nosso caminho e nos dão garantias que facilitam nossa jornada eterna.

O plano de Deus nos dá quatro grandes garantias para nos ajudar durante a jornada da mortalidade. Todas elas nos são dadas por meio da Expiação de Jesus Cristo, o ponto central do plano. A primeira nos garante que, por meio de Seu sofrimento pelos pecados dos quais nos arrependemos, podemos ser limpos desses pecados. Então o misericordioso juiz final “deles não mais [Se lembrará]” (Doutrina e Convênios 58:42).

A segunda, como parte da Expiação de nosso Salvador, Ele tomou sobre Si todas as outras enfermidades mortais. Isso nos permite receber ajuda e força divinas para suportar os inevitáveis fardos da mortalidade, tanto pessoais como os que atingem muitas pessoas, tal como uma guerra ou uma epidemia. O Livro de Mórmon nos dá a mais clara descrição escriturística desse poder essencial da Expiação. O Salvador tomou sobre Si “as dores e as enfermidades de seu povo. (…) E tomará sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, segundo a carne, para que saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas enfermidades” (Alma 7:11–12).

Terceira, o Salvador, por meio de Sua Expiação infinita, revoga o caráter definitivo da morte e nos dá a garantida felicidade de que todos nós ressuscitaremos. O Livro de Mórmon ensina: “Esta restauração acontecerá com todos, tanto velhos como jovens, tanto escravos como livres, tanto homens como mulheres, tanto iníquos como justos; e não se perderá um único cabelo de sua cabeça, mas tudo será restaurado à sua perfeita estrutura” (Alma 11:44).

Nesta época de Páscoa, comemoramos a realidade da Ressurreição. Isso nos dá a perspectiva e a força para suportarmos os desafios mortais enfrentados por cada um de nós e por aqueles a quem amamos, coisas como debilidades físicas, mentais ou emocionais que adquirimos ao nascer ou que vivenciamos durante nossa vida mortal. Graças à Ressurreição, sabemos que essas deficiências mortais são apenas temporárias!

O evangelho restaurado garante que a Ressurreição pode incluir a oportunidade de estarmos com os membros de nossa família — marido, esposa, filhos e pais. Esse é um grande incentivo para cumprirmos nossas responsabilidades na mortalidade. Isso nos ajuda a conviver em amor nesta vida, almejando o convívio e as reuniões alegres que teremos na vida futura.

Quarta, e última, a revelação moderna nos ensina que nosso progresso não necessariamente termina com o fim da mortalidade. Poucas coisas foram reveladas sobre essa importante garantia. Somos ensinados que esta vida é o tempo para nos prepararmos para o encontro com Deus e que não devemos procrastinar nosso arrependimento (ver Alma 34:32–33). Também aprendemos que no mundo espiritual o evangelho é pregado até mesmo “aos iníquos e aos rebeldes que haviam rejeitado a verdade” (Doutrina e Convênios 138:29) e que aqueles que são ensinados lá podem se arrepender antes do Juízo Final (ver versículos 31–34, 57–59).

Seguem alguns outros princípios básicos do plano de nosso Pai Celestial:

O evangelho restaurado de Jesus Cristo nos dá uma perspectiva única sobre assuntos como a castidade, o casamento e a criação dos filhos. Ele ensina que o casamento que é realizado de acordo com o plano de Deus, é necessário para cumprirmos o propósito do plano de Deus, providenciarmos o local divinamente escolhido para o nascimento mortal e prepararmos os membros da família para a vida eterna. “O casamento foi instituído por Deus para o homem” (…), disse o Senhor, “para que a Terra cumpra o fim de sua criação” (Doutrina e Convênios 49:15–16). Quanto a isso, é claro que Seu plano contraria algumas potentes forças mundanas no que se refere à lei e aos costumes.

A capacidade de criar a vida mortal é o mais sublime poder concedido por Deus a Seus filhos. Seu uso foi ordenado no primeiro mandamento dado a Adão e Eva, mas outro importante mandamento nos proíbe de utilizá-lo indevidamente. Fora dos laços do matrimônio, todo uso do poder de criação é, em maior ou menor grau, uma degradação pecaminosa e uma perversão do mais divino atributo dos homens e das mulheres. A ênfase que o evangelho restaurado dá a essa lei da castidade se explica devido ao propósito de nosso poder criador no cumprimento do plano de Deus.

Qual é o próximo passo?

Durante este 200º aniversário da Primeira Visão que deu início à Restauração, conhecemos o plano do Senhor e estamos motivados pelos dois séculos de suas bênçãos por meio de Sua Igreja restaurada. Neste ano de 2020, temos o que é popularmente chamado de visão 20/20 dos acontecimentos do passado.

Ao contemplarmos o futuro, no entanto, nossa visão é bem mais obscura. Sabemos que, dois séculos depois da Restauração, o mundo espiritual conta com muitos trabalhadores experientes da mortalidade para realizar a pregação que é feita lá. Sabemos também que agora temos muito mais templos para realizar as ordenanças da eternidade por aqueles que se arrependem e aceitam o evangelho do Senhor em ambos os lados do véu da morte. Tudo isso favorece o plano de nosso Pai Celestial. O amor de Deus é tão grande que, exceto para os poucos que deliberadamente se tornam filhos da perdição, Ele providenciou um destino de glória para todos os Seus filhos (ver Doutrina e Convênios 76:43).

Sabemos que o Senhor retornará e que haverá um milênio de um reino pacífico para encerrar a parte mortal do plano de Deus. Sabemos também que haverá ressurreições diferentes, dos justos e dos injustos, com o Juízo Final de cada pessoa sempre após sua ressurreição.

Seremos julgados segundo nossas ações, os desejos de nosso coração e o tipo de pessoa que nos tornamos. Esse julgamento levará todos os filhos de Deus a seguirem em direção a um reino de glória para o qual sua obediência os qualificou e para onde se sentirão confortáveis. O juiz de tudo isso é nosso Salvador, Jesus Cristo (ver João 5:22; 2 Néfi 9:41). Sua onisciência dá a Ele o perfeito conhecimento de todos os nossos atos e desejos, tanto dos quais não tenhamos nos arrependido ou que não mudaram quanto daqueles dos quais nos arrependemos ou que são justos. Portanto, depois de Seu julgamento, todos confessaremos “que seus julgamentos são justos” (Mosias 16:1).

Para concluir, compartilho a convicção que adquiri após analisar muitas cartas de pessoas solicitando retorno à Igreja depois de apostatarem ou de terem seu nome removido dos registros. Muitos de nossos membros não compreendem completamente esse plano de salvação, que responde à maioria das perguntas sobre a doutrina e as normas inspiradas da Igreja restaurada. Nós, que conhecemos o plano de Deus e que nos comprometemos a participar dele, temos a clara responsabilidade de ensinar essas verdades e de fazer tudo o que pudermos para promovê-las na vida de outras pessoas e em nossas próprias circunstâncias na mortalidade. Presto testemunho de Jesus Cristo, nosso Salvador, que torna tudo isso possível, em nome de Jesus Cristo. Amém.

Nota

  1. “A Restauração da Plenitude do Evangelho de Jesus Cristo: Uma Proclamação Bicentenária ao Mundo”, (Russel M. Nelson, “Ouvir o Senhor”, Liahona, maio de 2020, p. 91).