Presidente Thomas S. Monson
NOS PASSOS DO MESTRE
Em seus muitos chamados na Igreja no decorrer dos anos, o Presidente Thomas S. Monson ocupou vários escritórios diferentes e passou por diversos locais, mas a cada mudança, teve o cuidado de levar consigo um quadro todo especial, que possui desde seus tempos de bispo na década de 1950. Acompanhou-o até mesmo quando presidiu a Missão Canadense, com sede em Toronto e agora está pendurado na parede do escritório que ele ocupa como presidente da Igreja. O quadro é uma imagem impressionante do Senhor Jesus Cristo pintada pelo famoso artista Heinrich Hofmann.
Trata-se de mais do que um simples objeto decorativo. É mais do que um lembrete de quem é a “principal pedra da esquina” (Efésios 2:20) de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. É mais do que uma declaração de que o homem chamado para ser o presidente da Igreja deve ser a principal testemunha viva do Salvador. O quadro representa um ideal: o Mestre segundo o qual Thomas Monson moldou sua vida. “Adoro esse quadro”, comentou o Presidente Monson ao olhá-lo mais uma vez. “Sinto-me mais forte quando o tenho por perto. Observe a bondade que transparece no olhar. Veja a expressão terna. Quando enfrento situações difíceis, muitas vezes olho para o quadro e me pergunto: ‘O que Ele faria?’ Em seguida, procuro agir da mesma maneira.”
A lealdade ao Senhor, as referências constantes ao exemplo do Mestre, a determinação de trilhar o caminho traçado pelo Salvador — são essas as principais características da vida e liderança de Thomas S. Monson. Muitas histórias sobre sua atuação como discípulo do Mestre se tornaram proverbiais. Foi ele o menino que abriu mão de um brinquedo querido por achar que outra criança precisava ainda mais dele. Foi ele quem deu seus dois coelhos de estimação para proporcionar um jantar de Natal à família de um amigo. Foi ele o jovem bispo que cuidou com desvelo de 84 viúvas da sua ala e as manteve no coração durante décadas. Foi ele a autoridade geral que, por estar atenta aos sussurros do Espírito Santo, soube quando interromper uma reunião a fim de abençoar uma criança.
Quem o conhece de perto sabe que ele não fez essas coisas simplesmente para atender às expectativas de seus pais, para cumprir sua obrigação de bispo para com as viúvas ou para cumprir o papel protocolar do apóstolo. Ele sempre prestou esse tipo de serviço abnegado porque isso faz parte de sua própria natureza. Thomas S. Monson age assim porque o Salvador agiria assim.
Em suma, o Presidente Monson é um verdadeiro discípulo do “Jesus de Nazaré (…); o qual andou fazendo bem” (Atos 10:38) — uma escritura que cita com freqüência. Suas responsabilidades incluem a tomada de decisões administrativas e outros assuntos burocráticos num volume tal que aturdiria a maioria das pessoas. Mas esse trabalho exaustivo nunca o fez perder de vista as pessoas, o próximo a quem seu Mestre serviria. Sua vida tem sido uma longa seqüência de serviço aos semelhantes, incentivo aos desfavorecidos e lembrança das pessoas facilmente esquecidas. Talvez ninguém na liderança da Igreja no passado recente tenha honrado tanto este mandamento divino: “Socorre os fracos, ergue as mãos que pendem e fortalece os joelhos enfraquecidos” (D&C 81:5).
O Início
Para conhecer o homem que Thomas Spencer Monson se tornou, é importante conhecer suas raízes e o meio em que se criou.
Nascido em 21 de agosto de 1927, foi o segundo filho de George Spencer Monson e Gladys Condie Monson e o primeiro filho homem. Pelo lado paterno, é de ascendência sueca e inglesa e pelo materno, escocesa. Seu bisavô se chamava Mons Okeson e, de acordo com a tradição sueca de sobrenomes, seu avô se chamava Nels Monson. A partir de seu pai, porém, o sobrenome da família passou a seguir o padrão comum dos Estados Unidos e permaneceu Monson. Como prenomes, o Presidente Monson porta o primeiro nome de seu avô materno, Thomas Sharp Condie, e o segundo nome de seu pai, George Spencer Monson.
O Presidente Monson se criou na zona oeste de Salt Lake City, numa área que não tem a reputação de abastada ou habitada por famílias influentes; mas ali, cresceu cercado de homens e mulheres caridosos e trabalhadores, particularmente em seu próprio lar. Sua família morava perto da ferrovia, e muitos viajantes que percorreram a estrada durante a Grande Depressão da década de 1930 conheciam sua casa. Quando esses viajantes — alguns ainda adolescentes — batiam à porta dos fundos da casa, a família sabia que Gladys Monson os convidaria para sentarem à mesa da cozinha e lhes prepararia um sanduíche e daria um copo de leite. Em outras ocasiões, o pequeno Tommy tinha a tarefa de levar um prato de comida quente preparada pela mãe a um vizinho solitário, o “Velho Bob”, que vivia numa casa cedida por seu avô. Muitas pessoas da vizinhança foram tratadas com essa caridade cristã.
Em muitas tardes de domingo, o jovem Tom ia com o pai buscar o “Tio Elias” para levá-lo para passear pela cidade. O Presidente Monson recorda que seu pai carregava carinhosamente nos braços esse tio idoso, frágil e imobilizado pela artrite até o carro e o colocava no banco da frente, onde teria uma vista privilegiada. “O passeio era breve e a conversa, limitada, mas que legado de amor!” , exclama o Presidente Monson. “Meu pai nunca leu para mim na Bíblia a história do Bom Samaritano. Em vez disso, me levava com ele e o Tio Elias naquele velho Oldsmobile 1928 e assim dava-me aulas práticas que nunca me saem da lembrança.”
Também era memorável o exemplo de industriosidade do pai. G. Spencer Monson era conhecido por levar a termo cada tarefa que iniciava e por fazer sempre um bom trabalho. Era o gerente de uma gráfica e, ainda bem jovem, Tom iniciou-se nesse ramo. A administração no setor gráfico viria a tornar-se sua profissão. Depois de se formar (com honras) em 1948 na Universidade de Utah em administração de empresas, assumiu a chefia do departamento de publicidade do jornal diário Deseret News, de propriedade da Igreja. (Por crer firmemente no aprendizado contínuo, posteriormente conquistou também o grau de mestre em administração de empresas — enquanto já servia no Quórum dos Doze!) Trabalhou no ramo gráfico e jornalístico durante 11 anos, até ser chamado em 1959 para presidir a Missão Canadense. Após seu serviço como presidente de missão, retomou sua carreira e assumiu o cargo de gerente geral da Deseret Press, editora pertencente ao Deseret News. Profissionalmente, na indústria gráfica, tratou suas responsabilidades com o mesmo zelo e atenção que observara no pai anos antes.
Infância numa Família Unida
Os retratos da infância mostram que Tommy era um belo menino de fisionomia viva e cativante, às vezes com um olhar ligeiramente travesso. Ele seria o primeiro a admitir que era um menino normal. Relata a seguinte experiência da época da Primária:
“Durante meu ano de Arqueiro [classe para os meninos de 10 anos], lembro que nosso comportamento na Primária nem sempre era o ideal. Eu tinha muita energia e achava difícil ficar sentado pacientemente em classe. Melissa Georgell era a presidente da Primária da ala. Certo dia, pediu para conversar comigo. Nós nos sentamos na primeira fileira da capela e ela começou a chorar. Disse-me que estava triste porque os meninos, em especial, não se comportavam na abertura da Primária. Com toda inocência, perguntei: ‘Posso ajudar, Irmã Georgell?’
Com um sorriso e com um brilho matreiro nos olhos, ela indagou: ‘Você ajudaria mesmo?’
Prometi que sim. Os problemas disciplinares da Primária acabaram naquele exato momento”, conta ele às risadas.
No terreno de esquina da rua 500 Sul com a 200 Oeste (500 South, 200 West) em Salt Lake City, Thomas Condie construíra quatro casas, uma para a família de cada filha. No “Conjunto dos Condie”, como a área ficou conhecida, Tommy Monson estava sempre rodeado de familiares e sentia a liberdade de visitar a casa de qualquer um dos primos, como se estivesse em sua própria casa. Gostava de visitar o sítio da família em Granger, uma parte do Vale do Lago Salgado que na época era rural, mas que hoje está coberta de loteamentos e áreas comerciais. Até a metade da adolescência, quando os empregos temporários de verão começaram a assumir a prioridade, ele adorava pernoitar no chalé da família em Vivian Park, no Cânion de Provo, a cerca de 95 quilômetros de casa. Lá, brincava com os primos ao ar livre, nadava no rio (certa vez salvou uma jovem prestes a se afogar) e foi lá que começou sua paixão pela pescaria, um passatempo que aprecia até hoje.
Também descobriu o prazer de caçar patos e outras aves, embora depois tenha-se dedicado a sua criação e proteção. Quando menino, os pombos o fascinavam e assim começou a criá-los em casa. Posteriormente, criou pássaros que ganharam vários prêmios. Seus pombos acabaram por desempenhar um papel central em algumas das memoráveis lições de liderança que aprendeu.
Quando, por exemplo, o jovem Tom Monson era presidente do quórum de mestres da ala, vibrou quando o consultor do quórum lhe perguntou sobre seu interesse em criar pássaros. Então, o consultor lhe disse: “O que acharia se eu lhe desse um casal de pombos Birmingham Roller puro-sangue?” A fêmea era especial, explicou o consultor: tinha somente um olho, pois o outro fora ferido por um gato. Seguindo as instruções do consultor, Tom manteve-os no pombal durante cerca de dez dias e depois os deixou voar para ver se voltariam. O macho voltou, mas a fêmea não: na verdade, regressou para a casa do consultor. Quando Tom foi buscá-la, o consultor conversou com ele sobre um rapaz do quórum que não estava ativo. Tom garantiu: “Vou fazer com que venha à reunião do quórum esta semana”. Levou a pomba para casa, mas quando soltou o casal outra vez, a fêmea foi novamente para a casa do consultor. Quando Tom foi atrás dela, o consultor lhe falou de outro rapaz que não estava freqüentando as reuniões do quórum. Toda vez que a pomba era solta, voltava à casa do consultor, e toda vez que Tom ia buscá-la, a conversa girava em torno de um rapaz diferente.
“Eu já era homem feito”, lembra o Presidente Monson, “quando adquiri plena consciência de que, na verdade, Harold, meu consultor, deu-me uma pomba especial, a única ave do seu viveiro que voltaria sempre que fosse solta. Foi seu modo inspirado de realizar uma entrevista pessoal do sacerdócio em condições ideais com o presidente do quórum de mestres a cada duas semanas. Graças a essas entrevistas àquela velha pomba caolha, todos os rapazes daquele quórum de mestres se tornaram ativos”.
Rumo à Maturidade
Durante a adolescência de Tom, a Segunda Guerra Mundial parecia uma parte inevitável do futuro dos rapazes da sua idade. Tom terminou a escola secundária e matriculou-se na Universidade de Utah. À medida que se aproximava a data de seu décimo oitavo aniversário, era quase certo que seria convocado para o serviço militar, assim se alistou na Marinha dos Estados Unidos. Uma decisão tomada por ocasião do alistamento exerceu profundo impacto em seu futuro: optou pela Reserva da Marinha. Sendo assim, com o término do conflito, quando as tropas começaram a ser reduzidas, seu serviço ativo chegou ao fim. Assim, pôde voltar para casa e retomar seus estudos universitários, bem como seu namoro com Frances Beverly Johnson. (Ele confessa que, naquela época, a segunda dessas duas atividades era bem mais importante que a primeira!)
Tom e Frances tinham-se conhecido no primeiro ano de faculdade. O relacionamento dele com a família da namorada foi positivo desde o primeiro contato. Quando Tom foi à casa dela, o pai de Frances mostrou um retrato de dois missionários da Igreja de muitos anos antes, ambos usando cartola. Apontou para um dos homens da fotografia e perguntou a Tom se era parente daquele Monson. A resposta foi afirmativa: era Elias, tio de seu pai. Os olhos do pai de Frances ficaram rasos d’água ao explicar que o Élder Elias Monson desempenhara um papel crucial na conversão da sua família ao evangelho. Tom sentiu grande felicidade, pois sabia que o namoro começara bem.
Thomas Monson e Frances Johnson casaram-se em 7 de outubro de 1948 no Templo de Salt Lake.
A Irmã Monson nunca conheceu um período em que o marido não estivesse servindo ativamente na Igreja. “Logo que nos casamos Tom serviu como secretário da ala e depois foi chamado para superintendente da Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes e nunca parou, passando de um cargo para outro”, conta ela com um sorriso. Ele desempenha papéis importantes na liderança da Igreja de modo contínuo desde maio de 1950, quando foi chamado para bispo da sua ala aos 22 anos de idade. “Nunca foi um sacrifício ver meu marido fazer a obra do Senhor”, ressalta a Irmã Monson. “Foi uma bênção para mim e para nossos filhos. Ele sempre soube que, em se tratando da Igreja, eu esperava que ele cumprisse seu dever.”
O Presidente Monson disse que o apoio da esposa sempre lhe foi indispensável no ministério. “Nunca tomei conhecimento de uma única reclamação de Frances sobre as minhas responsabilidades na Igreja”, alegra-se. “Ausentei-me muitos dias e muitas noites e raras vezes me sentei ao lado dela na congregação. Mas não há ninguém como ela, absolutamente ninguém! Ela me apóia em todos os aspectos e é uma mulher de fé serena, forte e profunda.”
Ele reconhece também que a esposa foi essencial para manter um lar saudável para os três filhos: Thomas Lee, Ann Frances e Clark Spencer Monson. Esses três filhos se casaram e deram ao Presidente e à Irmã Monson oito netos e quatro bisnetos.
Clark S. Monson conta que, embora o pai viajasse com freqüência a serviço da Igreja e estivesse ausente em muitos fins de semana, “sempre arranjava tempo para os filhos e ainda arranja até hoje. Nunca me senti privado da presença do meu pai. Quando ele estava em casa, brincava conosco e nos levava para tomar sorvete. No verão, ele tinha mais tempo livre, que aproveitava para passar conosco no chalé da família no Cânion de Provo. Quando criança, passei horas intermináveis pescando com ele. Não conheço melhor maneira para um pai passar tempo com um filho.”
A filha do Presidente e da Irmã Monson, Ann Monson Dibb, conta que sempre entendeu que uma das melhores maneiras de servir e honrar o pai é servir e honrar a mãe. O pai, afirma ela, sempre amou e apoiou os filhos e, agora, os netos. “Meus meninos sempre gostaram de ajudar o avô a cortar a grama”, revela. “Adoravam trabalhar com ele.” E acrescenta: “Todos na família gostam de sentar ao redor da fogueira no chalé da família, assando marshmallows e ouvindo a avô contar histórias”. Ela conta que o pai sempre foi generoso em passar adiante aquilo que aprende.
Tudo o que ele aprendeu foi pela experiência acumulada no trabalho árduo, algo que começou bem cedo. Qualquer homem, por exemplo, teria ficado intimidado se recebesse o chamado de bispo tão jovem. Era uma ala grande, com 1.080 membros, dos quais 84 eram viúvas que precisavam da atenção do bispo. No entanto, o Bispo Monson não perdeu tempo remoendo o grande fardo que teria de carregar, apenas orou e pôs mãos à obra. Ele serviu, amou, fortaleceu as pessoas; era seu dever, mas também o curso ditado por seu coração. Estava “a serviço do Senhor” (D&C 64:29).
Muitos membros da Igreja ouviram-no contar experiências pessoais sobre ocasiões em que atendeu às necessidades dessas viúvas, mas poucos conhecem a história inteira. Na época do Natal, ele visitava cada uma das viúvas, presenteando-as com alimentos que eram muito bem recebidos: por muitos anos, eram galinhas já limpas, de sua própria criação. No início, ele dedicava uma semana inteira de suas férias a essas visitas. Mesmo muito tempo depois da desobrigação, essas viúvas aguardavam ansiosamente suas visitas anuais, sabendo que viria. Ele continuou a visitá-las nos últimos anos de vida delas e, de modo miraculoso, conseguiu discursar no funeral de cada uma: foram 84 funerais! Ele ainda vai regularmente a asilos e hospitais locais para visitar pessoas que conheceu quando “suas” viúvas e outros amigos estavam nesses estabelecimentos.
“Meu pai vive na prática três escrituras de Tiago”, declara a Irmã Dibb. “A primeira é Tiago 1:22: ‘Sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes’; a segunda é Tiago 1:25: ‘Fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito’; e a terceira é Tiago 1:27: ‘A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo’.” Ela afirma que o Presidente Monson segue o exemplo do Salvador em sua maneira de oferecer auxílio ao próximo. “Seja qual for a tribulação ou o pesar que essas pessoas enfrentam, ele lhes estende a mão. Ele ergue as pessoas, dá-lhes força e apoio, enquanto elas, por sua vez, depositam sua própria fé e confiança em seu Salvador, Jesus Cristo.”
Lealdade aos Amigos e ao Senhor
A constância da atenção que dedica a esses amigos queridos ilustra uma de suas qualidades mais evidentes para as pessoas mais chegadas: a lealdade. Com seus amigos — e quase todos os que cruzam seu caminho se tornam amigos — forma-se um laço de lealdade que nunca se rompe. Até hoje ele e os companheiros da juventude são grandes amigos. Nas oportunidades que tem de ocupar um camarote VIP numa partida de basquetebol do Utah Jazz, por exemplo, poderia muito bem convidar personalidades de destaque do meio político e empresarial ou outros conhecidos influentes para fazer-lhe companhia, mas com freqüência, prefere convidar alguns de seus amigos bem menos proeminentes do passado e assistir ao jogo e torcer entusiasticamente com eles. Mesmo quem não conhece esses amigos se diverte ouvindo o Presidente Monson relembrar com eles os velhos tempos, transmitindo até mesmo no tom de voz a lealdade que ainda lhes tem.
Isso nos traz à mente outro tipo de lealdade tão característico de Thomas S. Monson: a lealdade à voz do Espírito. Quando ainda era um jovem bispo, recebeu um telefonema certa noite informando que um membro idoso da ala fora internado no hospital de veteranos de Salt Lake City. Perguntaram-lhe se poderia ir até lá para dar-lhe uma bênção. O Bispo Monson explicou que estava de saída para uma reunião da estaca, mas passaria pelo hospital logo depois. Durante a reunião de liderança, sentiu-se inquieto e perturbado. Sentiu a forte inspiração: saia da reunião agora e vá diretamente ao hospital. Mas seria uma indelicadeza retirar-se durante o discurso do presidente de estaca, não é mesmo? Esperou o fim de suas palavras e então se dirigiu à porta, antes mesmo da oração de encerramento. No hospital, pôs-se a correr pelos corredores. Havia certo tumulto à saída do quarto do irmão enfermo, e a enfermeira tentou barrar a nova visita. “O senhor é o Bispo Monson?”, perguntou ela. “Sou”, respondeu ele, aflito. “Lamento muito”, replicou a enfermeira. “O paciente estava chamando seu nome pouco antes de falecer.”
Ao sair do hospital naquela noite, o jovem bispo prometeu nunca mais deixar de seguir as inspirações do Senhor. Nenhum homem poderia ter sido mais fiel a essa promessa. De fato, sua vida inteira é marcada por uma sucessão de milagres resultantes de sua obediência fiel aos sussurros do Espírito.
Talvez ele tivesse em mente essa experiência do hospital quando anos depois, como membro do Quórum dos Doze Apóstolos, participou de uma conferência de estaca que fugiu à normalidade. Inicialmente, fora escalado para visitar outra estaca naquele fim-de-semana, mas foi necessária uma troca de designação. O Élder Monson não viu nenhum significado especial quando o Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994), na época presidente do Quórum dos Doze, anunciou: “Irmão Monson, sinto-me inspirado a mandá-lo à Estaca Shreveport Louisiana”.
Ao chegar a Shreveport, o Élder Monson tomou conhecimento de Christal Methvin, uma menina de dez anos de idade em estado terminal de câncer e que desejava receber uma bênção de uma autoridade geral em particular: ele. Ao examinar o programa das reuniões da conferência, viu que não teria tempo para fazer a viagem de 130 quilômetros até a casa da Christal. Pediu ao presidente da estaca que Christal fosse lembrada nas orações públicas proferidas nas sessões da conferência. A família Methvin compreendeu a impossibilidade da visita devido à distância, mas ainda assim orou para que o desejo da filha se realizasse. O Élder Monson estava-se preparando para discursar na reunião de liderança de sábado à noite quando, conta ele: “Ouvi uma voz falar ao meu espírito. A mensagem foi breve, mas as palavras eram familiares: ‘Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus’ (Marcos 10:14)”. Com a ajuda do presidente da estaca, foram rapidamente tomadas as providências para visita à família Methvin na manhã seguinte. Foi uma experiência solene e sagrada para os participantes. Apenas quatro dias depois de receber a bênção desejada, Christal voltou para a presença do Pai Celestial.
Muitas vezes, eventos como esse provocaram uma reação em cadeia que tocou a vida de várias outras pessoas. Ao discursar na conferência geral de outubro de 1975, o Élder Monson contou a história de Christal. Ao ver no mezanino do Tabernáculo uma menininha loira que tinha aproximadamente a idade da Christal, sentiu-se inspirado a dirigir a ela suas palavras. Depois de mencionar o desejo sincero de Christal que o Pai Celestial amorosamente concedera, o Élder Monson disse ao concluir o discurso: “Para você, amiguinha no mezanino, e a todos no mundo inteiro que têm fé, testifico que Jesus de Nazaré ama mesmo as criancinhas, ouve suas orações e responde a elas”.
Quando o Élder Monson chegou ao seu escritório depois dessa sessão da conferência, encontrou a menina loira do mezanino esperando por ele com a avó. A menina vinha tentando se decidir sobre o batismo, e alguém do seu círculo mais próximo a aconselhara a esperar até completar 18 anos. Ela pedira à avó que a levasse à conferência, com fé em que Jesus a ajudaria a achar uma resposta. Ela tomou a mão do Élder Monson e disse: “O senhor ajudou Jesus a responder a minha oração. Obrigada”. Ela foi batizada pouco tempo depois.
No decorrer do ministério de Thomas Monson, houve experiências regulares, constantes e intensas como resultado da obediência aos sussurros do Espírito: uma visita no exato momento para dar uma bênção muito esperada, a resposta a uma necessidade nem mesmo enunciada ou a união de esforços de líderes e membros no momento em que alguém mais necessitava. O Presidente Monson com certeza salientaria que essas experiências resultaram da atuação do Espírito Santo e não de algum talento ou habilidade especial dele. “O mais doce sentimento que se pode ter neste mundo é sentir no ombro a mão do Senhor”, diz ele com emoção. “Na minha bênção patriarcal, que recebi ainda jovem, foi-me prometido o dom do discernimento. Devo reconhecer que essa declaração se cumpriu amplamente em minha vida.” Essas lições que ele começou a aprender quando jovem se fortaleceram e intensificaram ao longo dos anos.
Chamado para Servir por Toda a Vida
Já observamos a pouca idade de Thomas ao ser chamado para posições de liderança. Aos 22 anos de idade, foi chamado para bispo da Ala VI–VII da Estaca Temple View de Salt Lake City. Aos 27 anos, foi chamado para conselheiro na presidência dessa mesma estaca. Estava servindo nesse cargo quando, aos 31 anos, foi chamado para presidente da Missão Canadense. Depois de presidir a missão, foi chamado para servir no sumo conselho e em comitês gerais da Igreja. Pouco mais de um ano depois, aos 36 anos de idade, recebeu o chamado para o santo apostolado.
Quando Thomas S. Monson foi chamado para ocupar uma vaga no Quórum dos Doze Apóstolos em 1963, os membros da Igreja que desconheciam sua experiência anterior podem ter achado que ele saiu do nada. Ele foi o homem mais novo a receber esse cargo desde 1910, quando Joseph Fielding Smith fora chamado aos 33 anos. Mas as pessoas que conheciam o Élder Monson sabiam que ele tinha sido preparado para essa responsabilidade.
Seu convívio com os líderes da Igreja começara bem cedo. O Presidente Harold B. Lee (1899–1973) fora seu presidente de estaca e, em 1950, Tom Monson procurou esse velho amigo, o Élder Lee, que já era membro do Quórum dos Doze, para consultá-lo sobre uma decisão crucial. Ao servir como escrevente na Reserva da Marinha ativa depois da Segunda Guerra Mundial, fora oferecida a Tom a patente de guarda-marinha, ou seja, a promoção a oficial. Será que deveria aceitar, sabendo que se sua unidade fosse convocada ele teria de servir longe de casa? Quando o Élder Lee o aconselhou a recusar a proposta e dar baixa da Marinha, Tom ficou dividido, pois a promoção a oficial era algo a que muito ansiara. Contudo, seguiu o conselho. Quando Tom foi chamado como bispo pouco tempo depois, o Élder Lee, que o designou, salientou que se estivesse comprometido com a Marinha, era bem provável que não tivesse recebido o chamado de bispo. E podemos também concluir que não teria recebido a sucessão de chamados significativos que vieram depois.
Foi em homenagem ao Élder Lee que o filho mais velho de Thomas Monson, Tom, recebeu seu segundo nome. Seu segundo filho, Clark, ganhou o nome de outro amigo da família, o Presidente J. Reuben Clark (1871–1961), conselheiro na Primeira Presidência. Em sua atividade profissional na indústria gráfica, Tom Monson colaborou com o Presidente Clark para os muitos livros desse líder da Igreja, inclusive Our Lord of the Gospels (Nosso Senhor dos Evangelhos), um grande sucesso. A relação entre os dois homens era como a de pai e filho.
Em seu trabalho, Tom Monson também conheceu e aprendeu a admirar o Élder LeGrand Richards (1886–1983), do Quórum dos Doze. Quando era presidente de missão em Toronto, o Presidente Monson travou conhecimento com o líder do governo e do meio empresarial canadense: Nathan Eldon Tanner (1898–1982). É interessante notar que a vaga preenchida por Thomas Monson no Quórum dos Doze em 1963 foi a deixada pelo Presidente Tanner que fora chamado para integrar a Primeira Presidência como conselheiro do Presidente David O. McKay (1873–1970).
De volta a Salt Lake City após seu serviço como presidente de missão, o Irmão Monson foi chamado para o Comitê Missionário do Sacerdócio da Igreja, dirigido pelo Élder Spencer W. Kimball (1895–1985), que na época fazia parte do Quórum dos Doze. Thomas Monson serviu no Comitê Genealógico do Sacerdócio sob a direção do Élder Tanner. Posteriormente, atuou no Comitê de Correlação de Adultos e no Comitê de Ensino Familiar do Sacerdócio sob a direção do Élder Marion G. Romney (1897–1988), que na época era membro do Quórum dos Doze e depois foi conselheiro na Primeira Presidência. O Irmão Monson estava tão envolvido em seu trabalho nos comitês da Igreja que, no dia em que recebeu o chamado para o Quórum dos Doze Apóstolos, achava que o convite para comparecer ao escritório do Presidente McKay estava relacionado a uma de suas responsabilidades nos comitês.
Aprendiz e Professor
No início, ao conviver com os líderes da Igreja, o Élder Monson aprendeu com rapidez e voracidade. Tanto a sua capacidade como a sua habilidade para o serviço chamaram a atenção dos irmãos do quórum. O Presidente Kimball referia-se a ele como “um homem que de fato segue o lema ‘faça-o’”, alguém “que age com prontidão e resolução”. O Élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze, chamou-o certa vez de “gênio na administração da Igreja”. Falando de sua grande lealdade, o então Élder James E. Faust (1920–2007), que mais tarde serviria com ele na Primeira Presidência, comentou: “A mente dele não esquece nada e nem seu coração: principalmente as pessoas”. O Élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quórum dos Doze, disse que os talentos administrativos e executivos de Thomas Monson eram “inerentes, inatos. Ele não precisa passar vinte anos debruçado num assunto para compreender sua importância e assimilar seu significado. Enxerga rapidamente a essência da maioria das questões, enquanto os demais ainda estão examinando a superfície”. O Presidente Boyd K. Packer, que acompanhou o Presidente Monson ao longo dos anos que passaram juntos no Quórum dos Doze, afirmou: “Se eu precisasse de alguém para dirigir um assunto delicado nos conselhos da Igreja, seria a Thomas S. Monson que confiaria a missão”.
Ao servir no Quórum dos Doze, o Presidente Monson esteve à frente do Comitê de Correlação de Adultos, do Comitê Executivo Missionário e do Comitê Executivo de Bem-Estar da Igreja. Sua preocupação com as questões de bem-estar é pública e notória; ele sempre está à dianteira para envolver a Igreja no atendimento às necessidades da comunidade tanto no Vale do Lago Salgado como no restante do mundo. Suas preocupações nada têm de abstrato. Ele é conhecido por doar suas próprias roupas aos membros necessitados e sem condições de comprar o que vestir. Quase sempre, suas boas ações são praticadas bem longe dos holofotes. “Boa parte de seus gestos são praticados sem alarde”, explica a filha Ann. Com freqüência, pessoas vêm relatar essas experiências aos filhos dele. “Nem mesmo nós, filhos, temos conhecimento de tudo o que ele faz”, garante ela.
Como membro dos Doze, o Élder Monson também encabeçou o Comitê de Liderança, responsável por treinar as autoridades gerais nos programas da Igreja, para que elas, por sua vez, retransmitissem esses ensinamentos nas conferências de estaca. Assim como foi um aluno ávido e aplicado dos grandes líderes que o precederam no quórum de testemunhas especiais do Senhor Jesus Cristo, tem sido um professor disposto e capaz para nós que o seguimos. Como sou um dos membros mais novos do Quórum dos Doze Apóstolos, eu fui profundamente influenciado pelo Presidente Monson, bem como todos os meus irmãos do quórum. Seu entusiasmo, sua atenção aos detalhes, suas lições pessoais oriundas da experiência de toda uma vida — essas e tantas outras influências exerceram um grande impacto, principalmente por se estenderem por um período de tantos anos da vida de alguém chamado tão jovem ao apostolado. Percebemos sua lealdade para conosco por meio de suas atitudes, assim como foi o caso de seus primeiros amigos da zona oeste de Salt Lake City.
O Presidente Monson vem-se empenhando em servir e fortalecer os jovens da Igreja desde quando tinha pouco mais de 20 anos de idade. Sua preocupação com o bem-estar espiritual dos jovens se traduziu em suas atitudes. Serviu, por exemplo, no Conselho Executivo Nacional dos Escoteiros da América desde 1969 e, devido a seu trabalho, recebeu as distinções nacionais e internacionais mais elevadas do escotismo.
Por meio de seu serviço na Igreja, tornou-se conhecido dos líderes governamentais, empresariais e civis do mundo inteiro. O respeito que neles inspirou permitiu-lhe ser uma voz influente falando pela Igreja. Uma de suas conquistas mais extraordinárias foi a permissão para a construção de um templo na antiga República Democrática Alemã a despeito da Cortina de Ferro. Teve um sucesso semelhante ao conseguir que o governo desse país concedesse aos missionários da Igreja, antes mesmo da queda do Muro de Berlim, a liberdade de entrar no país e dele sair.
O ministério do Presidente Monson é cheio de histórias amplamente citadas — histórias que encantam os membros fiéis da Igreja, sejam jovens ou idosos. As histórias edificantes contidas em seus discursos e escritos resistem ao tempo por assemelharem-se a parábolas modernas. Muitas delas foram reunidas num livro publicado em 1994 chamado Inspiring Experiences That Build Faith: From the Life and Ministry of Thomas S. Monson (Experiências Inspiradoras que Fortalecem a Fé: Da Vida e Ministério de Thomas S. Monson). Na página que se segue ao sumário, vemos o título: “Serviço ao Próximo”. Abaixo desse título encontra-se a famosa escritura de Mosias 2:17: “Quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus”. É uma passagem que combina perfeitamente com a vida de Thomas S. Monson, pois ele sempre a leva muito a sério e a põe em prática.
Compromisso Vitalício
Ao longo de seus muitos anos de serviço, o Presidente Monson cumpriu a promessa feita em 4 de abril de 1963, dia em que foi apoiado membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Ao discursar no Tabernáculo pela primeira vez como autoridade geral, declarou:
“Meu desejo mais sincero hoje, Presidente McKay, é sempre obedecer ao senhor e aos meus irmãos aqui do quórum. Para isso empenho minha vida e tudo o que possuo. Hei de me esforçar ao máximo para ser o que desejam de mim. Sou grato pelas palavras de Jesus Cristo, nosso Salvador, quando prometeu:
“‘Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa (…)’ (Apocalipse 3:20).
Oro honestamente, irmãos e irmãs, que eu viva de modo a merecer essa promessa do nosso Salvador.”
Ao dirigir a Igreja hoje, talvez o Presidente Monson nos diga o mesmo que disse às irmãs na reunião geral da Sociedade de Socorro em setembro de 2007: “Não orem por tarefas que não excedam sua capacidade, mas orem por capacidade para cumprir suas tarefas. Então a realização de suas tarefas não será o milagre, vocês serão o milagre”. Para aqueles que não se julgarem qualificados ou capazes, ele poderia repetir o que ensinou na conferência geral de abril de 1996: “Lembrem que esta obra não é apenas sua nem minha: é a obra do Senhor e, quando estamos a Seu serviço, temos direito a Sua ajuda. Não se esqueçam que o Senhor qualifica a quem chama”. Todos os que conhecem o Presidente Thomas S. Monson percebem claramente que o Senhor o qualificou para seu chamado atual.
Em 1985, ano em que foi chamado para a Primeira Presidência, ele presenteou os familiares com suas memórias. Nesse volume, escreveu: “Ao fazer um retrospecto da minha vida, reconheço prontamente a influência orientadora de um Pai Celestial amoroso. Testifico que Seu cuidado e atenção e as bênçãos por Ele prometidas foram dádivas preciosas para mim. Suas palavras se cumpriram na minha vida: ‘Irei adiante de vós. Estarei a vossa direita e a vossa esquerda e meu Espírito estará em vosso coração e meus anjos ao vosso redor para vos suster’ (D&C 84:88)”.
Depois de expressar gratidão pela amada esposa Frances e pelos filhos e netos, encerrou: “Que eu sempre me encontre ‘a serviço do Senhor’”.
Esse desejo, expresso em espírito de oração há 23 anos, hoje se vê realizado. Thomas Spencer Monson, por chamado divino, passará o restante de seus dias a “[andar] fazendo bem”, assim como outrora o fez o Salvador a quem ele tanto ama. Ele seguirá Seus passos, inspirado pelo estimado quadro na parede que o motivará a cada dia nesse ministério sagrado.