Convertidos ao Senhor
O conhecimento de que o evangelho é verdadeiro é a essência de um testemunho. A constante fidelidade ao evangelho é a essência da conversão.
Meu discurso concentra-se na relação entre a aquisição de um testemunho de que Jesus é o Cristo e a conversão a Ele e a Seu evangelho. Geralmente, abordamos separada e independentemente o tópico do testemunho e o da conversão. Contudo, adquirimos uma perspectiva valiosa e maior convicção espiritual quando analisamos juntos esses dois importantes assuntos.
Rogo que o Espírito Santo instrua e edifique cada um de nós.
E Vós, Quem Dizeis Que Eu Sou?
Podemos aprender muito sobre o testemunho e a conversão com o ministério do Apóstolo Pedro.
Quando chegou aos termos da Cesareia de Felipe, Jesus fez esta pungente pergunta a Seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
Pedro respondeu com determinação:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mateus 16:15–17).
Conforme evidenciado na resposta de Pedro e nas instruções do Salvador, um testemunho é um conhecimento pessoal de uma verdade espiritual obtido por revelação. O testemunho é um dom de Deus e está ao alcance de todos os Seus filhos. Todo aquele que busca sinceramente a verdade pode obter um testemunho exercendo a necessária “partícula de fé” em Jesus Cristo, “pondo à prova” (Alma 32:27) “a virtude da palavra de Deus” (Alma 31:5), cedendo “ao influxo do Santo Espírito” (Mosias 3:19) e despertando para Deus (ver Alma 5:7). O testemunho traz maior responsabilidade pessoal, sendo uma fonte de determinação, certeza e alegria.
A busca e a obtenção do testemunho de uma verdade espiritual exige que perguntemos, busquemos e batamos (ver Mateus 7:7; 3 Néfi 14:7) com sinceridade de coração, real intenção e fé no Salvador (ver Morôni 10:4). Os componentes fundamentais de um testemunho são o conhecimento de que o Pai Celestial vive e nos ama, que Jesus Cristo é nosso Salvador e que a plenitude do evangelho foi restaurada na Terra nestes últimos dias.
Quando Te Converteres
Quando ensinou Seus discípulos na Última Ceia, o Salvador disse a Pedro:
“Simão, Simão, eis que Satanás vos [quis] cirandar como trigo;
Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lucas 22:31–32).
É interessante lembrar que aquele vigoroso apóstolo tinha conversado e andado com o Mestre, havia testemunhado muitos milagres e tinha um forte testemunho da divindade do Salvador. Mas até Pedro precisava de instruções adicionais de Jesus sobre o poder de conversão e santificação do Espírito Santo e instruções sobre sua obrigação de servir fielmente.
A essência do evangelho de Jesus Cristo produz uma mudança fundamental e permanente em nossa própria natureza, graças à Expiação do Salvador. A verdadeira conversão ocasiona uma mudança nas crenças, no coração e na vida de uma pessoa, para que aceite a vontade de Deus e se sujeite a ela (ver Atos 3:19; 3 Néfi 9:20), o que inclui o compromisso consciente de tornar-se um discípulo de Cristo.
A conversão é uma ampliação, um aprofundamento e uma expansão do alicerce subjacente do testemunho. É o resultado da revelação de Deus, acompanhada do arrependimento, da obediência e da diligência individuais. Todo aquele que busca sinceramente a verdade pode converter-se ao sentir uma vigorosa mudança no coração e nascer espiritualmente de Deus (ver Alma 5:12–14). À medida que honramos as ordenanças e os convênios de salvação e exaltação (ver D&C 20:25), “[prosseguindo] com firmeza em Cristo” (2 Néfi 31:20) e perseverando com fé até o fim (ver D&C 14:7), tornamo-nos novas criaturas em Cristo (ver II Coríntios 5:17). A conversão é uma oferta de nós mesmos que fazemos a Deus em gratidão pela dádiva do testemunho.
Exemplos de Conversão do Livro de Mórmon
O Livro de Mórmon está repleto de relatos inspiradores de conversão. Amaléqui, um descendente de Jacó, declarou: “E agora, meus queridos irmãos, quisera que viésseis a Cristo, que é o Santo de Israel, e participásseis de sua salvação e do poder de sua redenção. Sim, vinde a ele e ofertai-lhe toda a vossa alma, como dádiva” (Ômni 1:26).
É importante e necessário saber pelo poder do Espírito Santo que Jesus é o Cristo. Mas é preciso muito mais do que o mero conhecimento para nos achegarmos sinceramente a Ele e Lhe entregarmos toda a nossa alma como oferta. A conversão exige todo nosso coração, todo nosso poder e toda nossa mente e força (ver D&C 42).
O povo do rei Benjamim reagiu a seus ensinamentos exclamando: “Sim, acreditamos em todas as palavras que nos disseste e também sabemos que são certas e verdadeiras, por causa do Espírito do Senhor Onipotente que efetuou em nós, ou melhor, em nosso coração, uma vigorosa mudança, de modo que não temos mais disposição para praticar o mal, mas, sim, de fazer o bem continuamente” (Mosias 5:2). A aceitação das palavras proferidas, a aquisição de um testemunho de sua veracidade e o exercício da fé em Cristo produziram uma vigorosa mudança de coração e a firme determinação de melhorar.
Os lamanitas convertidos do livro de Helamã foram descritos como um grupo de pessoas que “segue o caminho de seus deveres, anda circunspectamente perante Deus e esforça-se para guardar seus mandamentos e seus estatutos e suas ordenanças. (…)
Esforçando-se com infatigável diligência para que o conhecimento da verdade seja levado ao restante de seus irmãos” (Helamã 15:5–6).
Como destacado nesses exemplos, as características principais associadas à conversão são uma vigorosa mudança no coração, a disposição de fazer o bem continuamente e o empenho de seguir o caminho de seus deveres, andar prudentemente perante Deus, guardar os mandamentos e servir com infatigável diligência. Fica bem claro que aquelas almas fiéis tinham-se tornado profundamente devotadas ao Senhor e a Seus ensinamentos.
Converter-se
Para muitos de nós, a conversão é um processo contínuo, e não um acontecimento único resultante de uma experiência dramática. Linha sobre linha e preceito sobre preceito, gradual e quase imperceptivelmente, nossas motivações, nossos pensamentos, nossas palavras e nossas ações se tornam condizentes com a vontade de Deus. A conversão ao Senhor exige tanto persistência quanto paciência.
Samuel, o lamanita, identificou cinco elementos básicos da conversão ao Senhor: (1) acreditar nos ensinamentos e nas profecias dos santos profetas conforme registrados nas escrituras, (2) exercer fé no Senhor Jesus Cristo, (3) arrepender-nos, (4) sentir uma vigorosa mudança no coração e (5) tornar-nos “firmes e inquebrantáveis na fé” (ver Helamã 15:7–8). Esse é o padrão que conduz à conversão.
Testemunho e Conversão
O testemunho é o início e um pré-requisito da conversão contínua. O testemunho é um ponto de partida, não o destino final. Um testemunho forte é o alicerce sobre o qual a conversão é estabelecida.
O testemunho por si só não será suficiente para proteger-nos das tempestades de escuridão e da maldade destes últimos dias em que vivemos. O testemunho é importante e necessário, mas não é o suficiente para prover a força e a proteção espiritual de que necessitamos. Alguns membros da Igreja que tinham um testemunho fraquejaram e caíram. Seu conhecimento e comprometimento espiritual não estavam à altura dos desafios que enfrentaram.
Uma importante lição sobre a relação entre testemunho e conversão se evidencia no trabalho missionário dos filhos de Mosias.
“E tão certo quanto o Senhor vive, assim também quantos acreditaram, ou seja, quantos foram levados a conhecer a verdade pelas pregações de Amon e seus irmãos, segundo o espírito de revelação e de profecia e o poder de Deus que fazia milagres por meio deles—sim, (…) assim como o Senhor vive, todos os lamanitas que acreditaram em suas pregações e foram convertidos ao Senhor nunca apostataram.
Pois tornaram-se um povo justo e depuseram as armas de sua rebelião, para não mais lutarem contra Deus. (…)
Ora, estes são os que se converteram ao Senhor” (Alma 23:6–8).
Dois elementos importantes são descritos nesses versículos: (1) o conhecimento da verdade, que pode ser interpretado como testemunho, e (2) a conversão ao Senhor, que entendo como a conversão ao Salvador e a Seu evangelho. Assim, a vigorosa combinação do testemunho com a conversão ao Senhor produz firmeza e estabilidade, e proporciona proteção espiritual.
Eles nunca apostataram e depuseram “as armas de sua rebelião, para não mais lutarem contra Deus”. Para depor as estimadas “armas de rebelião”, como o egoísmo, o orgulho e a desobediência, é preciso mais do que meramente acreditar e conhecer. A convicção, a humildade, o arrependimento e a submissão precedem o abandono de nossas armas de rebelião. Será que ainda possuímos armas de rebelião que nos impedem de converter-nos ao Senhor? Se for esse o caso, então precisamos arrepender-nos agora mesmo.
Observem que os lamanitas não se converteram aos missionários que os ensinaram ou aos excelentes programas da Igreja. Não foram convertidos à personalidade de seus líderes ou à preservação de um legado cultural ou às tradições de seus pais. Foram convertidos ao Senhor — a Ele como o Salvador e a Sua divindade e doutrina — e nunca apostataram.
Um testemunho é o conhecimento espiritual da verdade obtido pelo poder do Espírito Santo. A conversão contínua é a constante devoção à verdade revelada que recebemos — com um coração solícito e por motivos justos. O conhecimento de que o evangelho é verdadeiro é a essência de um testemunho. A constante fidelidade ao evangelho é a essência da conversão. Devemos saber que o evangelho é verdadeiro e ser leais ao evangelho.
Testemunho, Conversão e a Parábola das Dez Virgens
Quero usar agora uma das muitas possíveis interpretações da parábola das dez virgens, a fim de destacar a relação existente entre testemunho e conversão. Dez virgens, cinco prudentes e cinco tolas, levaram consigo suas lâmpadas e foram encontrar-se com o noivo. Pensem nas lâmpadas usadas pelas virgens como as lâmpadas do testemunho. As virgens tolas levaram consigo sua lâmpada do testemunho, mas não levaram azeite. Pensem no azeite como sendo o azeite da conversão.
“Mas as prudentes levaram azeite [da conversão] em suas vasilhas, com as suas lâmpadas [de testemunho].
E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.
Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.
Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas [de testemunho].
E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite [sim, o azeite de conversão], porque as nossas lâmpadas [de testemunho] se apagam.
Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós” (Mateus 25:4–9).
Será que as cinco virgens prudentes foram egoístas e se recusaram a compartilhar, ou será que estavam explicando corretamente que o azeite da conversão não podia ser emprestado? Será que a força espiritual resultante da obediência constante aos mandamentos pode ser concedida a outra pessoa? Será que o conhecimento obtido pelo estudo diligente das escrituras e pela reflexão pode ser transmitido a alguém carente dele? Será que a paz que o evangelho proporciona a um santo dos últimos dias fiel pode ser transferida a uma pessoa que enfrenta uma adversidade ou um grande desafio? A clara resposta para cada uma dessas perguntas é não.
Tal como as virgens prudentes devidamente salientaram, cada um de nós precisa “comprar para si mesmo”. Aquelas mulheres inspiradas não descreviam uma transação comercial, mas, sim, enfatizavam nossa responsabilidade individual de manter nossa lâmpada do testemunho ardendo e de obter um amplo suprimento do azeite da conversão. Esse precioso azeite é adquirido uma gota por vez — “linha sobre linha [e] preceito sobre preceito” (2 Néfi 28:30), com paciência e persistência. Não há atalhos. Não é possível fazer preparativos de última hora.
“Portanto sede fiéis, orando sempre, mantendo vossas lâmpadas preparadas e acesas e tendo convosco óleo, para que estejais prontos na vinda do Esposo” (D&C 33:17).
Testemunho
Prometo que à medida que adquirirmos um conhecimento da verdade e formos convertidos ao Senhor, permaneceremos firmes e inquebrantáveis e nunca apostataremos. Com avidez deporemos nossas armas de rebelião. Seremos abençoados com a radiante luz de nossa lâmpada do testemunho tendo um amplo suprimento do azeite da conversão. E à medida que cada um de nós se tornar plenamente convertido, fortaleceremos nossa família, nossos amigos e as pessoas de nosso convívio. Presto testemunho dessas verdades no sagrado nome do Senhor Jesus Cristo. Amém.