2013
O Resgate no Campo Minado
Março de 2013


Até Voltarmos a Nos Encontrar

O Resgate no Campo Minado

Russell Westergard mora em Virginia, EUA.

Não podíamos ir resgatar a soldada em perigo, mas podíamos incentivá-la, torcer por ela e nos alegrar com seu sucesso.

Durante a Guerra do Golfo, comandei um grupo de soldados no Kuwait. Ao derrubarmos as defesas do inimigo, vasculhamos as posições de combate do adversário para ter certeza de que estaríamos em segurança e procuramos qualquer informação que nos pudesse ser útil.

Eu acabara de entrar num posto de comando inimigo quando ouvi um sargento britânico gritar desesperado: “Pare! Não dê nem mais um passo!” Ao pôr a cabeça para fora do abrigo, vi uma de minhas soldadas em perigo imediato. Ela entrara a pé numa área aberta para pegar um documento e fora parar no meio de um enorme campo minado. Quando ela ouviu o grito do sargento, parou e deu-se conta do perigo que corria.

Reunida na extremidade do campo minado, nossa equipe conseguia ver que a jovem soldada estava tão apavorada que chegava a tremer. Precisávamos agir rapidamente, mas não era possível enviar soldados para buscá-la sem arriscar a vida deles e também a dela. Sem discussão ou hesitação, começamos a conversar com a soldada, gritando palavras de consolo, incentivo e instrução. Conseguíamos ver lágrimas a escorrer-lhe pelo rosto e perceber o medo que transparecia em suas respostas, mas ela começou a acalmar-se um pouco com nossas palavras tranquilizadoras.

Após algum tempo, ela teve coragem de olhar para trás e ver o caminho que trilhara para chegar até aquele ponto e disse que conseguia ver seus próprios passos levemente na areia. Com nosso incentivo, ela começou a refazer seu caminho com extrema cautela. Ao pisar levemente em cada uma de suas pegadas anteriores, ela conseguiu sair do campo minado, indo parar diretamente em nossos braços depois de dar o passo final. Gritamos de alegria quando a recebemos de volta, o grande grupo de soldados que ficara na retaguarda. As lágrimas de medo foram substituídas por sorrisos e abraços.

Poucos de nós já estiveram à beira de um campo minado em nossa vida. Mas muitos de nós conhecemos pessoas que saíram de um terreno espiritualmente seguro para cair na armadilha de campos minados espalhados pela vida. Assim como aquela jovem soldada, elas também podem se sentir sozinhas, amedrontadas e inseguras. Mas aquela soldada nunca ficou sozinha. Tinha uma equipe na retaguarda torcendo por ela, amigos que precisavam que ela voltasse e não perderam as esperanças. Ela tinha comandantes que ofereceram orientação e incentivo. Era ela que tinha de sair do campo minado, mas coletivamente a ajudamos a encontrar forças para fazê-lo. No final, comemoramos seu resgate com amor e alegria genuínos.

Os resgates espirituais podem ser igualmente dramáticos. Quer ofereçamos ajuda como família, como amigos ou como ala ou ramo, nossos esforços podem fazer toda a diferença. Talvez tenham sido palavras oportunas de incentivo e orientação que salvaram a vida da soldada. Da mesma forma, podemos resgatar pessoas dos perigos da escuridão espiritual oferecendo o incentivo e a orientação que podem acabar por trazê-las de volta. Se assim procedermos, grande será nossa alegria — não só por um momento nesta vida, mas por toda a eternidade (ver D&C 18:15).

Ilustração fotográfica: Craig Dimond