Liahona
Histórias
Agosto de 2024


Mensagem da Área

Histórias

Muitas pessoas acreditam que há conexões que temos antes desta vida terrena. Eu também acredito nisso. Acredito que conhecíamos algumas pessoas antes de virmos para a Terra e que temos a oportunidade de fortalecer esses laços eternos a cada dia. Sabíamos que esta vida terrena não seria fácil; sabíamos que enfrentaríamos desafios, decepções e dificuldades. Mas o Pai Celestial nos prometeu que não estaríamos sozinhos. Ele nos prometeu que nos ajudaria em nossa jornada com a orientação de profetas e apóstolos, de líderes inspirados, de familiares amorosos e por meio da Expiação de Jesus Cristo. Gosto de pensar que o Pai Celestial também nos proporcionou anjos para nos ajudar a segurar firme na barra de ferro à medida que seguimos em frente com fé. Esses anjos podem ser nossos antepassados, mas podem ser especialmente nossos amigos que também trilham esta jornada ao nosso lado, dia após dia.

Cresci sendo ensinada os princí- pios do evangelho em meu lar. Tive um firme alicerce em casa e sempre participei ativamente das atividades e reuniões da Igreja. Fiz seminárioe sempre busquei ter amigos que tinham as mesmas crenças e que seguiam os mesmos padrões que eu. Ter amigos no evangelho fez todaa diferença na minha adolescência. Porém, como jovem adulta, tem sido cada vez mais difícil encon- trar amigos que ainda seguem os princípios do evangelho. Há alguns anos, eu me vi sozinha, sem esses companheiros de jornada, quando vários de meus amigos se distan- ciaram. Participar de atividades
da Igreja, que era algo tão natural para mim, passou a ser mais difícil por eu não ter a companhia dos meus amigos. Não é fácil seguir o caminho do discipulado sozinha; há muitas vozes no mundo que tentam nos confundir. Entretanto, apesar de não ter companhia, eu decidi confiar nas promessas do Pai Celes- tial e sabia que valia a pena viver o evangelho. Eu sabia que Ele nunca me abandonaria.

Algum tempo depois, mesmo muito relutante, decidi ir a uma atividade para jovens adultos na sede da minha estaca. Meu propó- sito não era especificamente fazer novos amigos, mas apenas tentar me divertir um pouco. Porém, o Pai Celestial tem um plano perfeito para mim e, como um Pai amoroso, Ele colocou um anjo na minha vida bem naquele momento em que eu precisava de uma amiga verdadeira. Eu a conheci em uma conversa em grupo no final da atividade. À medida que conversávamos, percebi que tínhamos muitas coisas em comum. Continuamos a conversar depois dessa atividade e começamos a fazer várias coisas juntas. Aos poucos, percebi que não estava mais sozinha porque tinha uma amiga para me acompanhar nesta jornada terrena. Pude ver que ela também tinha o desejo de se aproximar do Pai Celestial e também queria seguir em frente com fé para poder voltar a viver com Ele.

Desde aquela época, nossa amizade tem se fortalecido e tem me ajudado a fortalecer meu teste- munho sobre o plano de felicidade de Deus e da esperança que encon- tramos no evangelho. Nós sabemos que podemos confiar uma na outra e, principalmente, que podemos confiar no Salvador, Jesus Cristo, na companhia constante Dele e no poder da Expiação que nos permite ser melhores a cada dia. Nós sempre buscamos fortalecer uma à outra — estudamos juntas os discursos da conferência geral, temos a meta de ir ao templo todas as semanas e oramos uma pela outra. Agora, somos como irmãs e prometemos ajudar uma à outra a seguir em frente, segurando na barra de ferro, até retornarmos à presença do Pai Celestial com nossas famí- lias eternas. Sei que ela é uma das pessoas que eu já conhecia antes desta vida e sinto muita alegria em pensar que seremos amigas eternamente!

– Anônimo

Sempre que começamos a estudar em uma nova escola, muitos senti- mentos nos acompanham com a mudança: saudades da antiga escola e dos amigos, a ansiedade em fazer novos amigos e, claro, procurar oportunidades de compartilhar o evangelho. Eu me senti dessa forma ao começar o ensino médio. Foi um pouco desafiador aprender tantas coisas novas e estar com pessoas novas nas primeiras semanas, mas também confortante em poder reen- contrar uma amizade antiga que me ajudou a não sentir sozinha.

Com o passar do tempo, descobri que na minha turma havia uma pessoa tão dedicada aos estudos como eu, porém não compartilhávamos o mesmo grupo de amigos, o que nos mantinha afastadas. Na última semana de aula antes das férias de inverno, era comum não ter muitos alunos na escola, e passávamos muito tempo livre junto aos professores, e isso fez com que essa pessoa viesse até a minha mesa e começasse uma conversa, no começo achei estranho e ousado, já que ambas acreditá- vamos que não tínhamos nada a ver uma com a outra.

Ela e eu conversamos por um longo tempo, e vimos que tínhamos muitas coisas em comum: amávamos matemática, nosso jogo favorito era xadrez e tínhamos opiniões similares sobre alguns filmes e livros. Mesmo que tivés- semos hábitos e padrões um pouco diferentes, senti que ela seria uma amiga fiel e que respeitaria meus padrões e, desde aquela conversa, nós nos tornamos inseparáveis.

Com a vida corrida entre escola, aulas de alemão e outras respon- sabilidades, adquiri o hábito de levar as escrituras para a escola para poder me preparar para as aulas do seminário e costumava levar o progresso pessoal também para realizar minhas metas. Isso fez com que essa minha nova amiga sentisse curiosidade sobre aquelas coisas que eram novas e que ela não conhecia, o que abriu as portas para que eu pudesse compartilhar o evangelho, falar sobre minhas crenças e sobre os meus padrões. Senti no coração que deveria presenteá-la com um exemplar do Livro de Mórmon. Eu me lembro de pedir um exemplar aos missio- nários e passei horas pensando no que eu poderia escrever como dedicatória. Era minha primeira vez presenteando alguém e não sabia o que devia escrever. Escrevi algumas poucas palavras e então me enchi de coragem para entregar. Fiquei com medo de que ela se afastasse de mim ou que fosse negar o meu presente, mas segui aquele sentimento e me surpreendi quando ela recebeu o livro com alegria.

Os meses se passaram, e tivemos alguns momentos juntas na Igreja, convidei-a para um baile dos jovens, para ir à igreja me ver discursar e para a copa dos jovens que acon- tecia na Igreja, mas nunca perguntei se ela tinha lido algo no Livro de Mórmon.

No terceiro ano do ensino médio, coisas novas começaram a acontecer. Pela primeira vez havia outros membros da Igreja na mesma escola que eu, o que não é muito comum no Brasil. Eu estava animada para me preparar para servir uma missão de tempo integral no ano seguinte, ia me formar no seminário, ia sair da organização das moças, e naquele mesmo ano, na minha ala recebemos missioná- rias, o que me animou muito. Essas mudanças me fizeram lembrar daquele Livro de Mórmon e me deu coragem para perguntar à minha amiga se ela havia lido algo. Conver- samos algumas vezes sobre o Livro de Mórmon, e isso me despertou o desejo de levar as missionárias para visitá-la, e ela aceitou as visitas.

A mãe, a avó e tios da minha amiga eram de outra religião. Tanto ela quanto eu não sabíamos como seria a reação deles ao receberem as missionárias em sua casa, mas ainda assim conversei com as missionárias e passei a referência. Orei muito para que tudo desse certo. Progra- mamos as visitas e começamos uma jornada que eu jamais pensei que veria acontecendo. Em uma das visitas, eu estava acompanhando as missionárias, e no caminho a síster Lira me perguntou o motivo de eu ter compartilhado o evangelho com minha amiga. Eu me lembro de ficar pensativa e calada durante a cami- nhada, mas respondi que queria que ela tivesse a mesma alegria que eu e que um dia pudéssemos estar juntas na Igreja e manter a amizade para sempre. A síster Busath olhou para mim e disse que se elas sentissem pelo Espírito, convidariam minha amiga para ser batizada. Naquele momento meu coração disparou, e me deparei com um momento que eu jamais imaginei que pudesse acontecer, senti uma mistura de sentimentos. Senti alegria só de imaginar que poderia se tornar real, mas também fiquei preocu- pada, imaginando que caso ela não aceitasse, isso nos afastaria. Escolhi confiar no Senhor e aceitar a vontade Dele.

Tivemos uma lição poderosa, o Espírito estava tão forte que eu sabia que nós quatro O estávamos sentindo. De repente a síster Lira fez uma pausa e disse que queria compartilhar algo que não fazia parte daquela mensagem. Ela então compartilhou sobre a conversa que tivemos no caminho. Lembro de sentir meu rosto mudar de cor ao ouvir a síster Lira contar sobre a pergunta que ela havia feito para mim, e pediu que eu respondesse novamente, mas agora para que minha amiga ouvisse também. Eu fiquei emocionada ao compartilhar a mesma resposta e aproveitei para prestar meu testemunho sobre ter bons amigos.

Após esse momento, as missio- nárias perguntaram se a minha amiga gostaria de ser batizada. Eu não sabia o que pensar, não sabia o que esperar daquele convite tão especial. Entre muitas lágrimas minha amiga aceitou o convite. Eu me lembro que choramos muito e nos abraçamos. Havia tanta alegria naquele momento que eu só consegui fazer uma pequena oração agradecendo por poder vivenciar aquele dia.

Começamos a preparação do batismo. Meu pai pôde realizar a ordenança dela. As missionárias e eu preparamos um hino especial. Foi um dia que ficou gravado em meu coração. Eu relembrei aquele dia em que pude presenteá-la com o Livro de Mórmon, relembrei como tive que vencer a insegurança para falar sobre minhas crenças e como isso fez com que ela pudesse encon- trar o evangelho.

Naquele ano nós concluímos o ensino médio, assistimos às aulas das moças e às aulas do seminário juntas. Nossa amizade se fortaleceu ainda mais com o evangelho em nossa vida. Em um determinado momento, ela me disse que gostaria de servir como missionária, e come- çamos nossa preparação juntas. Passamos meses nos preparando, fazendo os exames, assistindo às aulas de preparação missionária e enviamos nossos chamados. Ela foi chamada para servir na missão Argentina Córdoba e eu na missão Portugal Lisboa. Mesmo com um oceano de distância, compar- tilhamos momentos únicos e sagrados e nossa amizade foi forta- lecida. Hoje ela continua firme na Igreja, foi selada a um bom rapaz e está à espera do seu primeiro filho.

Quando olho para trás, vejo como o Senhor conhece todas as coisas e nos dá a chance de sermos suas mãos nessa obra. Aprendi que quando não temos medo de compartilhar o evangelho, o Senhor nos permite vivenciar momentos especiais. Quando vivemos o evan- gelho, seja na escola, no trabalho, em nossa vizinhança e até mesmo dentro do nosso lar, espalhamos a alegria que temos ao ter o evan- gelho restaurado em nossa vida. Ser bons amigos e ter bons amigos faci- lita nosso caminho para voltarmos a presença do Pai Celestial.

– Ketherin Rubio

Em janeiro de 2005, tive a honra de ser batizada na Igreja de Jesus Cristo dos Santos Últimos Dias junto com minha mãe, Carmelita, e minhas irmãs Vera e Renata. Na época, minha irmã Vera estava grávida de cinco meses do meu sobrinho André.

Posteriormente, meu pai também foi batizado. Ao longo do tempo, minhas irmãs não perma- neceram ativas na Igreja, mas Vera e seu marido, Amilton, permitiram que meu sobrinho André, desde muito pequeno, acompanhasse meus pais nas atividades e reuniões da Igreja.

Em 2012, André foi batizado com o apoio dos seus pais. Meu cunhado Amilton sempre apoiou e incentivou André a permanecer firme no evangelho de Jesus Cristo. Mesmo após o falecimento dos meus pais, Amilton continuou levando e buscando André nas ativi- dades e, por um tempo, até ajudou com as caronas dos jovens da ala para o seminário.

Em 2023, minha irmã Vera voltou a frequentar a Igreja e cumpriu com grande empenho seu chamado.

Com a Vera ativa, retomamos as noites familiares semanalmente entre todos da família, até mesmo minha irmã, que não é membroda Igreja e mora a 100 km de distância, participa por vídeo. Divi- dimos as mensagens entre todos os participantes, apreendemos e nos divertimos juntos, e assim seguimos até hoje.

No início deste ano de 2024, André começou a se preparar para servir como missionário de tempo integral e, como sempre, Amilton, mesmo não sendo membro da Igreja, o apoiou. Durante uma mensagem em uma noite fami- liar, meu marido Rubens fez ao Amilton o convite do batismo, e prontamente o Amilton respondeu que aceitaria se seu filho, André, o batizasse. A princípio, ficamos surpresos com a resposta. O Pai Celestial organizou tudo de maneira que o primeiro batismo de André, ou melhor, o primeiro batismo do élder Alves já ordenado como élder, fosse o seu pai, Amilton.

E assim aconteceu no dia 13 de abril de 2024. Estávamos todos reunidos para prestigiar esse momento tão esperado por todos. Com carinho e saudade, lembro da minha saudosa mãe dizer muitas vezes que o Amilton estava pronto para o batismo. O que a minha mãe e ninguém sabia em 2005 é que esse batismo ocorreria no tempo do Pai Celestial, com o poder do sacerdócio de Deus concedido ao André.

Não tenho dúvidas de que esse milagre é fruto da constância em realizar as noites familiares, nas quais Amilton, que já possuía prin- cípios cristãos, pôde sentir em seu coração o desejo e a confirmação da veracidade deste evangelho.

Presto meu testemunho de que sei que o Pai Celestial conhece seus filhos, que as noites familiares são para todos da família, mesmo à distância, sejam eles membros ativos, inativos ou não membros. A constância e a obediência nos permitirão vivenciar milagres.

– Rafaela Batista Alves Costa