Tradução e Autenticidade Histórica do Livro de Abraão


A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias adota o livro de Abraão como escritura. Esse livro, que é um registro do profeta bíblico e patriarca Abraão, conta como Abraão buscou as bênçãos do sacerdócio, rejeitou a idolatria de seu pai, fez convênio com Jeová, casou-se com Sarai, mudou-se para Canaã e Egito, e recebeu o conhecimento a respeito da Criação. O livro de Abraão segue em grande parte a narrativa bíblica, mas acrescenta informações importantes sobre a vida e os ensinamentos de Abraão.

O livro de Abraão foi publicado pela primeira vez em 1842 e foi canonizado como parte da Pérola de Grande Valor em 1880. O livro originou-se de papiros egípcios que Joseph Smith começou a traduzir em 1835. Muitas pessoas viram os papiros, mas nenhum relato de testemunhas oculares da tradução permaneceu, o que torna impossível reconstruir o processo. Apenas pequenos fragmentos dos longos rolos de papiro que estavam em posse de Joseph Smith ainda existem hoje. A relação entre esses fragmentos e o texto que temos hoje é em grande parte baseada em hipóteses.

Sabemos algumas coisas sobre o processo de tradução. A palavra tradução tipicamente significa um conhecimento especializado em diversos idiomas. Joseph Smith alegou que não era especialista em nenhum idioma. Ele prontamente reconheceu que ele era uma das “coisas fracas do mundo”, chamado para proferir palavras enviadas “pelo céu”.1 Falando da tradução do Livro de Mórmon, o Senhor disse: “não podes escrever aquilo que é sagrado a não ser que te seja concedido por mim”.2 O mesmo princípio pode ser aplicado para o livro de Abraão. O Senhor não exigiu que Joseph Smith tivesse conhecimento do idioma egípcio. Pelo dom e poder de Deus, Joseph recebeu conhecimento sobre a vida e os ensinamentos de Abraão.

Em muitas particularidades, o livro de Abraão é consistente com o conhecimento histórico sobre o mundo antigo.3 Parte desse conhecimento, que será discutido mais adiante neste artigo, ainda não tinha sido descoberto ou não era bem conhecido em 1842. Mas mesmo essa evidência de origens antigas, por mais substancial que possa ser, não pode provar a veracidade do livro de Abraão mais do que a evidência arqueológica pode provar o êxodo dos israelitas do Egito ou a Ressurreição do Filho de Deus. A situação do livro de Abraão como escritura, em última instância recai sobre a fé nas verdades salvadoras encontradas dentro do próprio livro como testemunhado pelo Espírito Santo.

O Livro de Abraão Como Escritura

Há milhares de anos, o Profeta Néfi aprendeu que um dos objetivos do Livro de Mórmon era o de “estabelecer a verdade” da Bíblia.4 De forma semelhante, o livro de Abraão apoia, expande e esclarece o relato bíblico da vida de Abraão.

No relato bíblico, Deus faz convênios com Abraão para “[fazer dele] uma grande nação”.5 O livro de Abraão fornece o contexto desse convênio, mostrando que Abraão era um homem que buscava “grande conhecimento” e era um “seguidor da retidão” que escolheu o caminho certo, apesar de grandes dificuldades. Ele rejeitou a iniquidade da casa de seu pai e desprezou os ídolos da cultura à sua volta, apesar da ameaça de morte.6

Na Bíblia, o convênio de Deus com Abraão parece começar durante a vida dele. De acordo com o livro de Abraão, o convênio começou antes da fundação do mundo e foi transmitido por meio de Adão, Noé e outros profetas.7 Abraão toma assim o seu lugar em uma longa linha de profetas e patriarcas, cuja missão é preservar e ampliar o convênio com Deus na Terra. O cerne desse convênio é o sacerdócio, por meio do qual “as bênçãos de salvação, sim, de vida eterna” são transmitidas.8

O livro de Abraão esclarece vários ensinamentos que são obscuros na Bíblia. A vida não começa no nascimento, como normalmente se pensava. Antes de vir para a Terra, os indivíduos existiam como espíritos. Em uma visão, Abraão viu que um dos espíritos era “semelhante a Deus”.9 Esse Ser divino, Jesus Cristo, liderou outros espíritos ao organizar a terra a partir de “materiais” ou matéria preexistente, não “ex nihilo” ou a partir do nada, como muitos cristãos mais tarde passaram a acreditar.10 Abraão aprendeu também que a vida mortal, foi crucial para o plano de felicidade que Deus providenciara para Seus filhos: “os provaremos”, Deus disse, “para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar”, acrescentando uma promessa de ampliar a glória sobre os fiéis.11 Em nenhum lugar da Bíblia o propósito e o potencial da vida terrena são afirmados tão claramente como no livro de Abraão.

A Origem do Livro de Abraão

As poderosas verdades encontradas no livro de Abraão surgiram a partir de um conjunto de eventos históricos únicos. Em meados de 1835, um empreendedor chamado Michael Chandler chegou na sede da Igreja em Kirtland, Ohio, com quatro múmias e vários rolos de papiros.12 Chandler encontrou um público pronto. Devido, em parte, às conquistas do imperador francês Napoleão, as antiguidades desenterradas das catacumbas do Egito haviam criado um fascínio em todo o mundo ocidental.13 Chandler capitalizou esse interesse pela turnê com antigos artefatos egípcios e cobrando uma taxa para que os visitantes pudessem vê-los.

Esses artefatos foram descobertos por Antonio Lebolo, um ex-soldado da cavalaria do exército italiano. Lebolo, que supervisionou algumas das escavações para o cônsul-geral da França, tirou 11 múmias de um túmulo não muito longe da antiga cidade de Tebas. Lebolo enviou os artefatos para a Itália, e depois de sua morte, eles foram parar em Nova York. Em algum momento, as múmias e os rolos ficaram em posse de Chandler.14

Quando a coleção chegou em Kirtland, tudo, exceto quatro múmias e vários rolos de papiro, já tinha sido vendido. Um grupo de santos dos últimos dias em Kirtland comprou os artefatos remanescentes para a Igreja. Depois de Joseph Smith analisar os papiros e começar “a tradução de alguns dos caracteres ou hieróglifos”, reconta sua história, “para nossa grande alegria descobrimos que um dos rolos continha os escritos de Abraão”.15

A Tradução e o Livro de Abraão

Joseph Smith trabalhou na tradução do livro de Abraão durante o verão e outono de 1835, época em que ele completou pelo menos o primeiro capítulo e parte do segundo.16 Seu diário em seguida fala de traduzir o papiro na primavera de 1842, depois que os santos haviam se mudado para Nauvoo, Illinois. Todos os cinco capítulos do livro de Abraão, juntamente com três ilustrações (agora conhecidas como fac-símiles nº 1, 2 e 3), foram publicados no Times and Seasons, o jornal da Igreja em Nauvoo, entre março e maio de 1842.17

O livro de Abraão foi o último dos trabalhos de tradução de Joseph Smith. Nestas traduções inspiradas, Joseph Smith afirma não conhecer as línguas antigas dos registros que estava traduzindo. Muito parecida com o Livro de Mórmon, a tradução do livro de Abraão feita por Joseph foi registrada na linguagem e estilo da Bíblia do rei Jaime, a mais importante versão inglesa da Bíblia. Essa era a linguagem escriturística familiar aos primeiros santos dos últimos dias, e seu uso era consistente com o padrão do Senhor de revelar Suas verdades, “conforme a sua maneira de falar, para que alcançassem entendimento”.18

As traduções de Joseph tomaram diversas formas. Em algumas de suas traduções, como a tradução do Livro de Mórmon, Joseph utilizava documentos antigos que estavam em seu poder. Outras vezes, suas traduções não tomavam como base quaisquer registros físicos conhecidos. A tradução de trechos da Bíblia por Joseph, incluiu, por exemplo, a restauração do texto original, a harmonização das contradições dentro da própria Bíblia, e comentários inspirados.19

Algumas evidências sugerem que Joseph estudou os caracteres nos papiros egípcios e tentou aprender a língua egípcia. Sua história relata que, em julho de 1835, ele estava “continuamente empenhado em traduzir um alfabeto para o Livro de Abraão e organizar uma gramática da língua egípcia, tal como praticada pelos antigos”.20 Essa “gramática”, como era chamada, consistia de colunas de caracteres hieroglíficos seguido de traduções para o inglês registradas em um grande caderno pelo escriba de Joseph, William W. Phelps. Outro manuscrito, escrito por Joseph Smith e Oliver Cowdery, tem caracteres egípcios seguidos de explicações.21

A relação desses documentos com o livro de Abraão não é totalmente compreendida. Nem as regras, nem as traduções no livro de gramática correspondem ao que é reconhecido por egiptólogos hoje. Seja qual for o papel do livro de gramática, parece que Joseph Smith começou a traduzir trechos do livro de Abraão quase que imediatamente após a compra dos papiros.22 Phelps aparentemente viu Joseph Smith como o único capaz de compreender os caracteres egípcios: “Como ninguém era capaz de traduzir aqueles escritos”, ele disse à esposa: “eles foram apresentados ao Presidente Smith. Ele logo soube o que eram”.23

Os Papiros

Quando os santos dos últimos dias deixaram Nauvoo, os artefatos egípcios foram deixados para trás. A família de Joseph Smith vendeu os papiros e as múmias em 1856. Os papiros foram divididos e vendidos para várias pessoas; historiadores acreditam que a maioria foi destruída no Grande Incêndio de Chicago em 1871. Dez fragmentos dos papiros, que estiveram em posse de Joseph Smith acabaram no Museu Metropolitano de Arte, na Cidade de Nova York.24 Em 1967, o museu transferiu esses fragmentos para a Igreja, que, posteriormente, os publicou na revista da Igreja, The Improvement Era.25

A descoberta dos fragmentos dos papiros renovou o debate sobre a tradução de Joseph Smith. Os fragmentos incluíam uma vinheta, ou ilustração, que aparece no livro de Abraão como fac-símile nº 1. Muito antes dos fragmentos serem publicados pela Igreja, alguns egiptólogos haviam dito que as explicações de Joseph Smith sobre os vários elementos desses fac-símiles não correspondiam às suas próprias interpretações desses desenhos. Joseph Smith havia publicado os fac-símiles de desenhos autônomos, separados dos hieróglifos ou caracteres hieráticos que originalmente cercavam as vinhetas. A descoberta dos fragmentos significava que os leitores poderiam ver agora os hieróglifos e caracteres imediatamente em volta da vinheta, que se tornou o fac-símile nº 1.26

Nenhum dos caracteres nos fragmentos de papiro mencionou o nome de Abraão, ou qualquer um dos eventos registrados no livro de Abraão. Egiptólogos mórmons e não mórmons concordam que os caracteres nos fragmentos não combinam com a tradução dada no livro de Abraão, embora não haja unanimidade, mesmo entre os estudiosos não mórmons, sobre a interpretação adequada das vinhetas existentes nesses fragmentos.27 Estudiosos identificaram os fragmentos de papiro como partes de textos funerários-padrão que foram depositados com corpos mumificados. Esses fragmentos datam entre o século III a.C. e do primeiro século d.C., muito tempo depois de Abraão ter vivido.

É claro que os fragmentos não têm que ser tão antigos quanto Abraão para que o livro de Abraão e suas ilustrações sejam autênticos. Registros antigos são muitas vezes transmitidos como cópias ou como cópias de cópias. O registro de Abraão poderia ter sido editado ou revisado por escritores posteriores da mesma maneira que os profetas-historiadores Mórmon e Morôni, do Livro de Mórmon, revisaram os escritos mais antigos de outras pessoas.28 Além disso, os documentos inicialmente compostos para um contexto podem ser modificados para outro contexto ou propósito.29 As ilustrações uma vez conectadas a Abraão poderiam ter derivado ou sido deslocadas de seu contexto original e reinterpretadas centenas de anos mais tarde, em termos de práticas de sepultamento em um período posterior ao da história egípcia. O oposto também pode ser verdadeiro: ilustrações sem nenhuma conexão clara com Abraão poderiam, por revelação, lançar luz sobre a vida e os ensinamentos dessa figura profética.

Alguns entenderam que os hieróglifos adjacentes e em torno do fac-símile nº 1 devem ser uma fonte para o texto do livro de Abraão. Mas essa afirmação se baseia na suposição de que uma vinheta e seu texto adjacente devem ser associados em significado. Na verdade, não era incomum que as vinhetas egípcias antigas fossem colocadas a alguma distância do seu comentário associado.30

Nem o Senhor nem Joseph Smith explicaram o processo de tradução do livro de Abraão, mas alguns esclarecimentos podem ser obtidos a partir de instruções do Senhor a Joseph a respeito da tradução. Em abril de 1829, Joseph recebeu uma revelação para Oliver Cowdery a qual ensinou que tanto o trabalho intelectual quanto o de revelação eram essenciais para traduzir os registros sagrados. Era necessário “estudá-lo bem em sua mente” e, em seguida, buscar a confirmação espiritual. Registros indicam que Joseph e outros estudaram os papiros e que os observadores mais próximos também acreditavam que a tradução veio por revelação. Como John Whitmer observou: “Joseph, o vidente, viu estes registros[s] e pela revelação de Jesus Cristo pôde traduzi-los”.31

Provavelmente seria fútil avaliar a capacidade de Joseph de traduzir papiros quando agora temos apenas uma fração dos papiros que ele possuía. Testemunhas falaram de “um longo rolo” ou vários “rolos” de papiro.32 Uma vez que restaram apenas fragmentos, é provável que grande parte dos papiros acessíveis a Joseph durante o período em que ele traduziu o livro de Abraão não estejam entre esses fragmentos. A perda de uma parte significativa dos papiros significa que a relação dos papiros como texto publicado não pode ser resolvida de modo conclusivo tendo como referência os papiros.

Como alternativa, o estudo dos papiros feito por Joseph pode ter levado a uma revelação sobre os principais eventos e ensinamentos da vida de Abraão, da mesma maneira que já tinha recebido anteriormente uma revelação sobre a vida de Moisés, enquanto estudava a Bíblia. Essa visão assume uma definição mais ampla das palavras tradutor e tradução.33 De acordo com esse ponto de vista, a tradução de Joseph não era uma tradução literal dos papiros como seria uma tradução convencional. Em vez disso, os artefatos físicos proporcionaram uma ocasião para a meditação, reflexão e revelação. Eles materializaram um processo por meio do qual Deus deu a Joseph Smith uma revelação sobre a vida de Abraão, mesmo que a revelação não se correlacione diretamente com os caracteres dos papiros.34

O Livro de Abraão e o Mundo Antigo

Um estudo cuidadoso do livro de Abraão fornece uma medida melhor dos méritos do livro do que qualquer hipótese de que trata o texto como tradução convencional. As evidências sugerem que os elementos do livro de Abraão cabem confortavelmente no mundo antigo e apoiam a alegação de que o livro de Abraão é um registro autêntico.

O livro de Abraão fala com desaprovação de sacrifício humano oferecido em um altar na Caldeia. Algumas vítimas foram colocadas no altar como sacrifício, porque rejeitaram os ídolos adorados por seus líderes.35 Estudiosos recentes encontraram casos de tal punição datando dos tempos de Abraão. Aqueles que desafiavam a ordem religiosa vigente, seja no Egito ou nas regiões sobre as quais tinham influência (como Canaã), poderiam sofrer a execução pela sua ofensa.36 O conflito sobre a religião do Faraó, conforme descrito em Abraão 1:11–12, é um exemplo de punição agora conhecida por ter sido infligida durante a época de Abraão.

O livro de Abraão contém outros detalhes que são consistentes com as descobertas modernas sobre o mundo antigo. O livro fala de “a planície de Olisem”, um nome não mencionado na Bíblia. Uma inscrição antiga, não descoberta ou traduzida até o Século XX, menciona uma cidade chamada “Ulisum”, localizada no noroeste da Síria.37 Além disso, Abraão 3:22–23 está escrito em uma estrutura poética mais característica das línguas do Oriente Médio do que no estilo da escrita americana antiga.38

As explicações de Joseph Smith sobre os fac-símiles do livro de Abraão contêm observações adicionais do mundo antigo. O fac-símile nº 1 e Abraão 1:17 mencionam o deus idólatra Elquena. Essa divindade não é mencionada na Bíblia, mas estudiosos modernos identificaram esse deus entre os deuses que eram adorados pelos mesopotâmios antigos.39 Joseph Smith representou as quatro figuras na figura 6 do fac-símile nº 2 como “esta terra em seus quatro cantos”. Uma interpretação semelhante tem sido defendida por pesquisadores que estudam figuras idênticas em outros textos egípcios antigos.40 O fac-símile nº 1 contém uma divindade em forma de crocodilo nadando no que Joseph Smith chamou de “o firmamento sobre nossa cabeça”. Essa interpretação faz sentido à luz de um estudo que identifica concepções egípcias do céu, com “um oceano celeste”.41

O livro de Abraão é consistente com vários detalhes encontrados nas histórias não bíblicas sobre Abraão que circulavam no mundo antigo por volta da época provável em que os papiros foram criados. No livro de Abraão, Deus ensina Abraão sobre o Sol, a Lua e as estrelas. “Mostro-te estas coisas antes de ires para o Egito, para que declares todas estas palavras”.42 Os textos antigos referem-se várias vezes a Abraão instruindo os egípcios no conhecimento dos céus. Por exemplo, Eupolemus, que viveu sob o domínio egípcio no Século II a.C., escreveu que Abraão ensinou astronomia e outras ciências para o sacerdotes egípcios.43 Um papiro do Século III, pertencente a uma biblioteca de um templo egípcio conecta Abraão com uma ilustração similar ao fac-símile nº 1 no livro de Abraão.44 Um texto egípcio posteriormente descoberto no Século XX, conta como o Faraó tentou sacrificar Abraão, apenas para se sentir frustrado, quando Abraão foi salvo por um anjo. Mais tarde, de acordo com este texto, Abraão ensinou aos membros da corte do Faraó por meio da astronomia.45 Todos esses detalhes são encontrados no livro de Abraão.

Outros detalhes no livro de Abraão são encontrados em tradições antigas localizadas em todo o Oriente Médio. Esses detalhes incluem Terá, pai de Abraão, como um idólatra; uma fome impressionante na terra natal de Abraão; A familiaridade de Abraão com os ídolos do Egito; e Abraão ter menos de 75 anos, quando deixou Harã, como diz o relato bíblico. Alguns destes elementos extrabíblicos estavam disponíveis em livros apócrifos ou comentários bíblicos na época de Joseph Smith, mas outros foram confinados em tradições não bíblicas inacessíveis ou desconhecidas aos americanos do Século XIX.46

Conclusão

A veracidade e o valor do livro de Abraão não podem ser determinados por debate acadêmico em relação à tradução do livro e sua autenticidade histórica. A situação do livro como escritura está nas verdades eternas que ele ensina e pelo espírito poderoso que transmite. O livro de Abraão transmite verdades profundas sobre a natureza de Deus, Sua relação conosco, como Seus filhos, e o propósito desta vida mortal. A veracidade do livro de Abraão é finalmente encontrada por meio de um estudo cuidadoso de seus ensinamentos, da oração sincera e pela confirmação do Espírito.

Recursos

  1. Doutrina e Convênios 1:17, 19, 24.
  2. Doutrina e Convênios 9:9.
  3. Ver, por exemplo, Daniel C. Peterson, “News from Antiquity”, Ensign, janeiro de 1994 e John Gee, “Research and Perspectives: Abraham in Ancient Egyptian Texts”, Ensign, julho de 1992.
  4. 1 Néfi 13:40. Ver também Mórmon 7:8–9.
  5. Gênesis 12:2.
  6. Abraão 1:1–2, 5–12.
  7. Abraão 1:2–3, 19.
  8. Abraão 2:11. Ver também Doutrina e Convênios 84:19–21.
  9. Abraão 3:24.
  10. Abraão 3:24; 4:1, 12, 14–16.
  11. Abraão 3:25-26.
  12. Joseph Smith History, 1838–1856, vol. B-1, p. 596, disponível em josephsmithpapers.org.
  13. Ver S. J. Wolfe com Robert Singerman, Mummies in Nineteenth Century America: Ancient Egyptians as Artifacts, Jefferson, Carolina do Norte: McFarland, 2009; e John T. Irwin, American Hieroglyphics: The Symbol of the Egyptian Hieroglyphics in the American Renaissance, Nova Haven: Yale University Press, 1980.
  14. A publicação mais extensa sobre Lebolo e suas escavações, com algumas particularidades está em H. Donl Peterson, The Story of the Book of Abraham: Mummies, Manuscripts, and Mormonism, Salt Lake City: Deseret Book, 1995, pp. 36–85. Sobre o paradeiro das múmias depois que chegaram nos Estados Unidos, ver Brian L. Smith entrevista por Philip R. Webb, “Mystery of the Mummies: An Update on the Joseph Smith Collection”, Religious Studies Center Newsletter 20, nº 2, 2005, vol. I, p. 5.
  15. Joseph Smith History, 1838–1856, vol. B-1, p. 596, disponível em josephsmithpapers.org.
  16. Brian M. Hauglid, A Textual History of the Book of Abraham: Manuscripts and Editions, Provo, UT: Maxwell Institute, 2010, pp. 6, 84, 110.
  17. Joseph Smith, Diário, 8 e 9 de março de 1842, disponível em josephsmithpapers.org; “A Fac-Simile from the Book of Abraham” e “A Translation”, Times and Seasons, 1º de março de 1842, pp. 703–706, disponível em josephsmithpapers.org; “The Book of Abraham”, Times and Seasons, 15 de março de 1842, pp. 719–722, disponível em josephsmithpapers.org; e “A Fac-Simile from the Book of Abraham” e “Explanation of Cut on First Page”, Times and Seasons, 16 de maio de 1842, pp. 783–784.
  18. Doutrina e Convênios 1:24.
  19. Robert J. Matthews, “A Plainer Translation [Uma Simples Tradução]”: Joseph Smith’s Translation of the Bible: A History and Commentary, Provo, UT: Brigham Young University Press, 1985, p. 253. Na época de Joseph Smith, a palavra traduzir poderia significar “interpretar, transferir para outro idioma”. A palavra interpretar poderia significar “explicar o significado das palavras a uma pessoa que não as entenda” ou “explicar ou revelar o significado de previsões, visões, sonhos ou enigmas; expor e explicar o que está oculto ao entendimento”. (Noah Webster, An American Dictionary of the English Language, Nova York: S. Converse, 1828, s.v. “Translate”; “Interpret”).
  20. Joseph Smith History, 1838–1856, vol. B-1, p. 597, disponível em josephsmithpapers.org.
  21. Transcrições e imagens digitalizadas desses manuscritos, conhecidos coletivamente como “Kirtland Egyptian Papers” podem ser encontrados em “Book of Abraham and Egyptian Material”, josephsmithpapers.org.
  22. Joseph Smith History, 1838–1856, vol. B-1, p. 596, disponível em josephsmithpapers.org.
  23. W. W. Phelps to Sally Phelps, 19 e 20 de julho de 1835, em Bruce A. Van Orden, “Writing to Zion: The William W. Phelps Kirtland Letters (1835–1836)” BYU Studies 33, nº 3, 1993 p. 555, disponível em byustudies.byu.edu.
  24. John Gee, A Guide to the Joseph Smith Papyri, Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 2000, p. 2. Os fragmentos são conhecidos por terem feito parte dos papiros de propriedade da Igreja, porque eles foram montados em papel com registros mórmons antigos, o que está em conformidade com as descrições contemporâneas da exibição de papiros.
  25. Jay M. Todd, “New Light on Joseph Smith’s Egyptian Papyri”, Improvement Era, fevereiro de 1968, pp. 40–41. Outro fragmento foi localizado no Escritório do Historiador da Igreja aproximadamente ao mesmo tempo da descoberta do Museu Metropolitano, totalizando 11 fragmentos.
  26. Michael D. Rhodes, “Why Doesn’t the Translation of the Egyptian Papyri found in 1967 Match the Text of the Book of Abraham in the Pearl of Great Price?”, Ensign, julho de 1988, p. 51.
  27. Kerry Muhlestein, “Egyptian Papyri and the Book of Abraham: A Faithful, Egyptological Point of View”, e Brian M. Hauglid, “Thoughts on the Book of Abraham”, ambos em No Weapon Shall Prosper: New Light on Sensitive Issues ed. Robert L. Millet, Provo e Salt Lake City, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, e Deseret Book, 2011, pp. 217–258. Sobre a falta de unanimidade entre os egiptólogos ver, por exemplo, John Gee, “A Method for Studying the Facsimiles”, FARMS Review 19, nº 1, 2007, pp. 348–351; e Hugh Nibley, “The Message of the Joseph Smith Papyri: An Egyptian Endowment, 2ª. ed., Provo e Salt Lake City, UT: Deseret Book e Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 2005, pp. 51–53. Sobre a tradução e os comentários sobre os fragmentos, ver Michael D. Rhodes, Books of the Dead Belonging to Tschemmin and Neferirnub: A Translation and Commentary, Provo, UT: Maxwell Institute, 2010; Michael D. Rhodes, The Hor Book of Breathings: A Translation and Commentary, Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 2002; e Nibley, Message of the Joseph Smith Papyri, pp. 34–50.
  28. Joseph Smith, ou talvez um companheiro dele, apresentou a tradução publicada dizendo que esses registros foram escritos “pelas próprias mãos [de Abraão], sobre o papiro”. Essa frase pode ser entendida como Abraão sendo o autor e não o copista literal. Hugh Nibley e Michael Rhodes, One Eternal Round, Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2010, pp. 20–22; Michael D. Rhodes, “Teaching the Book of Abraham Facsimiles”, Religious Educator 4, nº 2, 2003, pp. 117–118.
  29. Kevin L. Barney, “The Facsimiles and Semitic Adaptation of Existing Sources”, em John Gee and Brian M. Hauglid, eds., Astronomy, Papyrus, and Covenant, Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 2005, pp. 107–130.
  30. Henk Milde, “Vignetten-Forschung”, em Burkhard Backes e outros, eds., Totenbuch-Forschungen, Wiesbaden, Alemanha: Harrassowitz Verlag, 2006, pp. 221–231; Holger Kockelmann, Untersuchungen zu den späten Totenbuch-Handschriften auf Mumienbinden, Wiesbaden, Alemanha: Harrassowitz Verlag, 2008, vol. II, pp. 212–214; Valérie Angenot, “Discordance entre texte et image. Deux exemples de l’Ancien et du Nouvel Empires”, GöttingerMiszellen 187, 2002, pp. 11–21.
  31. John Whitmer, History, aproximadamente 1831 a 1837, p.76, em Karen Lynn Davidson, Richard L. Jensen, e David J. Whittaker, eds., Histories, Volume 2: Assigned Historical Writings, 1831–1847, vol. 2 da série Histories de The Joseph Smith Papers, editado por Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin, e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City: Editora do Historiador da Igreja, 2012, p. 86. “Estive lado a lado com ele e escrevi a tradução dos hieróglifos egípcios como ele alega ter recebido por inspiração direta do céu”, escreveu Warren Parrish, o escriba de Joseph Smith (Warren Parrish, 5 de fevereiro de 1838, Carta ao editor, Painesville Republican, 15 de fevereiro de 1838, p. 3).
  32. Hauglid, Textual History of the Book of Abraham, pp. 213–214, 222.
  33. “Joseph Smith as Translator”, em Richard Lyman Bushman, Believing History: Latter-day Saint Essays, ed. Reid L. Neilson e Jed Woodworth, Nova York: Columbia University Press, 2004, 233–247; Nibley, Message of the Joseph Smith Papyri, pp. 51–59. Ver também nota de rodapé nº 19.
  34. Por analogia, a Bíblia parece ter sido um materializador frequente para as revelações de Joseph Smith sobre as relações de Deus com o Seu antigo povo do convênio. O estudo de Joseph sobre o livro de Gênesis, por exemplo, levou a revelações sobre a vida e os ensinamentos de Adão, Eva, Moisés e Enoque, encontrados hoje no livro de Moisés.
  35. Abraão 1:8, 10–11. A maioria dos estudiosos hoje localizam a “Caldeia” (ou Ur) no sul da Mesopotâmia, retirada da área de influência egípcia, mas argumentos convincentes foram feitos para um local ao norte, dentro da esfera de influência egípcia. (Paul Y. Hoskisson, “Where Was Ur of the Chaldees?” em H. Donl Peterson e Charles D. Tate Jr., eds., The Pearl of Great Price: Revelations from God, Provo, UT: Brigham Young University Religious Studies Center, 1989, pp. 119–136; e Nibley, Abraham in Egypt, pp. 84–85, 234–236.)
  36. Kerry Muhlestein, Violence in the Service of Order: The Religious Framework for Sanctioned Killing in Ancient Egypt (Oxford, U.K.: Archaeopress, 2001, pp. 37–44, 92–101; Kerry Muhlestein, “Royal Executions: Evidence Bearing on the Subject of Sanctioned Killing in the Middle Kingdom”, Journal of the Economic and Social History of the Orient 51, nº 2, 2008, pp. 181–208; Anthony Leahy, “Death by Fire in Ancient Egypt”, Journal of the Economic and Social History of the Orient 27, nº 2, 1984, pp. 199–206; Harco Willems, “Crime, Cult and Capital Punishment (Mo’alla Inscription 8)”, Journal of Egyptian Archeology 76, 1990, pp. 27–54.
  37. Abraão 1:10; John Gee, “Has Olishem Been Discovered?”, Journal of the Book of Mormon and Other Restoration Scriptures 22, nº 2, 2013, pp. 104–7, disponível em maxwellinstitute.byu.edu.
  38. Julie M. Smith, “A Note on Chiasmus in Abraham 3:22–23”, Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 8, 2014, pp. 187–190, disponível em mormoninterpreter.com; Boyd F. Edwards e W. Farrell Edwards, “When Are Chiasms Admissible as Evidence?”, BYU Studies 49, nº 4, 2010, pp. 131–154, disponível em byustudies.byu.edu.
  39. Kevin L. Barney, “On Elkenah as Canaanite El”, Journal of the Book of Mormon and Other Restoration Scripture 19, nº 1, 2010, pp. 22–35, disponível em maxwellinstitute.byu.edu; John Gee e Stephen D. Ricks, “Historical Plausibility: The Historicity of the Book of Abraham as a Case Study”, em Historicity and the Latter-day Saint Scriptures, ed. Paul Y. Hoskisson, Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2001), p. 75.
  40. Martin J. Raven, “Egyptian Concepts of the Orientation of the Human Body”, em Procedimentos do Nono Congresso Internacional de Egiptólogos, 2007, vol. II, pp. 1569–1570.
  41. Erik Hornung, “Himmelsvorstellungen”, Lexikon der Ägyptologie, 7 vols., Wiesbaden: Harrassowit, 1977–1989, vol. II, p. 1216. Para esses e outros exemplos, ver Peterson, “News from Antiquity”; Hugh Nibley, An Approach to the Book of Abraham, Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book and Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 2009, pp. 115–178; Nibley and Rhodes, One Eternal Round, 236–245; John Gee, “A New Look at the Conception of the Human Being in Ancient Egypt”, em “Being in Ancient Egypt”: Thoughts on Agency, Materiality and Cognition, ed. Rune Nyord and Annette Kjølby, Oxford, U.K.: Archaeopress, 2009, pp. 6–7, 12–13.
  42. Abraão 3:2–15
  43. Trechos de Eupolemus, em John A. Tvedtnes, Brian M. Hauglid, e John Gee, eds., Traditions about the Early Life of Abraham, Studies in the Book of Abraham, ed. John Gee, vol. 1, Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 2001, pp. 8–9. Para ver outras referências sobre Abraão ensinando astronomia, ver, por exemplo, Tvedtnes, Hauglid, e Gee, Traditions about the Early Life of Abraham, pp. 7, 35–43.
  44. Trechos de P. Leiden I 384 (PGM XII), em Tvedtnes, Hauglid, e Gee, Traditions about the Early Life of Abraham, pp. 501–502, 523.
  45. John Gee, “An Egyptian View of Abraham”, em Andrew C. Skinner, D. Morgan Davis, e Carl Griffin, eds., Bountiful Harvest: Essays in Honor of S. Kent Brown, Provo, UT: Maxwell Institute, 2011, pp. 137–156.
  46. Ver E. Douglas Clark, revisão de Michael E. Stone, Armenian Apocrypha Relating to Abraham, 2012, em BYU Studies Quarterly 53:2, 2014, pp. 173-179; Tvedtnes, Hauglid, and Gee, Traditions about the Early Life of Abraham; Hugh Nibley, Abraham in Egypt, 2ª ed., Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book and Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 2000, pp. 1–73. Alguns destes elementos extrabíblicos estavam disponíveis para Joseph Smith nos livros de Jasher e Josefo. Joseph Smith estava ciente desses livros, mas não sabemos se ele os utilizou.

A Igreja reconhece a contribuição de estudiosos para o conteúdo histórico apresentados neste artigo; seu trabalho é usado com permissão.