Transmissões Anuais
A Conversão dos Filhos de Deus


21:42

A Conversão dos Filhos de Deus

Transmissão do Treinamento Anual dos Seminários e Institutos de Religião • 13 de junho de 2017

Estou feliz por participar desta transmissão do devocional hoje, com vocês que lideram e ensinam em nossos Seminários e Institutos de Religião e seus amados cônjuges. Fomos apresentados a muitos de vocês em muitos lugares do mundo, e vocês são extraordinários. Creio que há algumas razões para isso. Primeiro, a Igreja só contrata pessoas qualificadas, dignas de uma recomendação para o templo, com habilidade comprovada para ensinar e que foram recomendadas e aprovadas em diversos níveis, inclusive pela Junta de Educação. Os que recebem um chamado como professores talvez não tenham passado por essa mesma avaliação, mas em minha experiência, os líderes locais chamam os melhores para ensinar no Seminário e no Instituto. Segundo, vocês estão totalmente envolvidos com a doutrina de Cristo, que Néfi proclama ser “a única e verdadeira doutrina do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.1 Ensinar essa doutrina é um incentivo para vivê-la continuamente e é por isso que vocês são tão bons. Continuem assim!

Nós, que trabalhamos juntos nos Seminários e Institutos, somos como uma família! Há 32 anos, fui chamado como presidente da Estaca Honolulu Havaí. Nosso filho mais novo tinha 18 meses e o mais velho de nossos quatro filhos tinha 11 anos. Eu estava envolvido com uma profissão desafiadora e éramos extremamente ocupados. Um dia, fui abordado pelo coordenador do Seminário da nossa estaca e ele me perguntou, um pouco inseguro por causa das circunstâncias de nossa jovem família: “Você acha que seria, hum, possível que, hum, a irmã Hallstrom pudesse, hum, ensinar no Seminário?” Bem, não estávamos acostumados a dizer não para um chamado, então respiramos fundo e dissemos: “Claro”.

Aquele foi o início de um período trabalhoso, mas muito recompensador para nossa família. Minha esposa, Diane, se levantava às 4h30 da manhã para se preparar para o Seminário, que começava às 6h. Eu tinha que acordar as crianças, ajudá-las a tomar banho e a vestir-se, preparar o desjejum e ter tudo pronto para quando Diane chegasse em casa, às 7h. Eu saía para trabalhar e ela levava os filhos mais velhos para a escola.

Essa foi a nossa rotina por oito anos, até que Diane foi chamada como presidente das Moças. Depois de cinco anos, o coordenador do Seminário bateu novamente na nossa porta e disse: “Temos uma classe de jovens mais velhos que é muito complicada; a irmã Hallstrom poderia ensinar novamente no Seminário?” Assim, mais três anos foram adicionados àqueles oito, e foi necessária uma ligação do Presidente Hinckley para que ela fosse desobrigada. Fui chamado como Autoridade Geral e fomos enviados para o Japão em nossa primeira designação. Então, vocês, professores chamados, tomem cuidado com seu desejo de ser desobrigados: nunca se sabe para onde poderão ser enviados!

Hoje em dia nos lembramos daquela época difícil, frenética e maluca com ternura e gratidão. Diane simplesmente amava seus alunos do Seminário (e eles a amavam). Ela foi a professora do Seminário de todos os nossos filhos, de nossos sobrinhos e de nossas sobrinhas — um deles é hoje um diretor do Instituto e espero que esteja assistindo a essa transmissão. Além disso, esse ensino intensivo do evangelho aprofundou o conhecimento e o testemunho de Diane — algo que beneficiou imensamente a mim e a nossa família. E também, “deu-me a oportunidade” de ficar com nossos filhos, no único momento do dia em que eu estava sempre disponível, de manhã bem cedo, durante a semana. Essa foi uma bênção importante para mim, e acredito que tenha sido para eles também. Alguns dos nossos maiores fardos realmente se tornam nossas maiores bênçãos.

Estou feliz hoje por estar na companhia de pessoas a quem respeito muito. Como membro da Junta de Educação e do Comitê Executivo da Junta, reúno-me duas vezes por mês com o Élder Kim B. Clark, nosso maravilhoso comissário e com Chad H. Webb, o extraordinário administrador dos Seminários e Institutos de Religião. Tanto os funcionários como os que servem nos Seminários e Institutos são bem conduzidos. Como a maioria de vocês já sabe, a Junta de Educação da Igreja é presidida pelo Presidente Thomas S. Monson e inclui o Presidente Henry B. Eyring e o Presidente Dieter F. Uchtdorf. O Élder Dallin H. Oaks também é membro da Junta e preside o Comitê Executivo. Os outros membros da Junta e do Comitê Executivo são: o Élder Jeffrey R. Holland, a irmã Jean B. Bingham e a irmã Bonnie L. Oscarson. Fico constantemente impressionado com a prioridade e com os recursos dados à educação na Igreja.

Quero compartilhar com vocês alguns pensamentos muito importantes sobre a educação espiritual dos jovens da Igreja. Já mencionei a profunda doutrina de Cristo. Como essa Igreja ajuda os membros a entender e a viver essa doutrina? Outra maneira de fazer essa pergunta é: “Quais são as prioridades apostólicas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias?”

Uma maneira de aprender essas prioridades é entender o “trabalho de salvação”. A mais sucinta definição do trabalho de salvação está no Manual 2. Lembrem-se de que o manual da Igreja é aprovado pela Primeira Presidência e pelo Quórum dos Doze Apóstolos. Lemos: “Os membros da Igreja de Jesus Cristo foram enviados ‘a fim de trabalharem em sua vinha para a salvação da alma dos homens’ (D&C 138:56). Esse trabalho de salvação inclui o trabalho missionário dos membros, a retenção de conversos, a ativação de membros menos ativos, o trabalho do templo e de história da família e o ensino do evangelho”.2

Outra explicação sobre essas prioridades se encontra no manual da Igreja, sob o título: “O Propósito da Igreja”. Lemos: “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi organizada por Deus para auxiliar em Sua obra de levar a efeito a salvação e a exaltação de Seus filhos. A Igreja convida todos a virem a Cristo e serem aperfeiçoados Nele (ver Morôni 10:32; ver também D&C 20:59). O convite de achegar-se a Cristo é feito a todos os que viveram, vivem ou que ainda viverão na Terra”.3

Essa citação do manual afirma ainda: “No cumprimento de seu propósito de ajudar as pessoas e as famílias a qualificarem-se para a exaltação, a Igreja concentra-se em responsabilidades divinamente atribuídas. Algumas delas são ajudar os membros a viverem o evangelho de Jesus Cristo, coligar Israel por meio do trabalho missionário, cuidar dos pobres e necessitados e possibilitar a salvação dos mortos por meio da edificação de templos e da realização de ordenanças vicárias”.4

Portanto, o “trabalho de salvação” e as “responsabilidades divinamente atribuídas” são igualmente essenciais e devem orientar tudo o que fazemos na Igreja, inclusive (talvez especialmente) ensinar nossos jovens.

Em última análise, tudo o que fazemos — a nós mesmos, à nossa família e em nossos chamados atuais — é ensinar o “trabalho de salvação” e as “responsabilidades divinamente atribuídas”, para auxiliar na conversão dos filhos e das filhas de Deus. É ensinar como Aarão e seus irmãos Amon, Ômner e Hímni — “segundo o espírito de revelação e de profecia e o poder de Deus”, e todos os que acreditarem “em suas pregações e [forem] convertidos ao Senhor nunca [apostatarão]”.5

A Primeira Presidência declarou aos pais e aos líderes dos jovens: “Vocês foram chamados pelo Senhor para ajudar os jovens a converterem-se ao evangelho”.6 Ao ensinar como o Salvador ensina, temos confiança de que nossa juventude aprenderá de maneira muito mais profunda, o que os conduzirá à conversão.

Portanto, educar os nossos jovens não é simplesmente ensiná-los a história, é ensiná-los a doutrina que os inspira a agir. Nosso papel é “ser instrumentos nas mãos de Deus”7 para que não somente ouçam, mas para que possam sentir e, depois, agir. Nosso papel é instruir e edificar uns aos outros8 para que “[façamos] convênio de [que agiremos] em toda a santidade”.9 Nosso papel é ensinar a “fé para o arrependimento”.10

Qual a melhor maneira de realizar esse tipo de ensino? O padrão estabelecido na Igreja do Senhor é que nos envolvamos plenamente na adoração pública, na adoração familiar e na adoração pessoal. Deixem-me explicar cada um desses elementos.

Adoração Pública

A adoração pública acontece quando nos reunimos como filhos de Deus, como irmãos e irmãs, em uma comunidade de santos. Às vezes, essas reuniões são grandes, como uma conferência de estaca ou a conferência geral e, às vezes, são menores, como uma reunião de quórum, uma reunião das Moças ou da Sociedade de Socorro, ou uma aula do Seminário ou do Instituto. Nossa reunião hoje é uma forma de adoração pública. Em todas essas reuniões nós oramos, ensinamos, testificamos e edificamos com o propósito de aumentar nosso entendimento do Pai Celestial, de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Temos, então, a responsabilidade de transformar esse conhecimento crescente em sabedoria, para diminuir cada vez mais a diferença entre o que sabemos e o que vivemos.

A adoração no templo é uma forma de adoração pública porque envolve diretamente as ordenanças e os convênios que nos ligam à Deidade. Quão conectados estamos ao templo ou aos nossos convênios? Estamos usando regularmente essa forma sagrada de adoração pública para fortalecer nosso conhecimento e nossa sabedoria? Vocês estão ajudando seus alunos a ter uma ligação com o templo? Estão incentivando nossos jovens a serem dignos de ter uma recomendação para o templo de uso limitado e de usá-la, onde for geograficamente possível? Eles recebem orientação espiritual quando participam do trabalho de salvação, pesquisando nomes de familiares e indo ao templo para realizarem batismos e confirmações em favor de seus ancestrais.

A reunião mais importante de nossa adoração pública, pelo menos fora do templo, é a reunião sacramental. Além das atividades de adoração que fazem parte da maioria das reuniões da Igreja, esta reunião tem como ponto central a ordenança viva do sacramento. Cantamos e oramos no início e ao término da reunião, e especificamente, durante a preparação para participar do sagrado sacramento. Será que estamos participando plenamente? Nossa mente e nosso coração estão presentes ou estamos pensando em outras coisas? Nosso celular está desligado ou ficamos enviando mensagens de texto (ou e-mails, para os mais velhos) durante a ordenança ou outro momento da reunião? Quando os oradores estão falando, em especial os que são menos preparados, em nossa arrogância, paramos de prestar atenção porque pensamos: “Já ouvi essas coisas antes”?

Se formos culpados de qualquer um desses erros, o que estamos fazendo é reduzir — ou talvez eliminar — a capacidade do Espírito de Se comunicar conosco. E depois nos perguntamos: “Por que não somos edificados pelo serviço sacramental ou por outras reuniões da Igreja?

A adoração pública é uma oportunidade magnífica para ajudar a todos nós, incluindo os jovens, no caminho da conversão.

Adoração Familiar

A adoração pública deve incentivar a adoração familiar. Em 1999, a Primeira Presidência aconselhou os pais e os filhos a “darem a mais alta prioridade à oração familiar, à reunião familiar, ao estudo e aprendizado do evangelho e às atividades sadias com a família. Por mais dignas e adequadas que as outras exigências ou atividades possam ser, não se pode permitir que elas tomem o lugar dos deveres designados por Deus que só os pais e a família podem cumprir adequadamente”.11 Certamente, esses mesmos princípios foram ensinados repetidas vezes por vários líderes da Igreja, de diversas maneiras ao longo dos anos.

Vivemos em um mundo agitado. Em minhas viagens por toda a Igreja, às vezes pergunto em particular aos líderes locais, que são bons santos dos últimos dias: “Vocês estão fazendo as orações familiares e a reunião familiar? Estão estudando o evangelho em família?” Com frequência, recebo um olhar envergonhado e uma explicação: “Somos tão ocupados. As atividades escolares e extracurriculares dos nossos filhos, as aulas de música, os compromissos sociais e os chamados na Igreja nos mantêm quase que totalmente ocupados. Minha esposa e eu estamos ocupados com o trabalho, com a Igreja e com outros compromissos. Raramente nos reunimos em família”. O princípio contido no conselho da Primeira Presidência é que, se estamos tão ocupados, mesmo que seja com coisas boas, a ponto de não termos tempo para as coisas essenciais, então precisamos encontrar uma solução.

Os filhos criados por pais convertidos, que estabelecem um padrão de adoração familiar, são mais propensos a sentir a influência do Espírito Santo enquanto são jovens e seguem esse exemplo de retidão para sempre. Isso faz com que nosso ensino no ambiente da Igreja ocupe seu devido lugar, ou seja, passa a ser um sistema de apoio ao ensino que ocorre na família.

Como professores de jovens, além de adorar de forma consistente e efetiva em nossa própria família, precisamos incentivar, de maneira adequada e com sensibilidade, a adoração na família de nossos alunos. Alguns vivem em uma família em que essas práticas já acontecem e vocês podem simplesmente dar apoio e incentivar silenciosamente. Para outros, elas não estão acontecendo por várias razões — o aluno pode ser o único membro da Igreja em sua família (ou o único membro ativo), ou pertencer a uma família que frequenta regularmente as reuniões da Igreja, mas ainda não entendeu a importância da adoração familiar. Sem assumir a autoridade ou a responsabilidade dos líderes eclesiásticos e dos pais, mostrem exemplos e ensinem padrões corretos que ajudem os jovens a encontrar maneiras de inspirar a família a desenvolver hábitos constantes de adoração familiar.

Adoração Pessoal

No final das contas, a conversão é um assunto pessoal. A adoração pública leva à adoração familiar, que leva à adoração pessoal. Ela inclui a oração pessoal, o estudo pessoal das escrituras e a meditação pessoal sobre o relacionamento com a Deidade. “Pois como conhece um homem o mestre (…) que lhe é estranho e que está longe dos pensamentos e desígnios de seu coração?”12

O Élder D. Todd Christofferson disse: “A importância da reverência pelo sagrado é simplesmente esta: Se não tivermos apreço pelas coisas sagradas, iremos perdê-las. Sem um sentimento de reverência, teremos uma atitude cada vez mais displicente e uma conduta cada vez mais relaxada. Iremos afastar-nos da proteção que os convênios feitos com Deus podem nos proporcionar. O sentimento de que teremos de prestar contas a Deus diminuirá e será esquecido. Depois disso, a pessoa passa a importar-se exclusivamente com o seu próprio conforto e a satisfação de seus apetites descontrolados. Por fim, ela passará a desprezar as coisas sagradas, até mesmo Deus, e então desprezará a si mesma”.13

Percebemos que a melhor forma de assegurar o sucesso espiritual futuro de um rapaz ou de uma moça (medido por: ser ordenado ao Sacerdócio de Melquisedeque, receber a investidura, servir missão, casar-se no templo e criar uma família íntegra) é que eles tenham experiências espirituais pessoais na juventude — que sintam a influência do Espírito Santo. É mais do que ser ativo na Igreja, é ser ativo no evangelho!

O objetivo de cada aula que vocês dão, de cada debate que lideram, de cada interação fora da sala de aula é que o Espírito Santo seja o verdadeiro professor. O Salvador ensinou: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.14 O Espírito Santo tem a capacidade de personalizar a mensagem para o indivíduo, para que ele seja “iluminado pelo Espírito da verdade”.15 Assim, quando ensinamos o trabalho de salvação e as responsabilidades divinamente atribuídas, temos como objetivo edificar, elevar, inspirar e ajudar nossos alunos a ter sua fé fortalecida no Pai Celestial e em Jesus Cristo e Sua Expiação.

Digo a vocês, grandes educadores religiosos: Muito obrigado! Muito obrigado! Muito obrigado! Em nome da liderança da Igreja, muito obrigado! Vivam dignamente, cuidem de sua família e sirvam ao Senhor, especialmente cuidando da preciosa nova geração. Nosso envolvimento o com trabalho de salvação e com as responsabilidades divinamente atribuídas, sob as chaves e a direção apostólica, vai nos elevar e nos motivar.

Declaro a majestade da nossa herança celestial e da nossa capacidade de receber “a vida eterna, que é o maior de todos os dons de Deus”.16 Presto meu testemunho do grande Jeová, nascido Jesus, cujo título é Jesus, o Cristo, o “Ungido”.17 Testifico de Sua incomparável Expiação que nos possibilita, bem como a cada um dos que ensinamos, vencer o mundo “com um perfeito esplendor de esperança”.18 Com as bênçãos de um evangelho restaurado e de uma Igreja restaurada, temos tudo o que precisamos para nos ajudar a ouvir, a sentir e a fazer. Em nome de Jesus Cristo. Amém.