Devocionais de 2018
A principal característica da Igreja verdadeira e viva do Senhor


A principal característica da Igreja verdadeira e viva do Senhor

Uma Autoridade Geral Fala a Nós, com o Élder Patrick Kearon

Devocional Mundial para Jovens Adultos • 6 de maio de 2018 • Auditório da Universidade Brigham Young–Idaho

Sou muito grato por Jen, que, sem exceção, vive o que ensina. Ela sabe quem é, e sente-se feliz por esse conhecimento. Ela é ousada ao compartilhar esse conhecimento com outras pessoas onde quer que ela esteja. Sou muito grato por tê-la conhecido dois anos após me filiar à Igreja. Ela tem sido um exemplo privilegiado para mim desde aquela época.

É maravilhoso pensar que vocês estão reunidos em todo o mundo. Com o mesmo espírito da linda oração de abertura oferecida por Landon, oro para que vocês recebam o que necessitam; para que, se necessitam de inspiração, vocês a recebam. Se necessitam de algo específico, que recebam o que é esperado. Há grande poder quando nos reunimos dessa forma, quando nos preparamos para momentos como este. Há poder quando estamos reunimos. Se necessitam de cura, que tenham cura. Se necessitam de consolo, que recebam consolo. Se necessitam de paz, que tenham paz. Se necessitam de ajuda durante as provas escolares — acredito que seja um pouco cedo para isso nessa época, mas quando esse momento chegar, que tenham ajuda com isso também.

Oro para que, ao receberem inspiração e mensagens individuais, tenham a força e a convicção para agirem de acordo com elas, em vez de permanecerem com quaisquer de seus hábitos atuais. Se necessitam de um período de mudança, se necessitam de um período de força e fé renovadas, que seja essa a dádiva que receberão.

Quando eu tinha 15 ou 16 anos, era totalmente egocêntrico e tinha muitos dos sentimentos instáveis, incertos e vulneráveis que podem fazer parte da adolescência. Alguns desses sentimentos demoraram a sumir, mas eles foram mais pungentes naqueles anos da adolescência. Sentia-me perdido, constrangido e pouco à vontade. E o fato de estar em um internato em uma parte desolada da costa da Inglaterra não me ajudou. Meus pais moravam longe, na Arábia Saudita. Quanto à escola, Hogwarts com o Snape teria sido mais acolhedora.

O mau tempo era comum ao longo da costa, mas certo inverno, uma tempestade particularmente forte soprou pelo mar irlandês com rajadas de vento de aproximadamente 120 km/h. O mar batia nas defensas marítimas e muitas vezes as ultrapassava. E então, cerca de 5 mil lares foram inundados nas regiões vizinhas, e as pessoas ficaram isoladas, sem eletricidade ou qualquer meio de aquecimento e iluminação em sua casa, e estavam ficando sem comida.

Quando a inundação começou a diminuir, a escola nos enviou. Nunca tinha visto um desastre natural daquela escala antes, e fiquei espantado ao vivenciar aquilo de perto. Água e lama estavam por toda parte. As pessoas que haviam passado pela inundação tinham o rosto pálido e fino. Eles haviam sido privados de sono por vários dias. Meus colegas da escola e eu começamos a trabalhar, transferindo pertences alagados para andares superiores, onde poderiam secar, e tirando os carpetes que haviam sido destruídos pela inundação. Lembro-me de que os carpetes encharcados eram muito pesados, e o cheiro nas casas era terrível.

O que me impressionou depois foi o laço de amizade que se criou entre os que estavam ajudando e os que receberam ajuda. Havia um sentimento maravilhoso e amigável entre pessoas unidas em uma causa digna sob circunstâncias desafiadoras. Mais tarde, percebi que todos aqueles sentimentos de insegurança que consumiam muitos dos meus pensamentos da adolescência haviam desaparecido enquanto eu estava envolvido nesse grande empenho de ajudar nosso próximo.

Eu queria que aquele efeito tivesse durado, mas não durou. A descoberta de que ajudar os outros era o antídoto para o meu estado depressivo e egocêntrico deveria ter sido transformadora. Mas não foi, porque a descoberta não tinha causado impacto suficiente, e falhei em não refletir mais cuidadosamente sobre o que tinha acontecido. Essa compreensão veio mais tarde. Vocês provavelmente já descobriram essa verdade em sua própria vida. Pode ser útil pensar sobre quando e como isso aconteceu com vocês.

O convite na conferência geral para ministrar

Pessoalmente, ponderei sobre isso durante a conferência geral. Realmente sinto-me muito feliz pela oportunidade de falar a vocês logo depois da conferência histórica há apenas algumas semanas. As impressões, a paz, e a infusão de energia recebidas ainda permanecem comigo.

O foco das mensagens da conferência foi o repetido apelo para ministrarmos como o Salvador ministra, e para fazê-lo com amor, em reconhecimento de que nós e todos aqueles que nos rodeiam somos filhos de nosso Pai Celestial. Serviremos não porque nosso serviço está sendo contado e quantificado, mas porque amamos nosso Pai Celestial e estamos motivados por um objetivo maior e mais nobre: ajudar nossos amigos a encontrar e a permanecer no caminho que leva a Ele. Estamos amando e servindo ao próximo como Jesus faria se estivesse em nosso lugar, verdadeiramente buscando melhorar a vida das pessoas e aliviar seus fardos. Essa é a origem da alegria e da satisfação duradouras, tanto para quem oferece quanto para quem recebe, à medida que partilhamos da bênção de conhecer e de sentir nosso valor infinito e o amor eterno de Deus por cada um de nós.

Essa mensagem foi resumida pelo presidente Nelson desta maneira: “A principal característica da Igreja verdadeira e viva do Senhor sempre será o esforço organizado e orientado de ministrar individualmente aos filhos de Deus e à família deles. Como esta é a Igreja Dele, nós, como Seus servos, ministraremos individualmente tal como Ele fez. Ministraremos em Seu nome, com Seu poder e Sua autoridade e com Sua terna bondade”.1

Ao refletir sobre o que nos foi ensinado, sei que se aceitarmos esse chamado para ministrar, teremos a oportunidade de pensar em outras pessoas além de nós mesmos, crescer na fé, na confiança e na felicidade; e superar nosso foco em nós mesmos e a sensação de vazio e tristeza que resultam disso. Gostaria de ter compreendido isso muito antes em minha vida. Mas sinto-me grato por ter aprendido isso gradualmente, ao longo dos anos, e por sermos constantemente lembrados dessa grande verdade.

Os benefícios e as bênçãos de se ministrar dessa maneira

A beleza desse tipo de serviço, ministério ou discipulado é que ele ajuda outras pessoas de inúmeras maneiras, mas também nos transforma por nos afastar de nossas preocupações, de nossos medos, de nossas ansiedades e de nossas dúvidas. No começo, o serviço simplesmente nos distrai de nossos problemas, mas rapidamente se converte em algo muito maior e mais bonito. Começamos a sentir luz e paz, quase sem nos dar conta. Somos acalmados, consolados e nos sentimos acolhidos. E reconhecemos uma alegria que não vem de nenhuma outra forma. Recebemos esses dons em um grau muito maior comparado ao que fazemos, em termos de ajudar o próximo.

O presidente Spencer W. Kimball explicou isso parcialmente dessa forma: “A vida abundante mencionada nas escrituras é o resultado espiritual alcançado ao multiplicarmos nosso serviço ao próximo e investirmos nossos talentos no serviço a Deus e ao homem”.2 “Tornamo-nos mais completos ao servirmos — de fato, é mais fácil ‘encontrarmos’ a nós mesmos porque há tanto mais em nós a encontrar!”3

Exemplos de transformação que experimentamos quando ministramos e o contraste de quando não o fazemos

Essa transformação é o que os novos missionários descobrem quando param de se preocupar consigo mesmos e em vez disso perguntam: “Quem eu posso ajudar e como o farei?” O que acontece é que eles param de pensar em si mesmos e se concentram no propósito de trazer almas a Cristo. Essa descoberta geralmente é o resultado de trabalho árduo dos missionários. Eles podem se sentir tão cansados por estarem em um lugar novo com pessoas, comida e costumes diferentes, e frequentemente com um idioma desafiador, que se torna difícil para eles se concentrar em outras pessoas e servir. Mas quando o fazem, tudo muda. Eles param de se preocupar, começam a trabalhar e prosseguem com sua tarefa abnegada, e descobrem uma dimensão totalmente nova para sua missão e para sua vida, com paz e senso de propósito.

Infelizmente, o oposto dessa descoberta com muita frequência se desenrola para os missionários quando voltam para casa e começam a abordar as necessidades de sua nova fase da vida, sejam elas voltadas à educação, ao emprego ou a preocupações pessoais e familiares. Eles passam de 18 meses a dois anos aprendendo que somos mais felizes quando não nos preocupamos conosco ou, como o presidente Hinckley descreveu, quando nos esquecemos de nós mesmos e trabalhamos. Muitas vezes, quando voltam da missão para a vida que deixaram para trás, eles também voltam para hábitos mais concentrados em si mesmos que faziam parte daquela vida. Em particular, voltam a pensar muito mais em si mesmos, em como estão se saindo, como está sua aparência, como soam e o que as outras pessoas estão pensando sobre eles.

Tão certo como olhar à nossa volta e ajudar o próximo traz luz, paz e alegria, voltar-se para si mesmo traz dúvida, ansiedade e desânimo.

Tive uma experiência alguns meses atrás, quando fiquei deitado acordado por muitas horas, tentando dormir, mas sem conseguir. Finalmente me levantei e andei um pouco pela casa, depois voltei para a cama e tentei dormir de novo. Como continuei com dificuldades para pegar no sono, um pensamento transformador de repente me ocorreu: “Pare de pensar em si mesmo”. E então me veio a pergunta: “Quem eu posso ajudar?” Fiquei lá deitado orando fervorosamente: “Quem eu posso ajudar e como o farei?” Recebi a inspiração de entrar em contato com um amigo e incentivá-lo. Não foi algo grandioso, mas na manhã seguinte eu segui a inspiração, e espero ter feito algo bom. O que sei é que quando orei daquela maneira, perguntando quem eu poderia ajudar, encontrei a paz que tanto procurava e finalmente consegui dormir.

Exemplos do ministério do Salvador

O Salvador “andou fazendo o bem”,4 sempre procurando alguém para ajudar e “curando todos os oprimidos”.5 Ele constantemente abençoou, ensinou e guiou outras pessoas para mudar seu ponto de vista e, portanto, sua vida. É esclarecedor que quando ele chamou Pedro, André, Tiago e João para segui-Lo, sua mudança de direção e foco tenha sido instantânea: “Eles, deixando logo as redes, seguiram-no”.6

Mais tarde, depois da Crucificação, quando o Salvador foi tirado deles da forma mais cruel possível, eles voltaram para a pesca, para o que sentiam que conheciam. Em certa ocasião, o Salvador ressurreto veio até eles depois de terem pescado em vão. “E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes.”7 Isso foi uma demonstração de que Ele não tinha perdido Seu poder, mas foi também uma representação ousada de que eles estavam procurando no lugar errado e se concentrando em coisas erradas. Enquanto comiam os peixes juntos, o Salvador perguntou a Pedro três vezes se ele O amava. Todas as vezes e com um sentimento crescente de ansiedade, Pedro respondeu que sim. Após cada uma das respostas de Pedro, o Senhor pediu a ele que apascentasse Suas ovelhas.

Por que o Salvador lhe perguntou três vezes se ele O amava? Bem, Pedro tinha sido chamado anteriormente para seguir Jesus, e ele tinha aceitado o convite instantaneamente, deixando sua pesca para trás. Mas quando Jesus foi tirado deles, Pedro se entristeceu; ele ficou perdido. Ele se voltou para a única coisa que sentia que conhecia: a pesca. Naquele momento, Jesus queria que Pedro realmente ouvisse e compreendesse a importância do convite; Ele precisava que Pedro entendesse o que significava ser um discípulo e seguidor do Cristo ressurreto, agora que Ele não estaria mais fisicamente ao seu lado. O que o Senhor queria de Pedro? Ele queria que Pedro apascentasse Suas ovelhas, Seus cordeiros. Esse era o trabalho que precisava ser feito. Pedro reconheceu esse chamado gentil e direto de seu Mestre, e o apóstolo presidente respondeu valente e destemidamente, oferecendo o restante de sua vida ao ministério para o qual ele tinha sido chamado.

Como isso se aplica a vocês

Por meio da Restauração, temos outro apóstolo presidente na Terra hoje. O presidente Nelson nos convida a apascentar as ovelhas de Jesus. Nós o ouvimos na conferência geral da maneira mais clara e amável possível. Fomos tocados e inspirados, mas será que fomos transformados? Com todas as distrações que nos rodeiam e com muitas coisas menos importantes que exigem nossa atenção, o desafio agora é aceitar esse convite e agir — realmente fazer algo, realmente mudar e viver de modo diferente.

Sua pergunta, em resposta ao convite para ministrar, pode ser: “Onde começo?” Comecem com uma oração. O presidente Nelson nos desafiou a “[avançar] além da [nossa] habilidade espiritual atual para receber revelação pessoal, pois o Senhor prometeu que, ‘se [buscares], receberás revelação sobre revelação, conhecimento sobre conhecimento, para que conheças os mistérios e as coisas pacíficas — aquilo que traz alegria, que traz vida eterna’ (D&C 42:61)”.8

Perguntem ao Pai Celestial o que fazer e por quem fazer. Qualquer pequeno ato de bondade nos leva a olhar à nossa volta e traz consigo suas próprias bênçãos. Respondam a qualquer impressão que vocês receberem, por mais insignificante que pareça ser. Ajam de acordo com ela. Pode ser uma mensagem de texto amigável para alguém que não esteja esperando por isso. Pode ser qualquer outro tipo de mensagem. Talvez uma flor, alguns biscoitos ou uma palavra generosa. Talvez seja algo como limpar um jardim ou um quintal, lavar roupas para alguém que não consiga se movimentar como costumava, lavar um carro, cortar a grama, tirar a neve ou simplesmente ouvir um amigo falar sobre os desafios que está enfrentando.

Como disse a irmã Jean B. Bingham: “Às vezes pensamos que temos de fazer algo grandioso e heroico que ‘conte’ como serviço prestado ao próximo. Contudo, simples atos de serviço podem ter um impacto profundo nos outros, assim como em nós mesmos”.9

Vocês podem se sentir relutantes em dar o primeiro passo, convencidos de que não têm tempo ou de que vocês não podem fazer alguma diferença, mas vocês vão se surpreender com o que algo pequeno pode fazer.

Se vocês perceberem que estão preocupados com um amigo que está se afastando da Igreja e perdendo sua fé e esperança, convidem-no para se juntar a vocês em algum ato de serviço ou ministério. Não há melhor maneira de abrandar o coração para as coisas de Deus e redescobrir o Seu amor em nossa vida do que envolver-se em serviço significativo para alguém em necessidade.

O propósito, para nós, do serviço e de ministrar

Devemos constantemente nos lembrar por que servimos e ministramos. Somos filhos de nosso Pai Celestial, estamos na Terra para aprender e crescer por meio de experiências variadas, para que estejamos mais completos quando retornarmos a Ele. Aprender a olhar à nossa volta, em vez de olhar para nós mesmos, e servir uns aos outros é uma parte muito importante de nosso propósito aqui. Na verdade, é algo fundamental. O milagre de olhar à nossa volta e ministrar a alguém em necessidade é que, no processo, aprendemos que podemos nos esquecer de nós mesmos e de nossos próprios problemas.

O presidente Nelson está estabelecendo um padrão mais elevado e mais santo de serviço para vocês e para mim. Quando aceitarmos esse convite, descobriremos como é gratificante, libertador e conciliador para nós, e como podemos ser agentes de uma mudança e de consolo na vida de outras pessoas.

Quando recebemos a investidura no templo e servimos uma missão, ficamos tentados a dizer: “Bem, já fiz minha parte. Fui uma máquina de serviço de tempo integral por 18 meses ou dois anos. É a vez de outra pessoa agora”. O mesmo pode ser dito depois que nos casamos. Podemos pensar: “Bem, eu consegui. Agora é hora de dar um tempo”. Mas não há pausa para esse tipo de ministério. É um modo de vida. Podemos dar uma pausa em nossas atividades regulares e tirar férias para descansar e revigorar, para “afrouxar o arco”, como dizia Joseph Smith.10 Mas não há descanso em nossa responsabilidade assumida por convênio de amar ao próximo como Ele nos amou e de apascentar Suas ovelhas.

Já fui beneficiário desse tipo de ministério e também descobri a paz e a alegria que advêm de ser um instrumento nas mãos de Deus em benefício de outra pessoa.

Jen mencionou a luta que tivemos pela vida de nosso filho recém-nascido. Depois que o perdemos, nos perguntamos se algum dia nos recuperaríamos. Naquela época, recebemos uma extraordinária manifestação de amor, bondade e ajuda de familiares e amigos, bem como de pessoas que mal conhecíamos. Um casal especial, nossos amigos queridos, foram ministros constantes durante o período todo. Eles ficaram ao nosso lado, orando conosco e por nós, nos oferecendo bênçãos, refeições, palavras de consolo, bem como silêncio. De alguma forma, eles sempre apareciam quando recebíamos alguma informação crítica ou quando nos sentíamos sobrecarregados com exaustão e depois com pesar. Eles têm demonstrado ao longo dos anos que esse é o modo de vida deles. Eles ministram de maneira discreta e consistente.

O ministério da Igreja em todo o mundo

Nos últimos anos, enquanto servia na área Europa da Igreja, morávamos na Alemanha e testemunhei este princípio ser aplicado com efeito surpreendente quando membros da Igreja e nossos amigos de outras religiões se mobilizarem para ajudar os incontáveis milhares de refugiados que tinham perdido tudo ao fugirem dos combates e da devastação da guerra que ainda continua no Oriente Médio. Muitas vezes, eles caminharam milhares de quilômetros carregando apenas pequenos sacos com seus pertences. Vendo uma necessidade, vendo irmãos e irmãs, vendo Seus cordeiros, nosso povo se juntou para ajudar, vestir, alimentar, abrigar e consolar esses refugiados que haviam perdido tudo. Ao fazerem isso, aqueles que ajudaram foram transformados. Foram abençoados com luz, energia e alegria que nunca tinham vivenciado ou que haviam desaparecido quando se concentravam em si mesmos e nas rotinas triviais da vida. Nosso povo continua com esse empenho maravilhoso em todo o mundo.

Os refugiados têm necessidades imediatas e altamente aparentes, mas há outras pessoas ao nosso redor, cujos desafios podem não ser tão aparentes, que precisam de nossa ajuda e nós, igualmente, temos uma necessidade de ajudá-los. Nosso ministério e serviço não precisa acontecer do outro lado do mundo. Em muitos sentidos, é melhor se for perto de casa.

Sou muito feliz por pertencer a uma Igreja que coloca isso em prática. Apenas no ano passado, mais de sete milhões de horas voluntárias foram doadas ao cultivo, colheita e distribuição de alimentos aos pobres e necessitados. Também no ano passado, a Igreja forneceu água potável para meio milhão de pessoas que não poderiam tê-la de outro modo. Quarenta e nove mil pessoas receberam cadeiras de rodas em 41 países. Voluntários restauraram a visão e treinaram 97 mil cuidadores para pessoas com dificuldades visuais em 40 países. Trinta e três mil cuidadores foram treinados para trabalharem com mães e recém-nascidos em 38 países. Sem contar o programa Mãos Que Ajudam, que nos últimos anos teve milhões de horas doadas por centenas de milhares do nosso povo. Eles ajudam pessoas afetadas por pequenas e grandes catástrofes, bem como melhoram sua vizinhança e comunidade.

A recente iniciativa da Igreja, intitulada Just Serve [Apenas Sirva], a qual é uma grande maneira de buscar oportunidades de serviço se estiverem disponíveis perto de vocês, já tem mais de 350 mil voluntários registrados, que contribuem com milhões de horas ajudando comunidades locais.

Esta é a igreja de ação. Isso é o que nós fazemos. Isso é o vocês fazem. Permitam que isso seja uma característica que defina quem vocês são. E é dessa forma que encontramos alegria e paz, porque esta é uma das melhores e mais tangíveis maneiras de seguir o exemplo do Salvador.

O presidente M. Russell Ballard disse: “Grandes coisas são realizadas por meio de simples e pequenas coisas. Como os pequenos filetes de ouro que se acumulam com o tempo para formar um grande tesouro, nossos pequenos e simples atos de bondade e serviço vão-se acumular em uma vida cheia de amor pelo Pai Celestial, de devoção ao trabalho do Senhor Jesus Cristo e de um sentimento de paz e alegria, sempre que estendermos a mão uns para os outros”.11

Três tipos de serviços

Gostaria de destacar três amplos tipos de serviço de que todos nós temos a oportunidade de participar.

O primeiro é o tipo de serviço que nos é designado ou que somos convidados a realizar como uma responsabilidade na Igreja. Isso foi abordado de maneira bela e inspiradora na conferência geral. Nós nos esforçaremos para o tipo de ministério que é estimado, não quantificado, onde pensamos sobre aqueles pelos quais somos responsáveis, oramos por eles e os ajudamos.

O segundo é o tipo de serviço que decidimos fazer por nossa própria vontade. Esse é uma extensão do primeiro, que fará parte de nossas ações e interações diárias ao procurarmos mais conscientemente nos esquecer de nós mesmos e nos preocuparmos com outras pessoas. Não há nenhuma designação formal, mas somos motivados por um desejo de seguir a Cristo, começando por ser mais gentis e prestativos com os que nos rodeiam. Atos de bondade e generosidade discreta modificam corações, levam a relacionamentos mais dedicados e mais significativos.

O terceiro é o serviço público. Mesmo com sua idade, vocês podem servir em escolas, instituições de caridade e governos locais, regionais e nacionais. Gostaria de incentivar homens e mulheres a semelhantemente participarem de serviços desse tipo. Onde for adequado, envolvam-se em política com foco no serviço e na edificação de pessoas e comunidades. Evitem as divisões políticas que se tornaram tão polarizadas, forçadas e destrutivas em comunidades, países e continentes. Junte-se a outros políticos que buscam uma causa comum para trazer cura às vidas conturbadas em sua própria jurisdição e além dela. Vocês podem ser uma voz de equilíbrio e razão, defendendo a justiça em todas as áreas da sociedade. Há uma crescente necessidade de que vocês contribuam com sua energia nesse tipo de envolvimento cívico íntegro.

Quando lemos as notícias, talvez sintamos que o mundo está piorando. Se cada um de nós agir de formas grandes e pequenas todos os dias, podemos mudar nosso próprio mundo e o das pessoas que nos rodeiam. Ao servirem seu próximo e ao servirem com seu próximo em sua comunidade, vocês farão amigos que compartilham o seu desejo de ajudar. Essas amizades se fortalecerão, construindo pontes entre culturas e crenças.

Antoine de Saint-Exupéry disse: “A vida nos ensinou que o amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim olhar juntos na mesma direção. Não há companheirismo exceto através da união em um mesmo grande esforço. Mesmo em nossa época de bem-estar material deve ser assim, senão como explicaríamos a felicidade que sentimos ao compartilhar nosso último pedaço de alimento com outros no deserto?”12

Conclusão

Se cada um de vocês aceitar o convite para ministrar como Jesus ministrou, vocês serão transformados, tornando-se cada vez mais abnegados ao invés de egoístas. Vocês descobrirão a alegria que advém de ministrar à maneira do Salvador, deixando para trás suas ansiedades e incertezas e a tristeza que advém de suas aparentes inadequações.

Talvez, à medida que ouviram essas palavras, um nome ou uma causa lhes vieram à mente. Isso é provavelmente um convite do Espírito, e talvez um convite que já receberam anteriormente. Estender a mão, cuidar e elevar. Decidam aceitar esse convite e orem hoje para saber o que podem fazer. Quando vocês virem e sentirem as bênçãos que isso proporciona a vocês e àqueles a quem ministram, vocês vão querer fazer disso um padrão diário.

Nosso maior e melhor empenho é compartilhar a luz, a esperança, a alegria e o propósito do evangelho de Jesus Cristo com todos os filhos de Deus e ajudá-los a encontrar o caminho para casa. Ajudar, servir e ministrar a eles são manifestações do evangelho em ação. Ao fazermos disso um modo de vida, descobriremos que é excepcionalmente gratificante, e o único modo de encontrar a paz e a alegria que podem ter se afastado de nós.

Gostaria de repetir o encargo dado pelo presidente Nelson a cada um de nós: “A principal característica da Igreja verdadeira e viva do Senhor sempre será o esforço organizado e orientado de ministrar individualmente aos filhos de Deus e à família deles. Como esta é a Igreja Dele, nós, como Seus servos, ministraremos individualmente tal como Ele fez. Ministraremos em Seu nome, com Seu poder e Sua autoridade e com Sua terna bondade”.13

Foi assim que o Salvador viveu, e foi por isso que Ele viveu: para prover o bálsamo perfeito e a cura definitiva por meio de Sua dádiva grandiosa, infinita e expiatória para vocês e para mim. Que sigamos o Cristo vivo de uma forma mais voluntária e eficaz, à medida que nos esforçamos para nos tornar Seus verdadeiros discípulos, ministrando como Ele faria.

Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Russell M. Nelson, “Ministrar com o poder e a autoridade de Deus”, Liahona, maio de 2018, p. 69.

  2. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, p. 96.

  3. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, p. 96.

  4. Atos 10:38.

  5. Atos 10:38.

  6. Mateus 4:20, grifo do autor.

  7. João 21:6.

  8. Russell M. Nelson, “Revelação para a Igreja, revelação para nossa vida”, Liahona, maio de 2018, p. 96.

  9. Jean B. Bingham, “Ministrar tal como o Salvador”, Liahona, maio de 2018, p. 104.

  10. Ver William M. Allred, em “Recollections of the Prophet Joseph Smith” [Recordações do Profeta Joseph Smith], Juvenile Instructor, 1º de agosto de 1892, p. 472.

  11. M. Russell Ballard, “Encontrar alegria no serviço amoroso”, A Liahona, maio de 2011, p. 49.

  12. Antoine de Saint-Exupéry, Airman’s Odyssey [A Odisseia do Aviador], 1939, p. 195.

  13. Russell M. Nelson, “Ministrar com o poder e a autoridade de Deus”, Liahona, maio de 2018, p. 69.

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