Elevadas pela Esperança
As fontes da esperança são as fontes da própria vida. É por isso que a esperança persiste, mesmo quando a experiência, a razão e o conhecimento reunidos dizem que não há motivo para se ter esperança.
Queridas irmãs, aloha! Pediram-me que falasse a vocês sobre esperança, a ias três grandes virtudes, fé, esperança e caridade.
A Sociedade de Socorro, por incorporar essas virtudes, ajuda-nos a fortalecer-nos e a edificar-nos umas às outras com amor, testemunho, fé e serviço mútuo. Penso na esperança como uma virtude simples, porém forte, do dia-a-dia, comum, mas resistente, que é suave e bela. A esperança é uma força positiva des-pretenciosa, mas cheia de vigor, que aumentará muito nossa capacidade de fazer o bem e de ser bons.
Vou compará-la a este engenhoso chapéu/leque que ganhei de presente das Sociedades de Socorro em Tonga quando visitei as estacas de lá no início do ano. Se o tempo estiver quente e úmido, podemos usar este leque para nos abanar, e sua armação curva faz mais vento que um leque tradicional. Se, no entanto, começar a chover, o leque pode transformar-se rapidamente num chapéu e proteger-nos contra a chuva.
Da mesma forma, a esperança é uma virtude para todas as estações e para todas as adversidades, seja o problema uma tempestade ou excesso de calor.
Qual é o oposto da esperança? Desespero, claro. Mas o desespero surge quando nos sentimos incapazes de alterar os fatos, quando aquilo que dá sentido a nossa vida desaparece. O desespero é um tipo de desorientação tão profunda que perdemos contato com as próprias fontes de vida.
Não sou boa jardineira — meu marido Ed é quem gosta de cuidar do jardim de nossa casa; e notei recentemente que um tijolo mal colocado caiu sobre um amor-perfeito, esmagando-o. Mas parte da flor ainda estava aparecendo debaixo do tijolo. Durante as semanas que se seguiram, aquele amor-perfeito concentrou toda a sua energia em crescer ao redor do tijolo, fazendo com que os pequenos brotos buscassem o ar e a luz do sol e desabrochassem em seus tons de roxo e dourado. Quando retirei o tijolo, o caule do amor-perfeito estava entortado, mas sua flor era tão linda quanto as que estavam próximas.
Esse amor-perfeito escolheu a vida. Passou por uma adversidade, mas escolheu a vida. Ficou danificado, mas escolheu a vida. Não poderíamos culpá-lo nem criticá-lo se tivesse desistido de crescer sob o tijolo, mas ele escolheu a vida.
Irmãs, as fontes da esperança são as fontes da própria vida. É por isso que a esperança persiste, mesmo quando a experiência, a razão e o conhecimento reunidos dizem que não há motivo para se ter esperança. A esperança não calcula probabilidades. É uma virtude de duas faces. Como este chapéu/leque, ela está preparada para dias de sol e de chuva. Escolher a esperança é escolher a vida. Escolher a esperança é escolher o amor.
O Senhor disse aos antigos israelitas, após dar-lhes as leis e mandamentos de Deuteronômio:
“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência,
Amando ao SENHOR teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e achegando-te a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; ( … )”. (Deuteronômio 30:19–20; grifo da autora.)
Por que isso? Por que a esperança está tão intimamente ligada às raízes da vida? No Livro de Mórmon lemos que somos “(…) livres para escolher a liberdade e a vida eterna por meio do grande Mediador de todos os homens, ou para [escolher] o cativeiro e a morte, de acordo com o cativeiro e o poder do diabo; pois ele procura tornar todos (…) tão miseráveis como ele próprio” (2 Néfi 2:27)
A esperança é uma das três grandes virtudes cristãs, porque o próprio Cristo é o mestre da vida e, portanto, o mestre da esperança. Somos livres para escolher, porque essa liberdade nos foi dada desde o princípio, e Cristo respeita nosso livre-arbítrio, o direito e a capacidade de escolher. A escolha que Ele nos oferece é a vida, e a vida oferece esperança. Qualquer outra escolha é uma escolha de morte espiritual, que nos colocará sob o poder do demônio.
Espero que agora esteja mais claro o motivo de a esperança em Cristo ser uma esperança no futuro, um futuro que inclui ressurreição, salvação e exaltação.
Paulo explicou aos Romanos que Cristo Se submeteu à morte, mas “(…) tendo sido (…) ressuscitado dentre os mortos, já não [morreria]; a morte não mais [teria] domínio sobre ele”. (Romanos 6:9) Jesus Cristo, nosso Salvador, sempre foi o senhor da vida; contudo, por intermédio de Seu sacrifício expiatório, tornou-Se também o senhor da morte. A morte física não tem domínio sobre Ele; e, o que é fundamental, não tem domínio sobre nós por causa de Cristo.
Pensem no que isso significa! Por causa da vitória de nosso Salvador, nós também podemos ser vitoriosos. Em face dessas boas novas, desse brado triunfante da vitória final no campo de batalha, podemos ver por que nossos sacrifícios diários, e esperança são tão fortes, tão versáteis, tão difíceis de se transformar em algo inexpressivo ou em desespero.
De fato, isso não pode acontecer — literalmente, não podemos cair em desespero — a menos que essa seja nossa escolha. Mas como somos mortais, a morte faz parte da vida. Podemos escolher cultivar a escuridão e a morte em nossa vida, ou desenvolver um esplendor de esperança. Podemos ficar preocupados e recusar a luz. Podemos recusar aliar-nos a Jesus Cristo, o mestre que já triunfou sobre a vida. Podemos entregar nossa vida pouco a pouco ao cativeiro, até que não tenhamos mais o poder de resgatá-la. Podemos cooperar com a morte de nosso espírito e sufocar nossas esperanças até que o desespero e a mediocridade nos dominem. A morte do corpo não é nada — pois a Ressurreição de Cristo garante-nos que também ressuscitaremos — mas Ele não pode nos resgatar da morte espiritual, a menos que escolhamos unir-nos a Ele, a Sua esperança, a Sua vida inesgotável e irreprimível.
Irmãs, testifico que as forças da vida são sempre mais fortes do que as forças da morte. Se as escolhermos, se pelo menos tivermos o desejo de fazer essa escolha, se tivermos esperança desse desejo, colocaremos em ação forças poderosas da vida, guiadas pelo próprio Jesus Cristo. Se formos como aquela plantinha, quase sem vida, Ele atenderá nosso frágil apelo de socorro, dando-nos força e energia para florescermos. Ouçam estas promessas de amor e o que Cristo realmente deseja para nós. Sintam a esperança que elas trazem de que com Ele venceremos o mundo.
“Eu sou a porta”, disse Ele, “se alguém entrar por mim, salvar-se-á (…)”. Em contraste com o ladrão da vida, que Ele diz vir apenas para roubar, matar e destruir, Jesus “[veio] para que [tenhamos] vida, e a [tenhamos] com abundância”. Ele nos assegura: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”. (João 10:9–11)
O Salmista cantou com voz maravilhada:
“Para onde irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?
Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me sustentará.” (Salmos 139:7–10)
Na época atual, Jesus Cristo falou a todos nós por intermédio de Joseph Smith: “E como disse aos Meus apóstolos, assim digo a vós, (…) sois os que o Meu Pai Me deu; sois Meus amigos;”. (D&C 84:63) E “( … ) [sereis] Meus no dia em que Eu vier para ajuntar as minhas jóias”. (D&C 101:3)
Queridas irmãs, escolham a vida, mesmo que as forças da morte pare-çam terríveis! Escolham a esperança, embora o desespero se aproxime! Escolham crescer, mesmo que as circunstâncias estejam oprimindo vocês! Escolham aprender, embora tenham de lutar contra a própria ignorância e a ignorância dos outros! Escolham amar, embora nossa época seja de violência e vingança. Escolham perdoar, orar, e abençoar a vida de seus semelhantes com simples bondade. Escolham cultivar o relacionamento entre as irmãs da Sociedade de Socorro, elevando e fortalecendo umas às outras com amor, testemunho, fé e serviço. Prometo que sentirão o imenso amor de Cristo.
Ele recebe cada dádiva de misericórdia a um dos pequeninos como se fosse feita a Ele próprio. E, em troca, ele desafia a desesperança, o cansaço, o desespero e a inexpressivi-dade por nossa causa.
O apóstolo Paulo perguntou: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?”
“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8:35, 37–39)
Testifico que o meu Cristo é a minha esperança. Ele é minha esperança nas manhãs chuvosas de segunda-feira, minha esperança nas noites escuras e minha esperança em face da morte e do desespero. Presto este testemunho vivo em Seu santo nome, sim, o nome do meu Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém.