Mulheres da Igreja
Presto meu testemunho diante do mundo inteiro a respeito do valor que vocês têm, de sua graça e bondade, de sua notável capacidade e extraordinária contribuição.
Metade, talvez mais da metade, dos membros adultos da Igreja são mulheres. É a elas que desejo falar especialmente esta manhã. Faço isso esperando que os homens também ouçam.
Primeiramente, irmãs, digo que vocês não estão em posição secundária no plano de felicidade e bemestar do Pai Celestial para Seus filhos. Vocês são uma parte absolutamente essencial desse plano.
Sem vocês, o plano não funcionaria. Sem vocês, o programa inteiro malograria. Como disse antes, deste púlpito, quando houve o processo da criação, Jeová, o Criador, instruído pelo Pai, fez primeiro uma separação entre a luz e as trevas e, depois, separou as águas da porção seca. Deu-se, em seguida, a criação da vida vegetal e animal. Depois, houve a criação do homem e, culminando aquele ato de divindade, a criação da mulher.
Cada uma de vocês é filha de Deus, investida de um direito divino inato. Vocês não precisam lutar por essa posição.
Quando viajo, sou entrevistado por representantes da mídia. Invariavelmente eles perguntam sobre o lugar das mulheres na Igreja. Fazem isso num tom quase acusatório, como se denegríssemos e diminuíssemos as mulheres. Invariavelmente, respondo que não conheço nenhuma outra organização no mundo que dê às mulheres tantas oportunidades de desenvolver-se, sociabilizar-se, realizar grandes obras e exercer posições de liderança e responsabilidade.
Gostaria que todos esses repórteres tivessem estado no Tabernáculo, uma semana atrás, no sábado, quando se realizou a reunião geral da Sociedade de Socorro. Foi inspirador olhar para o rosto daquelas filhas de Deus na grande congregação, mulheres de fé e capacidade, que conhecem o significado da vida e sentem a divindade de sua criação. Gostaria que tivessem ouvido o grande coral das jovens da Universidade Brigham Young, que tocou nosso coração com a beleza de sua música. Gostaria que tivessem ouvido as mensagens inspiradas da presidência geral da Sociedade de Socorro, cada uma delas tendo falado sobre uma parte do tema: Fé, Esperança e Caridade.
Que mulheres capazes! Elas se expressam com vigor e convicção e são extremamente persuasivas. O Presidente Faust encerrou a conferência com um maravilhoso discurso.
Se os repórteres que normalmente levantam esse ponto tivessem estado no meio daquela grande congregação, teriam descoberto, sem necessidade de fazer outras perguntas, que as mulheres da Igreja são fortes e capazes. Existe nelas liderança, senso de direção e um certo espírito de independência, além de uma grande satisfação em fazer parte do reino do Senhor e de trabalhar lado a lado com o sacerdócio, a fim de fazer esse reino progredir.
Muitas de vocês estavam presentes naquela reunião e hoje estão aqui, acompanhadas de seus maridos, homens a quem amam, honram e respeitam e que, por sua vez, amam, honram e respeitam vocês. Vocês sabem a sorte que têm de estar casadas com um homem bom, que é seu companheiro nesta vida e que o será por toda a eternidade. Enquanto servem em cargos na igreja e criam e sustentam sua família, defrontam-se com diferentes tipos de dificuldades, enfrentando-as de cabeça erguida. Muitas de vocês são mães, e muitas outras mais são avós, até bisavós. Vocês experimentaram as alegrias e dores da maternidade. Caminharam lado a lado com Deus no grande processo de trazer filhos ao mundo, a fim de que eles passassem por este estado no caminho da imortalidade e vida eterna. Não é fácil criar uma família. Muitas de vocês tiveram de sacrificar-se, economizar e trabalhar dia e noite. Quando penso em vocês e nas situações que enfrentaram, penso nas palavras de Ann Campbell, que escreveu quando cuidava dos filhos:
“Você é a viagem que eu não fiz;
As pérolas que não pude comprar;
O lago italiano que não vi,
O céu estrangeiro que não pude vislumbrar. ”
(“To My Children”, citado em Charles J. Wallis, org., The Treasure Chest, [1965], p. 54.)
Vocês, irmãs, são as verdadeiras construtoras da nação onde vivem, pois formaram lares onde existe força, paz e segurança. Isso constitui o verdadeiro sustentáculo de qualquer país.
Infelizmente, algumas de vocês podem estar casadas com homens que as maltratam. Diante dos outros, alguns aparentam ser muito corretos durante o dia, mas quando chegam em casa, à noite, deixam de lado o autocontrole e, diante da mais leve provocação, ficam furiosos, expressando sua raiva em palavras e atos.
Nenhum homem que se porta dessa maneira perversa e totalmente inadequada é digno do sacerdócio de Deus. Nenhum homem que age dessa forma é digno dos privilégios da Casa do Senhor. Lamento muito que haja alguns homens que não mereçam o amor da esposa e dos filhos. Há filhos que têm medo do pai, e mulheres que têm medo do marido. Se algum desses homens estiver me ouvindo, como servo do Senhor eu o repreendo e chamo-o ao arrependimento. Controlem-se. Dominem seu gênio. A maior parte das coisas que os enfurecem são insignificantes, e que preço terrível estão pagando por sua ira. Peçam que o Senhor os perdoe. Peçam o perdão de sua esposa. Peçam desculpas a seus filhos.
Há muitas mulheres solteiras entre nós. Geralmente, não por escolha própria. Algumas nunca tiveram oportunidade de se casar com quem gostariam de passar a eternidade.
A vocês, mulheres solteiras que desejam casar-se, repito o que disse recentemente numa reunião para solteiros neste tabernáculo: “Não percam as esperanças. E não deixem de tentar. Mas não fiquem obcecadas com isso. Se esquecerem o assunto e se ocuparem zelosamente de outras atividades, as possibilidades de encontrarem um marido serão muito maiores.
Acredito que, para a maioria de nós, o melhor remédio para a solidão é o trabalho e o serviço ao próximo. Não estou minimizando os problemas de vocês, mas não hesito em dizer que há muitas outras pessoas com problemas mais sérios do que os seus. Encontrem uma maneira de servi-las, de ajudá-las e encorajá-las. Há tantos jovens que vão mal na escola porque não recebem um pouco de atenção e incentivo. Há tantas pessoas idosas que vivem na miséria, no medo e na solidão, para quem uma simples conversa traria uma grande esperança e alegria.”
Entre as mulheres da Igreja, existem aquelas que perderam o marido porque foram abandonadas, divor-ciaram-se ou ficaram viúvas. Temos uma grande obrigação em relação a elas. Como declara a escritura: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”. (Tiago 1:27)
Recebi esta carta de uma irmã que se considera uma mulher de sorte. Sem dúvida, tem sorte mesmo. Ela escreve:
“Embora esteja criando meus quatro filhos sozinha, (…) não estou só. Tenho uma maravilhosa ‘famíliaʼ na ala, que nos tem ajudado e apoiado (…).
A presidente da Sociedade de Socorro da minha ala está sempre pronta a me ajudar nos momentos mais difíceis, incentivando meu crescimento espiritual, minhas orações e minha ida ao templo.
Nosso bispo tem sido generoso, provendo os alimentos e roupas necessárias, e ajudou a enviar dois de meus filhos para o acampamento. Ele tem feito entrevistas com cada um de nós, têm-nos abençoado e encorajado quando precisamos. Além disso, ajudou-me a administrar meu orçamento e a fazer o que posso para auxiliar minha família.
Nossos mestres familiares visitam-nos regularmente e chegam até mesmo a dar bênçãos aos meninos quando começa o ano letivo.
Nosso presidente de estaca e seus conselheiros verificam freqüentemente se estamos bem, arranjando tempo para telefonar-nos ou visitar-nos na Igreja ou em casa.
Esta Igreja é verdadeira. Eu e meus filhos somos prova viva de que Deus nos ama e de que a ‘família da alaʼ pode ter grande influência em nossa vida.
Nossos líderes do sacerdócio ajudaram a manter os meninos ativos na igreja e no programa de escoteiros. [Um deles] é Escoteiro da Pátria e está recebendo sua quarta condecoração esta semana. [Outro] é Escoteiro da Pátria com três condecorações. E [outro] acabou de candidatar-se ao título de Escoteiro da Pátria esta semana. O mais novo é muito ativo no programa de lobinhos.
As pessoas da ala sempre nos cumprimentam carinhosamente com apertos de mão vigorosos. O comportamento cristão dos membros ajudou-nos a vencer desafios inimagináveis.
A vida não tem sido fácil (…) mas vestimos a armadura de Deus quando nos ajoelhamos em oração familiar todos os dias, pedindo ajuda e orientação e agradecendo as bênçãos recebidas. Oro diariamente para ter a companhia constante do Espírito Santo guiando-me, enquanto crio esses meninos com o objetivo de que sirvam como missionários um dia e os incentivo a serem fiéis ao evangelho e ao sacerdócio que possuem.
Sinto-me orgulhosa de ser membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Sei que esta Igreja é verdadeira. Apóio meus líderes. Estamo-nos saindo bem, e agradeço a todos por seu amor, orações e aceitação.”
Que carta maravilhosa! Quanto ela revela sobre o modo de agir da Igreja e sobre como deveria funcionar em todo o mundo. Espero que toda mulher que se encontre em situação semelhante conte com a bênção de um bispo compreensivo e prestativo, uma presidente da Sociedade de Socorro que saiba como ajudá-la, mestres familiares que conheçam suas responsabilidades e saibam como cumpri-las, e um exército de membros da ala que sejam solícitos sem ser intrometidos.
Nunca vi a mulher que escreveu essa carta. Apesar da atitude positiva que ela nos passa, tenho certeza que houve muita luta e solidão em sua vida, até mesmo momentos de temor. Vejo que ela trabalha para sustentar seus filhos adolescentes. Imagino que sua renda não seja suficiente, pois ela deu a entender que o bispo a ajudou com alimentos e roupas.
Há alguns anos, o Presidente Benson transmitiu uma mensagem às mulheres da Igreja. Ele incenti-vou-as a saírem de seus empregos para dedicarem-se pessoalmente aos filhos. Apóio a posição dele.
Todavia, reconheço, como ele também reconhecia, que existem algumas mulheres, na verdade muitas delas, que trabalham para atender às necessidades da família. Para vocês, eu digo: façam o melhor que puderem. Espero que, se tiverem um emprego de tempo integral, estejam trabalhando para garantir as necessidades básicas da família, e não para satisfazer o desejo de uma casa bonita, um carro moderno e outros luxos. O trabalho mais importante que qualquer mulher pode realizar é alimentar, ensinar, incentivar, motivar e criar os filhos em retidão e verdade. Ninguém pode substituí-la adequadamente nessa tarefa.
É quase impossível ser dona de casa de tempo integral e, ao mesmo tempo, ter um emprego de tempo integral. Sei que algumas de vocês debatem-se intimamente com as decisões a respeito dessa questão. Repito: façam o melhor que puderem. Conhecem sua própria situação, e sei que estão profundamente preocupadas com o bem-estar de seus filhos. Cada uma de vocês tem um bispo que pode dar-lhes conselhos e auxílio. Se acharem que precisam conversar com uma mulher compreensiva, não hesitem em entrar em contato com a presidente da Sociedade de Socorro.
Para as mães desta Igreja, todas as mães aqui presentes, gostaria de dizer que, com o passar dos anos, serão cada vez mais gratas pelo que fizerem para moldar a vida de seus filhos de maneira que tenham retidão, integridade e fé. É mais provável que isso aconteça se passarem tempo suficiente com eles.
Para aquelas que cuidam sozinhas dos filhos, digo que há muitas pessoas prontas a ajudá-las. O Senhor não se esqueceu de vocês. Nem tampouco a Igreja.
Que Ele as abençoe, queridas irmãs que estão criando seus filhos sozinhas. Que tenham saúde, força e vitalidade para carregar esse imenso fardo. Que tenham amigos e conhecidos que as ajudem e apoiem nos momentos de dificuldade. Vocês conhecem o poder da oração talvez melhor do que ninguém. Muitas de vocês passam um bom tempo de joelhos, falando com seu Pai Celestial, com lágrimas nos olhos. Saibam que também oramos por vocês.
Com tudo o que têm para fazer, vocês ainda são chamadas para servir na Igreja. Seu bispo nada lhes pedirá que esteja além de sua capacidade. Quando servirem dessa maneira, terão outra dimensão na vida. Conhecerão pessoas novas e interessantes. Encontrarão amizade e vida social. Crescerão em conhecimento, compreensão e sabedoria, e em capacidade de realização. Tornar-se-ão melhores como mães, por causa do serviço que prestam na obra do Senhor.
Para terminar, desejo agora dizer algumas palavras às mulheres idosas, muitas das quais estão viúvas. Vocês são um grande tesouro. Passaram pelas tempestades da vida. Venceram com sucesso as dificuldades que agora são enfrentadas por suas irmãs mais jovens. Estão amadurecidas no que se refere a compreensão, compaixão, amor e serviço ao próximo.
Há uma certa beleza que brilha em seu semblante; uma beleza proveniente da paz. Ainda pode haver lutas, mas há sabedoria amadurecida para enfrentá-las. Há problemas de saúde, mas certa serenidade em relação a eles. As lembranças ruins do passado foram esquecidas, enquanto as boas lembranças retornam, trazendo um doce e satisfatório enriquecimento para a vida.
Vocês aprenderam a amar as escrituras e lêem-nas. Suas orações são quase que inteiramente de palavras de gratidão. Ao cumprimentarem outras pessoas, são gentis. Sua amizade é um forte cajado no qual outros podem apoiar-se.
Que riqueza são as mulheres da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias! Vocês amam a Igreja, aceitam sua doutrina, honram seu lugar nesta organização, trazem luz, força e beleza a suas congregações. Como somos gratos a vocês! Como as amamos, respeitamos e honramos!
Honro minha amada companheira. Logo fará sessenta anos qtie saímos do Templo de Salt Lake como marido e mulher, amando-nos um ao outro. Esse amor fortaleceu-se com o passar dos anos. Enfrentamos muitos problemas durante os anos em que estamos casados. Seja como for, com as bênçãos de Deus, sobrevivemos a todos eles.
Está-se tornando cada vez mais difícil permanecermos firmes e eretos como fazíamos na juventude. Não importa. Ainda temos um ao outro e ainda estamos de pé, embora um pouco curvados. Quando chegar a hora de nos separarmos, haverá muita tristeza, mas também o consolo da convicção de que ela é minha e de que eu sou dela por toda a eternidade.
Assim, queridas irmãs, saibam o quanto apreciamos vocês. Vocês nos completam e têm grande força. Com dignidade e extrema capacidade, vocês levam adiante os notáveis programas da Sociedade de Socorro, das Moças e da Primária. Vocês dão aulas na Escola Dominical. Caminhamos a seu lado como seus companheiros e irmãos, com respeito e amor, honra e grande admiração. Foi o Senhor quem designou que os homens de Sua Igreja portassem o sacerdócio. Foi Ele quem deu a vocês a capacidade de completar essa grande e maravilhosa organização, que é a Igreja e reino de Deus. Presto meu testemunho diante do mundo inteiro a respeito do valor que vocês têm, de sua graça e bondade, de sua notável capacidade e extraordinária contribuição, e invoco as bênçãos do céu sobre as mulheres da Igreja, em nome de Jesus Cristo. Amém.