Cristo Pode Mudar a Natureza Humana
Quando os conversos “vivem”, e para tanto precisam ser nutridos no evangelho, eles logo “vivem” como alunos, como pais e mães, como profissionais e como cidadãos.
A irmã Cook e eu fomos chamados para ser missionários na Mongólia cerca de um ano antes de uma missão ser formalmente organizada naquele país. Olhando para trás, achamos que esse foi um dos períodos mais memoráveis, gratificantes e abençoados de nossa vida. Essa época ainda nos traz experiências e bênçãos extraordinárias.
O Senhor disse aos missionários:
“E se trabalhardes todos os vossos dias clamando arrependimento a este povo e trouxerdes a mim mesmo que seja uma só alma, quão grande será a vossa alegria com ela no reino de meu Pai!” (D&C 18:15)
Essa promessa é uma inspiração para todos os missionários e, como se não bastasse, há muitas outras bênçãos provenientes desse trabalho. Algumas são imediatas, outras vêm somente com o tempo.
Passamos uma dessas experiências “que só vêm com o tempo” em fevereiro deste ano quando fomos à bênção de uma menina mongol da família que ganhamos com o trabalho missionário na Ásia. Seu nome é Tungalag. Sua mãe chama-se Davaajargal e é uma pioneira moderna, a primeira mulher a ser batizada na Mongólia. O pai de Tungalag, Sanchir, está fazendo mestrado em Administração na BYU.
Conheci Sanchir, na Mongólia, algum tempo antes de ter-se filiado à Igreja. Só depois de um ano e de muitas e muitas palestras dadas por missionários dedicados foi que ele se batizou. É um milagre que esse jovem pai, membro da Igreja há apenas dois anos, tivesse proferido esta linda bênção que começa com as seguintes palavras: “Tungalag, abençoo-te para que te tornes um bom ser humano”. Jamais esquecerei esse início!
Nessa bênção, ele disse coisas de que jamais teria sabido ou mesmo imaginado antes de seu batismo. E realmente maravilhoso para um missionário presenciar essa bênção e ver o quanto o evangelho mudou esse jovem e sua família.
O Presidente Hinckley disse: “A experiência mais gratificante para mim é ver o que o evangelho faz pelas pessoas. Ele dá-lhes uma nova perspectiva de vida. Faz com que tenham uma visão das coisas que nunca experimentaram antes. Eleva sua atenção para as coisas nobres e divinas. Algo acontece a eles que é um milagre observar. As pessoas olham para Cristo e vivem!” (“Conversos e Rapazes”, A Liahona, julho de 1997, p. 55)
A experiência mostrou-me que quando os conversos “vivem”, e para tanto precisam ser nutridos no evangelho, eles logo “vivem” como alunos, como pais e mães, como profissionais e como cidadãos. A vida deles e de sua posteridade muda para sempre.
Pouco depois de a Irmã Cook e eu chegarmos à Mongólia, pediram que acompanhássemos dois jovens élderes numa viagem até uma cidade chamada Muren. Quando lá chegamos, nossa volta foi adiada devido ao mal tempo. Todos os dias, íamos ao aeroporto para ver se o avião chegaria e se poderíamos viajar. Esperávamos com os outros passageiros até que nos dissessem se partiríamos naquele dia ou se teríamos de voltar à cidade para passar a noite.
Um grupo de turistas estrangeiros estava tentando pegar o mesmo vôo. Disseram-nos que foram a cavalo visitar algumas das áreas mais remotas e menos exploradas da Mongólia.
Enquanto esperávamos no aeroporto, um desses turistas aproximou-se de um de nossos missionários e disse: “Sei quem vocês são! Que estão fazendo aqui? Essas pessoas não precisam de vocês. Eles são um povo imaculado e têm uma cultura muito rica. Por que não vão embora e os deixam em paz?”
O élder veio falar comigo e estava muito aborrecido. Conversamos sobre as várias respostas que ele poderia ter dado. Só duas semanas depois, foi que eu li uma declaração do Presidente Benson que teria sido a resposta perfeita. Disse o Presidente Benson:
“Alguns podem indagar por que como igreja e povo procuramos calma e consistentemente mudar as pessoas quando há tantos problemas graves no mundo; (…) entretanto, cidades decadentes são simplesmente um reflexo tardio de um povo decadente (…). Os mandamentos de Deus salientam o progresso do indivíduo como a única maneira de realmente melhorar a sociedade.” [A Plea for America (Apelo aos Estados Unidos), 1975, p. 18.]
“O Senhor opera de dentro para fora. O mundo opera de fora para dentro. O mundo quer tirar as pessoas da miséria, das favelas. Cristo tira a miséria das pessoas e então elas próprias se livram das favelas. O mundo procura moldar os homens, modificando seu meio ambiente. Cristo modifica os homens que então transformam seu ambiente. O mundo procura modelar o comportamento humano; Cristo, porém, consegue mudar a natureza humana.” (A Liahona, janeiro de 1986, pp. 4 e 5)
O Presidente Kimball disse, certa vez, que a obra missionária era a alma da Igreja, e realmente o é. Não somente porque os novos conversos trazem força e vitalidade à Igreja, mas porque os próprios missionários são revigorados e fortalecidos quando participam do processo em que os conversos se comprometem com Cristo. Essa força e vitalidade são muito importantes e servem como instrumentos nas mãos de Deus para fazer com que o evangelho role e encha toda a Terra como Daniel viu em seu sonho. (Ver D&C 65:2.)
Apesar de termos o livre-arbítrio, o trabalho missionário, em suas variadas formas, não é um programa opcional. Falamos sobre as bênçãos do trabalho missionário, mas, na verdade, devemos fazer esse trabalho porque é nosso dever. As escrituras e todos os profetas desde Joseph Smith lembraram-nos de que é nossa obrigação ir a todas as nações e alertar nosso próximo.
Wilford Woodruff falou sobre isso de modo claro: “Nunca houve um grupo de homens, desde que Deus criou o mundo, que tivesse maior responsabilidade de alertar esta geração, de falar em voz alta e clara, dia e noite, enquanto houver oportunidade, e transmitir as palavras de Deus a esta geração. Exige-se isso de nós. [Esse] é nosso chamado. É nossa tarefa.” (Deseret News Semi-Weekly, 6 de julho de 1880, p. 1.)
Oro para que façamos da obra missionária o nosso dever e não deixemos que outras coisas menos importantes impeçam nosso trabalho. Somos abençoados por guardar todos os mandamentos de Deus; no entanto, há poucas bênçãos comparáveis às da obra missionária! Como é gratificante esse trabalho! Em nome de Jesus Cristo. Amém.