“Não Está Aqui, mas Ressuscitou”
Estas simples palavras: “Não está aqui, mas ressuscitou” tornaram-se as mais profundas de toda a literatura. (…) São o cumprimento de tudo o que Ele dissera a respeito de Sua ressurreição.
Meus irmãos e irmãs, Sinto-me profundamente grato por estar diante de vocês. Sinto-me o mais ricamente abençoado de todos os homens. Sou abençoado por seu amor. Aonde quer que eu vá, vocês são muito bondosos comigo. Sou abençoado por sua fé. Seu enorme serviço, sua devoção, sua lealdade, tudo isso torna-se parte de minha própria fé. Vocês são realmente maravilhosos. É claramente evidente que o evangelho, quando vivido, torna as pessoas melhores do que são.
Vocês são extremamente generosos com seu tempo e recursos. Por todo este vasto mundo, vocês servem para construir o reino de nosso Pai e levar adiante o Seu trabalho.
Telefonei para um homem, na semana passada. Ele é aposentado; já serviu como presidente de missão e está atualmente servindo como missionário acompanhado da esposa. Perguntei-lhe se estaria disposto a presidir um novo templo. Ele chorou de emoção. Ficou sem fala. Ele e a mulher terão de partir novamente para longe dos filhos e netos a fim de servir o Senhor por mais um longo período de tempo, em outra designação. Será que sentirão falta dos netos? É claro que sim. Mas irão e servirão fielmente.
Sinto-me profundamente grato pela devoção e lealdade dos membros da Igreja de todo o mundo que atendem a todos os chamados, a despeito dos transtornos e de todos os confortos que tenham de deixar para trás.
Mas de todas as coisas pelas quais me sinto grato, nesta manhã de Páscoa, sou mais grato ainda pela dádiva de meu Senhor e meu Redentor. Estamos na Páscoa, data em que juntamente com todo o mundo cristão comemoramos a ressurreição de Jesus Cristo.
Isso não foi uma coisa sem importância. Não hesito em dizer que esse foi o maior acontecimento da história da humanidade.
“Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” perguntou Jó. (Jó 14:14) Não existe pergunta mais importante do que essa.
Aqueles que vivem com conforto e segurança raramente pensam na morte. Nossa mente está ocupada com outras coisas. Mas não existe nada mais certo, nada mais universal, nada mais definitivo do que o término da vida mortal. Ninguém escapa disso, nenhuma pessoa sequer.
Visitei o túmulo de Napoleão, em Paris, o túmulo de Lênin, em Moscou, e as sepulturas de muitos outros grandes líderes do mundo. Em sua época, eles comandaram exércitos e governaram com poder quase absoluto. Até com palavras levavam terror ao coração das pessoas. Caminhei reverentemente por alguns dos maiores cemitérios do mundo. Refleti silenciosa e pensativamente ao visitar o cemitério militar de Manila, nas Filipinas, onde estão enterrados cerca de dezessete mil americanos que deram a vida na Segunda Guerra Mundial e onde são lembrados trinta e cinco mil outros que morreram nas terríveis batalhas do Pacífico e cujos restos mortais nunca foram encontrados. Caminhei com reverência pelo cemitério britânico nos arredores de Rangoon, Burma, e vi o nome de centenas de rapazes que nasceram nos vilarejos, municípios e grandes cidades das ilhas britânicas e deram a vida em lugares distantes e tórridos. Caminhei por velhos cemitérios da Ásia e da Europa e de outros lugares e refleti a respeito daqueles cuja vida foi outrora alegre e feliz, que foram criativos e ilustres, que muito contribuíram para o mundo em que viveram. Todos eles foram para o esquecimento da sepultura. Todos os que viveram na Terra antes de nós já se foram. Deixaram tudo para trás quando cruzaram o silencioso portal da morte. Ninguém escapou. Todos seguiram para “a terra desconhecida de onde nenhum viajante retorna” (Hamlet, ato III, cena i, versos 79-80), conforme Shakespeare descreveu.
Jesus Cristo, porém, mudou tudo isso. Somente um Deus poderia ter feito o que Ele fez. Ele rompeu as cadeias da morte. Teve também que morrer; mas no terceiro dia após Seu sepultamento, ergueu-Se do túmulo e “foi feito as primícias dos que dormem”. (I Coríntios 15:20) Com isso, concedeu a bênção da ressurreição a todos nós.
Contemplando esse acontecimento maravilhoso, Paulo declarou: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (I Coríntios 15:55)
Há duas semanas, estive em Jerusalém, essa grande e antiga cidade por onde Cristo andou há dois mil anos. De um ponto elevado, olhei para a Cidade Velha. Pensei em Belém, a poucos quilômetros ao sul, onde Ele nasceu em uma humilde manjedoura. Ele que era o Filho de Deus, o Unigénito, deixou a corte de Seu Pai Celestial para tornar-Se mortal. No Seu nascimento, os anjos cantaram e os sábios vieram trazer-Lhe suas dádivas. Ele cresceu como os outros meninos em Nazaré da Galiléia. Ali, Ele “[cresceu] em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”. (Lucas 2:52)
Com Maria e José, visitou Jerusalém quando tinha doze anos. Na viagem de volta, sentiram Sua falta. Voltaram para Jerusalém e O encontraram no templo conversando com sábios doutores. Quando Maria O repreendeu por não estar com eles, Jesus respondeu: “Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2:49) Suas palavras foram um prenúncio de Seu futuro ministério.
Esse ministério teve início com Seu batismo no Rio Jordão pelas mãos de Seu primo João. Quando Se ergueu das águas, o Espírito Santo desceu sobre Ele na forma de uma pomba, e ouviu-se a voz de Seu Pai, dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. (Mateus 3:17) Essa declaração foi uma confirmação de Sua divindade.
Ele jejuou por quarenta dias e foi tentado pelo diabo, que procurou desviá-Lo da missão que Lhe fora designada por Deus. Diante do convite do adversário, respondeu: “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Mateus 4:7), afirmando novamente Sua descendência divina.
Ele caminhou pelas ruas empoeiradas da Palestina. Não tinha uma casa que pudesse chamar de Sua, não tinha um lugar para repousar a cabeça. Sua mensagem era o evangelho da paz. Seus ensinamentos referiam-se à generosidade e ao amor. “E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa.” (Mateus 5:40)
Ensinou por parábolas. Realizou milagres que nunca tinham sido realizados antes, nem foram repetidos depois. Curou enfermos que sofriam há muito tempo. Fez o cego enxergar, o surdo ouvir, o coxo andar. Levantou os mortos, fazendo-os viver novamente para que O louvassem. Sem dúvida ninguém havia realizado nada parecido antes.
Poucos O seguiram, enquanto que a maioria O odiava. Chamou os escribas e fariseus de hipócritas, semelhantes aos sepulcros caiados. Eles conspiraram contra Ele. Expulsou os cambistas da Casa do Senhor. Estes, sem dúvida, uniram-se aos que planejavam matá-Lo, mas não conseguiram detê-Lo. Ele “andou fazendo bem”. (Atos 10:38)
Será que tudo isso não seria o suficiente para tornar a Sua lembrança imortal? Não seria o suficiente para colocar Seu nome entre, ou mesmo acima, do nome dos grandes homens que viveram nesta Terra e que são lembrados pelo que disseram ou fizeram? Sem dúvida Ele figura entre os maiores profetas de todos os tempos.
Mas tudo isso não bastava ao Filho do Todo-Poderoso. Era apenas o prelúdio de coisas maiores que estavam para vir e que ocorreriam de modo estranho e terrível.
Ele foi traído, preso, condenado a morrer na terrível agonia da crucificação. Seu corpo vivo foi pregado a uma cruz de madeira. Sentindo dores indescritíveis, Sua vida lentamente Se esvaiu. Enquanto ainda respirava, Ele clamou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23:34)
A terra tremeu quando Seu Espírito deixou o corpo. O centurião que tudo vira declarou solenemente: “Verdadeiramente este era Filho de Deus”. (Mateus 27:54)
Aqueles que O amavam tiraram Seu corpo da cruz. Vestiram-No e colocaram-No em um sepulcro novo cedido por José de Arimatéia. A entrada do sepulcro foi lacrada com uma grande pedra, e colocaram guardas para vigiá-lo.
Seus amigos devem ter chorado. Os Apóstolos que Ele amava e a quem havia chamado como testemunhas de Sua divindade choraram. As mulheres que O amavam choraram. Ninguém havia entendido o que Ele dissera a respeito de ressuscitar no terceiro dia. Como poderiam entender? Isso nunca tinha acontecido antes. Era algo inteiramente sem precedentes. Era inacreditável, até para eles.
Devem ter sentido uma terrível sensação de depressão, desalento e miséria ao pensarem que a morte tinha-lhes tirado o seu Senhor.
Mas esse não foi o fim de tudo. Na manhã do terceiro dia, Maria Madalena e a outra Maria voltaram ao sepulcro. Para sua grande surpresa, a pedra havia sido removida e o sepulcro estava aberto. Olharam para seu interior. Dois seres vestidos de branco estavam ali sentados, um em cada lado do sepulcro. Um anjo apareceu-lhes e disse: “Por que buscai o vivente entre os mortos?
Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite”. (Lucas 24:5-7)
Estas simples palavras: “Não está aqui, mas ressuscitou” tornaram-se as mais profundas de toda a literatura. São a declaração de um sepulcro vazio. São o cumprimento de tudo o que Ele dissera a respeito de Sua ressurreição. São a resposta triunfal da dúvida de todo homem, mulher e criança que já nasceu nesta Terra.
O Senhor ressurreto falou com Maria e ela respondeu. Não foi uma aparição. Não foi imaginação. Ele era real, tão real quanto tinha sido na mortalidade. Ele não permitiu que ela O tocasse. Não tinha ainda subido a Seu Pai no céu. Isso aconteceria pouco tempo depois. Que grandioso reencontro deve ter sido aquele, ao ser abraçado pelo Pai que O amava e que também deve ter chorado por Ele durante Suas horas de agonia.
Ele apareceria a dois homens na estrada de Emaús, conversaria com Eles e comeria com Eles. Ele Se encontraria com Seus Apóstolos reunidos a portas fechadas para ensiná-los. Tomé não esteve presente na primeira vez. Na segunda vez, o Senhor convidou-o a tocar Suas mãos e Seu lado. Maravilhado, Tomé exclamou: “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20:28) Jesus falou com quinhentas pessoas de uma vez.
Quem pode questionar as evidências desses fatos? Não existe registro de qualquer negação do testemunho das pessoas que tiveram essas experiências. Existem provas abundantes de que prestaram testemunho desses acontecimentos durante toda a vida, chegando a dar a própria vida para afirmar a veracidade das coisas que tinham visto. Suas palavras são claras e seu testemunho fiel.
Milhões de homens e mulheres ao longo dos séculos aceitaram esse testemunho. Um número incontável de pessoas viveu e morreu afirmando sua veracidade, com a certeza que lhe fora concedida pelo poder do Espírito Santo e que não podia negar. Sem dúvida, nenhum outro acontecimento da história da humanidade foi tão amplamente testado quanto à sua veracidade.
Existe ainda outra testemunha. Este companheiro da Bíblia, o Livro de Mórmon, testifica que Ele apareceu não apenas aos que viviam no Velho Mundo, mas também para os que viviam no Novo Mundo. Acaso não havia Ele declarado certa vez: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor”? (João 10:16)
Ele apareceu às pessoas do hemisfério ocidental após a Ressurreição. Ao descer do meio das nuvens do céu, ouviu-se novamente a voz de Deus, o Pai Eterno, declarando solenemente: “Eis aqui meu Filho Amado, em quem me comprazo e em quem glorifiquei meu nome — ouvi-o”. (3 Néfi 11:7)
Ele novamente chamou 12 Apóstolos que se tornariam testemunhas de Seu nome e de Sua divindade. Ensinou as pessoas, abençoou-as e curou-as, como havia feito na Palestina, e a paz reinou em toda a Terra por duzentos anos, enquanto as pessoas procuraram viver de acordo com Seus ensinamentos.
E se tudo isso não for suficiente, há o testemunho fiel, seguro e inequívoco do grande profeta desta dispensação: Joseph Smith. Ainda rapaz, foi até o bosque para orar pedindo luz e entendimento. Ali, apareceram diante dele dois Personagens cujo esplendor e glória desafiavam qualquer descrição, pairando no ar, acima dele. Um deles falou com ele, chamando-o “pelo nome, e disse, apontando para o outro: Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!” (Ver Joseph Smith — História 1:17.)
Esse mesmo Joseph declarou em outra ocasião: “Contemplamos a glória do Filho, à direita do Pai, e recebemos de sua plenitude (…)
E agora, depois dos muitos testemunhos que se prestaram dele, este é o testemunho, último de todos, que nós damos dele: Que ele vive!” (D&C 76:20, 22)
E assim, nesta maravilhosa manhã de Páscoa, como servos do Todo-Poderoso, da mesma forma que os profetas e Apóstolos desta Sua grande causa, erguemos a voz em testemunho de nosso Salvador imortal. Ele veio à Terra como o Filho do Pai Eterno. Fez tudo o que Isaías profetizou que Ele teria de fazer. (…) “Tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si (…)
(…) foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. (Isaías 53:4-5)
Em imortalidade eterna, levantou-Se no terceiro dia de Seu sepulcro escavado na rocha. Falou com muitas pessoas. Seu Pai afirmou várias vezes que Ele era Seu Filho divino.
Graças damos ao Todo-Poderoso. Seu Filho glorificado rompeu as cadeias da morte, a maior de todas as vitórias. Como Paulo declarou: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo”. (I Coríndos 15:22)
Ele é nosso Senhor triunfante. Ele é nosso Redentor que expiou os nossos pecados. Graças a Seu sacrifício redentor, todos os homens se levantarão do sepulcro. Ele abriu o caminho pelo qual podemos alcançar não apenas a imortalidade, mas também a vida eterna.
Na qualidade de Apóstolo do Senhor Jesus Cristo, presto testemunho dessas coisas, neste dia de Páscoa. Digo isso com solenidade, reverência e gratidão, em nome de Jesus Cristo. Amém.