O Milagre da Fé
“A fé é a base do testemunho; é a base da lealdade à Igreja. A fé representa sacrifício, feito com alegria para que a obra do Senhor prossiga.”
Agradeço ao coro pela belíssima apresentação. Apesar de ter utilizado parte do meu tempo, vou relevar; pois a música foi simplesmente maravilhosa.
Queridos irmãos e irmãs, sinto imenso amor e compaixão por vocês onde quer que estejam nesta manhã de domingo. Sinto grande afinidade com todos os membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Amo este trabalho e fico maravilhado com sua força e crescimento e com a forma como toca a vida das pessoas no mundo inteiro. Sinto-me profundamente humilde ao falar-lhes hoje. Implorei ao Senhor que guiasse meus pensamentos e palavras.
Acabamos de voltar de uma viagem a Montevidéu, Uruguai, onde dedicamos um templo, o 103º templo em funcionamento da Igreja. Esta é uma época de grande alegria para os membros daquele país. Milhares de pessoas reuniram-se naquele lindo e sagrado edifício, bem como em capelas próximas.
Um dos oradores, uma irmã, contou uma história semelhante a tantas outras que vocês já ouviram. Pelo que me recordo, ela falou a respeito da época em que os missionários bateram à sua porta. Ela não fazia a mínima idéia do que eles ensinavam, contudo, convidou-os para entrar, e ela e o marido ouviram sua mensagem.
A história era para eles inacreditável. Contaram sobre um rapaz que vivia no Estado de Nova York. Ele tinha quatorze anos quando leu no livro de Tiago a seguinte passagem: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”. (Tiago 1:5)
Como desejasse sabedoria, pois os vários credos alegavam possuir a verdade, o jovem Joseph decidiu ir a um bosque e orar ao Senhor.
Feito isso, teve uma visão em resposta à sua súplica. Deus, o Pai Eterno, e Seu Filho, Jesus Cristo, o Senhor Ressuscitado, apareceram diante dele e conversaram com o rapaz.
Seguiram-se outras manifestações. Entre elas, recebeu placas de ouro num monte perto de sua casa, as quais traduziu pelo dom e poder de Deus.
Mensageiros celestiais apareceram a Joseph, conferiram-lhe as chaves do sacerdócio e a autoridade para falar em nome de Deus.
Como alguém poderia crer nessa história? Parecia absurda. No entanto, aquela senhora e sua família acreditaram quando a ouviram. Eles tiveram fé para aceitar o que lhes fora transmitido. Foi um milagre; um dom de Deus. Muitos não conseguem acreditar, mas eles acreditaram.
Após o batismo dessa família, seu conhecimento da Igreja aumentou. Aprenderam mais sobre o casamento no templo e a união da família para a eternidade sob a autoridade do santo sacerdócio. Estavam decididos a receber essa bênção, mas não havia nenhum templo nas imediações. Foram econômicos e pouparam dinheiro. Quando juntaram o suficiente, viajaram do Uruguai até Utah com os filhos para serem selados como família nos laços do casamento eterno. Hoje ela é assistente da diretora do Templo de Montevidéu Uruguai. Seu marido é conselheiro na presidência do templo.
Não me surpreende o fato de que poucos, dentre o grande número de pessoas com as quais os missionários têm contato, se filiem à Igreja. Há falta de fé. Por outro lado, fico admirado com a quantidade de pessoas que o fazem. É maravilhoso e surpreendente que milhares sejam tocados pelo milagre do Espírito Santo, que acreditem, aceitem e se tornem membros. Eles são batizados. A vida de cada um deles será eternamente influenciada para o bem. Ocorrem milagres. Uma semente de fé é plantada em seu coração. Ela cresce enquanto aprendem. Eles aceitam princípio sobre princípio até adquirirem todas as bênçãos concedidas àqueles que andam com fé n’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
É a fé que converte. A fé é o professor.
Tem sido assim desde o princípio.
Fico maravilhado com o elevado caráter dos homens e mulheres que aceitaram o testemunho de Joseph Smith e entraram para a Igreja. Isso inclui homens como Brigham Young, os irmãos Pratt, Willard Richards, John Taylor, Wilford Woodruff, Lorenzo Snow, suas respectivas esposas, e muitos outros. Eles eram pessoas de excelente caráter. Muitos deles eram cultos. Foram abençoados pelo Senhor com fé para aceitar a história que ouviram. Quando receberam a mensagem, quando o dom da fé tocou sua vida, foram batizados. Os irmãos interromperam de bom grado o que estavam fazendo e, com o apoio da família, aceitaram o chamado de cruzar o mar para ensinar o que haviam aceitado com fé.
Outro dia, li novamente o relato de Parley P. Pratt a respeito de sua leitura do Livro de Mórmon e de como se filiou à Igreja. Ele disse o seguinte:
“Abri ansiosamente o livro e li a folha de rosto. Depois, li o depoimento de várias testemunhas sobre a forma como o livro fora encontrado e traduzido. Em seguida, comecei a lê-lo em seqüência. Li o dia inteiro. Era um suplício ter que comer; eu não tinha a mínima fome. Quando anoitecia, dormir também era um fardo, pois eu preferia ler a dormir.
Durante a leitura, o Espírito do Senhor envolveu-me, e eu soube e compreendi que o livro era verdadeiro, de modo tão claro e evidente quanto um homem sabe que está vivo.” (Autobiografia de Parley P. Pratt, editado por Parley P. Pratt Jr. [1938], p. 37)
O dom da fé tocou-lhe a vida. Ele jamais conseguiria retribuir ao Senhor o que recebera e passou o restante de seus dias no serviço missionário. Parley P. Pratt morreu como mártir desta grande obra e reino.
Magníficos novos templos estão em construção em Nauvoo, Illinois, e Winter Quarters, Nebraska. Eles servirão de testemunho da fé e fidelidade de milhares de santos dos últimos dias que construíram Nauvoo, e depois tiveram de abandoná-la, e atravessaram com grande sofrimento o que hoje é o Estado de Iowa até sua moradia temporária em Council Bluffs e Winter Quarters, bem ao norte de Omaha.
A área do templo de Winter Quarters é contígua ao terreno onde foram enterradas muitas pessoas que morreram por esta causa, por considerarem-na mais preciosa do que a própria vida. Sua jornada ao vale do Grande Lago Salgado é um épico sem paralelo. O padecimento que suportaram e os sacrifícios que fizeram foram o preço que pagaram por sua crença.
Tenho em meu escritório uma pequena estatueta de um pioneiro, meu próprio avô, enterrando ao lado da estrada, sua mulher e o irmão dela, que morrera no mesmo dia. Depois pegou seu filho, ainda bebê, e trouxe-o até este vale.
Fé? Sim, sem dúvida. Quando surgiram incertezas e ocorreram tragédias, sentiram a doce influência da fé na serenidade da noite, tão clara e reconfortante como as estrelas do céu.
Foi essa misteriosa e extraordinária manifestação de fé que trouxe renovada confiança, que lhes inspirou certeza, que veio como um dom de Deus a respeito desta grande obra dos últimos dias. São literalmente inumeráveis as histórias sobre fé na época dos pioneiros da Igreja. Mas elas não cessaram.
Elas continuam hoje. Esse precioso e admirável dom da fé, que nos é concedido por Deus, o Pai Eterno, ainda é a força deste trabalho e o fundamento de sua mensagem. A fé é a base e a essência de tudo. A fé para ingressar no campo missionário, para viver a Palavra de Sabedoria ou pagar o dízimo é a mesma. É a fé que existe em nós que se torna evidente em tudo o que fazemos.
Os críticos não conseguem entender isso. Como não entendem, atacam. Se perguntassem com tranqüilidade e tivessem um desejo maior de compreender o que está por trás disso tudo, eles nos entenderiam e nos admirariam.
Perguntaram-me numa entrevista coletiva, certa ocasião, como conseguíamos fazer com que homens deixassem seu trabalho e seu lar para servir na Igreja.
Respondi que simplesmente perguntávamos a eles se o fariam, mas já sabíamos que a resposta seria afirmativa.
Essa veemente convicção de que a Igreja é verdadeira é algo fantástico. Esta é a obra sagrada de Deus. Ele dirige Seu reino e a vida de Seus filhos e filhas. Esta é a razão do crescimento da Igreja. A força desta causa e reino não se deve ao seu patrimônio material, por maior que seja. Deve-se ao coração do seu povo. Por isso ela é forte e cresce. É por isso que consegue realizar todas essas coisas maravilhosas. Tudo deriva da fé, concedida pelo Todo-Poderoso a Seus filhos que não duvidam nem temem, mas seguem em frente.
Recentemente, fui a uma reunião em Aruba. Tenho quase certeza de que a maioria das pessoas que estão me ouvindo não sabe onde fica Aruba nem tem idéia de que tal lugar exista. Essa ilha, na costa da Venezuela, é um protetorado dos Países Baixos e um lugar que chama pouco a atenção neste vasto mundo. Havia cerca de 180 pessoas na reunião. Na primeira fileira estavam sentados oito missionários — seis élderes e duas sísteres. Na congregação havia homens e mulheres, meninos e meninas de várias raças. Falou-se pouco em inglês, muito em espanhol e um pouco em outras línguas. Ao fitar o rosto daquelas pessoas, pensei na fé que elas representavam. Elas amam esta Igreja. Apreciam tudo o que ela faz. Erguem-se e prestam testemunho da realidade de Deus, o Pai Eterno, e de Seu Filho Amado Ressurreto, o Senhor Jesus Cristo. Elas testificam a respeito do Profeta Joseph Smith e do Livro de Mórmon. Servem onde são chamadas a servir. São homens e mulheres de fé que abraçaram o evangelho vivo e verdadeiro do Mestre, e nesse meio estavam os oito missionários. Tenho certeza que o lugar devia ser solitário para eles, no entanto, eles estão fazendo, por causa de sua fé, o trabalho que lhes foi pedido. As duas jovens eram bonitas e alegres. Ao olhar para elas, disse para mim mesmo: “Dezoito meses é bastante tempo para se ficar neste lugar tão distante”. Mas elas não reclamam. Falam da grande experiência que estão tendo e das pessoas maravilhosas que já conheceram. Em todo o seu trabalho reflete-se a renovadora fé acerca da veracidade da obra que estão realizando e do serviço que estão oferecendo a Deus.
Isso é o que acontece a todos os missionários que servem, seja aqui em Salt Lake City ou na Mongólia. Eles iniciam o trabalho e servem com fé. É um fenômeno extraordinário. O Espírito sussurra: “Esta causa é verdadeira” e sentimo-nos na obrigação de servir a qualquer custo.
As pessoas têm enorme dificuldade para compreender como milhares de rapazes e moças inteligentes e capazes privam-se de vida social, interrompem os estudos e abnegadamente vão a qualquer lugar para onde forem mandados pregar o evangelho. Eles vão pelo poder da fé e ensinam com esse poder, plantando uma semente de fé aqui, outra ali, que germina e cresce, resultando em conversos fiéis e capazes.
A fé é a base do testemunho; é a base da lealdade à Igreja. A fé representa sacrifício, feito com alegria para que a obra do Senhor prossiga.
O Senhor ordenou que tomássemos “o escudo da fé com o qual [poderemos] apagar todos os dardos inflamados dos iníquos”. (D&C 27:17)
Com a mesma fé sobre a qual falei, testifico que esta é a obra do Senhor, que este é o Seu reino restaurado na Terra em nossa época, para abençoar os filhos e filhas de Deus de todas as gerações.
Ó Pai, ajuda-nos a ser fiéis a Ti e a nosso glorioso Redentor, para servir-Te em verdade, para fazer de nosso serviço a expressão do nosso amor. É minha humilde oração. Em nome de Jesus Cristo. Amém.