“Se Cristo Tivesse Minhas Oportunidades …”
Nosso Salvador, Jesus Cristo, ensina a importância de buscar aquele que se perdeu.
Há muitos anos, quando nossos filhos mais velhos tinham seis, quatro e dois anos de idade, minha esposa e eu os surpreendemos com um jogo de perguntas e respostas. Estávamos lendo o Livro de Mórmon, diariamente, em família.
“Quem foi o homem”, perguntou minha esposa, “que saiu para caçar numa floresta, mas que, em vez disso, ficou orando o dia inteiro até a noite?”
Depois de um momento de silêncio, ela se arriscou a ajudar: “O nome começa com E … e … e … e …” Do cantinho da sala nosso filho de dois anos completou: “Nos”!
Essa criança que estava brincando no canto — o único que pensávamos ser pequeno demais para entender. Enos! Tinha sido Enos quem fora caçar, mas ansiava por encontrar sua própria alma. Embora seu registro não mencione que ele estava perdido naquela floresta, a história de Enos nos ensina que ao sair de lá, ele fora achado — e passara a desejar o bem-estar de seus irmãos.
No Novo Testamento, nosso Salvador, Jesus Cristo, ensina a importância de buscar aquele que se perdeu:
“Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?
E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso” (Lucas 15:4–5).
Desde a queda de Adão, toda a humanidade se encontra num estado perdido e decaído. Como muitos de vocês, fui “encontrado” primeiramente por dois fiéis missionários. No ano de 1913, em Copenhagen, na Dinamarca, os Élderes C. Earl Anhder e Robert H. Sorenson pregaram o evangelho de Jesus Cristo a meus avós paternos e os batizaram. Meus pais ensinaram-me a importância do trabalho árduo, da honestidade e da integridade. Contudo, em apenas uma curta geração, perdemos a atividade na Igreja e o conhecimento do evangelho. Ao recordar o passado, lembro-me de que, quando era bem pequeno, meus companheiros de brincadeiras convidavam-me para ir à Primária. Minha primeira experiência na Igreja foi com as amizades feitas na Primária.
Quando era menino, alguns meses antes do meu aniversário de 12 anos, numa tarde de sábado, fui atender alguém que batia à porta. Eram vários amigos meus — diáconos, vestidos com camisa branca e gravata — vindo buscar-me para a minha primeira reunião do sacerdócio. Nosso líder caminhou a meu lado ao descermos até o Tabernáculo na Praça do Templo. Era a sessão do sacerdócio da conferência geral de abril.
Lloyd Bennett era o meu líder de escotismo. Freqüentemente, aos sábados, ele me pegava e me levava à sede dos escoteiros para comprar os distintivos e suprimentos necessários. No caminho, conversávamos, e ele tornou-se um amigo fiel. Lloyd Bennett, como tantos outros, parou para procurar a ovelha perdida.
Esses amigos e líderes maravilhosos compreendiam o conselho do Élder M. Russell Ballard de “Encontrar (…) mais um [que esteja perdido]” (“Mais Um”, A Liahona, maio de 2005, p. 71) e compreendiam o que isso implicava. Algumas vezes, aquele que fica num canto é que nos passa despercebido.
Tive uma experiência semelhante à de Enos quando, aos dezoito anos de idade, ajoelhei-me em minha barraca do exército, em Fort Ord, na Califórnia. Depois que as luzes se apagaram, ajoelhei-me no chão duro, como Enos, e encontrei-me. Serviria em uma missão de tempo integral. Meu coração estava cheio de gratidão pelas muitas pessoas que me ajudaram a descobrir quem eu era e a conhecer a Cristo e Seu evangelho. Compreendi que a minha volta para casa seria por intermédio de nosso Salvador, Jesus Cristo.
“E virá ao mundo para redimir seu povo; e tomará sobre si as transgressões daqueles que acreditam em seu nome; e estes são os que terão vida eterna e para ninguém mais haverá salvação” (Alma 11:40).
O profeta Isaías, do Velho Testamento, vendo o dia em que o evangelho seria plenamente restaurado em nossa época, declarou:
“Assim diz o Senhor Deus: Eis que levantarei a minha mão para os gentios, e ante os povos arvorarei a minha bandeira; então trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros” (Isaías 49:22).
Quando nos importamos com aquela ovelha, irmãos e irmãs, vemos o cumprimento dessa profecia. Vocês podem perceber como foram carregados nos braços e sobre os ombros — levados a um lugar seguro?
O que o nosso Salvador faria se tivesse as oportunidades que temos de influenciar quem está perdido? À medida que aplicarmos este princípio: “Se Cristo tivesse minhas oportunidades, o que faria?” as decisões de nossa vida passarão a ser centralizadas em Cristo.
Sei por mim mesmo que nosso querido Élder Neal A. Maxwell sempre se preocupou em encontrar aquela ovelha, pois, como Néfi, trabalhou “diligentemente para escrever, a fim de persuadir [todos nós] a [acreditarmos] em Cristo e a [reconciliarmo-nos] com Deus” (2 Néfi 25:23). Sei que o Élder Maxwell fez mais de um chamado àqueles a quem tentava levar a Cristo, inclusive aquela ovelha específica.
Quer sejamos professores da Primária, líderes dos Rapazes ou das Moças, líderes de Escotismo, mestres familiares, professoras visitantes ou amigos, se Lhe dermos ouvidos, o Senhor nos usará, para procurar e encontrar aquele que se perdeu.
Como sou grato pela decisão de servir em uma missão de tempo integral, que se tornou o ponto decisivo de minha vida! Rapazes, vocês têm o privilégio de servir e de trabalhar diligentemente. Permaneçam dignos, preparem-se para pregar o evangelho; não adiem — vão e sirvam! Moças, vocês podem fazer muito para edificar o reino. Queridos irmãos mais velhos, precisamos de vocês!
Nossa família teve o privilégio de servir no Canadá com élderes, sísteres e missionários mais velhos. De coração para coração, de espírito para espírito e com a força do Senhor, eles procuraram cada ovelha e encontraram, como fazem os missionários dedicados do mundo inteiro.
“E assim, foram instrumentos nas mãos de Deus para levar a muitos o conhecimento da verdade, sim, o conhecimento de seu Redentor”. (Mosias 27:36)
Cada um de nós pode fazer a diferença na vida de alguém, até mesmo na vida eterna dessas pessoas, mas para isso precisamos agir; precisamos trabalhar diligentemente. Talvez vocês tenham sido inspirados a convidar alguém para retornar à Igreja ou para ouvir a mensagem do evangelho restaurado pela primeira vez. Vão em frente, sigam essa inspiração. Por que nós todos não chamamos alguém para vir amanhã e ouvir a voz do profeta? Vocês fariam isso? Vocês farão esse convite hoje? Com fé e um coração desejoso, devemos confiar que o Espírito nos dará, “naquela mesma hora, sim, naquele mesmo momento, o que [deveremos] dizer” (D&C 100:6) Sei que assim será.
Sou muito grato por esse chamado para servir novamente, desta vez, na Austrália. Expresso meu eterno amor e apreço a minha esposa e nossos nove filhos, que possuem o espírito missionário, por seu amor e apoio. Presto solene testemunho de que a plenitude do evangelho está restaurada sobre a Terra, que Joseph Smith é um profeta de Deus e que o Livro de Mórmon é a palavra de Deus. Somos guiados hoje por um profeta vivo, o Presidente Gordon B. Hinckley. Eu sei que Deus vive e sei que Jesus é o Cristo, nosso Salvador e Redentor. É nos braços amorosos do Pastor e sobre Seus ombros que somos carregados para casa. Que eu, como Enos, diga humildemente: Devo “pregar (…) a este povo e declarar a palavra segundo a verdade que está em Cristo. (…) E nisso me tenho regozijado mais do que nas coisas do mundo” (Enos 1:26). Dessas verdades presto testemunho, em nome de Jesus Cristo. Amém.