Fé em Meio à Adversidade
Viver o evangelho (…) significa que estaremos preparados para enfrentar e suportar a adversidade com mais confiança.
Certa manhã, há alguns anos, recebi um telefonema do irmão Omar Alvarez que, na época, servia como um de meus conselheiros no bispado. Sua filha de três anos havia morrido num trágico acidente.
Ele contou-me o que aconteceu naquele dia da seguinte maneira:
“Assim que chegamos a uma das belas praias venezuelanas, nossos filhos pediram que os deixássemos brincar em um riacho perto da praia. Deixamos que fossem. Então, começamos a tirar algumas coisas do carro. Dois minutos depois, percebemos que nossos filhos estavam-se afastando muito da praia.
Quando fomos reuni-los, percebemos que nossa filha de três anos não estava com as outras crianças. Procuramos desesperadamente por ela, e a encontramos flutuando perto do lugar onde estavam as outras crianças. Rapidamente a tiramos da água. Algumas pessoas chegaram para ajudar a salvá-la, mas nada pôde ser feito. Nossa filha caçula havia-se afogado.
Os momentos que se seguiram foram extremamente difíceis, cheios de angústia e sofrimento pela perda de nossa filha mais nova. Esse sentimento logo se transformou num tormento quase insuportável. Contudo, em meio à confusão e incerteza, a noção de que nossos filhos haviam nascido sob convênio nos veio à mente, e graças a esse convênio, nossa filha nos pertencia para a eternidade.
Que bênção é sermos membros da Igreja de Jesus Cristo e termos recebido as ordenanças do Seu templo sagrado! Agora, sentimos que estamos muito mais comprometidos a ser fiéis ao Senhor e a perseverar até o fim, porque queremos ser dignos das bênçãos que o templo proporciona, para que vejamos nossa filha de novo. Às vezes choramos, ‘mas não o fazemos como aqueles que não têm esperança’” [Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (curso de estudos do Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de Socorro, 2007), p. 185].
Aquela família fiel compreendeu que, quando a adversidade chega a nossa vida, a única fonte verdadeira de consolo é Deus. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27).
Vários anos depois da difícil provação enfrentada pela família Alvarez, testemunhei outra família fiel lidar com uma grande adversidade. Vários membros da família Quero morreram num terrível acidente automobilístico. O irmão Abraham Quero perdeu os pais, duas irmãs, o cunhado e a sobrinha nesse acidente. O irmão Quero demonstrou uma atitude admirável ao dizer o seguinte:
“Este é o momento de mostrar lealdade a Deus, de reconhecer que dependemos Dele, que precisamos obedecer a Sua vontade e que Lhe somos sujeitos.
Falei com meus irmãos e dei-lhes força e coragem para compreenderem o que o Presidente Kimball ensinou há muitos anos: ‘não há tragédia na morte, apenas no pecado’ [Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: SpencerW. Kimball (curso de estudos do Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de Socorro, 2006), p. 200] e que o importante não é como um homem morreu, mas, sim, como viveu.
As palavras de Jó encheram-me a alma: ‘O Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor’ (Jó 1:21). E também as de Jesus: ‘Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá’ (João 11:25).
Essa foi uma das experiências mais espirituais que tivemos como família: aceitar a vontade de Deus em uma situação extremamente difícil.”
Nas experiências pelas quais essas duas famílias passaram, a dor e o sofrimento foram dissipados pela luz do evangelho, que as encheu de paz e consolo, dando-lhes a certeza de que tudo ficaria bem.
Mesmo sabendo que a dor que essas famílias sentiram não se compara à agonia que o Senhor suportou no Getsêmani, isso me permitiu compreender melhor o sofrimento e a Expiação do Salvador. Não há enfermidade, aflição ou adversidade que Cristo não tenha sentido no Getsêmani.
O Senhor revelou o seguinte a Joseph Smith, em Doutrina e Convênios:
“Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar —
Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei meus preparativos para os filhos dos homens” (D&C 19:18–19).
O Profeta Joseph Smith, que conhecia muito bem as tempestades da vida, exclamou angustiado durante um de seus momentos mais difíceis: “Ó Deus, onde estás? E onde está o pavilhão que cobre teu esconderijo?” (D&C 121:1).
Então, quando o profeta ergueu a voz, as palavras consoladoras do Senhor chegaram até ele, dizendo:
“Meu filho, paz seja com tua alma; tua adversidade e tuas aflições não durarão mais que um momento;
E então, se as suportares bem, Deus te exaltará no alto; triunfarás sobre todos os teus inimigos” (D&C 121:7–8).
O Presidente Howard W. Hunter disse: “Se nossa vida e nossa fé estiverem centralizadas em Jesus Cristo e Seu evangelho restaurado, nada poderá dar errado para sempre. Por outro lado, se nossa vida não estiver centralizada no Salvador e nos Seus ensinamentos, nenhum outro sucesso poderá dar certo para sempre” (The Teachings of Howard W. Hunter, ed Clyde J. Williams, 1997, p. 40).
O Salvador disse:
“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica, eu o compararei a um homem prudente que edificou sua casa sobre uma rocha.
E desceu a chuva e chegaram as enchentes e sopraram os ventos e combateram aquela casa; e ela não caiu, porque estava edificada sobre uma rocha.
E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as cumpre será comparado a um homem imprudente que edificou a sua casa sobre a areia —
E desceu a chuva e chegaram as enchentes e sopraram os ventos e combateram aquela casa; e ela caiu e foi grande a sua queda” (3 Néfi 14:24–27).
É interessante notar que desceu a chuva, chegaram as enchentes e sopraram os ventos nas duas casas! Viver o evangelho não significa que escaparemos para sempre da adversidade. Ao contrário, significa que estaremos preparados para enfrentar e suportar a adversidade com mais confiança.
Presto solene testemunho de que Jesus é o Cristo, nosso Salvador e Redentor. Ele dirige Sua Igreja por intermédio de um profeta vivo, o Presidente Thomas S. Monson. Se vivermos nossa vida de acordo com os ensinamentos do Salvador, sem dúvida teremos paz e consolo que somente Deus pode oferecer (ver Filipenses 4:7). Presto testemunho dessas coisas, em nome de Jesus Cristo. Amém.