A Maior Oportunidade da Vida
Por meio de seu serviço dedicado e sacrifício voluntário, sua missão se tornará uma terra santa para você.
Um marco na vida de um missionário é sua entrevista final com o presidente da missão. O momento decisivo da entrevista será a conversa sobre o que parecerá ter sido uma vida inteira de experiências inesquecíveis e lições importantes que foram obtidas em apenas 18 ou 24 meses.
Embora muitas dessas experiências e lições sejam comuns ao serviço missionário, cada missão é única, com desafios e oportunidades que nos testam até o limite de nossa capacidade, de acordo com nossas necessidades e personalidade.
Muito antes de deixar nosso lar para servir uma missão de tempo integral, deixamos pais celestiais para cumprir nossa missão mortal. Temos um Pai Celestial, que nos conhece — nossos pontos fortes e os pontos fracos, as habilidades e o potencial. Ele sabe qual presidente de missão e quais companheiros, membros e pesquisadores precisamos para tornar-nos o missionário, o marido, o pai e o portador do sacerdócio que podemos vir a ser.
Profetas, videntes e reveladores designam missionários sob a direção e a influência do Espírito Santo. Presidentes de missão inspirados dirigem transferências a cada seis semanas e rapidamente aprendem que o Senhor sabe exatamente onde Ele quer que cada missionário sirva.
Há alguns anos, o Élder Javier Misiego, de Madri, Espanha, estava cumprindo uma missão de tempo integral no Arizona. Naquela época, seu chamado missionário para os Estados Unidos pareceu um pouco incomum, já que a maioria dos jovens da Espanha estavam sendo chamados para servir em seu próprio país.
Ao término de um serão da estaca, do qual ele e seu companheiro haviam sido convidados a participar, o Élder Misiego foi abordado por um membro menos ativo da Igreja, que tinha sido levado por um amigo, era a primeira vez, em muitos anos, que aquele homem entrava em uma capela. Ele perguntou ao Élder Misiego se ele conhecia certo José Misiego, de Madri. Quando o Élder Misiego respondeu que o nome de seu pai era José Misiego, o homem ficou entusiasmado e fez mais algumas perguntas para confirmar se aquele era o mesmo José Misiego. Quando concluíram que estavam falando do mesmo homem, aquele membro menos ativo começou a chorar. “Seu pai foi a única pessoa que batizei durante toda a minha missão”, explicou ele, e descreveu como a missão dele tinha sido, em sua concepção, um grande fracasso. Ele atribuiu seus anos de inatividade a sentimentos de inadequação e depressão, acreditando que tinha, de alguma forma, decepcionado o Senhor.
O Élder Misiego então descreveu o que aquele suposto fracasso de um missionário significou para sua família. Disse que seu pai, batizado quando era um jovem adulto solteiro, tinha-se casado no templo e que o Élder Misiego era o quarto filho — de seis filhos —, e que todos os três filhos e uma irmã tinham servido missão de tempo integral, e que todos estavam ativos na Igreja, e que todos os que eram casados haviam sido selados no templo.
O ex-missionário menos ativo começou a soluçar. Por meio de seu trabalho, ele tinha descoberto agora que dezenas de vidas foram abençoadas, e o Senhor enviara um élder lá de Madri, Espanha, até um serão no Arizona para que ele soubesse que não tinha sido um fracasso. O Senhor sabe onde Ele quer que cada missionário sirva.
Não importa a maneira como o Senhor decida nos abençoar durante o transcorrer de uma missão, as bênçãos do serviço missionário não são projetadas para terminar quando somos desobrigados por nosso presidente de estaca. Sua missão é um campo de treinamento para a vida. As experiências, as lições e o testemunho obtidos por meio de um serviço fiel devem estabelecer um alicerce centralizado no evangelho, que vai durar por toda a mortalidade e para a eternidade. No entanto, para as bênçãos continuarem depois da missão, há condições que precisam ser cumpridas. Em Doutrina e Convênios lemos: “Pois todos os que receberem uma bênção de minhas mãos obedecerão à lei que foi designada para essa bênção e suas condições” (D&C 132:5). Esse princípio é ensinado na história do Êxodo.
Depois de receber seu encargo do Senhor, Moisés voltou ao Egito para tirar os filhos de Israel do cativeiro. Uma sucessão de pragas não conseguiu garantir a liberdade deles, até chegar a décima e última praga: “E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito” (Êxodo 12:12).
Para serem protegidos contra o “destruidor” (versículo 23), o Senhor instruiu seu povo a oferecer um sacrifício, um cordeiro “sem defeito” (ver versículo 5), e a coletar o sangue do sacrifício. Eles deviam, então, “tomar do sangue” e passá-lo na entrada de cada casa — “em ambas as ombreiras, e na verga da porta” (versículo 7) — com esta promessa: “Vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade” (versículo 13).
“E foram os filhos de Israel, e fizeram isso como o Senhor ordenara” (versículo 28). Eles ofereceram o sacrifício, coletaram o sangue e passaram-no em suas casas.“E aconteceu, à meia-noite, que o Senhor feriu a todos os primogênitos na terra do Egito” (versículo 29). Moisés e seu povo, de acordo com a promessa do Senhor, foram protegidos.
O sangue utilizado pelos israelitas, simbolizando a futura Expiação do Salvador, foi o resultado do sacrifício que eles haviam oferecido. No entanto, o sacrifício e o sangue, por si sós, não teriam sido suficientes para o recebimento da bênção prometida. Se eles não tivessem passado o sangue no batente das portas, o sacrifício teria sido em vão.
O Presidente Thomas S. Monson ensinou: “O trabalho missionário é árduo. Sobrecarrega as energias do indivíduo, requer seus maiores esforços.(…) Nenhum outro trabalho exige mais horas, maior devoção, tanto sacrifício e orações fervorosas” (“Para Que Todos Ouçam”, A Liahona, julho de 1995, p. 51).
Como resultado desse sacrifício, voltamos de nossa missão com nossos próprios dons. O dom da fé. O dom do testemunho. O dom de compreender o papel do Espírito. O dom de estudo diário do evangelho. O dom de ter servido nosso Salvador. São dádivas cuidadosamente embaladas em escrituras gastas, exemplares esfarrapados de Pregar Meu Evangelho, diários missionários e um coração grato. No entanto, tal como no caso dos filhos de Israel, as bênçãos contínuas associadas ao serviço missionário exigem que essas coisas sejam aplicadas após o sacrifício.
Há alguns anos, quando minha mulher e eu presidíamos a Missão Espanha Barcelona, eu dava uma última designação a cada missionário na entrevista final. Ao voltarem para casa, pedi-lhes que reservassem um tempo para ponderar as lições e dádivas que haviam recebido do generoso Pai Celestial. Pedi-lhes que fervorosamente fizessem uma lista e ponderassem a melhor forma de aplicar aquelas lições em sua vida depois da missão: lições que influenciariam cada faceta de sua vida — estudos e escolha de carreira, casamento e filhos, serviço futuro na Igreja — e, mais importante, a pessoa em quem eles se tornariam e seu desenvolvimento contínuo como discípulos de Jesus Cristo.
Nunca é tarde demais para qualquer ex-missionário ponderar as lições aprendidas por meio do serviço fiel e para aplicá-las com mais diligência. Ao fazermos isso, vamos sentir a influência do Espírito mais plenamente em nossa vida, nossa família será fortalecida e vamos aproximar-nos mais de nosso Salvador e do Pai Celestial. Em uma conferência geral anterior, o Élder L. Tom Perry fez este convite: “Peço aos ex-missionários que se dediquem novamente, que cultivem outra vez o espírito da obra missionária e o desejo de servir. Peço-lhes que se pareçam com missionários do Pai Celestial, que sirvam e ajam como eles.(…)Quero prometer-lhes que há grandes bênçãos reservadas a vocês se continuarem com o zelo que possuíam como missionários de tempo integral” (“O Ex-Missionário”, A Liahona, janeiro de 2002, p. 87).
Agora, para os jovens que ainda têm de servir missão de tempo integral, compartilho o conselho do Presidente Monson, dado em outubro do ano passado: “Repito o que os profetas há muito têm ensinado: todo rapaz digno e capaz deve preparar-se para servir em uma missão. O serviço missionário é um dever do sacerdócio — uma obrigação que o Senhor espera de nós, que tanto recebemos Dele” (“Ao Voltarmos a Nos Encontrar”, A Liahona, novembro de 2010, p. 4).
Assim como aconteceu com os missionários do passado e do presente, o Senhor conhece você e tem uma experiência de missão preparada para você. Ele conhece seu presidente de missão e sua maravilhosa esposa, que vão amar você como amam seus próprios filhos e que vão buscar inspiração e orientação em seu favor. Ele conhece cada um de seus companheiros e o que você vai aprender com eles. Ele conhece cada área em que você vai trabalhar, os membros que você vai encontrar, as pessoas que você vai ensinar e as vidas que você vai influenciar por toda a eternidade.
Por meio de seu serviço dedicado e sacrifício voluntário, sua missão se tornará uma terra santa para você. Você vai testemunhar o milagre da conversão à medida que o Espírito operar por seu intermédio para tocar o coração das pessoas que você ensinar.
Ao se preparar para servir, há muito a fazer. Para tornar-se um servo eficaz do Senhor será preciso mais do que ser designado, colocar uma plaqueta com seu nome ou entrar no centro de treinamento missionário. É um processo que começa bem antes de cada um de vocês passar a ser chamado de “Élder”.
Ir para a missão com seu próprio testemunho do Livro de Mórmon, obtido por meio do estudo e da oração. “ Livro de Mórmon é uma vigorosa evidência da divindade de Cristo. Também é uma prova da Restauração realizada por intermédio do Profeta Joseph Smith. (…) Como missionário, você precisa primeiro ter um testemunho pessoal de que o Livro de Mórmon é verdadeiro. (…) Esse testemunho do Espírito Santo [vai tornar-se] o enfoque central de seu ensino” (Pregar Meu Evangelho: Um Guia para o Serviço Missionário, 2004, p. 107).
Ir para a missão digno da companhia do Espírito Santo.Nas palavras do Presidente Ezra Taft Benson: “O Espírito é o elemento mais importante deste trabalho. Se o Espírito magnificar seu chamado, vocês poderão fazer milagres para o Senhor no campo missionário. Sem o Espírito, vocês nunca terão sucesso apesar de todo o seu talento e capacidade” (Pregar Meu Evangelho, p. 190).
Ir para sua missão pronto para trabalhar.“Seu sucesso como missionário [será] medido principalmente por sua dedicação em encontrar, ensinar, batizar e confirmar.” Espera-se que você trabalhe “eficazmente todos os dias, [fazendo] o melhor possível para trazer almas a Cristo” (Pregar Meu Evangelho pp. 10–11).
Repito o convite do Élder M. Russell Ballard, feito a um grupo anterior de jovens que se preparavam para servir: “Nós nos voltamos para vocês, meus jovens do Sacerdócio Aarônico. Precisamos de vocês. Como os 2.000 jovens guerreiros de Helamã, vocês também são filhos espirituais de Deus e podem também ser investidos de poder para edificar e defender Seu reino. Precisamos que façam convênios sagrados, assim como eles fizeram. Precisamos que sejam meticulosamente obedientes e fiéis, assim como eles foram” (“A Melhor de Todas as Gerações de Missionários”, A Liahona, novembro de 2002, p. 46).
Ao aceitarem esse convite, vocês vão aprender uma grande lição, como o Élder Misiego e todos os que serviram fielmente, voltaram e aplicaram o que aprenderam. Vão descobrir que as palavras de nosso profeta, o Presidente Thomas S. Monson, são verdadeiras: “Vocês têm no serviço missionário a maior oportunidade da sua vida. As bênçãos da eternidade os aguardam. Vocês têm o privilégio de serem não apenas espectadores, mas participantes no palco do serviço do sacerdócio” (Ensign, maio de 1995, p. 49). Testifico que isso é verdade. Em nome de Jesus Cristo. Amém.