A Agradável Palavra de Deus
A agradável palavra de Deus (…) nos mostra que precisamos do arrependimento contínuo em nossa vida para manter próxima a influência do Espírito Santo.
Muitos de nós aqui reunidos para participar desta conferência viemos “ouvir a agradável palavra de Deus, sim, a palavra que cura a alma ferida” (Jacó 2:8). Essa palavra pode ser encontrada nas escrituras e nas mensagens de nossos líderes, trazendo-nos esperança e conforto em meio às dificuldades causadas pela aflição.
Por meio das experiências que temos nesta vida, aprendemos que, neste mundo, nossa alegria não é completa, mas, em Jesus, nossa alegria é completa (ver D&C 101:36). Ele vai nos dar forças para que não padeçamos qualquer espécie de aflição que não seja sobrepujada pela alegria em Cristo (ver Alma 31:38).
Nosso coração pode se encher de angústia ao ver um ente querido sofrer com as dores de uma terrível doença.
A morte de alguém que amamos pode causar uma sensação de vazio em nossa alma.
Quando um de nossos filhos se afasta do caminho do evangelho, podemos sentir culpa e incerteza com relação ao seu destino eterno.
A esperança de obter um casamento celestial e de estabelecer uma família nesta vida pode começar a enfraquecer com o passar do tempo.
O abuso por parte daqueles que deveriam nos amar pode deixar cicatrizes profundamente dolorosas em nossa alma.
A infidelidade por parte de um cônjuge pode destruir um relacionamento que esperávamos ser eterno.
Essas e muitas outras aflições inerentes a esta vida mortal nos fazem, às vezes, perguntar o mesmo que perguntou o Profeta Joseph Smith: “Ó Deus, onde estás?” (D&C 121:1.)
Nesses momentos difíceis ao longo da vida, a agradável palavra de Deus que cura a alma ferida traz a seguinte mensagem de conforto para nosso coração e nossa mente:
“Paz seja com tua alma; tua adversidade e tuas aflições não durarão mais que um momento;
E então, se as suportares bem, Deus te exaltará no alto” (D&C 121:7–8).
A agradável palavra de Deus nos enche de esperança, pois sabemos que os que forem fiéis nas tribulações vão obter uma recompensa maior no reino dos céus. Também nos ensina que “após muitas tribulações vêm as bênçãos” (ver D&C 58:3–4).
A agradável palavra de Deus, tal como proferida por meio dos profetas, nos dá a segurança de que nosso selamento eterno, com o apoio de nossa fidelidade às promessas divinas que recebemos por causa de nosso serviço valente na causa da verdade, vai abençoar a nós e a nossa posteridade (ver Orson F. Whitney, Conference Report, abril de 1929, p. 110).
Também nos dá a segurança de que, após uma vida fiel, não perderemos bênção alguma por deixar de realizar certas coisas caso não tenhamos a oportunidade de fazê-las. Se vivermos fielmente até o momento de nossa morte, teremos “todas as bênçãos, exaltação e glória recebidos por qualquer homem ou mulher que tenha tido essa oportunidade” (ver The Teachings of Lorenzo Snow [Os Ensinamentos de Lorenzo Snow], ed. Clyde J. Williams, 1984, p. 138).
Agora, é importante entender que um pouco de sofrimento e aflição também pode entrar em nossa vida se falharmos em nos arrepender verdadeiramente dos nossos pecados. O Presidente Marion G. Romney ensinou: “O sofrimento e a angústia que as pessoas têm nesta terra são resultado de não se arrependerem ou adiarem o arrependimento do pecado. (…) Assim como o sofrimento e a tristeza acompanham o pecado, a felicidade e a alegria acompanham o perdão dos pecados” (Conference Report, abril de 1959, p. 11).
Por que a falta de arrependimento causa sofrimento e dor?
Uma das respostas possíveis é que “um castigo foi fixado e foi dada uma lei justa que trouxe o remorso de consciência ao homem” (Alma 42:18; ver também o versículo 16). O Profeta Joseph Smith ensinou que somos nós quem condenamos a nós mesmos e que o tormento do desapontamento em nossa mente é responsável pelo sentimento tão intenso quanto um lago que arde com fogo e enxofre (ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 234).
Se tentarmos apaziguar nossa consciência ao procurar, “mesmo nas mínimas coisas, [nos desculpar de nossos] pecados” (Alma 42:30) ou ao tentar encobri-los, a única coisa que conseguiremos fazer é ofender o Espírito (ver D&C 121:37) e adiar o arrependimento. Esse tipo de alívio, além de ser temporário, trará, no final, mais dor e tristeza para nossa vida e diminuirá a possibilidade de recebermos a remissão de nossos pecados.
A agradável palavra de Deus também traz conforto e esperança para esse tipo de sofrimento; ela nos diz que há alívio para a dor causada pelos efeitos do pecado. Esse alívio advém do Sacrifício Expiatório de Jesus Cristo e passa a fazer efeito quando exercemos fé Nele, arrependemo-nos e somos obedientes aos Seus mandamentos.
É importante perceber que, assim como a remissão dos pecados, o arrependimento é um processo e não algo que acontece em um determinado momento. Exige consistência em cada um de seus passos.
Por exemplo, quando tomamos o sacramento, mostramos ao Senhor que vamos sempre nos lembrar Dele e guardar Seus mandamentos. Essa é uma expressão de nosso desejo sincero.
Quando começamos a nos lembrar Dele e a guardar Seus mandamentos todos os dias — e não apenas no Dia do Senhor —, a remissão de nossos pecados começa a fazer efeito gradualmente e Sua promessa de termos o Seu Espírito conosco começa a ser cumprida.
Sem a obediência adequada, que deve acompanhar nosso desejo, o efeito da remissão dos pecados pode enfraquecer logo e o Espírito pode começar a Se afastar de nós. Corremos o risco de nos aproximar Dele com nossos lábios enquanto afastamos Dele nosso coração (ver 2 Néfi 27:25).
Além de prover conforto, a agradável palavra de Deus nos alerta de que o processo de receber a remissão dos pecados pode ser interrompido se nos emaranharmos “nas vaidades do mundo” e pode ser retomado por meio da fé se nos arrependermos e nos humilharmos sinceramente (ver D&C 20:5–6).
Quais são algumas vaidades que interferem no processo de se receber a remissão dos pecados e que estão associadas a guardar o Dia do Senhor?
Alguns exemplos incluem atrasar-nos para a reunião sacramental sem um motivo válido; comer do pão e beber do cálice indignamente, sem fazermos uma prévia autorreflexão (ver 1 Coríntios 11:28); e chegar na reunião sacramental sem termos antes confessado nossos pecados e pedido perdão a Deus por eles.
Outros exemplos são: ser irreverentes ao trocar mensagens em nossos dispositivos eletrônicos, sair da reunião após tomar o sacramento e, em casa, envolver-nos em atividades que sejam inapropriadas para esse dia sagrado.
Qual seria um dos motivos pelo qual nós, sabendo de todas essas coisas, falhamos em guardar o Dia do Senhor?
No livro de Isaías, podemos encontrar uma resposta que, apesar de relacionada ao Dia do Senhor, também se aplica a outros mandamentos que devemos guardar: “Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia” (Isaías 58:13).
As palavras-chave são “desviares (…) de fazeres a tua vontade” ou, em outras palavras, fazer a vontade de Deus. Com frequência, nossa vontade — moldada pelos desejos, apetites e pelas paixões do homem natural — entra em conflito com a vontade de Deus. O Profeta Brigham Young ensinou que, “quando a vontade, as paixões e os sentimentos de uma pessoa são perfeitamente submissos a Deus e a Seus ditames, essa pessoa é santificada. Constitui-se em que minha vontade seja absorvida pela vontade de Deus, de modo que ela me dirija a tudo o que é louvável e, no final, conceda-me a coroa da imortalidade e da vida eterna” (Deseret News, 7 de setembro de 1854, p. 1).
A agradável palavra de Deus nos convida a aplicar o poder da Expiação em nós mesmos e a nos reconciliarmos com Sua vontade — e não com a vontade do diabo e da carne —, de modo que nós, por meio de Sua graça, possamos ser salvos (ver 2 Néfi 10:24–25).
A agradável palavra de Deus que compartilhamos hoje nos mostra que precisamos do arrependimento contínuo em nossa vida para manter próxima a influência do Espírito Santo pelo maior tempo possível.
A companhia do Espírito vai nos tornar pessoas melhores. Ele “irá sussurrar paz e alegria a [nossa] alma; tirará toda a maldade, ódio, sofrimento e mal de [nosso] coração; e [desejaremos] apenas fazer o bem, levar adiante a causa da retidão e edificar o reino de Deus” (ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, p. 103).
Com a influência do Espírito Santo, não seremos ofendidos nem ofenderemos outras pessoas; sentiremo-nos mais felizes e nossa mente estará mais limpa. Nosso amor pelas outras pessoas vai aumentar. Estaremos mais dispostos a perdoar e a espalhar alegria para as pessoas ao nosso redor.
Sentiremo-nos gratos ao ver o progresso das outras pessoas e buscaremos o melhor nelas.
É minha oração que vivenciemos a alegria que resulta de nossos esforços para viver em retidão e que mantenhamos a companhia do Espírito Santo em nossa vida por meio do arrependimento sincero e contínuo. Seremos pessoas melhores e nossa família será abençoada. Presto testemunho desses princípios, no sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.