2010–2019
O sacerdócio e o poder da Expiação do Salvador
Outubro de 2017


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O sacerdócio e o poder da Expiação do Salvador

Para que os propósitos do Pai Celestial sejam cumpridos, o poder da Expiação de Cristo precisa estar disponível aos filhos de Deus. O sacerdócio transporta essas oportunidades.

Imaginem um foguete sendo levado a uma plataforma de lançamento para ser preparado para a decolagem. Agora imaginem a ignição. O combustível, em um processo de queima controlada, é convertido em gás quente que é expelido, gerando o impulso necessário para lançar o foguete no espaço. Finalmente, imaginem a carga que está sendo transportada no topo do foguete. O valor da carga só é totalmente mensurado quando ela chega ao destino e funciona adequadamente. Não é necessário ser um cientista espacial para saber que um caro satélite de comunicação global tem pouco valor se ficar guardado em um depósito. A missão do foguete é simplesmente a de transportar uma carga.

Esta noite quero comparar o sacerdócio que portamos a um foguete, e a oportunidade de nos beneficiar do poder da Expiação do Salvador à carga transportada pelo foguete.

Devido a Seu sacrifício expiatório, Jesus Cristo tem o poder e a autoridade para redimir toda a humanidade. Para tornar acessível o poder de Sua Expiação, Ele delegou uma porção de Seu poder e de Sua autoridade aos homens na Terra. Esse poder e essa autoridade delegados são denominados sacerdócio. Isso permite que os portadores do sacerdócio auxiliem o Pai Celestial e Jesus Cristo em Seu trabalho de levar a efeito a salvação e a exaltação dos filhos de Deus. Isso acontece porque o sacerdócio concede a Seus filhos a oportunidade de receber as bênçãos do poder da Expiação do Salvador.

O poder da Expiação de Jesus Cristo é essencial porque nenhum de nós pode retornar a nosso lar celestial sem ajuda. Na mortalidade, invariavelmente cometemos erros e violamos as leis de Deus. Somos manchados pelo pecado e não podemos ser aceitos de volta para viver na presença de Deus. Precisamos do poder da Expiação do Salvador para que nos reconciliemos com o Pai Celestial. Jesus Cristo rompeu as ligaduras da morte física, permitindo que todos ressuscitem. Ele oferece o perdão dos pecados, condicionado à obediência às leis e ordenanças do evangelho. Por meio Dele, a exaltação é concedida. A oportunidade de nos beneficiar do poder da Expiação do Salvador é a carga mais importante da Criação.

No entanto, para que os propósitos do Pai Celestial sejam cumpridos, o poder da Expiação de Cristo precisa estar disponível aos filhos de Deus. O sacerdócio transporta essas oportunidades. Ele é o foguete. O sacerdócio é essencial porque as ordenanças e os convênios indispensáveis na Terra são administrados somente por essa autoridade. Se o sacerdócio falhar em dar a oportunidade de nos beneficiarmos do poder da Expiação do Salvador, qual seria seu propósito? Em vez de ser como um foguete, seria apenas como fogos de artifício mais elaborados? Deus deseja que o uso do sacerdócio vá além das aulas de domingo ou de uma oportunidade de serviço. Ele quer que o sacerdócio transporte a carga.

Pequenos defeitos nos foguetes podem resultar no fracasso da missão. Uma falha na vedação ou um desgaste de material podem causar o mau funcionamento do foguete. Metaforicamente, para preservar o sacerdócio das falhas na vedação e do desgaste de material, Deus protege tanto sua concessão quanto seu uso. A concessão do sacerdócio é resguardada pelas chaves do sacerdócio, que são os direitos de presidência dados ao homem. O uso do sacerdócio também é resguardado pelos convênios que o portador do sacerdócio faz. Consequentemente, o uso do sacerdócio é regido tanto pelas chaves do sacerdócio como pelos convênios. O sacerdócio é conferido ao homem individualmente e é dependente dele; o sacerdócio não é uma fonte indefinida de poder autônomo.

Tanto o Sacerdócio Aarônico quanto o de Melquisedeque são recebidos por convênio. Deus determina os termos e o homem os aceita. Em termos gerais, os portadores do sacerdócio fazem o convênio de ajudar a Deus em Seu trabalho. No início desta dispensação, Jesus Cristo explicou que o convênio do sacerdócio “é confirmado sobre [nós] para o [nosso] bem; e não somente para o [nosso] bem, mas para o bem do mundo todo (…) porque eles não vêm a [Ele]”.

Isso ensina que o propósito do sacerdócio é convidar as pessoas a se achegarem a Cristo ajudando-as a receber o evangelho restaurado. Temos o sacerdócio para ajudar os filhos do Pai Celestial a terem o fardo de seus pecados aliviado e a se tornarem como Ele. Por meio do sacerdócio, o poder da divindade se manifesta na vida de todos os que fazem e cumprem convênios e recebem as ordenanças associadas. É dessa maneira que cada um de nós se achega a Cristo, é purificado e se reconcilia com Deus. O poder da Expiação de Cristo se torna acessível por meio do sacerdócio, que transporta a carga.

Os convênios feitos com Deus são sérios e solenes. Os homens devem se preparar, aprender e fazer esses convênios com o desejo de honrá-los. Um convênio se torna um compromisso daquele que o fez. Parafraseando o dramaturgo inglês Robert Bolt, um homem faz um convênio apenas quando quer verdadeiramente se comprometer a cumprir uma promessa. Ele estabelece um forte relacionamento entre a verdade da promessa e sua própria virtude. Quando um homem faz um convênio, coloca a si mesmo, como se fosse água, em suas mãos unidas formando uma concha. E, se abrir os dedos, não tem esperança de se encontrar novamente. O homem que quebra um convênio não consegue mais comprometer a si mesmo nem oferecer garantias.

Um portador do Sacerdócio Aarônico faz convênio de se abster do mal, de ajudar outras pessoas a se reconciliarem com Deus e de se preparar para receber o Sacerdócio de Melquisedeque. Essas responsabilidades sagradas são cumpridas quando ele ensina, batiza, fortalece os membros da Igreja e convida outras pessoas a aceitar o evangelho. Essas são suas funções que se assemelham a um foguete. Em troca, Deus promete esperança, perdão, o ministério de anjos e as chaves do evangelho do arrependimento e do batismo.

Um portador do Sacerdócio de Melquisedeque se compromete a cumprir as responsabilidades associadas ao Sacerdócio Aarônico e a magnificar seu chamado no Sacerdócio de Melquisedeque. E ele o faz ao cumprir os mandamentos associados ao convênio. Esses mandamentos incluem dar “ouvidos diligentemente às palavras de vida eterna” ao viver de toda palavra que sai da boca de Deus, prestar testemunho de Jesus Cristo e de Sua obra nos últimos dias, não se vangloriar e se tornar amigo do Salvador, confiando Nele como um amigo confiaria.

Em troca, Deus promete que o portador do Sacerdócio de Melquisedeque receberá as chaves para compreender os mistérios de Deus. Ele se tornará perfeito até que possa permanecer na presença de Deus. Será capaz de cumprir seu papel na obra de salvação. Jesus Cristo preparará o caminho diante do portador do sacerdócio e estará com ele. O Espírito Santo estará no coração do portador do sacerdócio, e anjos o apoiarão. Seu corpo será fortalecido e renovado. Ele se tornará herdeiro das bênçãos de Abraão e, com sua esposa, coerdeiro com Jesus Cristo do reino do Pai Celestial. Essas são as “grandíssimas e preciosas promessas”. Não se pode imaginar promessas maiores do que essas.

Para cada homem que recebe o Sacerdócio de Melquisedeque, Deus reafirma Suas promessas do convênio com um juramento. Esse juramento se refere somente ao Sacerdócio de Melquisedeque, e é Deus Quem faz o juramento, não o portador do sacerdócio. Devido ao fato de que essa situação singular envolve Seu poder e Sua autoridade divinos, Deus faz um juramento, empregando a linguagem mais incisiva possível, para que nos certifiquemos da natureza importante e imutável de Suas promessas.

Graves consequências advêm aos que quebram os convênios do sacerdócio e se desviam completamente deles. Ser descuidado ou apático em um chamado do sacerdócio é como colocar um material danificado dentro de um componente do foguete. Isso compromete o convênio do sacerdócio porque pode resultar no fracasso da missão. A desobediência aos mandamentos de Deus quebra o convênio. As bênçãos prometidas são retiradas da pessoa que quebra os convênios incessantemente e que não se arrepende.

Há muitos anos, compreendi mais plenamente a relação entre o sacerdócio funcionando como um foguete e a oportunidade de nos beneficiar do poder da Expiação de Cristo como a carga. Durante certo final de semana, recebi duas designações. Uma delas era criar a primeira estaca em um país, e a outra era entrevistar um rapaz e, se tudo estivesse em ordem, restaurar seu sacerdócio e suas bênçãos do templo. Esse homem de 30 anos de idade se filiou à Igreja no final de sua adolescência. Serviu uma missão honrosa. Entretanto, quando voltou para casa, afastou-se do caminho e perdeu sua condição de membro da Igreja. Depois de alguns anos, ele “[caiu] em si” e, com a ajuda de amáveis líderes do sacerdócio e de membros bondosos, arrependeu-se e foi readmitido à Igreja por meio do batismo.

Algum tempo depois, ele se qualificou para ter seu sacerdócio e as bênçãos do templo restaurados. Marcamos uma reunião para o sábado às 10 horas da manhã na capela. Quando cheguei para as entrevistas que eu faria antes, ele já estava lá. Ele estava tão ansioso para ter seu sacerdócio novamente que não podia esperar.

Durante a entrevista, mostrei a ele a carta que explicava que o presidente Thomas S. Monson havia pessoalmente analisado seu pedido e havia autorizado a entrevista. Esse rapaz, que antes estava impassível, começou a chorar. Eu disse a ele que a data de nossa entrevista não teria nenhum significado oficial na vida dele. Ele pareceu confuso. Informei-lhe que, depois que eu tivesse restaurado suas bênçãos, em seu registro de membro constariam apenas as datas originais de seu batismo, de sua confirmação, das ordenações ao sacerdócio e de sua investidura. Novamente ele ficou emocionado.

Pedi-lhe que lesse em Doutrina e Convênios:

“Eis que aquele que se arrependeu de seus pecados é perdoado e eu, o Senhor, deles não mais me lembro.

Desta maneira sabereis se um homem se arrepende de seus pecados — eis que ele os confessará e abandonará”.

Seus olhos se encheram de lágrimas pela terceira vez. Então coloquei minhas mãos sobre a cabeça dele e, em nome de Jesus Cristo e pela autoridade do Sacerdócio de Melquisedeque, com a autorização do presidente da Igreja, restaurei seu sacerdócio e suas bênçãos do templo.

A alegria que tomou conta de nós foi profunda. Ele sabia que estava novamente autorizado a portar e a exercer o sacerdócio de Deus. Sabia que suas bênçãos do templo estavam novamente em plena atividade. Parecia que caminhava nas nuvens e emanava uma luz radiante. Eu estava muito orgulhoso dele e senti o quanto o Pai Celestial também estava.

Em seguida, a estaca foi organizada. Membros fiéis participaram entusiasmados das reuniões, e foi apoiada uma maravilhosa presidência de estaca. Entretanto, para mim, a ocasião histórica da organização da primeira estaca deste país foi ofuscada pela alegria que senti ao restaurar as bênçãos daquele homem.

Cheguei à conclusão de que o propósito de organizar uma estaca ou de usar o sacerdócio de Deus de diversas maneiras é auxiliar o Pai Celestial e Jesus Cristo em Seu trabalho de prover a oportunidade de redenção e exaltação para cada um dos filhos de Deus. Assim como o foguete cujo propósito é transportar uma carga, o sacerdócio transporta o evangelho de Jesus Cristo, tornando todos capazes de fazer convênios e de receber as ordenanças associadas. “O sangue expiatório de Cristo” pode, portanto, ser aplicado em nossa vida à medida que sentimos a influência santificadora do Espírito Santo e recebemos as bênçãos prometidas de Deus.

Além de obedecer às leis e ordenanças do evangelho, convido-os a fazer e cumprir os convênios do sacerdócio. Recebam o juramento de Deus e Sua promessa. Magnifiquem suas responsabilidades no sacerdócio para auxiliar o Pai Celestial e Jesus Cristo. Usem o sacerdócio para dar a alguém a oportunidade de se beneficiar do poder da Expiação do Salvador! Ao fazerem isso, grandes bênçãos virão sobre vocês e sobre sua família. Testifico que o Redentor vive e dirige esta obra. Em nome de Jesus Cristo. Amém.