2010–2019
Santidade e o plano de felicidade
Conferência Geral de Outubro de 2019


18:56

Santidade e o plano de felicidade

Uma maior felicidade vem de uma maior santidade pessoal.

Meus queridos irmãos e irmãs, tenho orado pelo poder para ajudá-los em sua busca pessoal por felicidade. Alguns talvez já se sintam felizes o suficiente, mas, definitivamente, ninguém rejeitaria a oferta de ser mais feliz. Qualquer pessoa ficaria ansiosa para aceitar uma oferta de felicidade duradoura garantida.

Isso é o que o Pai Celestial, Seu Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo têm oferecido a todos os filhos espirituais do Pai Celestial que vivem agora, que viverão ou que já viveram neste mundo. Essa oferta às vezes é chamada de plano de felicidade. Foi chamada assim pelo profeta Alma enquanto ensinava seu filho, que estava mergulhado na miséria do pecado. Alma sabia que iniquidade jamais seria felicidade para seu filho — ou para qualquer outro filho do Pai Celestial.

Ele ensinou a seu filho que o aumento da santidade era o único caminho para a felicidade. E deixou claro que uma maior santidade é possível por meio da Expiação de Jesus Cristo que nos limpa e nos aperfeiçoa. Somente por meio da fé em Jesus Cristo, do arrependimento contínuo e de guardarmos os convênios é que somos capazes de reivindicar a felicidade duradoura que todos nós desejamos vivenciar e preservar.

Minha oração hoje é que eu possa ajudá-los a entender que uma maior felicidade vem de uma maior santidade pessoal para que vocês possam agir de acordo com essa crença. Vou, então, compartilhar o que sei por mim mesmo sobre o que podemos fazer para nos qualificarmos para receber o dom de nos tornarmos mais santos.

As escrituras nos ensinam que, entre outras coisas, podemos ser santificados ou nos tornar mais santos quando exercemos fé em Jesus Cristo, demonstramos obediência, arrependemo-nos, sacrificamo-nos por Ele, recebemos ordenanças sagradas e guardamos os convênios que fizemos com Ele. Qualificar-se para o dom da santidade exige humildade, mansidão e paciência.

Uma experiência sobre desejar mais santidade aconteceu comigo no Templo de Salt Lake. Entrei no Templo de Salt Lake pela primeira vez sem saber muito o que esperar. Vi as palavras no edifício: “Santidade ao Senhor” e “A Casa do Senhor”. Estava me sentindo muito ansioso. Ainda assim, ponderei se eu estava preparado para entrar.

Minha mãe e meu pai seguiram na minha frente ao entrarmos no templo. Foi-nos solicitado que mostrássemos nossa recomendação, certificando nossa dignidade.

Meus pais conheciam o homem que estava no balcão de recomendações. Eles pararam por um momento para conversar com ele. Entrei sozinho em um espaço muito grande onde tudo era muito branco. Olhei para o teto tão acima de mim que parecia estar a céu aberto. Naquele momento, tive uma impressão clara de que já havia estado ali antes.

Mas, então, ouvi uma voz suave, não era a minha própria voz. As palavras faladas suavemente foram: “Você nunca esteve aqui antes. Está se lembrando de um momento de antes de você nascer. Você estava em um lugar sagrado como este. Sentiu que o Salvador estava prestes a vir ao lugar onde você estava. E sentiu felicidade porque estava ansioso para vê-Lo”.

A experiência no Templo de Salt Lake durou apenas um momento. No entanto, a lembrança dela ainda traz paz, alegria e uma felicidade reverente.

Aprendi muitas lições aquele dia. Uma delas foi a de que o Espírito Santo fala com uma voz mansa e delicada. Posso ouvi-Lo quando há paz espiritual em meu coração. Ele traz um sentimento de felicidade e a certeza de que estou me tornando mais santo. E isso sempre me traz a felicidade que senti naqueles primeiros momentos em um templo de Deus.

Vocês já observaram em sua própria vida e na vida de outras pessoas o milagre da felicidade que advém do aumento da santidade, de se tornar mais semelhante ao Salvador. Recentemente, estive ao lado da cama de pessoas que estavam prontas para encarar a morte, mas com plena fé no Salvador e com felicidade em seu semblante.

Uma dessas pessoas era um homem rodeado por sua família. Ele e sua esposa estavam conversando calmamente quando meu filho e eu entramos. Eu os conheço há vários anos. Vi a Expiação de Jesus Cristo agir na vida deles e na vida dos membros de sua família.

Eles decidiram juntos encerrar os esforços médicos que prolongavam a vida dele. Houve um sentimento de serenidade enquanto ele falava conosco. Ele sorriu ao expressar gratidão pelo evangelho e os efeitos purificadores que teve sobre ele e a família que ele amava. Falou sobre os anos felizes de serviço no templo. A pedido do homem, meu filho ungiu a cabeça dele com óleo consagrado. Selei a unção. Ao fazê-lo, tive a clara impressão de dizer que ele veria o Salvador face a face em breve.

Prometi-lhe que ele sentiria felicidade, amor e a aprovação do Salvador. Ele sorriu cordialmente ao sairmos. Suas últimas palavras para mim foram: “Diga a Kathy que eu a amo”. Minha esposa, Kathleen, incentivou gerações da família dele por muitos anos a aceitar o convite do Salvador de se achegarem a Ele, fazer e guardar convênios e de se qualificarem para a felicidade que resulta dessa maior santidade.

Ele faleceu algumas horas depois. Algumas semanas após seu falecimento, a viúva dele trouxe um presente para minha esposa e para mim. Ela sorriu enquanto conversávamos e falou de modo simpático: “Achei que me sentiria triste e sozinha. Sinto-me tão feliz. Você acha que isso está certo?”

Sabendo o quanto ela amava o marido e como ambos vieram a conhecer, amar e servir ao Senhor, eu disse a ela que seus sentimentos de felicidade eram uma dádiva prometida porque ela havia, por meio de serviço fiel, santificado-se ainda mais. A santidade dela a havia qualificado para essa felicidade.

Algumas pessoas que estão me ouvindo aqui hoje podem se perguntar: “Por que não sinto a paz e a felicidade prometidas para aqueles que têm sido fiéis? Tenho sido fiel em meio a terríveis adversidades, mas não me sinto feliz”.

Até mesmo o profeta Joseph Smith enfrentou esse teste. Ele orou por alívio quando estava confinado em uma cadeia em Liberty, Missouri. Ele havia sido fiel ao Senhor. Havia crescido em santidade. No entanto, sentia que a felicidade lhe havia sido negada.

O Senhor lhe ensinou a lição de paciência que todos temos que aprender em algum momento, e talvez por longos períodos, em nosso teste mortal. Esta é a mensagem do Senhor para Seu profeta fiel que estava sofrendo:

“E se fores lançado na cova ou nas mãos de assassinos, e receberes sentença de morte; se fores lançado no abismo; se vagas encapeladas conspirarem contra ti; se ventos furiosos se tornarem o teu inimigo; se os céus se cobrirem de escuridão, e todos os elementos se unirem para obstruir o caminho; e acima de tudo, se as próprias mandíbulas do inferno escancararem a boca para tragar-te, sabe, meu filho, que todas essas coisas te servirão de experiência, e serão para o teu bem.

O Filho do Homem desceu abaixo de todas elas. És tu maior do que ele?

Portanto, persevera em teu caminho e o sacerdócio permanecerá contigo; pois os limites deles estão determinados e não podem ultrapassá-los. Teus dias são conhecidos e teus anos não serão diminuídos; portanto, não temas o que o homem possa fazer, pois Deus estará contigo para todo o sempre”.

Essa foi a mesma lição que o Senhor deu a Jó, que pagou um preço muito alto para permitir que a Expiação o tornasse mais santo. Sabemos que Jó era santo pela apresentação que temos dele: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era esse homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal”.

Então Jó perdeu a riqueza, a família e até mesmo a saúde. Vocês devem se lembrar que Jó duvidou que sua maior santidade, obtida por meio da grande adversidade, o havia qualificado para uma felicidade maior. Jó pensava que a santidade lhe havia trazido miséria.

Então, o Senhor deu a Jó a mesma lição de correção que tinha dado a Joseph Smith. Ele permitiu a Jó ver sua angustiante situação com olhos espirituais. Ele disse:

“Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me farás saber.

Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens entendimento.

Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? ou quem estendeu sobre ela o cordel?

Sobre o que estão fundadas as suas bases? ou quem assentou a sua pedra de esquina,

Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?”

Então, após Jó se arrepender de ter chamado Deus de injusto, foi-lhe permitido entender seus desafios de modo mais elevado e santo. Ele se arrependeu.

“Então Jó respondeu ao Senhor, e disse:

Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido.

Quem é aquele, dizes tu, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia, coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e eu não as entendia.

Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.

Com o ouvir dos meus ouvidos te ouvi, mas agora te vê o meu olho.

Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.”

Após Jó se arrepender e se tornar mais santo, o Senhor o abençoou com coisas maiores do que as que havia perdido. Mas, talvez, a maior bênção de Jó foi ter crescido em santidade por meio da adversidade e do arrependimento. Ele foi qualificado para ter mais felicidade nos dias que ainda tinha para viver.

A maior santidade não acontece apenas pedindo. Ela acontece ao fazermos o que for necessário para que Deus nos mude.

O presidente Russell M. Nelson deu o que para mim foi o melhor conselho de como seguir adiante no caminho do convênio com maior santidade. Ele indicou o caminho ao ensinar:

“Conheçam o poder fortalecedor do arrependimento diário — o poder de agir melhor e de ser melhor a cada dia.

Quando decidimos nos arrepender, decidimos mudar! Permitimos que o Salvador nos transforme em uma versão melhor de nós mesmos. Escolhemos crescer espiritualmente e receber alegria — a alegria da redenção advinda Dele. Quando decidimos nos arrepender, decidimos nos tornar mais como Jesus Cristo!”

O presidente Nelson prosseguiu nos incentivando em nossos esforços para nos tornarmos mais santos: “O Senhor não espera que sejamos perfeitos neste período. (…) Entretanto, ele espera que nos tornemos cada vez mais puros. O arrependimento diário é o caminho para a pureza”.

O presidente Dallin H. Oaks, em um discurso de uma conferência anterior, também me ajudou a ver com mais clareza como aumentamos nossa santidade e como podemos saber se estamos no caminho certo. Ele disse: “Como conseguimos a espiritualidade? Como obtemos aquele grau de santidade que nos faz usufruir a constante companhia do Espírito Santo? Como é que conseguimos ver e avaliar as coisas deste mundo pela perspectiva eterna?”

A resposta do presidente Oaks começa com maior fé em Jesus Cristo como nosso amado Salvador. Isso nos leva a buscar o arrependimento todos os dias e a nos lembrar Dele todos os dias guardando Seus mandamentos. Alcançamos maior fé em Jesus Cristo ao nos banquetearmos diariamente com Suas palavras.

O hino “Mais vontade dá-me” sugere uma maneira de orar por ajuda para nos tornarmos mais santos. O autor sabiamente sugere que a santidade que procuramos é um dom de um Deus amoroso, cedido com o passar do tempo, depois de tudo o que pudermos fazer. Lembrem-se da última estrofe:

“Mais pureza dá-me,

Mais força em Jesus,

Mais autodomínio,

Mais paz nessa cruz;

Mais rica esperança,

Mais obras aqui,

Mais ânsia do céu,

Mais vida em ti”.

Quaisquer que sejam nossas circunstâncias pessoais, onde quer que estejamos no caminho do convênio, que nossas orações por uma maior santidade sejam respondidas. Sei que à medida que nossas súplicas forem respondidas, nossa felicidade aumentará. Pode ser que a resposta venha devagar, mas certamente virá. Recebi essa certeza de um amoroso Pai Celestial e de Seu Amado Filho, Jesus Cristo.

Testifico que Joseph Smith foi um profeta de Deus, que o presidente Russell M. Nelson é nosso profeta vivo hoje. Deus, o Pai, vive e nos ama. Ele quer que voltemos ao lar para Ele com nossa família. Nosso amado Salvador nos convida a segui-Lo em nossa jornada em direção a Ele. Eles prepararam o caminho. No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.