Conferência Geral
O Que É Que o Nosso Salvador Fez Por Nós?
Conferência geral de abril de 2021


12:44

O Que É Que o Nosso Salvador Fez Por Nós?

Jesus Cristo fez tudo o que é essencial para a nossa jornada pela mortalidade rumo ao destino traçado no plano do nosso Pai Celestial.

Numa reunião de sábado à noite, numa conferência de estaca, há muitos anos atrás, conheci uma mulher que disse que os seus amigos lhe tinham pedido que voltasse à igreja depois de muitos anos de inatividade, mas ela não conseguia pensar em nenhuma razão para o fazer. Para a incentivar, eu disse: “Quando considerar todas as coisas que o Salvador fez por si, terá muitas razões para voltar a adorá-Lo e a servi-Lo”. Fiquei surpreendido quando ela respondeu: “O que é que Ele fez por mim?”

A Segunda Vinda

O que é que Jesus Cristo fez por cada um de nós? Ele fez tudo o que é essencial para a nossa jornada pela mortalidade rumo ao destino traçado no plano do nosso Pai Celestial. Vou falar de quatro das principais características deste plano. Em cada uma delas o Seu Filho Unigénito, Jesus Cristo, é a figura central. O que motiva tudo isto é “o amor de Deus, que se derrama no coração dos filhos dos homens; é, portanto, a mais desejável de todas as coisas” (1 Néfi 11:22).

I.

Pouco antes do Domingo de Páscoa, é oportuno falar primeiro sobre a ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição dos mortos é o pilar pessoal tranquilizador da nossa fé. Dá sentido à nossa doutrina, motivação ao nosso comportamento e esperança para o nosso futuro.

Porque acreditamos nas descrições do Livro de Mórmon e da Bíblia sobre a ressurreição literal de Jesus Cristo, também aceitamos os numerosos ensinamentos bíblicos de que uma ressurreição semelhante irá abranger todos os mortais que já viveram sobre esta Terra.1 Tal como Jesus ensinou: “Porque eu vivo, e vós vivereis”. (João 14:19). E o seu apóstolo ensinou que “os mortos ressuscitarão incorruptíveis” e que “este corpo mortal se revestir[á] da imortalidade” (1 Coríntios 15:52, 54).

A Ressurreição

Mas a ressurreição dá-nos mais do que esta garantia de imortalidade. Muda a forma como vemos a vida mortal.

A ressurreição dá-nos a perspetiva e a força para suportar os desafios mortais enfrentados por cada um de nós e por aqueles que amamos. Dá-nos uma nova forma de ver as deficiências físicas, mentais ou emocionais que temos à nascença ou que adquirimos durante a vida mortal. Dá-nos a força para suportar tristezas, fracassos e frustrações. Pelo facto de cada um de nós ter a ressurreição garantida, sabemos que estas deficiências e oposições mortais são apenas temporárias.

De igual forma, a ressurreição dá-nos um poderoso incentivo para guardarmos os mandamentos de Deus no decurso da nossa vida mortal. Quando ressuscitarmos dos mortos e avançarmos para o nosso profetizado Julgamento Final, queremos estar qualificados para receber as preciosas bênçãos prometidas aos seres ressuscitados.2

Podemos viver como famílias para sempre.

Além disso, a promessa de que a ressurreição pode incluir uma oportunidade de estar com os nossos familiares — marido, mulher, filhos, pais, e posteridade — é um poderoso incentivo para cumprir as nossas responsabilidades familiares na mortalidade. Também nos ajuda a viver juntos em amor nesta vida e dá-nos consolo na morte dos nossos entes queridos. Sabemos que estas separações mortais são apenas temporárias, e ansiamos pelas futuras reuniões e associações felizes. A ressurreição dá-nos a esperança e a força para sermos pacientes enquanto esperamos. Também nos prepara com coragem e dignidade para enfrentar a nossa própria morte — mesmo uma morte que possa ser chamada de prematura.

Todos estes efeitos da ressurreição fazem parte da primeira resposta à pergunta: “O que é que Jesus Cristo fez por mim?”

II.

Para a maioria de nós, a oportunidade de sermos perdoados dos nossos pecados é o significado principal da Expiação de Jesus Cristo. Nas reuniões de adoração, cantamos reverentemente:

O seu sangue pelos homens deu;

E assim nos libertou,

Seu sacrifício de amor,

Ao mundo resgatou.3

O nosso Salvador e Redentor suportou um sofrimento incompreensível para se tornar num sacrifício pelos pecados de todos os mortais que se arrependessem. Este sacrifício expiatório ofereceu o bem final, o cordeiro puro e imaculado, para a medida final do mal, os pecados de toda a humanidade. Abriu a porta para que cada um de nós pudesse ser purificado dos seus pecados pessoais e, deste modo, ser readmitido à presença de Deus, o nosso Pai Eterno. Esta porta aberta está à disposição de todos os filhos de Deus. Nas reuniões de adoração, cantamos:

Surpreso estou que quisesse Jesus baixar

Do trono divino e minha alma resgatar,

Que desse meu Mestre perdão a tal pecador.4

O efeito magnífico e incompreensível da Expiação de Jesus Cristo baseia-se no amor de Deus por cada um de nós. Confirma a Sua declaração de que “o valor das almas” — de cada um de nós — “é grande à vista de Deus”.(Doutrina e Convénios 18:10). Na Bíblia, o nosso Pai do Céu explicou isto em termos de amor: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.(João 3:16). Na revelação moderna, o nosso Redentor Jesus Cristo declarou que Ele “amou o mundo de tal maneira que deu a própria vida para que todos os que cressem pudessem tornar-se os filhos de Deus”.(Doutrina e Convénios 34:3).

Será, então, de admirar que o Livro de Mórmon, “Um Outro Testamento de Jesus Cristo”, conclua com o ensinamento de que para nos tornarmos “perfeitos” e “santificados em Cristo” devemos “amar a Deus com todo o [nosso] poder, mente e força” (Moróni 10:32–33).Moróni 10:32-33. O Seu plano, motivado pelo amor, deve ser recebido com amor.

III

O que mais fez o nosso Salvador Jesus Cristo por nós? Através dos ensinamentos dos Seus profetas e do Seu ministério pessoal, Jesus ensinou-nos o plano de salvação. Este plano inclui a criação, o propósito da vida, a necessidade de oposição, e o dom do arbítrio. Também nos ensinou os mandamentos e os convénios que devemos obedecer e as ordenanças que devemos receber para nos levar de volta aos nossos pais celestiais.

O Sermão da Montanha

Na Bíblia lemos o Seu ensinamento: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12). E na revelação moderna lemos: “Eis que eu sou Jesus Cristo, (…) uma luz que não pode ser escondida nas trevas” (Doutrina e Convénios 14:9). Se seguirmos os Seus ensinamentos, Ele ilumina o nosso caminho nesta vida e assegura o nosso destino na próxima.

Porque Ele nos ama, desafia-nos a concentrarmo-nos Nele, em vez de nos concentramos nas coisas deste mundo mortal. No Seu grande sermão sobre o pão da vida, Jesus ensinou que não devemos estar entre aqueles que são mais atraídos pelas coisas do mundo — as coisas que sustentam a vida na Terra mas não nos nutrem para a vida eterna.5 Tal como Jesus nos convidou vezes sem conta: “Segue-me”.6

IV.

Por último, o Livro de Mórmon ensina que, como parte da Sua Expiação, Jesus Cristo “sofre[u] dores e aflições e tentações de toda espécie; e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e as enfermidades [do] seu povo” (Alma 7:11).

Por que é que o nosso Salvador sofreu estes desafios mortais “de toda a espécie?” Alma explicou: “E tomará sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, segundo a carne, para que saiba, segundo a carne, como socorrer [o] seu povo, de acordo com [as] suas enfermidades” (Alma 7:12).

Cristo no Getsémani

O nosso Salvador sente e conhece as nossas tentações, as nossas lutas, as nossas mágoas, e o nosso sofrimento, pois Ele passou por todas de boa vontade, como parte da Sua Expiação. Outras escrituras afirmam isto. O Novo Testamento declara: “Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer os que são tentados”.(Hebreus 2:18). Isaías ensinou: “Não temas, porque eu estou contigo; (…) eu te fortaleço, e te ajudo” (Isaías 41:10). Todos aqueles que sofrem de algum tipo de enfermidades mortais devem lembrar-se que o nosso Salvador também passou por este tipo de dores, e que através da Sua Expiação Ele oferece a cada um de nós a força para as suportarmos.

O Profeta Joseph Smith resumiu tudo isto na nossa terceira Regra de Fé: “Cremos que através da Expiação de Cristo, toda a humanidade pode ser salva, pela obediência às leis e ordenanças do Evangelho”.

“O que é que Jesus Cristo fez mim?”, perguntou aquela irmã. Sob o plano do nosso Pai Celestial, Ele “criou os céus e a terra” (Doutrina e Convénios 14:9) para que cada um de nós pudesse ter a experiência mortal necessária para procurar o nosso destino divino. Como parte do plano do Pai, a ressurreição de Jesus Cristo venceu a morte para assegurar a cada um de nós a imortalidade. O sacrifício expiatório de Jesus Cristo dá a cada um de nós a oportunidade de nos arrependermos dos nossos pecados e regressarmos limpos ao nosso lar celestial. Os Seus mandamentos e convénios mostram-nos o caminho, e o Seu sacerdócio dá-nos autoridade para executar as ordenanças que são essenciais para alcançar esse mesmo destino. E o nosso Salvador sofreu de bom grado todas as dores e enfermidades mortais para que soubesse como nos fortalecer nas nossas aflições.

Jesus Cristo

Jesus Cristo fez tudo isto porque ama todos os filhos de Deus. O amor é a motivação para tudo isto, e tem-no sido desde o início. Deus disse-nos na revelação moderna que “criou (…) homem e mulher, à sua própria imagem (…) e deu-lhes mandamentos de que deveriam amá-lo e servi-lo” (Doutrina e Convénios 20:18–19).

Testifico de tudo isto e oro para que todos nos lembremos do que o nosso Salvador fez por cada um de nós e que todos O amemos e sirvamos, em nome de Jesus Cristo. Amém.