Conferência Geral
Frutos que permanecem
Conferência Geral de Abril de 2024


11:39

Frutos que permanecem

É essencial que o Espírito Santo sele nossas ordenanças se quisermos receber as bênçãos prometidas para a eternidade.

Quando eu era pequeno, adorava pêssegos maduros. Até hoje, a ideia de morder um pêssego suculento e maduro com aquele sabor ácido me dá água na boca. Pêssegos maduros, depois de colhidos, duram de dois a quatro dias antes de apodrecer. Tenho ternas lembranças de minha mãe, meus irmãos e eu trabalhando em nossa cozinha para preparar as conservas de pêssegos para o inverno, selando-os em potes. Se fizéssemos as conservas corretamente, aqueles frutos deliciosos durariam vários anos, não apenas de dois a quatro dias. Se forem preparados e aquecidos, seus frutos ficam preservados até o lacre ou selo ser quebrado.

Cristo nos orientou a ir e dar fruto, para que o nosso fruto permaneça. Porém, Ele não estava falando de pêssegos. Ele estava falando das bênçãos de Deus para Seus filhos. Se fizermos e guardarmos convênios com Deus, as bênçãos associadas a nossos convênios podem se estender para além desta vida e ser seladas sobre nós, ou seja, ser preservadas para sempre, nos tornando frutos que permanecem para a eternidade.

O Espírito Santo, em Seu papel de Santo Espírito da promessa, selará cada ordenança sobre os que forem fiéis aos convênios, de maneira que ela seja válida além da vida mortal. É essencial que o Espírito Santo sele nossas ordenanças se quisermos receber as bênçãos prometidas para a eternidade e ser os frutos que permanecem.

Isso é de particular importância se quisermos ser exaltados. Como ensinou o presidente Russell M. Nelson: “Devemos começar tendo o fim em vista (…). Sem dúvida, para cada um de nós, o ‘fim’ que mais gostaríamos de alcançar é o de viver com nossa família para sempre em um estado exaltado em que desfrutaremos da presença de Deus, nosso Pai Celestial, e de Seu Filho Jesus Cristo”. O presidente Nelson disse também: “O casamento celestial é uma parte essencial da preparação para a vida eterna. Ele exige que nos casemos com a pessoa certa, no lugar certo, pela devida autoridade, e obedeçamos fielmente a esse sagrado convênio. Assim, poderemos ter a certeza da exaltação no reino celestial de Deus”.

Quais são as bênçãos da exaltação? Elas incluem viver na presença de Deus pela eternidade juntos como marido e mulher, para herdar “tronos, reinos, principados e poderes, (…) e uma continuação das sementes para todo o sempre”, e receber tudo o que Deus, o Pai, possui.

Por meio de Joseph Smith, o Senhor revelou:

“Na glória celestial há três céus ou graus;

E para obter o mais elevado, um homem precisa entrar nesta ordem do sacerdócio [que significa o novo e eterno convênio do casamento];

E se não o fizer, não poderá obtê-lo.

Poderá entrar em outro, mas esse será o fim de seu reino; ele não poderá ter descendência”.

Aprendemos aqui que uma pessoa pode estar no reino celestial, ou seja, habitar na presença de Deus, e ser solteira. Mas, para obter a exaltação no mais alto grau do reino celestial, precisamos ingressar no casamento realizado pela autoridade adequada e ser fiéis aos convênios feitos nesse casamento. Ao sermos fiéis a esses convênios, o Santo Espírito da promessa pode selar nosso convênio de casamento. Tais bênçãos assim seladas se tornam os “frutos que permanecem”.

Quais são os requisitos para guardar fielmente o novo e eterno convênio do casamento?

O presidente Russell M. Nelson ensinou que há dois tipos de vínculos quando entramos nesse convênio do casamento eterno: um vínculo lateral entre marido e mulher, e um vínculo vertical com Deus. Para termos seladas sobre nós as bênçãos da exaltação e as mantermos depois da vida mortal, devemos ser fiéis tanto ao vínculo lateral quanto ao vínculo vertical do convênio.

Para manter o vínculo lateral com nosso cônjuge, Deus nos aconselhou a “[amar nossa] esposa [ou marido] de todo o [nosso] coração e a ela [ou ele] [nos apegar] e a nenhuma outra [ou nenhum outro]”. Para quem é casado, apegar-se a ela ou ele e a ninguém mais significa que vocês devem se aconselhar mutuamente em amor, amar e cuidar um do outro, priorizar o tempo com seu cônjuge acima de outros interesses e rogar a Deus que os ajude a vencer suas fraquezas. Significa também que não pode haver nenhum relacionamento emocional ou sexual de qualquer natureza fora do casamento, inclusive flertes ou namoros, e que não pode haver pornografia, que incita a luxúria.

Para manter o vínculo lateral do convênio, cada parceiro deve desejar estar nesse casamento. O presidente Dallin H. Oaks ensinou recentemente: “Também sabemos que Ele [Deus] não nos forçará a um relacionamento de selamento contra nossa vontade. As bênçãos de um relacionamento de selamento são asseguradas a todos que cumprem seus convênios, mas nunca pela imposição de um selamento com uma pessoa que esteja indigna ou que não esteja disposta a ser selada”.

O que é o vínculo vertical mencionado pelo presidente Nelson? O vínculo vertical é aquele que celebramos com Deus.

Para manter o vínculo vertical com Deus, devemos ser fiéis aos convênios do templo que fizemos em relação às leis de obediência, sacrifício, evangelho, castidade e consagração. Também fazemos convênio com Deus de receber nosso companheiro ou companheira eterna e sermos cônjuges e pais justos. Ao mantermos o vínculo vertical, qualificamo-nos para as bênçãos de fazer parte da família de Deus por meio do convênio abraâmico, incluindo as bênçãos de posteridade, do evangelho e do sacerdócio. Essas bênçãos também são os frutos que permanecem.

Embora desejemos que todos que entram no novo e eterno convênio permaneçam fiéis e desfrutem das bênçãos seladas sobre eles por toda a eternidade, às vezes esse ideal parece ser inatingível. Em meu ministério, já encontrei membros que fazem e guardam os convênios, mas cujo cônjuge não o faz. Há também os solteiros que não têm a oportunidade de se casar nesta vida. E há os que não são fiéis aos seus convênios de casamento. O que acontece com as pessoas em cada uma dessas circunstâncias?

  1. Se você permanecer fiel aos convênios que fez ao receber a investidura, você receberá as bênçãos pessoais prometidas na investidura mesmo que seu cônjuge tenha quebrado seus convênios ou abandonado o casamento. Se houver um divórcio posterior ao selamento e se o selamento não for cancelado, as bênçãos pessoais desse selamento continuam válidas para você se você se mantiver fiel.

    Às vezes, devido aos sentimentos de traição e mágoas muito reais, o cônjuge fiel pode desejar cancelar o selamento para se afastar do outro o máximo possível tanto nesta Terra quanto na eternidade. Se você se preocupa com a possibilidade de, de alguma forma, permanecer num selamento com um ex-cônjuge impenitente, lembre-se: isso não acontecerá! Deus não exigirá que alguém permaneça em um relacionamento de selamento pela eternidade contra a vontade dessa pessoa. O Pai Celestial Se assegurará de que você receba cada bênção que seus desejos e suas escolhas permitirem.

    No entanto, se o cancelamento de um selamento for desejado, seu arbítrio será respeitado. Alguns procedimentos podem ser seguidos. Porém, isso não deve ser feito levianamente! A Primeira Presidência tem as chaves de ligar na Terra e no céu. Quando um cancelamento de selamento é aprovado pela Primeira Presidência, as bênçãos relativas àquele selamento não são mais válidas; são canceladas tanto lateral quanto verticalmente. É importante compreender que, para receber as bênçãos da exaltação, devemos demonstrar que estamos dispostos a entrar nesse novo e eterno convênio e guardá-lo fielmente tanto nesta vida quanto na próxima.

  2. Para os membros da Igreja que são solteiros, lembrem-se de que, “no devido tempo e à maneira do Senhor, nenhuma bênção será negada a Seus santos fiéis. O Senhor julgará e recompensará cada pessoa de acordo com seu sincero [desejo], bem como suas ações”.

  3. Se você não tiver permanecido fiel aos convênios do templo, há esperança? Sim! O evangelho de Jesus Cristo é um evangelho de esperança. A esperança vem por meio de Jesus Cristo com arrependimento sincero e obediência em seguir os ensinamentos de Cristo. Já vi pessoas que cometeram graves erros e quebraram convênios sagrados. Periodicamente vejo outras que sinceramente se arrependem, são perdoadas e retornam ao caminho do convênio. Se você quebrou seus convênios do templo, incentivo-o a se voltar para Jesus Cristo, aconselhar-se com seu bispo, arrepender-se e abrir sua alma para o poderoso poder de cura disponível por causa da Expiação de Jesus Cristo.

Irmãos e irmãs, nosso amoroso Pai Celestial nos deu convênios para podermos ter acesso a tudo que Ele reservou para nós. Essas bênçãos sagradas de Deus são mais deliciosas do que qualquer fruto terreno. Esses frutos podem ser preservados para sempre, tornando-se frutos que permanecem, à medida que somos fiéis a nossos convênios.

Testifico que Deus restaurou a autoridade para ligar na Terra e nos céus. Essa autoridade se encontra em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos a possuem e ela é exercida sob a direção do presidente Russell M. Nelson. Aqueles que entram no novo e eterno convênio do casamento podem ser aperfeiçoados e, por fim, receber a plenitude da glória do Pai sejam quais forem as circunstâncias que não puderem controlar.

Essas bênçãos prometidas, pertinentes a nossos convênios, podem ser seladas sobre nós pelo Santo Espírito da promessa e se tornar os frutos que permanecem para todo o sempre. Disso testifico em nome de Jesus Cristo, amém.

Notas

  1. Ver João 15:16.

  2. Ver Dale G. Renlund, “Acessar o poder de Deus por meio dos convênios”, Liahona, maio de 2023, p. 35; Doutrina e Convênios 132:7.

  3. Uma ordenança é selada quando se torna válida tanto nos céus quanto na Terra ao ser realizada por alguém que possui autoridade e ao ser ratificada pelo Espírito Santo.

    “Temos a tendência de pensar que a autoridade seladora se aplica apenas a certas ordenanças do templo, mas essa autoridade é necessária para tornar qualquer ordenança válida e indissolúvel após a morte. O poder selador confere um selo de legitimidade sobre seu batismo, por exemplo, para que ele seja reconhecido aqui e no céu. Por fim, todas as ordenanças do sacerdócio são realizadas sob as chaves do presidente da Igreja, e conforme explicou o presidente Joseph Fielding Smith: ‘Ele [o presidente da Igreja] deu-nos autoridade, ele colocou o poder selador em nosso sacerdócio porque ele porta essas chaves’ [citado pelo élder Harold B. Lee, Conference Report, outubro de 1944, p. 75]” (D. Todd Christofferson, “O poder selador”, Liahona, novembro de 2023, p. 20).

    “Um ato que é selado pelo Santo Espírito da promessa é ratificado pelo Espírito Santo; é aprovado pelo Senhor. (…) Ninguém pode mentir para o Espírito Santo e se safar sem ser descoberto; esses princípios também se aplicam a toda e qualquer ordenança e função na Igreja. Assim, se ambas as partes [em um casamento] são justas e verdadeiras [Doutrina e Convênios 76:53], se são dignas, um selo de ratificação é colocado sobre seu casamento no templo; se forem indignos, não são justificados pelo Espírito e a ratificação do Espírito Santo é retida. A dignidade subsequente validará o selo, e a iniquidade romperá qualquer selo” (Bruce R. McConkie, “O Santo Espírito da Promessa”, Manual do aluno do curso de Casamento Eterno, 2004, p. 136).

    O Santo Espírito da promessa é o Espírito Santo, o qual põe o selo de aprovação a toda ordenança: batismo, confirmação, ordenação, casamento. A promessa é que as bênçãos serão recebidas por meio da fidelidade. Se a pessoa viola um convênio, seja o do batismo, ordenação, casamento ou outro qualquer, o Espírito retira o selo da aprovação, e as bênçãos deixam de ser recebidas. Toda ordenança é selada com uma promessa de recompensa, baseada na fidelidade. O Espírito Santo retira o selo de aprovação quando os convênios são quebrados” (Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie,1954, vol. 1, p. 45).

  4. Russell M. Nelson, Heart of the Matter: What 100 Years of Living Have Taught Me, 2023, pp. 15. Todos os convênios devem ser selados pelo Santo Espírito da promessa para que tenham vigor após a ressurreição dos mortos (ver Doutrina e Convênios 132:7).

  5. Russell M. Nelson, “Casamento celestial”, A Liahona, novembro de 2008, p. 94.

  6. Doutrina e Convênios 132:19.

  7. Ver Doutrina e Convênios 84:38.

  8. Doutrina e Convênios 131:1–4.

  9. Ver Doutrina e Convênios 132:19–20. “Esse destino supremo — a exaltação no reino celestial — é o foco de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” (Dallin H. Oaks, “Reinos de glória”, Liahona, novembro de 2023, p. 26).

  10. “Assim como os casamentos e as famílias compartilham um vínculo lateral [que] cria um amor especial, também um novo relacionamento é formado quando nos unimos por convênio verticalmente a (…) Deus” quando entramos no novo e eterno convênio do casamento (Russell M. Nelson, Heart of the Matter, pp. 41–42).

  11. Doutrina e Convênios 42:22; ver também Manual Geral: Servir em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, item 38.6.16. Ao abordar o casamento aqui, refiro-me ao casamento celebrado de acordo com a lei de Deus, que define o casamento como uma união legal e legítima entre um homem e uma mulher (ver “A Família: Proclamação ao Mundo”, Biblioteca do Evangelho).

  12. Ver “A Família: Proclamação ao Mundo”, Biblioteca do Evangelho.

  13. Ver Doutrina e Convênios 42:22–24.

  14. Dallin H. Oaks, “Reinos de glória”, p. 29; grifo do autor.

  15. Ver Doutrina e Convênios 86:8–11; 113:8; Abraão 2:9–11.

  16. Ver Manual Geral, item 38.4.1.

    Enquanto eu servia missão de tempo integral na Suíça, meu companheiro e eu compartilhamos o evangelho com um maravilhoso casal suíço de 60 anos de idade. Ao ensinarmos o casal sobre a Igreja de Jesus Cristo restaurada, a esposa mostrou grande interesse no que falávamos. Nas semanas seguintes, ela obteve um testemunho da realidade de que a Igreja de Jesus Cristo fora restaurada com a autoridade correta de Deus e de que Jesus Cristo dirige Sua Igreja por meio de profetas e apóstolos vivos. Estávamos ansiosos para ensinar ao casal uma das mais sublimes doutrinas da Restauração, a oportunidade do casamento eterno. Surpreendentemente, no entanto, quando ensinamos a eles a doutrina do casamento eterno, a senhora suíça observou que não tinha nenhum interesse em estar com seu marido por toda a eternidade. Para ela, o céu não incluía viver com seu marido, com quem estava casada por 36 anos. Ela foi batizada, mas seu marido não. Eles nunca foram selados no templo.

    Para muitos, entretanto, o céu não seria o céu sem estar com a pessoa com quem se casaram. Estar junto do cônjuge que você ama para sempre sem dúvida é celestial. Conforme compartilhou o élder Jeffrey R. Holland a respeito de sua amada esposa Pat: “O céu não seria o céu sem ela” (ver “Scott Taylor: For Elder Holland, Heaven without His Wife and Children ‘Wouldn’t Be Heaven for Me,’” Church News, 22 de julho de 2023, thechurchnews.com).

  17. Ver Dallin H. Oaks, “Reinos de glória”, p. 26.

  18. Russell M. Nelson, “Casamento celestial”, p. 94.

  19. Ver João 15:16.