História da Igreja
Capítulo 4: Muitas coisas boas


“Muitas coisas boas”, capítulo 4 de Santos: A História da Igreja de Jesus Cristo nos Últimos Dias, Volume 3, Com Coragem, Nobreza e Independência, 1893–1955, 2021

Capítulo 4: “Muitas coisas boas”

Capítulo 4

Muitas coisas boas

mulher falando para um pequeno grupo

Em 31 de maio de 1896, Susa Gates discursou em Salt Lake City, na primeira conferência conjunta das Associações de Melhoramento Mútuo das Jovens Damas e dos Rapazes. As duas organizações há muito realizavam conferências anuais e trimestrais separadamente. Mas, nos últimos anos, muitos rapazes haviam parado de frequentar regularmente suas reuniões, levando alguns líderes da AMMR a propor um reavivamento da organização por meio da fusão com a AMMJD.1

A presidente geral da AMMJD, Elmina Taylor, e suas líderes não gostaram da ideia. Embora algumas Associações de Melhoramento Mútuo já tivessem se combinado com sucesso em nível da ala, a AMMJD geral estava prosperando, e suas líderes se perguntavam se a combinação era do melhor interesse das moças. Por fim, decidiram contra a fusão, mas concordaram que mais atividades conjuntas com a AMMR, incluindo aquela nova conferência anual, poderiam ser benéficas.2

Na primeira conferência, os líderes das AMM dividiram o programa igualmente entre os palestrantes de suas organizações. Susa, a penúltima oradora do programa, incentivou seus ouvintes a ter um bom caráter e a viver em retidão. A experiência foi um tanto nova para Susa, visto que naquela época as mulheres da Igreja não costumavam falar para públicos mistos, exceto para prestar testemunho. Agora, ela e outras líderes tiveram a oportunidade de pregar ao mesmo tempo para homens e mulheres.3

Após a conferência, Susa conversou com seu amigo e ex-colega Joseph Tanner, que era o presidente do Colégio Agrícola de Logan. Enquanto conversavam, Joseph perguntou se Leah, que acabara de se formar na Universidade de Utah, ainda amava John Widtsoe. John havia terminado recentemente sua graduação em química em Harvard e agora era membro do corpo docente da faculdade de Joseph.

Susa não sabia como responder à pergunta de Joseph. John estava evitando a filha dela desde que voltou para casa. Quando Leah lhe escrevera recentemente para pedir seu conselho sobre se deveria voltar para o Leste a fim de estudar economia doméstica no Instituto Pratt, uma conceituada faculdade da cidade de Nova York, John respondera com uma carta curta e indiferente.4

“Faça o que for para seu próprio bem a longo prazo”, disse-lhe ele e em seguida lamentou que eles tivessem se apaixonado tão jovens. Por mais que ele quisesse se casar com Leah, não queria que ela fosse a esposa de um homem pobre. Sua educação o deixara com cerca de US$ 2 mil em dívidas, e a maior parte de seu pequeno salário de professor era utilizado no sustento de sua mãe e seu irmão mais novo.5

Leah escreveu de volta imediatamente. “Não podemos viver sem dinheiro, eu sei, mas, por favor, não deixe isso influenciar seu amor”, respondeu ela. “Se amo você, então amo você, quer tenha milhares, quer esteja devendo milhares.”6

John não mudou de ideia, e Leah partiu para o Instituto Pratt em setembro de 1896. Ela viajou com sua amiga Donnette Smith, que estava estudando no Pratt para se tornar professora de jardim de infância. Antes de as moças partirem, o pai de Donnette, o presidente Joseph F. Smith, abençoou Leah para que mantivesse sua fé diante da tentação, prometendo que seu testemunho se tornaria mais forte do que nunca.7

Na cidade de Nova York, Leah e Donnette tiveram experiências pessoais que a geração de suas mães dificilmente teria imaginado. As mulheres santos dos últimos dias daquela geração mais velha, tal como outras mulheres americanas da época, geralmente haviam cursado apenas o Ensino Fundamental. Algumas foram para o Leste a fim de estudar medicina e obstetrícia, mas a maioria se casou jovem, teve filhos e ajudou a estabelecer lares e negócios familiares em seus povoados. Muitas nunca haviam viajado para fora do território de Utah.8

Leah e Donnette, por outro lado, eram jovens solteiras que moravam em uma grande pensão em uma cidade movimentada, a mais de 3 mil quilômetros de casa. Nos dias de semana, elas assistiam a aulas no Instituto Pratt e se sociabilizavam com pessoas de diferentes origens e credos. E, aos domingos, iam à igreja em um pequeno ramo de cerca de uma dúzia de santos.9

Leah e Donnette resolveram viver fielmente sua religião. Oravam juntas no domingo e liam o Livro de Mórmon todas as noites antes de dormir. “Meu testemunho da veracidade de nosso evangelho fica mais forte a cada dia”, escreveu Leah à mãe. “Posso ver a força da bênção do irmão Smith.”10

Ao contrário do que acontecia em casa, elas também tinham a oportunidade de falar sobre sua fé com pessoas que sabiam bem pouco sobre os santos dos últimos dias. Fizeram amizade com duas estudantes de arte, Cora Stebbins e Catherine Couch, que mostraram algum interesse pela Igreja. Um dia, Leah e Donnette tiveram a oportunidade de conversar com elas sobre o templo e o Livro de Mórmon. Leah explicou como Joseph Smith tinha encontrado e traduzido as placas de ouro. Também falou sobre as testemunhas do Livro de Mórmon, a revelação contínua e a organização da Igreja.

“Nunca vi moças tão interessadas em toda a minha vida”, escreveu Leah mais tarde para sua mãe. “Elas ficaram sentadas aqui por duas horas inteiras antes de percebermos quanto tempo havia passado.”11


Em 13 de outubro de 1896, Mere Whaanga, uma maori membro da Igreja, foi ao Templo de Salt Lake para realizar batismos por dez amigos falecidos da Nova Zelândia, sua terra natal. Desde que se mudara para Salt Lake City no início daquele ano, ela e o marido, Hirini, tornaram-se conhecidos por sua diligente frequência ao templo. Como muitos santos de fora dos Estados Unidos, a família Whaanga imigrou para Utah a fim de ficar mais perto do templo e de suas ordenanças. E, por serem os únicos maoris com investidura, eles serviam como um elo entre seu povo e a casa do Senhor.12

Havia apenas quatro templos no mundo, por isso os santos que moravam fora dos Estados Unidos enviavam os nomes de entes queridos falecidos a parentes que moravam em Utah para realizar o trabalho do templo por eles. Quando Mere e Hirini foram batizados em 1884, porém, eles não tinham parentes em Utah. Logo sentiram um desejo profundo e forte de vir a Sião e frequentar o templo.13

Desde o início, seus filhos e netos se opuseram ao plano de mudança. Utah ficava a 11 mil quilômetros de Nuhaka, seu vilarejo na costa leste da Ilha Norte da Nova Zelândia. Hirini tinha responsabilidades importantes como presidente de ramo e líder da tribo Ngāti Kahungunu dos maoris. E Mere era a única filha viva de seus pais. No entanto, o anseio do casal Whaanga por Sião ficava mais forte a cada dia.14

Nas décadas anteriores, os santos das ilhas do Pacífico não foram fortemente incentivados a migrar para Sião. E, quando Mere e Hirini estavam pensando em mudar, os líderes da Igreja já haviam começado a desencorajar todos os santos de fora dos Estados Unidos de se reunirem em Utah, onde os empregos estavam escassos e os imigrantes podiam ficar desiludidos. A Primeira Presidência concedeu permissão para a vinda de um pequeno número de maoris depois que o presidente da missão da Nova Zelândia garantiu que eram industriosos e capazes.15

Mere e Hirini foram para Utah em julho de 1894, com alguns parentes. Estabeleceram-se em Kanab, uma cidade remota no sul de Utah, para onde o jovem sobrinho de Hirini, Pirika Whaanga, havia se mudado alguns anos após o batismo de Hirini e Mere. A família esperava se adaptar bem ao clima quente do sul de Utah, mas, quando Mere viu a paisagem seca e árida, desabou a chorar. Pouco tempo depois, ela recebeu uma notícia proveniente da Nova Zelândia de que sua mãe havia falecido.16

Com o passar do tempo, a situação da família não melhorou. Um missionário que eles haviam conhecido na Nova Zelândia persuadiu Hirini a investir dinheiro em um empreendimento ruim. Depois de ouvir rumores sobre o esquema, a Primeira Presidência enviou William Paxman, um ex-presidente de missão na Nova Zelândia, para ajudar Mere e Hirini a se mudarem para uma área onde seus vizinhos não tirariam proveito deles.17

O casal Whaanga agora estava instalado em sua casa, em Salt Lake City. Eles participavam de reuniões da Associação Maori de Sião, uma organização de élderes que haviam retornado da Missão da Nova Zelândia, e se reuniam todas as sextas-feiras à noite com alguns membros do grupo. A Primeira Presidência também os autorizou a realizar as ordenanças do templo pelos parentes falecidos de todos os santos maoris na Nova Zelândia.18

Embora fosse analfabeta quando veio para Utah, Mere aprendeu sozinha a ler e escrever para que pudesse estudar as escrituras e escrever cartas para sua família. Hirini também escrevia cartas encorajadoras para os parentes e amigos, fazendo o que podia para fortalecer os santos em casa. Na Nova Zelândia, a Igreja estava crescendo entre os habitantes europeus e também entre os maoris. Dezenas de ramos se espalharam por todo o país, com quóruns do sacerdócio, Sociedades de Socorro, Escolas Dominicais e Associações de Melhoramento Mútuo.19

Mesmo assim, muitos neozelandeses ainda eram novos na fé. Alguns missionários, depois de ouvir os rumores sobre os maus-tratos sofridos pela família Whaanga em Kanab, temeram que a notícia pudesse abalar a fé dos santos maoris na Igreja. Já havia relatos exagerados do que acontecera sendo espalhados pela Nova Zelândia. Se esses rumores não fossem combatidos, a missão poderia enfrentar uma crise.20


No ano seguinte, Elizabeth McCune, que era membro da Igreja em Salt Lake City e bem-afortunada, fez uma viagem à Europa com sua família. Enquanto visitavam o Reino Unido, onde seu filho Raymond estava servindo missão, ela e sua filha Fay ajudavam frequentemente os élderes a compartilhar o evangelho restaurado.

Um dia, no final de junho de 1897, ela e Fay foram ao Hyde Park de Londres para cantar com um coro de missionários. A rainha Vitória estava comemorando 60 anos no trono, e pregadores de toda a Grã-Bretanha tinham ido ao parque para realizar reuniões ao ar livre e competir pelas almas dos que participavam das comemorações na cidade.

Elizabeth e Fay tomaram seus lugares entre os missionários, e Elizabeth parabenizou silenciosamente a si mesma e ao coro à medida que mais e mais pessoas se reuniam ao redor deles. Então, um homem bem vestido e de óculos se aproximou e olhou para eles.

“Oh céus! Oh céus!”, ele exclamou. “Que barulho horrível eles fazem em nosso parque!”21

Suas palavras fizeram com que Elizabeth refreasse seu orgulho pela apresentação do coro. Mesmo assim, isso não suprimiu seu desejo de compartilhar o evangelho. Antes de deixar Utah, Elizabeth recebera uma bênção de Lorenzo Snow, prometendo-lhe que ela seria um instrumento do Senhor durante suas viagens.

Ele a abençoara, dizendo: “Tua mente será tão clara como a de um anjo quando explicares os princípios do evangelho”.22

Elizabeth queria fazer tudo o que pudesse para ajudar no trabalho missionário. Seu filho havia começado sua missão realizando reuniões em parques e ruas do centro da Inglaterra. Nessa época, William Jarman havia retomado as palestras contra os santos. Embora não dissesse mais às multidões que seu filho Albert havia sido assassinado, ele continuava a provocar ataques aos missionários, forçando os élderes a recorrer à polícia em busca de proteção. Alguns dos missionários que trabalhavam na área de Raymond foram feridos por turbas enfurecidas.23

Elizabeth frequentemente acompanhava os missionários em Londres, segurando seus chapéus e livros durante as reuniões. Também sentia um desejo ardente de pregar. Embora não pudesse ser chamada para uma missão, ela podia se imaginar sendo comissionada por Deus e tendo serenas conversas sobre religião com as pessoas na casa delas. Na verdade, ela achava que as missionárias poderiam atrair mais atenção do que os jovens élderes e, portanto, ajudar a obra a progredir.24

Poucos meses depois de cantar no Hyde Park, Elizabeth compareceu à conferência semestral da Igreja em Londres. Durante a sessão da manhã, Joseph McMurrin, conselheiro na presidência da missão, denunciou as críticas que William Jarman fazia contra os santos. Ele questionou especialmente o hábito de William de fazer declarações desagradáveis sobre as mulheres santos dos últimos dias.

“Acabamos de trazer conosco uma senhora de Utah”, anunciou ele. “Vamos pedir à irmã McCune que fale esta noite e conte a vocês sua experiência em Utah.” Ele então incentivou a todos os que estavam na conferência a trazer seus amigos para ouvi-la falar.25

O anúncio assustou Elizabeth. Por mais que desejasse pregar, ela se preocupava com sua inexperiência. “Se ao menos tivéssemos aqui uma de nossas boas oradoras de Utah”, pensou, “que bem ela poderia fazer!” Os missionários prometeram orar por ela, e ela resolveu pedir ajuda ao Pai Celestial também.26

A notícia de que Elizabeth falaria naquela noite se espalhou rapidamente. Antecipando uma grande multidão, os élderes colocaram assentos extras no corredor e abriram a galeria. À medida que a hora da reunião se aproximava, as pessoas encheram a sala até sua capacidade máxima.27

Elizabeth fez uma oração silenciosa e subiu ao púlpito. Falou para a multidão sobre sua família. Ela tinha nascido na Inglaterra em 1852 e emigrara para Utah depois que seus pais se filiaram à Igreja. Tinha viajado pelos Estados Unidos e pela Europa. “Em nenhum lugar”, testificou ela, “encontrei mulheres tão estimadas como entre os mórmons de Utah”.

“Nossos maridos têm orgulho de suas esposas e filhas”, continuou ela. “Eles dão a elas todas as oportunidades de assistir a reuniões e palestras, e de tirar proveito de tudo o que as possa instruir e desenvolver. Nossa religião nos ensina que a esposa caminha lado a lado com o marido.”28

Quando a reunião terminou, pessoas desconhecidas vieram apertar a mão de Elizabeth. Alguém disse: “Se mais de suas mulheres viessem aqui, muitas coisas boas seriam feitas”.

“Senhora”, disse outro homem, “você carrega a verdade em sua voz e em suas palavras”.29


Em 7 de setembro de 1897, John Widtsoe esperava do lado de fora da sala onde ocorria uma reunião do corpo docente da Academia Brigham Young, em Provo. Mais cedo naquele dia, Leah Dunford concordara relutantemente em vê-lo após a reunião. Ela agora era uma instrutora de ciências domésticas na academia, ensinando o que aprendera no ano que passara no Instituto Pratt. John estava voltando para casa depois de uma viagem de trabalho pelos desertos do sul de Utah e havia parado em Provo para reatar seu relacionamento com Leah.30

John ainda estava preocupado com suas dívidas, mas ele amava Leah e queria se casar com ela. Eles tinham, porém, praticamente deixado de escrever um para o outro. Na verdade, um jovem solteiro presidente de missão que Leah conhecera em Nova York estava prestes a pedir a mão dela em casamento.31

A reunião do corpo docente deveria terminar às 20 horas e 30 minutos daquela noite, mas só terminou uma hora depois. Leah, então, deixou John esperando mais uma hora enquanto ela participava de uma reunião do comitê para um evento estudantil. Quando a reunião finalmente terminou, John acompanhou Leah até a casa dela.

Enquanto caminhavam, ele perguntou se poderia vê-la no dia seguinte. “Isso não será possível”, respondeu Leah. “Estarei ocupada até as 5 horas.”

“Bem”, disse John, “talvez seja melhor eu ir para casa pela manhã”.

“Ora, certamente”, disse Leah.

“Acho que ficarei aqui”, disse John, “se eu puder vê-la à noite”.32

Na noite seguinte, John foi buscar Leah na academia em uma carruagem puxada por cavalos, e eles foram até um local que ficava ao norte da cidade. Ele declarou que estava pronto para um relacionamento sério, mas ela não estava tão pronta quanto ele. Ela disse que ele teria um ano para provar seu amor. Disse também que não estava preocupada como ele faria isso, mas não reataria o relacionamento antes desse prazo.

A noite estava clara e John estacionou a charrete em um local com vista para o vale. Olhando para a lua brilhante, eles falaram francamente sobre as muitas vezes em que se ofenderam nos últimos quatro anos. Procuraram entender por que seu relacionamento tinha dado uma virada tão amarga. Antes que percebessem, não estavam mais olhando para a lua, mas um para o outro.

Por fim, John colocou o braço em volta de Leah e a pediu em casamento. A determinação dela em fazer com que ele provasse seu amor se desfez, e ela prometeu se casar com ele assim que o período escolar terminasse — desde que os pais dela concordassem com a união.33


Como a mãe de Leah estava viajando por Idaho para cuidar de assuntos da AMMJD, John falou com o pai de Leah primeiro. Sendo dentista em Salt Lake City, Alma Dunford a princípio pensou que John tinha ido falar com ele sobre os dentes. Mas, assim que John explicou seu propósito, os olhos de Alma se encheram de lágrimas e ele falou de seu amor e sua admiração por Leah. Deu seu consentimento para o casamento, expressando confiança na decisão de sua filha.34

Leah, entretanto, escreveu para a mãe sobre o noivado e recebeu uma resposta infeliz. “O homem que você escolheu tem muita ambição”, disse Susa a Leah. “Não para fazer o bem e edificar Sião — mas para obter fama, adicionar novos louros à sua própria cabeça e fazer você segui-lo, restringindo sua própria utilidade futura a ele e aos desejos egoístas dele.”35

Inquieto, John também escreveu a Susa. Ela respondeu um mês depois, concedendo seu consentimento ao casamento, mas também repetindo suas críticas à aparente falta de devoção dele à Igreja.36

A carta entristeceu John. Como cientista, ele ansiava por honra e reconhecimento em sua área. E havia dedicado muito de seu tempo e seus talentos para o avanço de sua carreira. No entanto, mesmo enquanto se debatia com sua fé em Harvard, nunca se esquivara de suas responsabilidades na Igreja. Ele sabia que tinha o dever de usar seu conhecimento e sua formação para beneficiar Sião.37

Susa parecia esperar mais dele. A geração de santos dela — e a geração de seus pais — acreditava que a ambição pessoal era incompatível com a edificação do reino. John havia conseguido até então equilibrar sua carreira científica com seu chamado como conselheiro e professor no quórum de élderes. Mas seu serviço dedicado na Igreja não era amplamente conhecido fora de sua congregação local em Logan.38

“Não fui chamado para ser bispo”, admitiu ele a Leah, “ou presidente de estaca, ou qualquer cargo de liderança da estaca, ou presidente dos setenta, ou apóstolo, ou qualquer um dos altos cargos da Igreja que tomam todo o tempo de um homem”.

“Posso dizer honestamente”, declarou ele, “que hoje estou pronto para fazer qualquer coisa que a Igreja me pedir. Mesmo que a obra que me for designada seja sempre muito humilde, eu a farei com alegria”.39

Leah não precisava ser convencida. Tinha sido a oração simples de John, proferida naquele primeiro dia em Harvard, que a fizera se sentir atraída por ele. Mas Susa precisava de mais tempo com John para conhecer seu coração e sua fé.40

Em dezembro daquele ano, a família Gates convidou John para passar o Natal com eles. Durante esse tempo, algo nas palavras e ações cotidianas de John impressionou Susa, lembrando-a por que ela havia feito com que ele e Leah se conhecessem a princípio. “Sempre imaginei que você fosse mesquinho e egoísta”, disse ela a John após a visita, “mas algumas das coisas que você disse enquanto estava conosco dissiparam essa noção”.

Ela não tinha mais medo do casamento. “Sinto em meu espírito o testemunho de que tudo está bem”, escreveu ela.41

  1. “Mutual Improvement”, Salt Lake Herald, 1º de junho de 1896, p. 6; Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association, pp. 132, 221–222; [Thomas Hull], “Should the Mutual Improvement Associations Unite?”, Young Woman’s Journal, agosto de 1896, vol. 7, pp. 503–505; ver também Thomas Hull, Carta para o editor, Contributor, outubro de 1896, vol. 17, p. 741.

  2. [Thomas Hull], “Should the Mutual Improvement Associations Unite?”, Young Woman’s Journal, agosto de 1896, vol. 7, p. 504; Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association, pp. 128, 138–139, 221; Junta Geral das Moças, Atas, 8 de abril de 1896, pp. 68–70. Tópicos: Organizações dos Rapazes; Organizações das Moças.

  3. “Mutual Improvement”, Salt Lake Herald, 1º de junho de 1896, p. 6; “General Conference of the Young Men’s and Young Ladies’ Mutual Improvement Associations”, A. Elmina Shepard Taylor Collection, Biblioteca de História da Igreja; Hartley, My Fellow Servants, pp. 349, 421; Walker, “‘Going to Meeting’ in Salt Lake City’s Thirteenth Ward”, p. 142. Tópico: Reuniões sacramentais.

  4. The Old B. Y. Academy”, Young Woman’s Journal, maio de 1892, vol. 3, p. 337; Widtsoe, In a Sunlit Land, pp. 39, 42, 49, 232; Susa Young Gates para Leah Dunford, 22 de junho de 1896; John A. Widtsoe para Leah Dunford, 14 de fevereiro de 1894; 28 de abril de 1894; Leah Dunford para John A. Widtsoe, 25 de março de 1894; 4 de abril de 1896, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja; Leah Dunford, “A Visit to Pratt Institute”, Young Woman’s Journal, março de 1897, vol. 8, pp. 249–259.

  5. John A. Widtsoe para Leah Dunford, abril de 1896, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  6. Leah Dunford para John A. Widtsoe, 20 de abril de 1896, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  7. Leah Dunford para Susa Young Gates, 22 de junho de 1896; 7 de julho de 1896; 11 de julho de 1896; [21 e 22 de setembro de 1896], Correspondência da família, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja; Annual of the University of Utah, pp. 7, 96; Susa Young Gates para Leah Dunford, 14 de setembro de 1896, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja; Kesler, Reminiscences, pp. 34–36, 161.

  8. Embry, “Women’s Life Cycles”, pp. 396–397, 410; Arrington, “Pioneer Midwives”, pp. 57–61; Mulvay, “Zion’s Schoolmarms”, pp. 67–72; Buchanan, “Education among the Mormons”, pp. 439–440, 445–446. Tópico: Mulheres pioneiras e medicina.

  9. Leah Dunford para Susa Young Gates, [21 e 22 de setembro de 1896], Correspondência da família, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja; Kesler, Reminiscences, p. 36.

  10. Leah Dunford para Susa Young Gates, 18 de outubro de 1896, Correspondência da família, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja.  

  11. “Institute Records of June, 1897”, Pratt Institute Monthly, outubro de 1897, vol. 6, p. 26; Leah Dunford para Susa Young Gates, 25 de outubro de 1896, Correspondência da família, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja; Donnette Smith para Julina Lambson Smith, 18 de outubro de 1896, Correspondência da família, Joseph F. Smith Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  12. Salt Lake Temple, Baptisms for the Dead, 1896–1897, vol. H, pp. 153–154, microfilme 183.417; Endowments for the Dead, 1896–1897, vol. E, pp. 108, 112–113, 116, microfilme 184.088; Sealings of Couples, Deceased, 27 de maio de 1896–24 de março de 1898, vol. C, 80, microfilme 1.239.575, U.S. and Canada Record Collection, Biblioteca de História da Família; Ezra Stevenson, “Zion’s Maori Association”, Deseret Evening News, 8 de abril de 1896, p. 1; 8 de outubro de 1896, p. 2; Newton, Tiki and Temple, p. 84.

  13. Temple List”, disponível em ChurchofJesusChrist.org/temples; George Reynolds para Ezra F. Richards, 27 de fevereiro de 1897, First Presidency Letterpress Copybooks, vol. 31; Whaanga, “From the Diary of Mere Whaanga”, 7 de março de [1902].

  14. Whaanga, “From the Diary of Mere Whaanga”, 8 de fevereiro de 1902 e 7 de março de [1902]; “Hirini Whaanga Is Here”, Salt Lake Tribune, 20 de julho de 1894, p. 8. Tópico: Nova Zelândia.

  15. Douglas, “Latter-day Saints Missions and Missionaries in Polynesia”, pp. 92–94; Primeira Presidência para William T. Stewart, 14 de outubro de 1893, William T. Stewart Papers, Biblioteca de História da Igreja; Primeira Presidência para Anthon H. Lund, 5 de julho de 1894, First Presidency Letterpress Copybooks, vol. 28; William T. Stewart para a Primeira Presidência, 12 de agosto de 1893, First Presidency Mission Administration Correspondence, Biblioteca de História da Igreja; Newton, Tiki and Temple, pp. 78–79. Tópico: Emigração.

  16. “Hirini Whaanga Is Here”, Salt Lake Tribune, 20 de julho de 1894, p. 8; Whaanga, “From the Diary of Mere Whaanga”, 8 de fevereiro de 1902; 30 de abril de 1902; 15 de março de 1903; Newton, Tiki and Temple, p. 81.

  17. Whaanga, “From the Diary of Mere Whaanga”, 15 de março de 1903; George F. Gibbs para William Paxman, 23 de setembro de 1895; George F. Gibbs para James L. Bunting, 11 de outubro de 1895, First Presidency Letterpress Copybooks, vol. 29; Benjamin Goddard para William Paxman, 17 de janeiro de 1895, em Gardner, Diário, 2 de abril de 1895.

  18. “To the Maori Saints”, Deseret Evening News, 20 de fevereiro de 1897, p. 11; “Zion’s Maori Association”, Deseret Evening News, 8 de outubro de 1896, p. 2; Primeira Presidência para William T. Stewart, 14 de outubro de 1893; Primeira Presidência para Ezra F. Richards, 27 de fevereiro de 1897, First Presidency Letterpress Copybooks, vols. 27 e 31.

  19. Whaanga, “From the Diary of Mere Whaanga”, 8 de fevereiro de 1902; “To the Maori Saints”, Deseret Evening News, 20 de fevereiro de 1897, p. 11; Newton, Tiki and Temple, pp. 42–76, 84–86; “The Australasian Mission”, Deseret Evening News, 4 de março de 1896, p. 8; “From Australasia”, Deseret Evening News, 9 de outubro de 1896, p. 8.

  20. Benjamin Goddard para William Paxman, 17 de janeiro de 1895, em Gardner, Diário, 2 de abril de 1895.

  21. Susa Young Gates, “Biographical Sketches”, Young Woman’s Journal, agosto de 1898, vol. 9, pp. 340–341; McBride, “I Could Have Gone into Every House”, site de História da Igreja, history.ChurchofJesusChrist.org.    

  22. Susa Young Gates, “Biographical Sketches”, Young Woman’s Journal, agosto de 1898, vol. 9, pp. 339, 341.

  23. Susa Young Gates, “Biographical Sketches”, Young Woman’s Journal, agosto de 1898, vol. 9, pp. 339–343; “From Various Missionary Fields”, Latter-day Saints’ Millennial Star, 9 de julho de 1896, vol. 58, pp. 441–442; 27 de agosto de 1896, vol. 58, p. 555; Nottingham Conference, Manuscript History and Historical Reports, 25 de agosto de 1896, Biblioteca de História da Igreja.

  24. Susa Young Gates, “Biographical Sketches”, Young Woman’s Journal, agosto de 1898, vol. 9, pp. 340–341.

  25. Susa Young Gates, “Biographical Sketches”, Young Woman’s Journal, agosto de 1898, vol. 9, p. 342; “London Conference”, Latter-day Saints’ Millennial Star, 28 de outubro de 1896, vol. 59, pp. 684–685.

  26. Susa Young Gates, “Biographical Sketches”, Young Woman’s Journal, agosto de 1898, vol. 9, p. 342.

  27. London Conference”, Latter-day Saints’ Millennial Star, 28 de outubro de 1896, vol. 59, p. 684.

  28. Susa Young Gates, “Biographical Sketches”, Young Woman’s Journal, agosto de 1898, vol. 9, p. 342; ver também McBride, “I Could Have Gone into Every House”, site de História da Igreja, history.ChurchofJesusChrist.org.  

  29. Susa Young Gates, “Biographical Sketches”, Young Woman’s Journal, agosto de 1898, vol. 9, p. 343. Tópico: Crescimento da obra missionária.

  30. Leah Dunford para Lillian Hamlin, 25 de setembro de 1897, Correspondência da família, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja; John A. Widtsoe para Leah Dunford, 14 de agosto de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja; Widtsoe, In a Sunlit Land, pp. 49–50, 232.

  31. John A. Widtsoe para Leah Dunford, 4 de outubro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja; Widtsoe, In a Sunlit Land, p. 232; Jacob Gates para Susa Young Gates, 15 de setembro de 1897, Correspondência da família, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja; “Alonzo Pratt Kesler”, Missionary Database, history.ChurchofJesusChrist.org/missionary; ver também Correspondência de Dunford e Widtsoe, 1º de setembro de 1896–25 de julho de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  32. Leah Dunford para Susa Young Gates, 12 de setembro de 1897, Correspondência da família, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja.        

  33. Leah Dunford para Susa Young Gates, 12 de setembro de 1897; Leah Dunford para Lillian Hamlin, 25 de setembro de 1897, Correspondência da família, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja. Tópico: John e Leah Widtsoe.

  34. Presidência da AMMJD para “As irmãs que visitam as estacas”, [agosto] de 1897, Young Woman’s Journal Files, Susa Young Gates Papers, Biblioteca de História da Igreja; Susa Young Gates para Leah Dunford, 16 de setembro de 1897; John A. Widtsoe para Leah Dunford, 13 de setembro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  35. Susa Young Gates para Leah Dunford, 16 de setembro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  36. John A. Widtsoe para Leah Dunford, 14 de novembro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja; Susa Young Gates para John A. Widtsoe, 22 de novembro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja. Tópico: Susa Young Gates.

  37. John A. Widtsoe para Leah Dunford, 18 de outubro de 1897; 14 de novembro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja; Widtsoe, In a Sunlit Land, pp. 37, 51–52.

  38. Woodruff, Diário, 14 de maio de 1843; Pratt, Autobiografia, pp. 86–87; John A. Widtsoe para Leah Dunford, 29 de novembro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  39. John A. Widtsoe para Leah Dunford, 29 de novembro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  40. Leah Dunford para John A. Widtsoe, 7 de novembro de 1897; John A. Widtsoe para Leah Dunford, 29 de novembro de 1897; Susa Young Gates para John A. Widtsoe, 22 de novembro de 1897, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.

  41. Susa Young Gates para John A. Widtsoe, 20 de janeiro de 1898, Widtsoe Family Papers, Biblioteca de História da Igreja.