História da Igreja
23 Tudo o que é necessário


Capítulo 23

Tudo o que é necessário

Jardins do Templo de Laie Havaí com espelhos d’água e palmeiras

Em 6 de fevereiro de 1935, Connie Taylor, de 15 anos, e outros membros do Ramo Cincinnati esperavam em sua capela para receber uma bênção patriarcal de James H. Wallis.

Durante grande parte do século anterior, as bênçãos patriarcais eram concedidas apenas a santos adultos, que geralmente recebiam bênçãos de mais de um patriarca durante a vida. Naquela época, porém, os líderes da Igreja começaram a incentivar adolescentes como Connie a receber sua bênção como uma maneira de fortalecer a fé e receber orientação para a vida. Os líderes da Igreja também esclareceram que os santos deviam receber apenas uma bênção patriarcal.1

O irmão Wallis, um converso da Grã-Bretanha, foi chamado pela Primeira Presidência para dar bênçãos patriarcais aos santos em ramos distantes da Igreja. Ele havia recentemente concluído uma missão de dois anos na Europa, onde deu mais de 1.400 bênçãos, e agora estava cumprindo a designação de abençoar os santos do leste dos Estados Unidos e do Canadá. Visto que o recebimento de uma bênção patriarcal era uma oportunidade rara para alguém que morasse em Cincinnati, ele vinha trabalhando muitas horas para garantir que todos os membros elegíveis do ramo tivessem essa oportunidade.2

Quando chegou a vez de Connie ser abençoada, ela se sentou na sala da Sociedade de Socorro. O irmão Wallis então colocou as mãos sobre a cabeça dela e a chamou pelo nome completo. Ao proferir a bênção, ele garantiu a ela que o Senhor a conhecia e cuidava dela. Prometeu-lhe orientação ao longo da vida se ela buscasse o Senhor em oração, evitasse o mal e obedecesse à Palavra de Sabedoria. Ele a incentivou a ter mais interesse nas atividades da Igreja, usando seus talentos e sua inteligência para se tornar uma trabalhadora voluntária no reino de Deus. Prometeu que um dia ela iria ao templo e seria selada aos pais.

“Não duvide dessa promessa”, disse o patriarca. “No devido tempo do Senhor, Seu Espírito Santo tocará o coração de teu pai e, por meio de sua influência, ele verá a luz da verdade e compartilhará de tuas bênçãos.”3

Por mais reconfortantes que fossem aquelas palavras, elas exigiam grande fé. O pai de Connie, um fabricante de charutos chamado George Taylor, era um homem amoroso e de bom coração, mas a família da qual ele provinha odiava os santos dos últimos dias. Quando a mãe de Connie, Adeline, manifestou interesse pela Igreja pela primeira vez, ele se recusou a deixá-la se filiar.

Mas, um dia, quando Connie tinha cerca de 6 anos, um carro atropelou o pai quando ele estava atravessando a rua. Enquanto ele estava no hospital, recuperando-se de uma perna quebrada, Adeline mais uma vez pediu que ele a deixasse se filiar à Igreja, e dessa vez ele concordou. Os sentimentos do pai continuaram a se amenizar e, recentemente, ele havia permitido que Connie e seus irmãos fossem batizados. Mas ele próprio não demonstrara interesse em se filiar à Igreja ou em assistir às reuniões com a família.4

Pouco depois de sua bênção patriarcal, Connie começou a participar regularmente dos esforços do ramo em compartilhar o evangelho com seus vizinhos.5 Para compensar a diminuição do número de missionários durante a Depressão, os santos em todo o mundo eram frequentemente chamados para um serviço missionário de meio período perto de casa. Em 1932, o presidente do Ramo Cincinnati, Charles Anderson, organizou uma sociedade de contatos para manter o trabalho em andamento na cidade.6 Como a Escola Dominical era pela manhã e a reunião sacramental à noite, Connie e outros jovens geralmente passavam uma hora ou mais à tarde batendo em portas e conversando com as pessoas sobre o evangelho restaurado.7

Uma de suas companheiras na sociedade de contatos era Judy Bang. Recentemente, Judy tinha começado a sair com o irmão mais velho de Connie, Milton. Ele e Judy não tinham muito em comum, além de serem membros da Igreja, mas se divertiam juntos. A própria Connie havia saído recentemente em seu primeiro encontro — com o irmão mais velho de Judy, Henry. Mas ela não gostava de Henry tanto quanto gostava do belo irmão mais novo dele, Paul, que tinha a mesma idade dela.8

Em março, Judy disse a Connie que Paul queria convidá-la para ir a uma festa de patinação da AMM. Connie esperou toda aquela noite que Paul a convidasse, mas ele não o fez. No dia seguinte, algumas horas antes da festa, Henry pediu a Milton que perguntasse a Connie se ela gostaria de ir patinar com Paul. Era uma forma indireta de convidá-la para um encontro, mas ela concordou.

Connie e Paul gostavam de patinar juntos. Depois da festa, alguns dos jovens entraram no carro de Henry e foram até um restaurante próximo para comer uma tigela de chili ao estilo de Cincinnati. “Eu me diverti muito com Paul”, escreveu Connie naquela noite em seu diário. “Foi melhor do que eu esperava.”9

Mais tarde naquela primavera, Connie recebeu uma cópia por escrito de sua bênção patriarcal, lembrando-a mais uma vez das promessas que havia recebido. “Esta bênção, querida irmã, será um guia para os teus pés”, dizia. “Ela te mostrará o caminho a seguir para que não tropeces no escuro, mas possas fixar teus olhos na vida eterna.”10

Com tantas coisas acontecendo em sua vida, Connie precisava da direção do Senhor. Quando ela se filiou à Igreja, decidiu sempre fazer o que era certo. Ela acreditava que o evangelho era um escudo. Se ela se voltasse a Deus e Lhe pedisse ajuda, Ele a abençoaria e protegeria por toda a vida.11


Enquanto isso, em Salt Lake City, o presidente da estaca, Harold B. Lee, estava sentado no escritório da Primeira Presidência. Ele via a si mesmo como um garoto de fazenda bastante inexperiente, proveniente de uma pequena cidade de Idaho. Mesmo assim, lá estava ele, cara a cara com Heber J. Grant, enquanto o profeta perguntava sua opinião sobre como cuidar dos pobres.

“Quero dar uma olhada no livro da Estaca Pioneer”, anunciou o presidente Grant.12

Ele e seus conselheiros, J. Reuben Clark e David O. McKay, tinham observado o trabalho de Harold de perto.13 Quase três anos se passaram desde o início do ambicioso programa de ajuda da Estaca Pioneer. Durante esse tempo, a estaca havia criado vários empregos para os desempregados. Os santos tinham colhido ervilhas, confeccionado e consertado roupas, enlatado frutas e vegetais, e construído um novo ginásio da estaca.14 O armazém da estaca servira como centro de atividades, com Jesse Drury supervisionando a complexa operação.15

Ao mesmo tempo, a Primeira Presidência estava profundamente preocupada com o número de membros da Igreja que dependia de fundos públicos. Eles não se opunham a que os santos aceitassem ajuda do governo quando não tivessem dinheiro para comida ou aluguel. Nem se opunham a que os membros da Igreja recebessem ajuda por meio de projetos de obras públicas federais.16 Mas, como Utah se tornara um dos estados mais dependentes da ajuda governamental, a presidência se preocupou com o fato de alguns membros da Igreja estarem aceitando fundos dos quais não precisavam.17 Eles também questionaram por quanto tempo o governo poderia continuar financiando seus programas de ajuda.18

O presidente Clark exortou o presidente Grant a fornecer aos santos uma alternativa à assistência federal. Acreditando que alguns programas de auxílio do governo levavam à ociosidade e ao desânimo, ele pediu aos membros da Igreja que assumissem a responsabilidade pelo cuidado uns dos outros, conforme instruía Doutrina e Convênios, e que, quando possível, trabalhassem para compensar a ajuda que recebessem.19

O presidente Grant tinha outras preocupações. Desde o início da Depressão, ele havia recebido diversas cartas de santos dos últimos dias bons e trabalhadores que haviam perdido seus empregos e suas fazendas. Muitas vezes, ele se sentiu incapaz de ajudá-los. Tendo crescido pobre, ele sabia o que era passar necessidade. Também havia passado décadas de sua vida mergulhado em dívidas, por isso era solidário com as pessoas que se viam em apuros semelhantes. Na verdade, ele agora estava usando seu próprio dinheiro para ajudar viúvas, parentes e pessoas desconhecidas a pagar suas hipotecas, a permanecer em missão ou a cumprir outras obrigações.20

Mas ele sabia que seus esforços, assim como os esforços de programas governamentais bem-intencionados, não eram suficientes. Ele acreditava que a Igreja tinha o dever de cuidar de seus pobres e desempregados, e queria que Harold aproveitasse sua experiência com a Estaca Pioneer para elaborar um novo programa, que permitiria aos santos trabalharem juntos para socorrer os necessitados.

“Não há nada mais importante para a Igreja do que cuidar de seus necessitados”, disse o presidente Grant.21

Harold ficou surpreso. A ideia de organizar e desenvolver um programa para toda a Igreja era avassaladora. Após a reunião, ele dirigiu seu carro por um parque que ficava em um desfiladeiro próximo; sua mente estava confusa enquanto adentrava as colinas acima de Salt Lake City.

“Como posso fazer isso?”, pensava ele.

Quando a estrada terminou no limite do parque, ele desligou o motor e caminhou por entre as árvores até encontrar um local isolado. Ele se ajoelhou e orou pedindo orientação. “Para segurança e bênção de Teu povo”, disse ele ao Senhor, “devo ter Tua direção”.22

No silêncio, uma forte impressão veio a ele. “Não há necessidade de nenhuma nova organização para cuidar das necessidades deste povo”, percebeu Harold. “Tudo o que é necessário é colocar o sacerdócio de Deus para funcionar.”23

Nos dias que se seguiram, Harold procurou o conselho de muitas pessoas experientes e bem informadas, incluindo o apóstolo e ex-senador Reed Smoot. Ele, então, passou várias semanas criando uma proposta preliminar completa, com relatórios detalhados e gráficos que delineavam sua visão de um possível programa de auxílio da Igreja.24

Quando Harold apresentou seu plano à Primeira Presidência, o presidente McKay achou que era viável. Mesmo assim, o presidente Grant hesitou, sem saber se os santos estariam preparados para realizar um programa daquela magnitude. Após a reunião, ele buscou a orientação do Senhor em oração, mas não recebeu orientação.

“Não vou tomar uma ação”, disse ele à secretária, “até ter certeza do que o Senhor deseja”.25


Enquanto o presidente Grant esperava a orientação do Senhor sobre um programa de auxílio, ele viajou para o Havaí a fim de organizar uma estaca na ilha de Oahu.26 Quinze anos se passaram desde que ele dedicara o templo ali, e muitas coisas haviam mudado. O terreno do templo já fora árido e inóspito. Agora, havia jardins verdejantes com buganvílias em plena floração e lagos artificiais em cascata emoldurados por palmeiras cujas folhas ondulavam suavemente.27

A Igreja no Havaí também estava florescendo. Nos 85 anos desde que os primeiros missionários santos dos últimos dias atracaram em Honolulu, o número de membros da Igreja nas ilhas havia crescido para mais de 13 mil santos, metade dos quais morava em Oahu. A frequência às reuniões da Igreja nunca fora tão alta, e os santos estavam ansiosos para fazer parte de uma estaca. A Estaca Oahu seria a 113ª estaca da Igreja e a primeira organizada fora da América do Norte. Pela primeira vez, os santos no Havaí teriam bispos, líderes de estaca e um patriarca.28

Depois de conversar com os santos, Heber chamou Ralph Woolley, o homem que supervisionara a construção do Templo do Havaí, como presidente da estaca.29 Arthur Kapewaokeao Waipa Parker, um membro nascido no Havaí, serviria como um de seus conselheiros.30 Também foram chamados homens e mulheres de ascendência polinésia e asiática para o sumo conselho da estaca, para a presidência da Sociedade de Socorro e para outros cargos de liderança.31

A diversidade dos membros da Igreja do Havaí impressionou o profeta.32 Os esforços missionários anteriores haviam se concentrado nos havaianos nativos, mas a rede do evangelho estava se ampliando. Na década de 1930, os descendentes de japoneses constituíam mais de um terço da população do Havaí. Muitas outras pessoas que moravam no Havaí tinham ascendência samoana, maori, filipina e chinesa.33

O profeta estabeleceu a nova estaca em 30 de junho de 1935. Poucos dias depois, ele participou de um jantar com membros japoneses da Igreja. O pequeno grupo se reunia semanalmente para estudar em uma classe da Escola Dominical de língua japonesa.34 Durante o jantar, Heber ouviu os santos tocarem música em instrumentos tradicionais japoneses. Também ouviu o testemunho de Tomizo Katsunuma, que se filiara à Igreja quando era estudante na Faculdade Agrícola de Utah, e de Tsune Nachie, de 79 anos, que fora batizada no Japão e mais tarde emigrara para o Havaí na década de 1920 a fim de que pudesse trabalhar no templo.35

A comida, a música e os testemunhos levaram Heber de volta três décadas no passado, quando ele serviu como primeiro presidente da Missão Japonesa. Ele sempre ficara desapontado com seu trabalho no Japão. Apesar de seus esforços sinceros, nunca teve sucesso em aprender o idioma, e durante sua missão houve apenas alguns conversos. Os presidentes de missão posteriores também tiveram dificuldades, e Heber fechou a missão alguns anos depois de se tornar presidente da Igreja, ainda se perguntando o que mais poderia ter feito para tornar a missão um sucesso.36

“Até o fim de minha vida”, ele observou certa vez, “talvez sinta que não fiz o que o Senhor esperava de mim e o que fui enviado para fazer”.37

Ao conhecer os santos japoneses e aprender mais sobre a Escola Dominical deles, Heber percebeu que o Havaí poderia ser a chave para o início de uma nova missão no Japão. Enquanto esteve em Honolulu, ele teve a oportunidade de confirmar dois membros japoneses recém-batizados. Um desses santos, Kichitaro Ikegami, dera aulas na Escola Dominical por dois anos antes de seu batismo. O impressionante jovem era um pai dedicado e um empresário influente em Oahu.38

Heber se deu conta de que havia agora confirmado mais santos japoneses no Havaí do que durante toda a sua missão no Japão.39 Talvez, quando chegasse o momento certo, aqueles santos pudessem ser chamados para uma missão no Japão e para ajudar a Igreja a criar raízes naquele país.40


A vida cotidiana continuou a mudar em torno de Helga Meiszus. No início de 1935, Adolf Hitler anunciou publicamente que a Alemanha estava fortalecendo seu poderio militar, violando o tratado que havia assinado no final da guerra mundial. As nações da Europa pouco fizeram para restringir seu poder. Com a ajuda de seu ministro de propaganda, Hitler estava curvando a Alemanha à sua vontade. Enormes comícios que exibiam a força nazista atraiam centenas de milhares de pessoas. Programas de rádio pró-Hitler, música nacionalista e a suástica nazista estavam por toda parte.41

Também estavam ocorrendo mudanças na Igreja. Embora as abelhinhas continuassem a se reunir, o governo dissolveu o programa de escoteiros da Igreja na Alemanha para incentivar mais jovens a se filiarem aos grupos de jovens do Partido Nazista. O ódio nazista pelos judeus também levou o governo a proibir as igrejas de usar palavras associadas ao judaísmo. As Regras de Fé foram proibidas por conter as palavras “Israel” e “Sião”. Outras publicações da Igreja, inclusive um folheto intitulado Autoridade Divina, foram proibidas por parecer questionar o poder nazista.42

Os líderes da Igreja na Alemanha resistiram a algumas dessas coisas, mas acabaram incentivando os santos a se adaptarem ao novo governo e a se absterem de dizer ou de fazer qualquer coisa que pudesse colocar a Igreja e seus membros em risco.43 Com a Gestapo aparentemente em todos os lugares, os santos de Tilsit sabiam que qualquer indício de rebelião ou resistência poderia ser notificado à polícia secreta. A maioria dos santos alemães ficou fora da política, mas sempre havia o medo de que alguém do ramo estivesse associado aos nazistas.

A coisa mais segura a fazer, acreditavam muitos membros do ramo, era agir como alemães leais e obedientes. Um único exemplo de deslealdade de um membro do ramo podia colocar todos em risco de retaliação nazista.44

Helga encontrou consolo, segurança e amizade entre os outros jovens da Igreja, incluindo seu irmão Siegfried e o primo Kurt Brahtz. O ramo costumava apresentar programas com teatro e música ou festas animadas com mesas repletas de salada de batata, salsichas alemãs e streuselkuchen, um saboroso bolo crocante.45 Os jovens geralmente passavam o Dia do Senhor inteiro juntos. Depois de assistir à Escola Dominical pela manhã, eles iam para a casa de um membro da Igreja, como a tia ou a avó de Helga. Se houvesse um piano, alguém se sentaria e tocaria enquanto todos cantavam músicas do hinário alemão da Igreja.

Mais tarde, após a reunião sacramental, eles iam até a casa de Heinz Schulzke, o filho adolescente do presidente do ramo Otto Schulzke, para conversar, rir e desfrutar da companhia uns dos outros. O presidente Schulzke se tornou um segundo pai para Helga e os outros jovens. Ele tinha grandes expectativas em relação a eles, muitas vezes exortando-os a se arrepender e a guardar os mandamentos. Mas ele também contava muitas histórias e tinha um grande senso de humor. Sempre que alguém chegava tarde à igreja e todos se viravam para ver quem era, ele dizia: “Eu vou lhes dizer quando um leão estiver entrando — não precisam se virar”.46

Helga também buscava consolo e orientação da avó. Johanne Wachsmuth podia ser severa, como Otto Schulzke, e não era rápida em mimar os netos. Era uma mulher profundamente religiosa, que sabia falar com seu Pai Celestial. Sempre que Helga ficava na casa dos avós, Johanne esperava que a neta se ajoelhasse em oração ao lado dela.

Uma noite, Helga estava brava com a avó e se recusou a orar. Em vez de deixar Helga sozinha, Johanne insistiu que orassem juntas.

Helga cedeu e, ao se ajoelhar no chão duro, sua amargura se dissipou. A avó era sua amiga, aquela que a ensinara a falar com Deus. Posteriormente, Helga ficou grata pela experiência. Era bom saber que não tinha deixado a raiva tomar conta de seu coração.47


Em fevereiro de 1936, dez meses após sua reunião inicial com a Primeira Presidência, Harold B. Lee mais uma vez se viu no escritório deles. O presidente Grant estava pronto para seguir em frente com um plano de ajuda aos santos necessitados. Uma pesquisa recente nas alas e estacas, realizada pelo Bispado Presidente, revelou que aproximadamente um em cada cinco santos estava recebendo algum tipo de ajuda financeira. Poucos deles estavam procurando a Igreja em busca de ajuda, em parte porque o governo federal havia aumentado drasticamente o volume de ajuda concedida aos estados nos últimos anos. O Bispado Presidente acreditava que a Igreja poderia ajudar todos os membros necessitados se cada santo dos últimos dias fizesse sua parte para cuidar dos pobres.48

O presidente Grant e seus conselheiros pediram a Harold que revisasse sua proposta anterior. Recrutaram Campbell Brown Jr., o diretor do programa de bem-estar de uma mina de cobre local, para ajudá-lo.49

Nas semanas seguintes, Harold trabalhou noite e dia, analisando as estatísticas, aconselhando-se com Campbell e revendo o plano anterior. Então, em 18 de março, eles levaram a proposta revisada ao presidente McKay e explicaram todos os detalhes.50 De acordo com o novo plano, as estacas da Igreja seriam organizadas em regiões geográficas, e cada região teria seu próprio armazém central com alimentos e roupas. Esses artigos seriam adquiridos com os fundos das ofertas de jejum ou do dízimo, ou gerados por projetos de trabalho, ou recebidos por meio de doações de dízimo “em espécie”. Se uma região tivesse um excedente de determinado artigo, ela poderia trocar com outra região os artigos de que precisasse.

Os conselhos regionais de presidentes de estaca administrariam o programa, mas grande parte da responsabilidade de mantê-lo recairia sobre os bispados, as presidências da Sociedade de Socorro da ala e os recém-criados comitês de emprego de ala. Os membros do comitê de empregos manteriam um registro da situação profissional de todos os membros da ala, que seria atualizado semanalmente. Eles também organizariam projetos de trabalho e ajudariam os membros com outras formas de auxílio.51

O plano previa que os santos recebessem ajuda em troca de mão de obra, assim como a Estaca Pioneer havia feito. Os participantes dos projetos de trabalho se reuniriam com o bispo para discutir a necessidade de alimentos, roupas, combustível ou outros artigos e, em seguida, uma representante da Sociedade de Socorro visitaria a casa, avaliaria a situação da família e preencheria um formulário de solicitação para ser apresentado no armazém da estaca. Os santos receberiam ajuda de acordo com suas circunstâncias individuais, o que significa que duas pessoas poderiam trabalhar a mesma quantidade de tempo em um dia, mas receber uma quantidade diferente de alimentos ou suprimentos, dependendo do tamanho da família ou de outros fatores.52

Quando Harold e Campbell terminaram sua explicação, perceberam que o presidente McKay ficara satisfeito.

“Irmãos, agora temos um programa para apresentar à Igreja”, exclamou ele, batendo na mesa com a mão. “O Senhor o inspirou em seu trabalho.”53

  1. Taylor, diário, 6 de fevereiro de 1935; Bates, “Patriarchal Blessings and the Routinization of Charisma”, pp. 25–26; Heber J. Grant para a sra. Wilford J. Allen, 12 de setembro de 1932, Diversas correspondências da Primeira Presidência, Biblioteca de História da Igreja. Tópico: Bênçãos patriarcais.

  2. Taylor, diário, 6 de fevereiro de 1935; Wallis, diário, 4–6 de fevereiro de 1935; Rytting, James H. Wallis, pp. 6–7, 154, 177, 189–191. Tópico: Emigração.

  3. Taylor, diário, 6 de fevereiro de 1935; Cornelia Taylor, bênção patriarcal, 6 de fevereiro de 1935, pp. 1–2, documentos de Paul e Cornelia T. Bang, Biblioteca de História da Igreja.

  4. Bang, autobiografia, pp. 4–6, 8–9; Taylor, diário, 12 de abril de 1936; Charles Anderson para Adeline Yarish Taylor, 18 de abril de 1936; 26 de outubro de 1936, documentos de Paul e Cornelia T. Bang, Biblioteca de História da Igreja.

  5. Taylor, diário, 10 e 17 de fevereiro de 1935; 3 e 24 de março de 1935; 2 de junho de 1935.

  6. Missão Dinamarca, Missão França, Missão dos Estados do Norte, relatórios anuais, 1932, Bispado Presidente, relatórios financeiros, históricos e estatísticos, Biblioteca de História da Igreja; Missão dos Estados do Norte, manuscritos e relatórios históricos, 31 de dezembro de 1930 e 31 de dezembro de 1931; Anthony W. Ivins para Preal George, 5 de fevereiro de 1932, diversas correspondências da Primeira Presidência, Biblioteca de História da Igreja; Primeira Presidência para John A. Widtsoe, 1º de agosto de 1933, documentos de John A. Widtsoe, Biblioteca de História da Igreja; Ramo Cincinnati, atas, 16 de janeiro de 1932, p. 4.

  7. Distrito Sul de Ohio, atas gerais, novembro de 1931; Taylor, diário, 3, 10 e 17 de fevereiro de 1935.

  8. Taylor, diário, 20 de janeiro de 1935; 3, 10 e 15–17 de fevereiro de 1935; Fish, “My Life Story”, p. 6.

  9. Taylor, diário, 15 de fevereiro e 22–23 de março de 1935; Paul Bang, “My Life Story”, pp. 10–11; Bang, autobiografia, p. 7.  

  10. Taylor, diário, 26 de maio de 1935; Cornelia Taylor, bênção patriarcal, 6 de fevereiro de 1935, p. 1, documentos de Paul e Cornelia T. Bang, Biblioteca de História da Igreja.  

  11. Cornelia Taylor Bang, “Youth Meeting”, aproximadamente 1944, p. 1, documentos de Paul e Cornelia T. Bang, Biblioteca de História da Igreja.

  12. Harold B. Lee, em One Hundred Forty-Second Semi-annual Conference, pp. 123–124; Gibbons, Harold B. Lee, pp. 25–85; Harold B. Lee, diário, 20 de abril de 1935; Grant, diário, 20 de abril de 1935.  

  13. Lee, “Remarks of Elder Harold B. Lee”, p. 3; Rudd, Pure Religion, p. 14.

  14. Estaca Salt Lake Pioneer, atas confidenciais, 5–6 de novembro de 1932; Estaca Salt Lake Pioneer história manuscrita dos pioneiros, 26 de março de 1933; 30 de junho de 1933; 28 de novembro de 1933; “Exchange Idea Assures Many Jobs for Idle”, Salt Lake Tribune, 25 de julho de 1932, p. 14; Goates, Harold B. Lee, p. 99; Harold B. Lee, Charles S. Hyde e Paul Child para Heber J. Grant, 23 de maio de 1933, documentos de J. Reuben Clark Jr., BYU; Eugene Middleton, “Personality Portraits of Prominent Utahns”, Deseret News, 24 de outubro de 1934, p. 16.

  15. Lee, “Remarks of Elder Harold B. Lee”, pp. 2–3; Drury, “For These My Brethren”, pp. 5–11.

  16. Heber J. Grant para Grace Evans, 12 de setembro de 1933, Letterpress Copybook, vol. 70, pp. 931–932, Heber J. Grant Collection, Biblioteca de História da Igreja; J. Reuben Clark Jr. para Richard M. Robinson e H. M. Robinson, 26 de outubro de 1934, inserido em J. Reuben Clark Jr. para David O. McKay, 26 de outubro de 1934, documentos de David O. McKay, Biblioteca de História da Igreja; Heber J. Grant para Bessie Clark Elmer, 5 de janeiro de 1934; Heber J. Grant para J. N. Heywood, 23 de outubro de 1934, diversas correspondências da Primeira Presidência, Biblioteca de História da Igreja; Arrington e Hinton, “Origin of the Welfare Plan”, pp. 67, 76–77; Mangum e Blumell, Mormons’ War on Poverty, pp. 110–111.

  17. Hall, Faded Legacy, p. 124; Bispado Presidente, diário do escritório, 3 de junho de 1935; Cannon, “What a Power We Will Be in This Land”, p. 68; J. Reuben Clark Jr. para Richard M. Robinson e H. M. Robinson, 26 de outubro de 1934, inserido em J. Reuben Clark Jr. para David O. McKay, 26 de outubro de 1934, documentos de David O. McKay, Biblioteca de História da Igreja.

  18. Arrington e Hinton, “Origin of the Welfare Plan”, pp. 74–76; Mangum e Blumell, Mormons’ War on Poverty, p. 114. Tópico: Programas de bem-estar.

  19. Lee, “Remarks of Elder Harold B. Lee”, p. 3; J. Reuben Clark para Heber J. Grant e David O. McKay, 16 de abril de 1935, documentos de David O. McKay, Biblioteca de História da Igreja; J. Reuben Clark, em One Hundred Fifth Semi-annual Conference, pp. 96–100; Cannon, “What a Power We Will Be in This Land”, pp. 66–68; Mangum e Blumell, Mormons’ War on Poverty, pp. 119–129; Doutrina e Convênios 104:15–18; J. Reuben Clark Jr., em One Hundred Fourth Semi-annual Conference, pp. 102–103.

  20. Heber J. Grant para a sra. Claude Orton, 3 de março de 1932; Heber J. Grant para a sra. C. M. Whitaker, 9 de junho de 1932; Heber J. Grant para Pauline Huddlestone, 14 de setembro de 1935; Heber J. Grant para a sra. Lee Thurgood, 29 de janeiro de 1932; Heber J. Grant para B. B. Brooks, 16 de dezembro de 1932; Heber J. Grant para Geo. W. Middleton, 5 de agosto de 1931, diversas correspondências da Primeira Presidência, Biblioteca de História da Igreja; Heber J. Grant para Grace Evans, 19 de dezembro de 1931, Heber J. Grant Collection, Biblioteca de História da Igreja.

  21. Harold B. Lee, diário, 20 de abril de 1935; Heber J. Grant e David O. McKay para J. Reuben Clark, 15 de março de 1935, documentos de J. Reuben Clark Jr., BYU.  

  22. Harold B. Lee, em One Hundred Forty-Second Semi-annual Conference, p. 124; Harold B. Lee, diário, 20 de abril de 1935.  

  23. Harold B. Lee, em One Hundred Forty-Second Semi-annual Conference, p. 124.

  24. Harold B. Lee, diário, 20 de abril de 1935.

  25. Harold B. Lee, diário, 20 de abril de 1935; David O. McKay para J. Reuben Clark, 6 de maio de 1935, arquivos administrativos gerais da Primeira Presidência, Biblioteca de História da Igreja.  

  26. “Grant to Organize New Hawaii Stake”, Salt Lake Telegram, 31 de maio de 1935, p. 13; Grant, diário, 20 de junho de 1935.

  27. Historical Department, Journal History of the Church, 30 de junho de 1935, p. 10. Tópico: Havaí.

  28. J. Reuben Clark, “The Outpost in Mid-Pacific”, Improvement Era, setembro de 1935, vol. 38, p. 530; Santos, vol. 2, capitulo 9; Missão Havaiana, relatório anual, 1934, Relatórios financeiros, históricos e estatísticos do Bispado Presidente, Biblioteca de História da Igreja; Castle Murphy para a Primeira Presidência, 28 de fevereiro de 1934; 3 de abril de 1934; 30 de novembro de 1934, Arquivos da missão da Primeira Presidência, Biblioteca de História da Igreja; Departamento histórico, Journal History of the Church, 30 de junho de 1935, pp. 5–6. Tópico: Alas e estacas.

  29. Clark, diário, 28–30 de junho de 1935; “Woolley Heads New LDS Stake Formed Locally”, Honolulu Advertiser, 1º de julho de 1935, p. 1; “Woolley, Ralph Edwin”, em Jenson, Latter-day Saint Biographical Encyclopedia, vol. 4, pp. 173–174.

  30. Britsch, Moramona, pp. 279–281, 299; “First Offshore Stake Organized at Honolulu”, Deseret News, 1º de julho de 1935, p. 9.

  31. Grant, diário, 29–30 de junho de 1935; “Organization of LDS Stake Nearly Ready”, Honolulu Star-Bulletin, 4 de julho de 1935, p. 2.

  32. Grant, diário, 25 de junho de 1935; Heber J. Grant para Frances Bennett, 3 de julho de 1935, Heber J. Grant Collection, Biblioteca de História da Igreja.

  33. Britsch, Moramona, pp. 257–259.

  34. Grant, diário, 3 de julho de 1935; John A. Widtsoe, “The Japanese Mission in Action”, Improvement Era, fevereiro de 1939, vol. 42, p. 88.

  35. J. Reuben Clark, “The Outpost in Mid-Pacific”, Improvement Era, setembro de 1935, vol. 38, p. 533; Grant, diário, 3 de julho de 1935; Clark, diário, 3 de julho de 1935; Takagi, Trek East, pp. 16–22; Parshall, “Tsune Ishida Nachie”, pp. 122–130; John A. Widtsoe, “The Japanese Mission in Action”, Improvement Era, fevereiro de 1939, vol. 42, pp. 88125.

  36. Heber J. Grant, em Seventy-Fourth Semi-Annual Conference, pp. 7, 11; Walker, “Strangers in a Strange Land”, pp. 231–232, 240–241, 247–248, 253; Britsch, “Closing of the Early Japan Mission”, pp. 263–281. Tópicos: Japão; Crescimento do trabalho missionário.

  37. Heber J. Grant para Matthias F. Cowley, 12 de maio de 1903, Letterpress Copybook, vol. 36, p. 239, Heber J. Grant Collection, Biblioteca de História da Igreja; Walker, “Strangers in a Strange Land”, p. 250.  

  38. J. Reuben Clark, “The Outpost in Mid-Pacific”, Improvement Era, setembro de 1935, vol. 38, p. 533; Grant, diário, 30 de junho de 1935; Ikegami, “We Had Good Examples among the Members”, pp. 228–229; Ikegami, “Brief History of the Japanese Members of the Church”, p. 3; Anotações sobre Kichitaro Ikegami e Tokuichi Tsuda, batismos e confirmações do distrito de Oahu, 1935, nº 42 e nº 43, em Ilhas Havaianas, parte 22, coletânea de registros de membros, Biblioteca de História da Igreja.

  39. Britsch, Moramona, p. 282.

  40. J. Reuben Clark, “The Outpost in Mid-Pacific”, Improvement Era, setembro de 1935, vol. 38, p. 533; Ikegami, “Brief History of the Japanese Members of the Church”, pp. 3–4.

  41. Müller, Hitler’s Wehrmacht, pp. 7–12; Naujoks e Eldredge, Shades of Gray, pp. 44–45; Wijfjes, “Spellbinding and Crooning”, pp. 166–170.

  42. Nelson, Moroni and the Swastika, pp. 123–134; Naujoks e Eldredge, Shades of Gray, p. 35; Missão Alemanha-Áustria, atas gerais, janeiro de 1934, pp. 315–316; abril de 1934, pp. 327–328; Carter, “Rise of the Nazi Dictatorship”, pp. 59–63.

  43. Carter, “Rise of the Nazi Dictatorship”, pp. 59–63; Nelson, Moroni and the Swastika, pp. 167–184.

  44. Naujoks e Eldredge, Shades of Gray, p. 35; Tobler, “Jews, the Mormons, and the Holocaust”, p. 80.

  45. Meyer e Galli, Under a Leafless Tree, pp. 10–12.

  46. Meyer e Galli, Under a Leafless Tree, pp. 57–59; Naujoks e Eldredge, Shades of Gray, pp. 35–37.  

  47. Meyer e Galli, Under a Leafless Tree, p. 44.

  48. Harold B. Lee, diário, fevereiro de 1936; “Summary of Relief Survey of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints”, 1º de abril de 1936, arquivos administrativos gerais da Primeira Presidência, Biblioteca de História da Igreja; Olson, Saving Capitalism, pp. 14–15; Derr, “History of Social Services”, pp. 49–50.

  49. Harold B. Lee, diário, fevereiro de 1936; Cannon, “What a Power We Will Be in This Land”, p. 69.

  50. Harold B. Lee, diário, 15 de março de 1936; David O. McKay, diário, 18 de março de 1936, Universidade de Utah.

  51. Mangum e Blumell, Mormons’ War on Poverty, p. 134; Henry A. Smith, “Church-Wide Security Program Organized”, Improvement Era, junho de 1936, vol. 39, pp. 334, 337; “Detailed Instructions on Questions Arising out of the Development of the Church Security Program”, 1936, pp. 1–5, Arquivos de bem-estar do Bispado Presidente, Biblioteca de História da Igreja.

  52. Henry A. Smith, “Church-Wide Security Program Organized”, Improvement Era, junho de 1936, vol. 39, p. 333; “Detailed Instructions on Questions Arising out of the Development of the Church Security Program”, 1936, pp. 3–4, Arquivos de bem-estar do Bispado Presidente, Biblioteca de História da Igreja; Arrington e Hinton, “Origin of the Welfare Plan”, p. 78.

  53. Harold B. Lee, diário, 15 de março de 1936. Tópico: Programas de bem-estar.