Escrituras dentro da Mala
“O Livro de Mórmon e as santas escrituras são dadas por mim para vossa instrução.” (D&C 33:16)
Baseado numa história verídica
Keryn enfiou mais um jeans em sua mala e depois fechou-a com dificuldade. “Pronto!” disse ela para si mesma.
Ela vinha esperando há meses aquela viagem da escola. Sua classe iria acampar por dois dias, vivendo como pioneiros: Fazendo velas, cozinhando em uma fogueira e até ajudando a construir uma cabana de toras.
Keryn olhou em volta no quarto, para ver se tinha esquecido alguma coisa. A escova de dentes estava na mala. Tinha roupas limpas e um par de sapatos a mais. Oh, era melhor pegar o suéter velho.
Ao apanhar o suéter do chão, ela viu suas escrituras sobre a mesinha ao lado da cama e parou.
Todos de sua família tinham concordado em ler o Livro de Mórmon todos os dias, e até aquele momento Keryn não tinha deixado passar uma única noite sem ler. Mas como ela iria ler o Livro de Mórmon numa cabana cheia de meninas da escola? Dando um suspiro, ela abriu a mala, enfiou as escrituras entre as camisetas e as calças jeans e sentou na mala para conseguir fechá-la. Talvez ela conseguisse encontrar um momento tranqüilo para ficar sozinha e ler o livro.
*****
“Venha, Keryn. Vamos apostar uma corrida até a fogueira!” Sarah saiu correndo, e Keryn correu para alcançá-la.
O dia tinha sido divertido e bastante atarefado. Keryn tinha cortado uma tora com um machado para ajudar a construir uma cabana, mergulhado pavios na cera para fazer muitas velas, esculpido uma baleia num sabonete e nadado no lago.
A diversão prosseguiu até a hora de reunirem-se ao redor da fogueira, onde cantaram canções e ouviram uma pessoa contar histórias. Por fim, Keryn, Sarah e duas de suas companheiras de quarto caminharam pela escuridão até a cabana, de braços dados, cantando bem alto.
As meninas jogaram-se sobre os beliches, contaram histórias e riram a respeito do que havia acontecido durante o dia. Depois, cada uma delas começou a preparar-se para dormir.
Keryn escovou os dentes, subiu no leito de cima do beliche e ficou ouvindo o que as outras estavam fazendo. Ela decidira deixar suas escrituras na mala, mas não sentia que aquilo estava certo. Então, estas palavras lhe vieram à mente: “Leia as escrituras. Você sabe que precisa lê-las”.
Relutantemente, Keryn desceu da cama e tirou as escrituras da mala. Em seguida, subiu de volta e tentou abrir o Livro de Mórmon sem que as outras percebessem.
Não teve essa sorte. Mal acabara de encontrar o lugar em que estava lendo, em Mosias, quando Sarah espichou a cabeça ao lado de sua cama. “O que você está lendo?” perguntou ela.
Keryn pensou consigo mesma: “OK, é hora de ser missionária”.
“É um livro como a Bíblia, que se chama Livro de Mórmon”, disse ela em voz alta.
Sarah subiu ao leito de cima para ficar ao lado de Keryn. “Sobre o que ele fala?”
Carol e Tasha também se achegaram.
Keryn sentou-se ereta na cama. “Bem, estou agora em uma parte chamada Mosias, e um profeta chamado Abinádi está pregando o evangelho a um rei iníquo e seus sacerdotes. Ele está falando para eles a respeito dos Dez Mandamentos e de todas as coisas que eles já deviam saber. Mas em vez disso, eles estavam fazendo coisas ruins”. Ela mudou de lugar para deixar que Tasha também subisse na cama.
“O que aconteceu com eles?” perguntou Tasha.
“Bem, mais tarde Abinádi recusou-se a negar a Deus, por isso o rei ordenou que ele fosse morto.”
“O quê?” exclamou Sarah. “Que horrível!”
“É mesmo muito triste”, concordou Keryn. “Mas Alma, um dos sacerdotes do rei, ouviu realmente o que Abinádi disse. Ele acabou ensinando o evangelho para muitas pessoas.”
“Que incrível”, disse Tasha. “Eu leio minha Bíblia quase todos os dias, mas não a trouxe comigo.” Daí, ela virou de bruços e desceu para o leito de baixo do beliche. “Ei, Carol, você me viu pular no lago?”
Keryn sorriu quando a conversa voltou a abordar os acontecimentos do dia. Sentiu-se feliz por não ter deixado as escrituras na mala, por suas amigas não terem rido dela e por ter tido a chance de falar a elas sobre o Livro de Mórmon.
Olhou para Sarah, Carol e Tasha, que estavam então conversando sobre seus projetos de artesanato, então voltou para o livro e continuou a ler a respeito de Abinádi e o rei Noé.
Jennifer Jensen é membro da Ala Zionsville, Estaca Indianápolis Indiana Norte.
“Meu amor pelo Livro de Mórmon está sempre aumentando. Parece que toda vez que o leio, uma nova luz flui de suas páginas para mim. Amo esse livro sagrado e especial.”
Élder M. Russell Ballard do Quórum dos Doze Apóstolos, “We Add Our Witness” (Acrescentamos Nosso Testemunho), A Liahona, dezembro de 1989, p. 13; Ensign, março de 1989, p. 5.