Minha Última Chance
Aos 18 anos decidi sair da Igreja. Por algum tempo, o afastamento da companhia do Senhor não pareceu ter qualquer repercussão em minha vida. No Chile, meu país natal, eu conseguia viver confortavelmente com meu salário. Senti que sempre seria capaz de sustentar meu estilo de vida mundano e continuar ignorando as promessas que fizera aos 14 anos nas águas do batismo.
Segui esse caminho por alguns anos, mas então as coisas deixaram de dar certo para mim. Tudo pareceu ficar escuro a meu redor. Perdi meu emprego e tive dificuldade para encontrar trabalho. Fui obrigado a fazer todo tipo de trabalho que consegui encontrar, apenas para sobreviver. Isso devia ter-me feito acordar e procurar novamente o caminho, mas não foi o que aconteceu.
Pouco depois disso, meu pai morreu, em 1998. Como eu era o filho mais velho, grande parte da responsabilidade de cuidar da minha mãe e de meu irmão caçula caiu sobre meus ombros. Abandonei meu estilo de vida relaxado e comecei a me dar conta de que às vezes o Senhor permite que certas coisas aconteçam, as quais não compreendemos até vermos o resultado final.
Creio que Ele permitiu que eu ficasse em má situação financeira para mostrar-me que a única saída era pagar o dízimo, e foi o que fiz, após voltar para a Igreja e renovar meus convênios. Dessa forma, Ele paciente e amorosamente me trouxe de volta para o redil.
Durante a conferência geral de 2001, o Presidente Gordon B. Hinckley apresentou o Fundo Perpétuo de Educação. Eu precisava das oportunidades oferecidas por aquele programa para erguer-me financeiramente, mas fiquei em dúvida se conseguiria atender às exigências do programa.
Durante uma reunião sacramental, poucos meses depois, nosso presidente de estaca explicou o programa. Fiquei surpreso ao saber que poderia qualificar-me. Pensei comigo: “Essa é minha última chance. Não posso deixá-la passar”.
Comecei então a ponderar quais eram as responsabilidades que o programa exigiria de mim; temia falhar novamente e, mais uma vez, fracassar aos olhos do Pai Celestial, mas superei esses pensamentos e, após obter informações com o diretor do instituto local, candidatei-me. Considerando meu passado, tinha pouca esperança de ser aceito. Senti que não merecia aquela bênção, embora tivesse me arrependido e voltado para a Igreja.
Quando recebi a resposta afirmativa da sede da Igreja, minha família e eu ficamos muito felizes. A quantia emprestada não era suficiente para todo o ano letivo, mas fui adiante e matriculei-me num curso universitário de programação de computadores. Recebi notas bem altas e ganhei uma bolsa de estudos que financiou o restante do meu curso.
A partir daí, tenho feito tudo a meu alcance para demonstrar minha gratidão. Trabalho arduamente, estudo bastante e cumpro minhas responsabilidades na Igreja. Assisto às aulas do instituto e tento recuperar os anos perdidos e aprender o que o Senhor espera de mim.
A coisa mais importante que sei é que fui perdoado das coisas ruins que fiz no passado. Todos os meus planos para o futuro se baseiam nesse conhecimento. Continuarei a ajudar minha família, mas agora serei capaz de fazê-lo de uma forma melhor.