Tenham Coragem
Minha sincera oração é que tenham a coragem exigida para não julgar as pessoas, a coragem para ser castas e virtuosas, e a coragem para defender firmemente a verdade e a retidão.
Minhas queridas jovens irmãs, que visão gloriosa vocês são. Sei que, além das que estão neste magnífico Centro de Conferências, outras milhares estão reunidas em capelas e outros lugares espalhados pelo mundo inteiro. Rogo a ajuda do céu durante a oportunidade de falar para vocês.
Ouvimos mensagens oportunas e inspiradoras de suas líderes gerais das Moças. Elas são mulheres especiais, chamadas e designadas para guiá-las e ensiná-las. Elas amam vocês, e eu também.
Vocês vieram a esta Terra numa época gloriosa. As oportunidades que têm diante de vocês são quase ilimitadas. Muitas de vocês moram em casas confortáveis, com uma família amorosa, tendo alimento e roupas adequados e suficientes. Além disso, a maioria de vocês tem acesso a incríveis avanços tecnológicos. Vocês se comunicam por meio de telefones celulares, mensagens de texto, mensagens instantâneas, e-mails, blogs, sites da Internet e outros meios como esses. Ouvem música em seus iPods e MP3 players. Essa lista, é claro, representa apenas algumas das inovações tecnológicas a seu dispor.
Tudo isso é um pouco assustador para alguém como eu, que fui criado numa época em que os rádios eram geralmente um grande móvel de sala, em que não havia televisão, e muito menos computadores ou celulares. Na verdade, quando eu tinha sua idade, as linhas telefônicas eram quase todas compartilhadas. Em nossa família, se quiséssemos ligar para alguém, tínhamos que pegar o telefone e ver se não havia outra família usando a linha, porque várias famílias compartilhavam a mesma linha.
Eu poderia passar a noite inteira falando das diferenças entre a minha geração e a sua. Basta dizer que muito mudou desde a época em que eu tinha sua idade até hoje.
Embora este seja um período notável, com oportunidades abundantes, vocês também enfrentam desafios que só existem hoje. Por exemplo: os próprios dispositivos tecnológicos que mencionei dão ao adversário a chance de tentá-las e enredá-las em sua teia de falsidades, esperando tomar posse de seu destino.
Ao contemplar tudo o que vocês enfrentam no mundo atual, uma palavra me vem à mente. Ela descreve um atributo necessário a todos nós, mas do qual vocês, particularmente nesta época de sua vida e neste mundo, precisam muito. Esse atributo é a coragem.
Gostaria hoje de falar-lhes da coragem que precisarão ter em três aspectos de sua vida:
-
Primeiro, a coragem de não julgar as outras pessoas;
-
Segundo, a coragem de ser castas e virtuosas; e
-
Terceiro, a coragem de defender firmemente a verdade e a retidão.
Quero falar primeiro sobre a coragem de não julgar as outras pessoas. Ah, vocês podem perguntar: Será que isso realmente exige coragem? Eu responderia que acredito haver muitas ocasiões em que se abster de julgar — ou falar mal ou criticar, que de certa forma se assemelham a um julgamento — exige um ato de coragem.
Infelizmente, há pessoas que têm necessidade de criticar e menosprezar os outros. Sem dúvida, vocês já estiveram com pessoas assim, e hão de estar no futuro. Minhas queridas jovens amigas, não precisamos perguntar-nos qual deve ser nossa conduta nessas situações. No Sermão da Montanha, o Salvador declarou: “Não julgueis”.1 Mais tarde, Ele advertiu: “Cessai de achar faltas uns nos outros”.2 Será preciso coragem de verdade, quando estiverem rodeadas de colegas e se sentirem pressionadas a participar dessas críticas e julgamentos, para que não se unam a elas.
Ouso dizer que há moças a seu redor que, devido a comentários maldosos e críticas de vocês, frequentemente são deixadas de lado. Parece ser um padrão, particularmente nesta época de sua vida, evitar moças que são consideradas diferentes ou ser rude com as que não se encaixam no modelo daquilo que nós ou outras pessoas acham que deveria ser o ideal.
O Salvador disse:
“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros. (…)
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.3
Madre Teresa, uma freira católica que trabalhou entre os pobres da Índia durante a maior parte de sua vida, declarou esta verdade: “Se você julgar as pessoas, não terá tempo para amá-las”.
Uma amiga me contou uma experiência que teve há muitos anos, quando era adolescente. Em sua ala havia uma moça chamada Sandra, que tinha sofrido uma lesão ao nascer, que a deixara com certa deficiência mental. Sandra queria muito ser aceita no grupo das outras moças, mas tinha aparência de deficiente, agia como deficiente e suas roupas sempre estavam desarrumadas. Às vezes, fazia comentários indevidos. Embora Sandra participasse das atividades da Mutual, era sempre responsabilidade da professora fazer-lhe companhia e procurar fazê-la sentir-se bem-vinda e valorizada, já que as outras moças não o faziam.
Então, algo aconteceu: uma nova moça da mesma idade mudou-se para a ala. Nancy era uma moça bonita, ruiva, segura de si e popular, que facilmente se dava bem com todos. Todas as moças queriam ser suas amigas, mas Nancy não restringia suas amizades. Na verdade, ela fez de tudo para ser amiga de Sandra e procurou fazê-la sentir-se incluída em tudo. Nancy parecia gostar genuinamente de Sandra.
Evidentemente as outras moças perceberam e começaram a se perguntar por que não tinham feito amizade com Sandra. Aquilo parecia então uma coisa não apenas aceitável, mas desejável. Por fim, começaram a perceber o que Nancy, com seu exemplo, estava ensinando para elas: que Sandra era uma filha preciosa de nosso Pai Celestial, que tinha uma contribuição a fazer e que merecia ser tratada com amor, bondade e atenção positiva.
Quando Nancy e sua família mudaram-se do bairro, mais ou menos um ano depois, Sandra era membro permanente do grupo das moças. Minha amiga disse que depois disso, ela e as outras moças sempre cuidavam que nenhuma fosse deixada de lado, não importando o que a tornasse diferente das outras. Uma lição valiosa e eterna fora aprendida.
O verdadeiro amor pode modificar vidas humanas e mudar a sua natureza.
Minhas preciosas jovens irmãs, peço que tenham a coragem de não julgar ou criticar as pessoas a seu redor, bem como a coragem de assegurar que todas se sintam incluídas, amadas e valorizadas.
Em seguida, falarei da coragem que precisarão ter para ser castas e virtuosas. Vocês vivem num mundo em que os valores morais foram, em grande parte, deixados de lado, no qual o pecado está sendo escandalosamente exibido, em que vocês estão cercadas de tentações para que saiam do caminho estreito e apertado. Muitos são os que lhes dizem que vocês são muito antiquadas ou que há algo errado com vocês por ainda acreditarem na existência de alguma coisa como comportamento imoral.
Isaías declarou: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas”.4
Grande coragem lhes será exigida para permanecerem castas e virtuosas em meio ao modo de pensar aceito nesta época.
Na visão do mundo atual, pouco importa se os rapazes e as moças permanecem moralmente puros e limpos antes do casamento. Isso faz com que o comportamento imoral se torne aceitável? De modo nenhum!
Os mandamentos de nosso Pai Celestial não são negociáveis!
O comentarista Ted Koppel, que por muitos anos foi apresentador do programa Nightline da ABC, fez esta declaração incisiva:
“Na verdade nos convencemos de que nossos slogans vão-nos salvar. ‘Injete drogas, se precisar, mas use uma agulha limpa. Faça sexo quando ou com quem quiser, mas proteja-se…’
Não. A resposta é não. É dizer ‘não’, não porque isso seja bobagem ou não seja bem-visto, nem porque podemos acabar na cadeia ou morrer numa ala de aidéticos do hospital. A resposta é ‘não’, porque isso é errado (…).
O que Moisés trouxe do monte Sinai não foram Dez Sugestões, mas sim, foram Mandamentos. Foram, e ainda são!”5
Minhas queridas jovens irmãs, mantenham uma perspectiva eterna. Estejam alertas contra tudo o que lhes roube as bênçãos da eternidade.
A ajuda para manter a devida perspectiva nesses tempos permissivos pode vir de muitas fontes. Um recurso valioso é sua bênção patriarcal. Leiam-na com frequência. Estudem-na cuidadosamente. Sejam guiadas por suas advertências. Vivam para merecer suas promessas. Se ainda não tiverem recebido sua bênção patriarcal, planejem-se para recebê-la e, depois, valorizem-na.
Se houver alguém que tropeçou em sua jornada, há um caminho de volta. O processo é chamado arrependimento. Nosso Salvador morreu para prover-nos essa dádiva abençoada. O caminho pode ser difícil, mas a promessa é real: “Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve”.6 “E nunca mais me lembrarei [deles].”7
Há alguns anos, a Primeira Presidência fez uma declaração, e a Primeira Presidência atual repete a advertência. Vou citar: “ (…) rogamos aos jovens que mantenham sua vida limpa, porque uma vida impura só conduz ao sofrimento, tristeza e dor, e é física e espiritualmente o caminho para a destruição. Quão gloriosa e próxima dos anjos é a juventude que é limpa. Ela terá alegria indescritível nesta vida e felicidade eterna na vida futura. A pureza sexual é o que os jovens têm de mais precioso, é o alicerce de toda retidão”.8
Que vocês tenham a coragem de ser castas e virtuosas.
Minha última admoestação nesta noite é a de que tenham coragem de defender firmemente a verdade e a retidão. Como a tendência da sociedade atual é afastar-se dos valores e princípios que o Senhor nos deu, vocês quase certamente terão que defender as coisas em que acreditam. A menos que as raízes de seu testemunho estejam firmemente plantadas, será difícil para vocês suportarem o escárnio das pessoas que desafiam sua fé. Se estiver firmemente plantado, seu testemunho do evangelho, do Salvador e de nosso Pai Celestial vai influenciar tudo o que fizerem na vida. Tudo o que o adversário deseja é que vocês permitam que zombaria e críticas à Igreja façam com que vocês questionem e duvidem. Seu testemunho, se for constantemente nutrido, vai mantê-las em segurança.
Relembrem comigo a visão que Leí teve da árvore da vida. Ele viu muitos que se agarraram à barra de ferro e caminharam por entre as névoas de escuridão, chegando por fim à arvore da vida e comendo do seu fruto; então “olharam em redor como se estivessem envergonhados”.9 Leí se perguntou qual seria o motivo de sua vergonha. Ao olhar em volta, ele “[viu], na outra margem do rio de água, um grande e espaçoso edifício (…).
E estava cheio de gente, tanto velhos como jovens, tanto homens como mulheres; e suas vestimentas eram muito finas; e sua atitude era de escárnio e apontavam o dedo para aqueles que (…) comiam do fruto”.10
O grande e espaçoso edifício da visão de Leí representa as pessoas do mundo que zombam da palavra de Deus e ridicularizam os que a aceitam, que amam o Salvador e cumprem os mandamentos. O que sucede àqueles que se envergonham quando a zombaria acontece? Leí nos diz: “E os que haviam experimentado do fruto ficaram envergonhados, por causa dos que zombavam deles, e desviaram-se por caminhos proibidos e perderam-se”.11
Minhas queridas jovens irmãs, com a coragem de sua convicção, declarem como o Apóstolo Paulo: “Não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação”.12
Para que não se sintam incapazes de cumprir a tarefa à frente, lembro-lhes outra declaração vigorosa do Apóstolo Paulo que pode lhes dar coragem: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação”.13
Para terminar, quero compartilhar com vocês o relato de uma corajosa jovem cuja experiência pessoal atravessou eras como um exemplo de coragem para defender a verdade e a retidão.
A maioria de vocês conhece a história de Ester, que se encontra no Velho Testamento. É um relato muito interessante e inspirador sobre uma bela jovem judia, cujos pais haviam morrido, deixando-a para ser criada por um primo mais velho, Mardoqueu, e sua esposa.
Mardoqueu trabalhava para o rei da Pérsia, e quando o rei procurou para si uma rainha, Mardoqueu levou Ester ao palácio e a apresentou como candidata, advertindo-a para que não revelasse que era judia. O rei se agradou de Ester mais do que de todas as outras, e fez dela sua rainha.
Hamã, o mais importante príncipe da corte do rei, ficou cada vez mais irado com Mardoqueu, porque ele não se curvava para honrá-lo. Por esse motivo, Hamã convenceu o rei, de modo bem ardiloso, de que havia “um povo” em todas as 127 províncias do reino cujas leis eram diferentes, que não obedecia às leis do rei e que devia ser destruído.14 Sem dizer ao rei quem era esse povo, Hamã se referia, claro, aos judeus, inclusive Mardoqueu.
Ao receber permissão do rei para lidar com a questão, Hamã enviou cartas aos governadores de todas as províncias, instruindo-os para que “destruíssem, matassem, e fizessem perecer a todos os judeus, desde o jovem até ao velho, crianças e mulheres, (…) a treze do duodécimo mês”.15
Por meio de um servo, Mardoqueu avisou Ester do decreto contra os judeus, pedindo que ela fosse até o rei para suplicar por seu povo. Ester relutou, a princípio, lembrando a Mardoqueu que era proibido por lei que qualquer pessoa entrasse no pátio interior da casa do rei sem ser convidada. O castigo era a morte, a menos que o rei apontasse seu cetro de ouro, permitindo que a pessoa vivesse.
A resposta de Mardoqueu à hesitação de Ester foi bem direta. Ele escreveu para ela:
“Não imagines (…) que por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.
Porque, se de todo te calares neste tempo, (…) tu e a casa de teu pai perecereis”.16
E então, acrescentou esta pergunta pungente: “Quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?”17
Em resposta, Ester pediu a Mardoqueu que reunisse todos os judeus que conseguisse e pedisse que jejuassem por ela durante três dias, e disse que ela e suas servas fariam o mesmo. Ela disse: “Irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci”.18 Ester exerceu sua coragem e permaneceu firme e inamovível naquilo que era certo.
Estando física, emocional e espiritualmente preparada, Ester entrou no pátio interior da casa do rei. Quando o rei a viu, ergueu o cetro de ouro, dizendo que lhe daria tudo o que ela pedisse. Ela convidou o rei para um banquete que lhe havia preparado e, durante o banquete, revelou que era judia. Também denunciou o traiçoeiro estratagema de Hamã para exterminar todos os judeus do reino. O rei atendeu à súplica de Ester para que ela e seu povo fossem salvos.19
Ester, por meio de jejum, fé e coragem, salvou uma nação.
Provavelmente, não lhes será exigido que arrisquem a vida, como fez Ester, para defender suas crenças. É mais provável, porém, que se vejam em situações em que lhes será exigida muita coragem para defender com firmeza a verdade e a retidão.
Novamente, minhas queridas jovens irmãs, embora sempre tenha havido desafios no mundo, muitos dos que vocês enfrentam, só existem hoje. Mas vocês estão entre os filhos mais fortes do Pai Celestial, e Ele as reservou para virem à Terra em “tal tempo como este”.20 Com a ajuda Dele, vocês terão a coragem para enfrentar tudo o que surgir. Embora o mundo às vezes pareça sombrio, vocês terão a luz do evangelho como facho para guiar seu caminho.
Minha sincera oração é que tenham a coragem exigida para não julgar as pessoas, a coragem para ser castas e virtuosas, e a coragem para defender firmemente a verdade e a retidão. Ao fazer isso, vocês serão “o exemplo dos fiéis”21 e sua vida será cheia da amor, paz e alegria. Que assim seja, minhas amadas jovens irmãs, eu oro, em nome de Jesus Cristo, nosso Salvador. Amém.