O Chamado
“[Construí] uma casa ao meu nome, sim, neste lugar, para que me proveis serdes fiéis em todas as coisas que eu vos mandar” (D&C 124:55).
“Isaac, Isaac.” Era a voz de sua mãe. “Seu pai precisa de você no curral.”
Isaac ergueu a cabeça e olhou para fora da janela. Sem dúvida, o sol estava saindo e isso significava que era hora de cuidar dos afazeres. Isaac levantou-se da cama e pegou sua camisa. Dava para ouvir as vacas mugindo.
Ao sair pela porta da cozinha, viu o pai conduzindo o velho Taurus pelo portão.
“Aonde vamos tão cedo, pai?” perguntou Isaac.
“Só até ali do outro lado da cerca. Preciso que você segure o balde de cereais para que Taurus fique quieto.”
O boi mugiu, como se perguntasse: “O que está acontecendo hoje?” Mas quando Isaac segurou o balde na frente do focinho dele, Taurus se acalmou e começou a lamber o cereal com sua língua comprida. Enquanto o boi comia, Papa amarrou firmemente a corda que o prendia à cerca.
Quando a mãe de Isaac saiu pela porta da frente, o pai lhe pediu: “Tenho um projeto especial, Emeline. Poderia trazer-me o lápis grosso de carpinteiro que está na escrivaninha, por favor?”
Quando Mama voltou com o lápis, Papa colocou algumas tábuas no chão. Então, depois de olhar com cuidado para o Taurus, começou a desenhar na tábua lisa e amarela.
“O que está fazendo, pai?” perguntou Isaac.
“O irmão Fordham e eu recebemos uma tarefa muito importante para o templo”, explicou o pai. “Vamos ajudar a fazer as doze estátuas de boi que vão sustentar a pia, no batistério. Estou fazendo um desenho, e o Taurus é meu modelo.”
Ao ouvir seu nome, Taurus ergueu a cabeça, depois voltou a comer seu desjejum.
Isaac viu o pai desenhar um esboço bem grande. “Está começando a parecer com o Taurus”, disse Isaac. “Mas por que você o escolheu?”
“Por que ele é forte e é o melhor boi que já vi. Vê a pose que ele tem? Parece que sabe como é importante. Taurus é muito obediente também.”
“Esse projeto é um chamado muito especial, pai. Não é?”
“É sim, meu filho. Fico grato por ter sido convidado a ajudar.”
Isaac alisou o pescoço de Taurus. Dava para sentir os fortes músculos do animal. “Que honra é para você, meu velho”, sussurrou ele.
Isaac terminou rapidamente suas tarefas. Até terminou seus habituais vinte e poucos prendedores de madeira mais rápido que de costume. Sabia que quando terminasse teria tempo para fazer o que queria.
Naquele dia, Isaac queria desenhar. Os pais lhe deram permissão para desenhar na lareira, usando pedaços de carvão das toras queimadas. O carvão era fácil de lavar, e ele poderia usá-lo para traçar linhas grossas ou finas.
Ao desenhar Taurus, Isaac pensou no pai e no belo templo que estava sendo construído em Nauvoo. Se Isaac fosse forte e obediente como Taurus, talvez o Senhor o escolhesse para trabalhar no templo, tal como seu pai.