Clássicos do Evangelho
Lições do Mestre
Marvin J. Ashton foi ordenado apóstolo em 2 de dezembro de 1971. O artigo abaixo foi extraído de um discurso que ele proferiu num devocional da Universidade Brigham Young em 5 de junho de 1988.
Desde que me entendo por gente, sinto um amor especial por Jesus Cristo. Foi-me ensinado desde cedo que Ele é o Filho do Deus vivo. Aprendi que Ele é meu amigo, meu mestre e minha força. Nos últimos anos, depois de receber em minha vida o chamado, a responsabilidade e a honra de ser uma testemunha especial Dele, tenho procurado aprender com Sua vida e Suas atitudes. Ele é verdadeiramente o Mestre dos mestres. Em busca de auxílio para meu trabalho e compromisso, muitas vezes recorri ao capítulo 8 de João, no Novo Testamento, para encontrar força, orientação e exemplo. Permitam-me conduzi-los por alguns dos versículos que podem fortalecer nossa vida e nosso relacionamento com Jesus. Trata-se de passagens e palavras que me ajudam a compreendê-Lo melhor e que despertam em mim o desejo de agir e de ser como Ele. (…)
[Os escribas e os fariseus] levaram até Ele a mulher apanhada em adultério. Aqueles inimigos (…) tentaram enredá-lo. Puseram a mulher no centro de um círculo para expô-la como pecadora e impura. Ele não se afastou da presença dela. (…) Ela fora apanhada em flagrante — em pleno ato de adultério. Não restavam dúvidas sobre sua culpa. Eles estavam tentando levá-Lo ao que parecia ser um beco sem saída. A lei de Moisés determinava o apedrejamento da mulher. “Tu, pois, que dizes?” [João 8:5] indagaram eles, tentando-O, encurralando-O, levando-O a um impasse.
A despeito do que Ele viesse a dizer, seria acusado de agir mal e de julgar mal. Estavam tentando-O para ver se conseguiriam fazê-Lo perder a paciência e esquecer quem era. Apedrejá-la seria cruel. Ignorá-la seria errado. (…) Ele se inclinou e começou a escrever na areia, como se não os ouvisse (atraindo a atenção deles e preparando todos nas proximidades para serem ensinados). (…) Como o silêncio prosseguia, eles continuaram a fazer perguntas. Até consigo imaginar algumas das perguntas ardilosas: “Vamos, diga algo. Agora está encurralado. Tem medo da resposta?” Mas era Jesus que estava no comando. (…)
Jesus ergueu-se, em humilde e mansa majestade, e disse estas palavras contundentes: “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” [João 8:7]. Uma resposta perfeita de uma pessoa perfeita.
Hoje em nossas responsabilidades, situações e chamados, precisamos lembrar-nos disso continuamente. Em nossas interações com as pessoas, quem não tiver pecados que seja o primeiro a criticar, condenar ou menosprezar. (…) Ele se inclinou e escreveu no chão. Eles ouviram o que Ele disse. Sentiram o impacto de Seu silêncio espiritual enquanto permanecera calado. Condenados pela própria consciência, foram embora por si mesmos — nem precisaram ser enxotados. Afastaram-se um a um — não para procurar pedras, mas para tratar suas feridas espirituais.
Ele acabou ficando sozinho com a mulher. Muito me alegra que isso tenha sido registrado. Alguns de nós têm a tendência de evitar contato com os que caíram. (…) Ele disse: “Onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” [João 8:10]. (…) Jesus Cristo deu-Se ao trabalho de fazer perguntas e de escutar. Ah, quisera que agíssemos assim com mais frequência! Nossas respostas seriam tão fáceis, tão melhores. (…)
A mulher apanhada em adultério respondeu à pergunta do Senhor sobre seus acusadores dizendo: “Ninguém, Senhor”. Em seguida, Ele fez uma declaração vigorosa: “Vai-te, e não peques mais” [João 8:11]. O Mestre estava ensinando naquele dia e continua a ensinar agora. Eis Sua mensagem grandiosa: abomine o pecado, mas ame o pecador. Espero que isso nos proporcione forças, confiança e um relacionamento mais próximo com nosso Salvador, Jesus Cristo. Jesus não deu apoio ao adultério. Ofereceu à mulher amor, em vez de um sermão autoritário. Ela e os acusadores precisavam de uma lição sobre o amor. A situação exigia misericórdia e compaixão. Como é gratificante saber que Jesus acreditava que o homem é maior que todos os seus pecados. É de admirar que Ele seja conhecido como o “Bom Pastor”? Ele amava todas as Suas ovelhas, mesmo as que estavam desgarradas, famintas, desenganadas, com frio ou perdidas.
No final daquela grandiosa experiência de ensino, aquela lição de amor e compaixão, há um versículo importante.
“Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12).
Sigamos Sua luz. Consultemos sempre essas palavras. Presto-lhes testemunho de que elas foram preservadas para o bem de todos.