Clássicos do Evangelho
Adorar o Deus Vivo e Verdadeiro
Extraído de “The False Gods We Worship” [Os Falsos Deuses Que Adoramos], Tambuli, agosto de 1977, pp. 1–4.
O que há a temer quando o Senhor está conosco?
Aprendemos nas escrituras que, uma vez que o exercício da fé sempre pareceu mais difícil do que a confiança em coisas mais imediatas, o homem carnal tende a transferir sua confiança em Deus para as coisas materiais. Por isso, em todas as épocas em que os homens caíram sob o poder de Satanás e perderam a fé, eles puseram em seu lugar uma esperança no “braço de carne” e em “deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem” (Daniel 5:23) — isto é, em ídolos. Trata-se, a meu ver, de um dos temas principais do Velho Testamento. Toda coisa que o homem considera mais importante em seu coração e na qual passa a depositar toda a sua confiança se torna seu deus. E se esse seu deus não for o verdadeiro e vivo Deus de Israel, esse homem estará praticando idolatria.
Creio firmemente que, quando lemos essas escrituras e tentamos aplicá-las a nós mesmos (ver 1 Néfi 19:24), como sugeriu Néfi, veremos muitos paralelos entre a antiga adoração de imagens de escultura e padrões de comportamento em nossa própria experiência.
O Senhor nos abençoou. (…) Os recursos que foram colocados em nosso poder são bons e necessários para nosso trabalho aqui na Terra. Mas acho que infelizmente muitos de nós (…) começaram a adorá-los como falsos deuses, e eles ganharam poder sobre nós. Será que temos mais dessas coisas boas do que nossa fé é capaz de suportar? Muitas pessoas passam a maior parte de seu tempo trabalhando a serviço de uma autoimagem que inclui quantidade suficiente de dinheiro, ações, títulos, carteiras de investimentos, propriedades, cartões de crédito, móveis, carros e coisas semelhantes para garantir segurança carnal. (…)
Nossa Missão
O que se esquece é que nossa missão é utilizar esses muitos recursos em nossa família e em nosso quórum para edificar o reino de Deus — para promover a obra missionária e o trabalho genealógico e do templo, para criar nossos filhos como servos produtivos do Senhor, para abençoar os outros em todos os sentidos, a fim de que também sejam produtivos. Em vez disso, desperdiçamos essas bênçãos somente com nossos próprios desejos. Como perguntou Morôni: “Por que vos adornais com aquilo que não tem vida e, contudo, permitis que passem por vós os famintos e os necessitados e os nus e os enfermos e os aflitos, sem notá-los?” (Mórmon 8:39).
Como o próprio Senhor disse em nossos dias: “Não buscam o Senhor para estabelecer sua justiça, mas todo homem anda em seu próprio caminho e segundo a imagem de seu próprio deus, cuja imagem é à semelhança do mundo e cuja substância é a de um ídolo que envelhece e perecerá em Babilônia, sim, Babilônia, a grande, que cairá” (D&C 1:16; grifo do autor).
Uma Troca Infeliz
Um homem que conheço foi chamado para um cargo na Igreja, mas sentiu que não poderia aceitar porque seus investimentos exigiam mais (…) de seu tempo do que ele poderia dedicar à obra do Senhor. Ele deixou o serviço do Senhor em busca de Mamon e hoje está milionário.
Mas há pouco tempo tomei conhecimento de um fato interessante: se um homem tiver em ouro o equivalente a um milhão de dólares (…), possuirá cerca de uma parte entre 27 bilhões de todo o ouro presente apenas na crosta mais superficial da Terra. É uma quantidade proporcionalmente tão pequena que chega a ser inconcebível para a mente humana. E não é tudo: o Senhor que criou a Terra e tem poder sobre ela criou também muitas outras terras, sim, “mundos incontáveis” (Moisés 1:33). E quando o homem recebeu o juramento e convênio do sacerdócio (ver D&C 84:33–44), obteve a promessa do Senhor de receber “tudo o que [o] Pai possui” (D&C 84:38). Deixar de lado todas essas promessas grandiosas em troca de um baú de ouro e uma sensação de segurança carnal é um erro de perspectiva de proporções colossais. Pensar que ele se contentou com tão pouco é de fato uma perspectiva triste e lamentável, pois a alma dos homens é muito mais preciosa que isso.
Um rapaz, ao ser chamado para a missão, respondeu que não tinha muito talento para esse tipo de coisa. Sua especialidade era manter seu novo e potente automóvel em ótimas condições. (…) O tempo todo, seu pai se contentava em dizer: “Ele gosta de fazer coisas com as mãos. Isso já lhe basta”.
Já basta para um filho de Deus? Aquele rapaz não percebeu que o poder de seu automóvel é infinitamente pequeno em comparação com o poder do mar ou do sol, e há muitos sóis, todos controlados por leis e pelo sacerdócio — em última análise, um poder do sacerdócio que ele poderia desenvolver servindo ao Senhor. Ele se contentou com um deus lamentável, um amontoado de aço, borracha e cromo brilhante.
Um casal de idosos aposentou-se do mundo do trabalho e, ao mesmo tempo, da Igreja. Eles compraram uma caminhonete e um trailer e (…) partiram para conhecer o mundo. (…) Não tinham tempo para ir ao templo e estavam ocupados demais para a pesquisa genealógica e o serviço missionário. Ele perdeu o contato com seu quórum de sumos sacerdotes e não estava em casa o suficiente para dedicar-se a sua história pessoal. A experiência e a liderança deles eram extremamente necessárias em seu ramo, mas (…) eles não estavam disponíveis. (…)
Se insistirmos em despender todo o nosso tempo e todos os nossos recursos construindo para nós mesmos um reino mundano, é exatamente isso que vamos herdar.
Abandonar as Coisas do Mundo
Apesar de gostarmos de nos definir como modernos e de nossa tendência de achar que possuímos uma sofisticação que nenhum povo no passado já teve, a despeito dessas coisas, somos, como um todo, um povo idólatra — uma condição das mais repugnantes para o Senhor.
Desviamo-nos (…) facilmente de nossa missão de nos prepararmos para a vinda do Senhor. (…) Esquecemos que, se formos justos, o Senhor não permitirá que nossos inimigos nos ataquem (…) ou lutará nossas batalhas por nós (ver Êxodo 14:14; D&C 98:37, para citar apenas duas referências entre muitas). (…)
O que há a temer quando o Senhor está conosco? Será que não podemos confiar na palavra do Senhor e exercer uma partícula de fé Nele? Nossa missão é inequívoca: abandonar as coisas do mundo como um fim em si mesmas, deixar de lado a idolatria e seguir avante com fé e levar o evangelho a nossos inimigos para que deixem de ser inimigos.
Exercer Maior Fé
Devemos abandonar o culto de ídolos modernos e a confiança no “braço de carne”, pois o Senhor disse a todo o mundo em nossos dias: “Não pouparei quem permanecer em Babilônia” (D&C 64:24). (…) Cremos que a maneira de cada pessoa e cada família se preparar conforme a orientação do Senhor é começar a exercer maior fé, arrepender-se e trabalhar em Seu reino na Terra, que é A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. No início, pode parecer meio difícil, mas, quando uma pessoa começa a adquirir a visão do verdadeiro trabalho, quando começa a ter um vislumbre da eternidade em sua verdadeira perspectiva, as bênçãos começam a superar em muito o sacrifício de deixar “o mundo” para trás.
Nisso reside a única felicidade verdadeira e, portanto, convidamos e acolhemos todas as pessoas, em todos os lugares, para que se unam a esse trabalho. Para aqueles que estão determinados a servir ao Senhor a qualquer preço, este é o caminho da vida eterna. Tudo o mais não passa de um meio para esse fim.