Uma Família Eterna
Kellee H. Mudrow, Utah, EUA
Quando eu tinha 19 anos, fiz uma última visita a meus avós antes de partir para uma viagem humanitária de três meses no Equador. Meu avô tinha se mudado para um asilo de idosos porque seu estado de saúde estava piorando. Sofria de demência e outras enfermidades físicas decorrentes da idade avançada.
Quando entrei com minha família no asilo, fiquei chateada por saber que aquela visita a meu avô provavelmente seria a última que eu faria. Sabia que ele acabaria falecendo enquanto eu estivesse fora, e tive um sentimento de culpa por estar partindo.
Pouco antes de entrarmos em seu quarto, um funcionário havia transferido meu avô para uma cadeira de rodas. Nós o empurramos até a área comum do prédio. Minha mãe estava conversando com um dos funcionários, enquanto minha irmã de 16 anos conversava com nosso avô.
Ele não era mais o mesmo. A degradação de seu estado mental era bem evidente, e ele parecia confuso. Quando lhe perguntamos quantos netos tinha, ele respondeu errado. Depois, nós o provocamos carinhosamente, fazendo grande estardalhaço sobre o número real de netos que ele tinha.
Senti uma dor no coração de vê-lo assim. Mas então, em meio a sua confusão e suas respostas incorretas para nossas perguntas, meu avô de repente disse: “Uma família eterna”.
Fiquei atônita. Um funcionário que estava por perto não entendeu o que ele disse, mas minha irmã e eu olhamos uma para a outra. Nós duas havíamos ouvido claramente. Ele então repetiu: “Uma família eterna”. Dessa vez, nossa mãe também ouviu.
Não me lembro de mais nada de nossa visita daquele dia. Tudo o que sei foi que, quando saímos do asilo, eu soluçava de tristeza e de alegria: tristeza pelo homem que estávamos deixando para trás e que eu não voltaria a ver nesta vida e alegria pela terna misericórdia daquelas simples palavras e da paz que me trouxeram ao coração.
Sei que a despeito do estado mental de meu avô, ele conseguiu externar pela última vez sua forte convicção e seu conhecimento de que as famílias são eternas.
Pouco tempo depois, parti em minha viagem humanitária. Quando recebi a notícia do falecimento de meu avô, uma semana antes de minha volta, senti paz. Eu sabia, e ainda sei, que um dia voltaremos a nos encontrar. Graças às ordenanças do templo, as famílias são eternas.