Posso Fazer Isso!
Roy Atkin, Califórnia, EUA
Estávamos na época do Natal, e naquela noite o chão estava coberto por uma pesada camada de neve. Durante vários meses, meu companheiro e eu tínhamos enfrentado o rigoroso frio alemão, batido de porta em porta e distribuído exemplares do Livro de Mórmon. A Segunda Guerra Mundial acabara 15 anos antes, mas muitos alemães ainda tinham um pé atrás com os americanos.
Mas, naquela noite, Ingeborg Bienmuller ia ser batizada. Contudo, na longa viagem de ônibus até a base da Força Aérea dos Estados Unidos, ela ficou calada. Notei sua angústia crescente.
Ao nos aproximarmos do ponto de ônibus, Ingeborg virou-se para nós e perguntou: “Sabem o quanto isto é difícil para mim? Os Aliados mataram meu marido na guerra e bombardeios mataram muitos outros familiares meus”.
Ela tocou a própria perna. “Fui atingida por estilhaços de uma bomba de gás mostarda. Minha perna nunca vai sarar. Não sei se posso entrar aí.”
Ficamos sentados em silêncio enquanto as palavras dela ainda ressoavam e o ônibus parava. Ingeborg permaneceu sentada sem se mexer. Meu coração bateu acelerado. Orei para que ela não recuasse por estar com medo.
Em seguida, ela se levantou do assento e declarou: “O Pai Celestial me deu um testemunho da veracidade da Restauração. Sei que o Livro de Mórmon é verdadeiro. Posso fazer isso! Élder Atkin, por favor, me ajude a caminhar”.
Fizemos a longa caminhada até o portão, com Ingeborg ofegante ao passarmos pelos guardas. Colocamos as roupas brancas e encontramos a piscina da base. A piscina tornou-se um lugar sagrado, e fomos envolvidos por grande paz. A angústia no rosto de Ingeborg transformou-se em alegria quando entrou na água e foi batizada, tornando-se membro da Igreja.
“Na noite em que os élderes me deixaram um Livro de Mórmon, fiquei emocionada”, ela nos contou no caminho de volta para casa. “Fiquei lendo até tarde da noite, até chegar a Mosias 18, quando Alma convida as pessoas a serem batizadas: ‘Eis aqui as águas de Mórmon (…); e agora, sendo que desejais entrar no rebanho de Deus e ser chamados seu povo; (…) o que vos impede de serdes batizados?’” (Mosias 18:8, 10).
Com voz suave, prosseguiu: “Adormeci lendo aquelas palavras e tive um sonho. Eu estava perto de um belo lago, como as Águas de Mórmon. Do outro lado do lago, havia pessoas vestidas de branco — minha família! Meu marido, que morrera na guerra, estava sorrindo e acenando para que eu me batizasse”.
Naquela noite, a irmã Bienmuller tornou-se membro do Ramo Würzburg e uma das muitas pessoas da Alemanha que acabaram por superar seus temores e se filiaram à Igreja.