2014
O Homem do Sacerdócio
Maio 2014


O Homem do Sacerdócio

Presidente Henry B. Eyring

Vocês podem ser um modelo excelente, médio ou ruim. Talvez achem que isso não importa para vocês, mas importa para o Senhor.

Todos temos heróis, principalmente quando somos jovens. Nasci e fui criado em Princeton, New Jersey, nos Estados Unidos. As mais famosas equipes esportivas próximas do lugar em que morávamos tinham sua sede na Cidade de Nova York. Ali havia três equipes profissionais de beisebol naqueles distantes dias: os Brooklyn Dodgers, os New York Giants e os New York Yankees. A Cidade de Filadélfia ficava ainda mais perto de casa e era a sede das equipes de beisebol Athletics e Phillies. Havia muitos possíveis heróis do beisebol para mim naquelas equipes.

Joe DiMaggio, que jogava no New York Yankees, tornou-se meu herói do beisebol. Quando meus irmãos e amigos jogavam beisebol no terreno da escola próxima de casa, eu tentava girar o taco da mesma forma que Joe DiMaggio fazia. Isso foi antes da época da televisão (isto é história antiga), por isso eu só podia usar as fotografias dos jornais para copiar sua técnica.

Quando eu era jovem, meu pai me levou para o Estádio dos Yankees. Foi a única vez que vi Joe DiMaggio jogar. Como se eu ainda estivesse ali, consigo visualizar na mente o giro do bastão e vejo a bola branca voando do centro do campo diretamente para as arquibancadas.

Ora, minha destreza no beisebol nem chegava aos pés da que possuía meu herói de infância. Mas, nas poucas vezes que rebati bem uma bola, copiei a qualidade de sua vigorosa rebatida da melhor maneira que pude.

Quando escolhemos heróis, começamos a copiar, consciente ou inconscientemente, o que mais admiramos neles.

Felizmente, meus sábios pais colocaram grandes heróis em meu caminho quando eu era menino. Meu pai me levou ao Estádio dos Yankees apenas uma vez para ver meu herói do beisebol jogar, mas todos os domingos ele me fazia observar um homem do sacerdócio que se tornou meu herói. Aquele herói moldou minha vida. Meu pai era o presidente do pequeno ramo que se reunia em nossa casa. Por isso, se você descesse para o primeiro andar no domingo de manhã, já estaria na Igreja. Nosso ramo nunca teve uma frequência maior do que 30 pessoas.

Havia um rapaz que levava a mãe dele de carro até nossa casa para as reuniões, mas ele nunca entrava em casa. Não era membro. Foi meu pai quem foi até o estacionamento e conseguiu convidá-lo a entrar em casa. Ele foi batizado e se tornou meu primeiro e único líder do Sacerdócio Aarônico. Tornou-se meu herói do sacerdócio. Ainda me lembro da escultura de madeira que ele me deu como recompensa quando terminei um projeto de cortar lenha para uma viúva. Tenho tentado ser como ele, sempre que faço um elogio merecido a um servo de Deus.

Escolhi outro herói naquele pequeno ramo da Igreja. Era um fuzileiro naval dos Estados Unidos que ia as nossas reuniões vestindo seu uniforme verde. Era época de guerra, e só isso já o tornava meu herói. Tinha sido enviado à Universidade Princeton pelos fuzileiros navais para aprimorar-se nos estudos. Porém, muito mais do que admirar o seu uniforme militar, eu o vi jogar no Estádio Palmer como capitão da equipe de futebol americano da Universidade Princeton. Eu o vi jogar na equipe de basquete universitário e também o vi jogar como excelente apanhador de sua equipe de beisebol.

E ainda mais, ele veio até a minha casa, durante a semana, para me mostrar como arremessar uma bola de basquete com a mão esquerda e com a direita. Disse-me que eu precisaria daquela aptidão se quisesse um dia jogar basquete num bom time. Não me dei conta na época, mas por muitos anos ele foi, para mim, o modelo de um verdadeiro homem do sacerdócio.

Cada um de vocês será um modelo de homem do sacerdócio, quer queiram, quer não. Vocês se tornaram uma candeia acesa quando aceitaram o sacerdócio. O Senhor os colocou num velador para iluminar o caminho de todos a seu redor. Isso é particularmente verdade em relação aos que estão em seu quórum do sacerdócio. Vocês podem ser um modelo excelente, médio ou ruim. Talvez achem que isso não importa para vocês, mas importa para o Senhor. Ele explicou desta maneira:

“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.

Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.

Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.1

Fui abençoado pelo exemplo de excelentes portadores do sacerdócio nos quóruns em que tive a felicidade de servir. Vocês podem fazer o que eles fizeram por mim, sendo um exemplo para que outros sigam.

Observei três características em comum dos portadores do sacerdócio que foram meus heróis. Uma delas é o padrão da oração, a segunda é o hábito do serviço e a terceira é a firme decisão de ser honesto.

Todos oramos, mas o portador do sacerdócio que vocês devem ser ora frequentemente e com real intenção. À noite, vocês se ajoelham e agradecem a Deus pelas bênçãos do dia. Vocês agradecem a Ele pelos pais, pelos professores e pelos excelentes exemplos a seguir. Vocês descrevem em suas orações especificamente quem abençoou sua vida durante o dia, e como. Isso leva mais do que uns poucos minutos e mais do que um pequeno esforço para lembrar. É algo que vai surpreendê-los e mudá-los.

Ao orar pedindo perdão, vocês começarão a perdoar os outros. Ao agradecer a Deus por Sua bondade, vocês pensarão em outros, pelo nome, que precisam de sua bondade. Novamente, essa experiência vai surpreendê-los a cada dia, e com o tempo vai mudá-los.

Um meio pelo qual vocês serão mudados por essa fervorosa oração, asseguro-lhes, é que sentirão realmente que são filhos de Deus. Quando souberem que são filhos de Deus, também saberão que Ele espera muito de vocês. Por serem filhos Dele, Ele espera que vocês sigam Seus ensinamentos e os ensinamentos de Seu amado Filho Jesus Cristo. Ele espera que sejam generosos e bondosos com as pessoas. Ele vai ficar desapontado se vocês forem orgulhosos e egocêntricos. Ele vai abençoá-los para que tenham o desejo de colocar os interesses dos outros acima do seu próprio.

Alguns de vocês já são modelos de serviço abnegado no sacerdócio. Nos templos, no mundo todo, há portadores do sacerdócio que chegam antes do nascer do sol. E alguns servem até bem depois de o sol se pôr. Não há reconhecimento nem aclamação pública neste mundo para esse sacrifício de tempo e de esforços. Já acompanhei jovens que servem àqueles que estão no mundo espiritual e não podem reivindicar as bênçãos do templo para si mesmos.

Ao ver alegria em vez de cansaço no rosto dos que servem ali bem cedo ou até bem tarde, sei que há grandes recompensas nesta vida para esse tipo de serviço abnegado do sacerdócio, mas é somente um vislumbre da alegria que compartilharão com aqueles a quem serviram no mundo espiritual.

Vi essa mesma felicidade no rosto daqueles que falam a outros das bênçãos que recebemos por fazer parte do reino de Deus. Conheço um presidente de ramo que quase todos os dias leva pessoas aos missionários para que eles as ensinem. Há apenas alguns meses, ele ainda não era membro da Igreja. Agora, há missionários ensinando e um ramo que cresce em número de membros e em força por causa dele. Porém, mais do que isso, ele é uma luz para outros que vão abrir a boca e acelerar a coligação que o Senhor vem fazendo dos filhos do Pai Celestial.

Ao orar pelas pessoas e servir a elas, seu conhecimento de que vocês são filhos de Deus e seus sentimentos sobre Ele vão aumentar. Vocês vão ficar mais cientes de que Ele fica triste quando vocês são desonestos em qualquer aspecto. Vocês terão mais determinação de cumprir sua palavra para com Deus e as pessoas. Estarão mais atentos a não pegar algo que não lhes pertença. Serão mais honestos com seu empregador. Terão maior determinação de ser pontuais e de concluir toda tarefa que receberem do Senhor e que vocês aceitaram cumprir.

Em vez de se perguntarem se os mestres familiares virão, as crianças das famílias que vocês foram chamados a ensinar vão ficar ansiosas por sua visita. Meus filhos receberam essa bênção. Em sua infância, eles tiveram heróis do sacerdócio que os ajudaram a estabelecer seu próprio rumo no serviço ao Senhor. Esse exemplo abençoado está agora passando para a terceira geração.

Minha mensagem também é de agradecimento.

Agradeço a vocês por suas orações. Agradeço por vocês se ajoelharem em reconhecimento do fato de que não conhecem todas as respostas. Vocês oram ao Deus do céu para expressar sua gratidão e para invocar Suas bênçãos sobre sua vida e sobre sua família. Agradeço a vocês por seu serviço ao próximo e pelas ocasiões em que não sentiram a necessidade de reconhecimento por seu serviço.

Aceitamos a advertência do Senhor de que, se buscarmos méritos neste mundo para nosso serviço, podemos perder bênçãos maiores. Vocês vão se lembrar destas palavras:

“Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.

Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;

Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente”.2

Aqueles que foram meus modelos de excelentes portadores do sacerdócio não reconhecem facilmente que possuem qualidades heroicas. Na verdade, parece-lhes difícil ver essas coisas que eu tanto admiro neles. Mencionei que meu pai era o fiel presidente de um minúsculo ramo da Igreja em New Jersey. Mais tarde, ele foi membro da junta geral da Escola Dominical da Igreja. Tenho, porém, o cuidado de falar com modéstia a respeito de seu serviço no sacerdócio, porque ele era modesto.

O mesmo acontece com o fuzileiro naval que foi meu herói de infância. Ele nunca me falou de seu serviço no sacerdócio ou de suas realizações. Simplesmente serviu. Fiquei sabendo de sua fidelidade por outros. Se ele chegou a ver em si mesmo as características que admirei, não sei dizer.

Assim, meu conselho a vocês que desejam abençoar os outros com o sacerdócio tem a ver com a sua vida que é desconhecida para todos, exceto para Deus.

Orem a Ele. Agradeçam a Ele por tudo o que há de bom em sua vida. Peçam-Lhe que lhes faça saber quais pessoas Ele colocou em seu caminho para vocês servirem. Roguem a Ele que os ajude a prestar esse serviço. Orem para que possam perdoar e, assim, ser perdoados. Depois, sirvam a essas pessoas, amem-nas e perdoem-nas.

Acima de tudo, lembrem-se de que, dentre todo o serviço que vocês prestam, nenhum é maior do que o de ajudar as pessoas a decidirem qualificar-se para a vida eterna. Deus nos deu essa orientação, que abrange todas as outras sobre como usar o sacerdócio. Ele é o exemplo perfeito disso. Esse é o exemplo que vemos em pequena escala no melhor de Seus servos mortais:

“E o Senhor Deus falou a Moisés, dizendo: Os céus, eles são muitos e são inumeráveis para o homem; mas são enumeráveis para mim, pois são meus.

E como uma terra com seu céu passará, assim outra surgirá; e não há fim para minhas obras nem para minhas palavras.

Pois eis que esta é minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem”.3

Devemos ajudar nessa obra. Cada um de nós pode fazer algo muito importante. Fomos preparados para nossa época e nosso lugar nos últimos dias desta sagrada obra. Cada um de nós foi abençoado com o exemplo daqueles que fizeram dessa obra o propósito abrangente de sua época na Terra.

Oro para que ajudemos uns aos outros a elevar-nos à altura dessa oportunidade.

Deus, o Pai, vive, e Ele vai responder às orações que vocês fizerem pedindo a ajuda de que necessitam para servir bem a Ele. Jesus Cristo é o Senhor ressuscitado. Esta é a Sua Igreja. O sacerdócio que vocês possuem é o poder de agir em Seu nome, na Sua obra, para servir aos filhos de Deus. Ao se dedicarem de todo o coração a esta obra, Ele vai magnificá-los. Essa é a minha promessa, em nome de Jesus Cristo, nosso Salvador. Amém.