2014
O Livro de Mórmon, a Coligação de Israel e a Segunda Vinda
Julho de 2014


O Livro de Mórmon, a Coligação de Israel e a Segunda Vinda

Extraído de um discurso proferido durante o seminário para novos presidentes de missão realizado no Centro de Treinamento Missionário de Provo, em 26 de junho de 2013.

Élder Russell M. Nelson

O surgimento do Livro de Mórmon é um sinal tangível para o mundo de que o Senhor já começou a coligar Israel e a cumprir os convênios que fez com Abraão, Isaque e Jacó.

Large group of sister missionaries standing on stairs holding up signs showing what language they speak.

O capítulo 5 de Pregar Meu Evangelho: Guia para o Serviço Missionário é totalmente dedicado ao Livro de Mórmon. Esse capítulo ensina que o Livro de Mórmon:

  • É a pedra angular de nossa religião.

  • Testifica de Jesus Cristo.

  • Apoia a Bíblia.

  • Responde às perguntas da alma.

  • Aproxima as pessoas de Deus.

Todas essas afirmativas são absolutamente verdadeiras, mas foram feitas do nosso ponto de vista como seres mortais. Qual seria a perspectiva de nosso Pai Celestial e de Seu Filho Amado, Jesus Cristo, quanto ao Livro de Mórmon?

A perspectiva Deles certamente seria modelada por duas promessas antigas que Eles fizeram para toda a humanidade. Essas duas promessas estão relacionadas entre si, estão bem documentadas, continuam em vigor e ainda não foram cumpridas. A primeira é Sua antiga promessa de coligar a Israel dispersa. A segunda é a promessa eterna da Segunda Vinda do Senhor.

O Convênio Abraâmico e a Casa de Israel

Na dispensação de Abraão, Deus fez um convênio com o Pai Abraão de que, por meio de sua linhagem, as pessoas de todas as nações seriam abençoadas. Houve outros componentes importantes daquela promessa. Essas promessas, concedidas primeiro a Abraão e depois reafirmadas a Isaque e Jacó, incluíam:

  • Uma grande posteridade.1

  • A herança de certas terras.2

  • A semente de Abraão levaria o sacerdócio a todas as nações, para que todos pudessem ser abençoados por meio da linhagem de Abraão.3

  • Aqueles que não descendessem de Abraão e que aceitassem o evangelho se tornariam a semente de Abraão por meio de adoção.4

  • O Salvador do mundo viria por meio da linhagem de Abraão.5

Muitos dos descendentes de Abraão — as tribos da antiga Israel — acabaram rejeitando os ensinamentos do Senhor e matando os profetas. Dez tribos foram levadas cativas para a Assíria. De lá, elas se perderam segundo os registros da humanidade, embora não estejam perdidas para o Senhor. Restaram duas tribos por um breve período, mas devido à rebelião elas foram levadas em cativeiro para a Babilônia. Quando retornaram, elas foram favorecidas pelo Senhor, mas, novamente, não O honraram!

Dispersão e Coligação de Israel

Um Pai amoroso, mas aflito, dispersou Israel para muitos lugares distantes, mas prometeu que um dia a Israel dispersa seria coligada novamente ao redil. Essa promessa foi tão enfática quanto a promessa da dispersão de Israel.6 Isaías, por exemplo, previu que nos últimos dias o Senhor enviaria “mensageiros velozes” para esse povo que era “de elevada estatura e de pele lisa” (Isaías 18:2, 7).

Como profetizado, todas as coisas seriam restauradas nessa dispensação. Portanto, a tão esperada coligação da Israel dispersa deve acontecer como parte dessa restauração.7 A coligação de Israel está relacionada com a segunda promessa, porque a coligação é um prelúdio necessário para a Segunda Vinda do Senhor.8 Novamente, essa perspectiva celeste é sempre evidente.

Esse conceito da coligação é um dos ensinamentos mais importantes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O Senhor declarou: “E (…) vos dou um sinal (…) de sua longa dispersão, reunirei meu povo, ó casa de Israel, e estabelecerei novamente no meio deles minha Sião” (3 Néfi 21:1).

O surgimento do Livro de Mórmon é um sinal tangível para o mundo de que o Senhor já começou a coligar Israel e a cumprir os convênios que fez com Abraão, Isaque e Jacó.9 Não apenas ensinamos esse conceito, mas também podemos participar disso! Nós o fazemos ao ajudar a reunir os eleitos do Senhor em ambos os lados do véu.

Misericordiosamente, o convite de “[vir] a Cristo” (Jacó 1:7)10 também pode ser estendido aos que morreram sem conhecimento do evangelho.11 Parte da preparação em favor daqueles que vivem do outro lado do véu requer esforços terrenos daqueles que vivem deste lado do véu. Compilamos gráficos de linhagem, criamos folhas de grupo familiar e fazemos o trabalho vicário no templo para coligar pessoas ao Senhor e a suas respectivas famílias.12

Essa dispensação da plenitude dos tempos foi prevista por Deus como o tempo de coligar, tanto no céu quanto na Terra. O Apóstolo Pedro sabia que haveria uma restauração após um período de apostasia. Ele declarou:

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, (…)

O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio” (Atos 3:19, 21).

Nos tempos atuais, Pedro, Tiago e João foram enviados pelo Senhor com “as chaves de [S]eu reino e uma dispensação do evangelho para os últimos tempos; e para a plenitude dos tempos”, na qual Ele “[reunirá] em uma todas as coisas, tanto as que estão no céu como as que estão na Terra” (D&C 27:13).13

Muitos aspectos do convênio abraâmico já foram cumpridos. O Salvador do mundo realmente veio por meio da linhagem de Abraão, por meio do filho de Jacó, Judá. Foram atribuídas terras para herança há muito tempo. Um mapa na edição SUD da Bíblia mostra como a terra herdada pelas tribos foi dividida entre os descendentes de Rúben, Simeão, Judá, Issacar, Zebulom, Dã, Naftáli, Gade, Aser, Benjamim e José (dividida entre seus filhos, Efraim e Manassés).14 Além da herança de José na Terra Santa, também aprendemos com o Livro de Mórmon que a terra reservada para um remanescente da casa de José seria o hemisfério americano.15

A grande promessa de que todas as nações seriam abençoadas pela posteridade de Abraão, Isaque e Jacó ainda será cumprida. Mas essa promessa da coligação, que permeia todas as escrituras, será tão certamente cumprida quanto foram as profecias da dispersão de Israel.16

Church members and missionaries of the Abuakwa Branch in Africa.

A Coligação Como Prelúdio para a Segunda Vinda

Por que essa promessa de coligação é tão crucial? Porque a coligação de Israel é necessária para preparar o mundo para a Segunda Vinda! E o Livro de Mórmon é o instrumento de Deus necessário para atingir ambos os objetivos divinos.17

O Livro de Mórmon é um presente de Deus para todo o mundo. É o único livro que o próprio Senhor testificou ser verdadeiro.18 É um presente de Néfi, Jacó, Mórmon, Morôni e de seu inspirado e martirizado tradutor, o Profeta Joseph Smith. O Livro de Mórmon é deliberadamente dirigido aos remanescentes da casa de Israel.19

Concernente à Segunda Vinda, sabemos que está “[próxima] e num tempo [ainda] futuro” (D&C 63:53). E quando o Salvador vier novamente, não será em segredo.20 Enquanto isso, temos muito trabalho a fazer para coligar Israel e preparar o mundo para a Segunda Vinda.

A Coligação de Israel Nesta Dispensação

Graças ao Livro de Mórmon, sabemos quando acontecerá essa coligação prometida: “Nosso pai não falou, portanto, apenas de nossos descendentes, mas também de toda a casa de Israel, indicando o convênio que haveria de ser cumprido nos últimos dias; convênio esse que o Senhor fez com nosso pai Abraão, dizendo: Em tua semente serão benditas todas as famílias da Terra” (1 Néfi 15:18; grifo do autor).

Seiscentos anos antes de Jesus nascer em Belém, os profetas sabiam que a coligação de Israel aconteceria “nos últimos dias”.

Para os santos dos últimos dias, o nome honrado de Abraão é importante. Cada membro da Igreja está ligado a Abraão.21 O Senhor reafirmou o convênio abraâmico em nossos dias por intermédio do Profeta Joseph Smith.22 No templo, recebemos nossas maiores e mais elevadas bênçãos, como foram prometidas à semente de Abraão, Isaque e Jacó.23

Precisamos adquirir essa perspectiva celeste. Precisamos conhecer o convênio abraâmico e entender nossa responsabilidade de ajudar a tornar realidade a coligação prometida de Israel. Precisamos saber por que temos o privilégio de receber a bênção patriarcal e, por meio dela, descobrir nossa conexão com os antigos patriarcas. Precisamos saber que José, o filho de Jacó, se tornou o filho primogênito depois de Rúben perder sua primogenitura.24 José e seus filhos, Efraim e Manassés, tornaram-se a semente que lideraria a coligação de Israel.25 Outras tribos os seguiriam.

Pense nesses mensageiros celestiais que trouxeram as chaves preciosas do sacerdócio da Igreja restaurada do Senhor. Em 3 de abril de 1836, depois de o Senhor ter aceitado o Templo de Kirtland, veio Moisés, que restaurou “as chaves para coligar Israel” (D&C 110:11). Em seguida, “Elias apareceu e conferiu-nos a dispensação do evangelho de Abraão, dizendo que em nós e em nossa semente todas as gerações depois de nós seriam abençoadas” (D&C 110:12). Assim, o convênio abraâmico foi renovado como parte da Restauração! Em seguida, veio Elias, o profeta, que restaurou as chaves da autoridade seladora, conforme prometido por Malaquias.26 Essas chaves são necessárias para selar as famílias da Israel dispersa e permitir que desfrutem a maior de todas as bênçãos: a vida eterna.

Qual é a perspectiva do Pai e do Filho concernente ao Livro de Mórmon? Eles o veem como evidência do chamado profético de Joseph Smith. Eles o veem como o instrumento pelo qual as pessoas podem aprender mais sobre Jesus Cristo, acreditar em Seu evangelho e filiar-se à Sua Igreja. Eles o veem como o texto que esclarece nossa ligação com a casa bíblica de Israel. O Livro de Mórmon declara o advento da coligação27 e é o instrumento de Deus para tornar realidade essa coligação. Sem o Livro de Mórmon, não haveria coligação de Israel.28

O Livro de Mórmon contém a plenitude do evangelho. Sem o Livro de Mórmon, pouco saberíamos sobre a Expiação de Jesus Cristo.29 Por nos ensinar sobre a Expiação, o Livro de Mórmon nos ajuda a nos arrepender, a fazer e guardar convênios sagrados e a merecer as ordenanças de salvação e exaltação. Ele nos conduz ao templo, onde podemos nos qualificar para a vida eterna.

Aqui na Terra podemos ter essa perspectiva celestial em tudo o que fazemos. Com essa perspectiva, vemos que a obra missionária é crucial para a coligação de Israel. Em muitas nações, nossos missionários buscam a Israel dispersa.

Sião existe onde quer que os santos justos se reúnam.30 As publicações, comunicações e congregações dão a praticamente todos os membros da Igreja acesso às doutrinas, chaves, ordenanças e bênçãos do evangelho, onde quer que estejam. Para que seja mais conveniente aos santos de todo o mundo, temos agora 143 templos disponíveis e outros ainda virão.31

Os santos de todas as terras têm os mesmos direitos às bênçãos do Senhor. A segurança espiritual sempre dependerá de como vivemos, e não de onde vivemos.

A coligação de Israel não é o destino final. É apenas o começo. O final pelo qual perseveramos inclui as ordenanças de investidura e selamento do templo. Inclui termos um relacionamento de convênio com Deus, seja por linhagem ou adoção, para então vivermos com Ele e com nossa família para sempre. Esta é a glória de Deus — a vida eterna para Seus filhos!32

Nosso amoroso Pai Celestial verdadeiramente deseja que Seus filhos voltem a viver com Ele, não por coerção, mas por escolha individual e preparação pessoal deles. E Ele os quer selados como famílias eternas.

Essa é a perspectiva de nosso Pai Celestial. Essa é a perspectiva do Filho Amado. E pode também ser a nossa perspectiva.