2015
Venha o Teu Reino
Maio de 2015


Venha o Teu Reino

O pensamento de Sua vinda me aviva a alma. Será de tirar o fôlego! A abrangência e a grandiosidade, a imensidão e a magnificência excederão tudo o que os olhos mortais já viram ou vivenciaram.

Enquanto cantávamos, fiquei muito emocionado ao pensar que, neste exato momento, centenas de milhares, talvez até milhões de santos fiéis de mais de 200 países, surpreendentemente em 75 idiomas diferentes,1 estão juntos ao elevar a voz a Deus, cantando:

Ó Vem, Supremo Rei,

Atende as petições;

Vem libertar tua grei,

Desejado das nações.2

“Ó Vem, Supremo Rei”.3 Somos uma grande família mundial de fiéis, discípulos do Senhor Jesus Cristo.

Tomamos sobre nós o Seu nome e, a cada semana, ao partilhar o sacramento, prometemos lembrar-nos Dele e guardar Seus mandamentos. Estamos longe de ser perfeitos, mas não somos inconstantes em nossa fé. Nós cremos Nele. Nós O adoramos. Nós O seguimos. Nós O amamos profundamente. Sua causa é a maior em todo o mundo.

Vivemos, irmãos e irmãs, nos dias que precedem a Segunda Vinda do Senhor, uma época muito antecipada pelos fiéis de todas as eras. Vivemos em dias de guerras e rumores de guerra, dias de desastres naturais, dias em que o mundo está assolado por confusão e tumulto.

Mas também vivemos na gloriosa época da Restauração, em que o evangelho está sendo levado ao mundo inteiro — a época na qual o Senhor prometeu que “[levantará] (…) um povo puro”,4 e os armará “com retidão e com o poder de Deus”.5

Regozijamo-nos nesses dias e oramos para que sejamos capazes de enfrentar corajosamente nossas dificuldades e incertezas. As dificuldades de alguns são mais graves do que as de outros, mas ninguém está imune. O Élder Neal A. Maxwell disse-me certa vez: “Se tudo está indo perfeitamente bem na sua vida neste momento, basta esperar”.

Embora o Senhor nos assegure, repetidas vezes, que “não [precisamos] temer”,6 manter uma perspectiva clara e ver além deste mundo nem sempre é fácil quando estamos em meio a provações.

O Presidente Thomas S. Monson me ensinou uma importante lição sobre como manter uma perspectiva eterna.

Há 18 anos, quando eu viajava em um trem na Suíça com o Presidente Monson, perguntei-lhe sobre suas pesadas responsabilidades. Sua resposta fortaleceu minha fé. “Na Primeira Presidência”, disse ele, “fazemos todo o possível para levar esta obra adiante. Mas esta é a obra do Senhor e Ele a dirige. Ele está ao leme. Maravilhamo-nos ao observá-Lo abrir portas que não podemos abrir e realizar milagres que mal podemos imaginar”.7

Irmãos e irmãs, ver os milagres do Senhor e acreditar neles, no estabelecimento de Seu reino na Terra, pode nos ajudar a ver e a acreditar que a mão do Senhor está agindo em nossa vida também.

O Senhor declarou: “Eu posso fazer minha própria obra”.8 Cada um de nós tenta fazer nossa parte, mas Ele é o grande Arquiteto. Sob a direção de Seu Pai, Ele criou este mundo. “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.”9 Se estivermos espiritualmente alertas e despertos, veremos Sua mão no mundo inteiro e em nossa própria vida pessoal.

Deixem-me dar um exemplo.

Em 1831, com somente 600 membros da Igreja, o Senhor declarou: “As chaves do reino de Deus foram confiadas ao homem na Terra e daí rolará o evangelho até os confins da Terra, como a pedra cortada da montanha, sem mãos, rolará até encher toda a Terra”.10

O Profeta Néfi previu que, em nossos dias, haveria “poucos” membros da Igreja em comparação com a população do mundo, mas que eles estariam “sobre toda a face da Terra”.11

Três belos exemplos da mão do Senhor para estabelecer Seu reino são os templos anunciados hoje pelo Presidente Monson. Apenas algumas décadas atrás, quem poderia ter imaginado templos no Haiti, na Tailândia e na Costa do Marfim?

A localização de um templo não é uma decisão geográfica conveniente. Vem por meio de revelação do Senhor a Seu profeta, significa um grande trabalho a ser feito e é um reconhecimento da retidão dos santos que valorizarão e cuidarão de Sua casa ao longo das gerações.12

Thomas S. Monson of the Quorum of the Twelve Apostles, visiting Haiti.  On April 17, 1983 he dedicated Haiti for the preaching of the gospel and also dedicated a site for the first meetinghouse to be built in Haiti.  It was the first visit to the island by a member of the Quorum of the Twelve.  (Ensign Aug. 1983, p. 79; Church News, May 22, 1983, p. 4)
A group of Missionaries with Elder Andersen

Minha esposa, Kathy, e eu visitamos o Haiti há apenas dois anos. Há 30 anos, no alto das montanhas que dão vista para Porto Príncipe, unimo-nos aos santos haitianos para comemorar a dedicação do país pelo, na época, Élder Thomas S. Monson. Nenhum de nós jamais esquecerá o devastador terremoto no Haiti, em 2010. Com membros fiéis e um corajoso grupo de missionários formado quase exclusivamente de haitianos, a Igreja continuou a crescer e a se fortalecer nessa ilha. Isso eleva minha fé para visualizar esses justos santos de Deus, vestidos de branco, tendo o poder do santo sacerdócio para dirigir e realizar as ordenanças sagradas na casa do Senhor.

Sathit and Juthamas Kaivaivatana of Bangkok Thailand.
President Kaivaivatana and other members of the Thailand Bangkok Thailand North Stake leadership..

Quem poderia imaginar uma casa do Senhor na bela cidade de Bangcoc? Os cristãos são apenas 1% desse país de predominância budista. Como no Haiti, também observamos em Bangcoc que o Senhor reuniu os eleitos da Terra. Quando estivemos lá há poucos meses, conhecemos Sathit, Juthamas Kaivaivatana e seus filhos dedicados. Sathit filiou-se à Igreja quando tinha 17 anos de idade e serviu missão em sua terra natal. Mais tarde, ele conheceu Juthamas no Instituto e eles foram selados no Templo de Manila Filipinas. Em 1993, os Kaivaivatana foram atingidos por um caminhão cujo motorista tinha caído no sono, e Sathit ficou paralisado do peito para baixo. Sua fé nunca vacilou. Sathit é um professor admirado da Escola Internacional Bangcoc. Ele serve como presidente da Estaca Tailândia Bangcoc Norte. Vemos os milagres de Deus em Sua obra maravilhosa e em nossa própria vida pessoal.

Couples in the Ivory Coast

O milagre da Igreja na Costa do Marfim não pode ser contado sem o nome de dois casais: Philippe e Annelies Assard e Lucien e Agathe Affoue. Eles se filiaram à Igreja quando eram recém-casados, um dos casais na Alemanha, e o outro, na França. Na década de 1980, Philippe e Lucien sentiram o desejo de voltar para seu país de origem na África com o propósito de edificar o reino de Deus. Para a irmã Assard, que é alemã, foi preciso muita fé para deixar a família e permitir que o irmão Assard largasse seu emprego como engenheiro mecânico bem-sucedido. Os dois casais se conheceram na Costa do Marfim e organizaram uma Escola Dominical. Isso foi há 30 anos. Agora há 8 estacas e 27 mil membros nesse belo país africano. O casal Affoue continua a servir nobremente, tal como o casal Assard, que recentemente terminou uma missão no Templo de Acra Gana.

Podem ver a mão de Deus levando Sua obra adiante? Podem ver a mão de Deus na vida dos missionários no Haiti ou na vida da família Kaivaivatana na Tailândia? Podem ver a mão de Deus na vida do casal Assard e do casal Affoue? Podem ver a mão de Deus em sua própria vida?

“E em nada ofende o homem a Deus (…) a não ser contra os que não confessam sua mão em todas as coisas.”13

Os milagres de Deus não acontecem apenas no Haiti, na Tailândia e na Costa do Marfim. Olhem ao seu redor.14 “Deus se lembra de todos os povos, (…) sim, ele conta o seu povo e [sua] (…) misericórdia [cobre] toda a Terra.”15

Às vezes podemos ver a mão do Senhor na vida de outras pessoas, mas nos perguntamos: “Como posso ver com mais clareza a mão do Senhor em minha própria vida?”

O Salvador disse:

“Não [duvideis].”16

“Não temas.”17

“Nenhum [passarinho] cairá em terra sem (…) [que] vosso Pai [o saiba]. (…)

Não temais, pois; [porque] mais valeis vós do que muitos passarinhos.”18

Lembrem-se do rapaz que clamou ao Profeta Eliseu quando estavam cercados de inimigos: “Ai, meu senhor! Que faremos?”19

Eliseu respondeu:

“Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles.

E orou Eliseu, (…) Senhor, (…) lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor [realmente] abriu os olhos do moço, e [de fato] viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo”.20

Ao guardarem os mandamentos e orarem com fé para ver a mão do Senhor em sua vida, prometo-lhes que Ele abrirá seus olhos espirituais ainda mais, e verão mais claramente que não estão sozinhos.

As escrituras ensinam que devemos “[permanecer] firmes na fé naquilo que está para vir”.21 O que está para vir? O Salvador orou:

“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;

Venha o teu reino, Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”.22

Acabamos de cantar: “Ó Vem, Supremo Rei”.

Nossa fé cresce à medida que esperamos o dia glorioso do retorno do Salvador à Terra. O pensamento de Sua vinda me aviva a alma. Será de tirar o fôlego! A abrangência e a grandiosidade, a imensidão e a magnificência excederão tudo o que os olhos mortais já viram ou vivenciaram.

Naquele dia Ele não virá “envolto em panos, e deitado numa manjedoura”,23 mas aparecerá “nas nuvens do céu, revestido de poder e grande glória, com todos os santos anjos”.24 Ouviremos a “voz de arcanjo, e (…) a trombeta de Deus”.25 O Sol e a Lua serão transformados, e “as estrelas serão arremessadas de seus lugares”.26 Todos nós, ou aqueles que nos seguirem, “os santos (…) dos quatro cantos da Terra”,27 “serão vivificados e arrebatados para encontrá-lo”28 e aqueles que morreram em retidão também serão “arrebatados para encontrá-lo no meio (…) do céu”.29

Então, uma experiência aparentemente impossível: “Toda carne”, disse o Senhor, “juntamente me verá”.30 Como isso acontecerá? Não sabemos. Mas testifico que acontecerá — exatamente como foi profetizado. Vamos nos ajoelhar em reverência, “e o Senhor fará soar sua voz e todos os confins da Terra ouvi-la-ão”.31 “Será (…) como a voz de muitas águas e como a voz de um grande trovão.”32 “[Então] o Senhor, (…) o Salvador, permanecerá no meio de seu povo.”33

Haverá reuniões inesquecíveis com anjos do céu e os santos na Terra.34 Porém, mais importante, como declara Isaías: “Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus”35 e Ele “reinará sobre toda a carne”.36

Naquele dia, os céticos estarão calados, “pois todo ouvido (…) ouvirá e todo joelho se dobrará e toda língua confessará”37 que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, o Salvador e Redentor do mundo.

Hoje é Páscoa. Regozijamo-nos com cristãos de todo o mundo, em Sua gloriosa Ressurreição e em nossa própria ressurreição prometida. Que nos preparemos para Sua vinda ao ensaiar esses gloriosos eventos repetidas vezes em nossa mente e com aqueles que amamos, e que Sua oração seja a nossa oração: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”.38 Testifico que Ele vive. “Ó Vem, Supremo Rei.” Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Por mais que a conferência geral seja traduzida em 94 idiomas, nem todos os idiomas são transmitidos simultaneamente ou em todas as sessões. Para a sessão da tarde de domingo desta conferência geral, 75 idiomas foram transmitidos ao vivo.

  2. “Ó Vem, Supremo Rei”, Hinos, nº 28.

  3. Na terça-feira, 31 de março de 2015, o escritório da Primeira Presidência me enviou um e-mail explicando que eu iria discursar no domingo à tarde, 5 de abril, imediatamente após o hino da congregação, “Ó Vem, Supremo Rei”. A letra desse grandioso hino sobre a Restauração, escrita por Parley P. Pratt, é uma humilde súplica para o Salvador retornar à Terra. O hino transmitia a mensagem do meu discurso da conferência talvez com mais poder do que qualquer outro hino que pudéssemos cantar. Eu fiquei profundamente comovido com a importância de acreditar que os santos em toda parte se reuniriam no domingo de Páscoa e levantariam a voz para Deus ao cantar em uníssono: “Ó Vem, Supremo Rei! Atende as petições”. Eu não participei pessoalmente da seleção das músicas para a conferência geral, então fiquei me perguntando se os responsáveis pela música tinham lido meu discurso intitulado “Venha o Teu Reino” e então escolhido esse hino sobre a Segunda Vinda do Salvador. Mais tarde, fiquei sabendo que os diretores do Coro do Tabernáculo tinham recomendado esse hino para a Primeira Presidência no início de março, semanas antes de meu discurso ter sido enviado para a Primeira Presidência para tradução. A última vez que “Ó Vem, Supremo Rei” foi cantado como hino da congregação na conferência geral foi em outubro de 2002. Cada um de nós faz sua parte, mas Ele é o grande Arquiteto.

  4. Doutrina e Convênios 100:16.

  5. 1 Néfi 14:14.

  6. Doutrina e Convênios 10:55.

  7. Experiência pessoal, maio de 1997.

  8. 2 Néfi 27:20.

  9. João 1:3.

  10. Doutrina e Convênios 65:2.

  11. 1 Néfi 14:12.

  12. No outono de 2001, enquanto morava no Brasil, contei com entusiasmo para o Presidente James E. Faust, da Primeira Presidência, muitos fatos impressionantes sobre os santos que viviam na cidade de Curitiba, na esperança de que ele passasse as informações para o Presidente Gordon B. Hinckley. O Presidente Faust me interrompeu prontamente. “Neil”, ele disse, “nós não tentamos influenciar o presidente. A decisão de onde construir um templo é entre o Senhor e Seu profeta”. O Templo de Curitiba Brasil foi dedicado em 2008.

  13. Doutrina e Convênios 59:21.

  14. Um dos grandes milagres realizados pela mão do Senhor é o progresso de Seu reino por todos os Estados Unidos, em cidades e municípios de todos os estados. Aqui está um exemplo. Em maio de 2006, fui designado a uma conferência de estaca em Denton, Texas. Fiquei na casa do presidente da estaca, o Presidente Vaughn A Andrus. A irmã Andrus contou-me a história do início da Igreja em Denton, que começou com seus pais, John e Margaret Porter. Havia apenas uma Escola Dominical a princípio. Mas a família Porter compartilhou o evangelho com a família Ragsdale, que por sua vez o compartilhou com a família Noble e com a família Martino. Os missionários, é claro, acrescentaram sua importante contribuição. Muitas famílias se filiaram à Igreja. Outras se mudaram do oeste para Denton. Hoje, onde havia um pequeno ramo, agora há quatro estacas, e um dos filhos de Martino, Élder James B. Martino, que se filiou à Igreja quando tinha 17 anos, serve como autoridade geral da Igreja.

  15. Alma 26:37.

  16. Mateus 21:21.

  17. Marcos 5:36.

  18. Mateus 10:29, 31.

  19. II Reis 6:15.

  20. II Reis 6:16–17.

  21. Mosias 4:11.

  22. Mateus 6:9–10; ver também Doutrina e Convênios 65:6.

  23. Lucas 2:12.

  24. Doutrina e Convênios 45:44.

  25. I Tessalonicenses 4:16.

  26. Doutrina e Convênios 133:49.

  27. Doutrina e Convênios 45:46.

  28. Doutrina e Convênios 88:96.

  29. Doutrina e Convênios 88:97.

  30. Doutrina e Convênios 101:23.

  31. Doutrina e Convênios 45:49.

  32. Doutrina e Convênios 133:22.

  33. Doutrina e Convênios 133:25.

  34. Ver Moisés 7:63.

  35. Isaías 52:10.

  36. Doutrina e Convênios 133:25.

  37. Doutrina e Convênios 88:104.

  38. Mateus 6:10.