2017
A Primeira Visão: Chave para a Verdade
Junho de 2017


A Primeira Visão: Chave para a Verdade

Extraído de um devocional mundial para jovens adultos, “A Verdade Restaurada”, proferido no Tabernáculo de Salt Lake, em 1º de maio de 2016; para o texto completo em inglês e vídeo, acesse LDS.org/broadcasts. O texto completo dos quatro relatos da Primeira Visão pode ser encontrado em history.LDS.org/firstvision.

Não nos permitamos esquecer ou deixar de apreciar as muitas verdades preciosas que podemos aprender com a Primeira Visão de Joseph Smith.

First Vision

Joseph Smith with Father and Son [Joseph Smith com o Pai e o Filho], de Walter Rane

A Restauração da plenitude do evangelho de Jesus Cristo nos últimos dias foi prevista e predita pelos profetas ao longo da história. Sendo assim, a Restauração não deve surgir como uma surpresa aos que estudam as escrituras. Existem dezenas de declarações proféticas em todo o Velho Testamento, no Novo Testamento e no Livro de Mórmon que claramente predizem e indicam a Restauração do evangelho.1

No fim da década de 1790, aproximadamente 2.400 anos após o rei Nabucodonosor ter visto em um sonho que “o Deus do céu [levantaria] um reino que não [seria] jamais destruído” (Daniel 2:44), uma série de reavivamentos religiosos se estenderam por décadas nos Estados Unidos. Esses reavivamentos são conhecidos pelos historiadores como parte do movimento denominado Segundo Grande Despertar. Foi por meio da competição sobre os conceitos de salvação, promovida nessas reuniões de reavivamento, que Joseph Smith e sua família conduziram seu compromisso religioso.

Joseph foi muito influenciado pelos ensinamentos e pelas conversas de seu pai, que procurava sem sucesso entre as denominações do reavivamento uma que tivesse sido organizada segundo a antiga ordem de Jesus Cristo e Seus apóstolos. Joseph ouvia e ponderava durante o estudo da Bíblia feito em família. Aos 12 anos, ele começou a sentir-se preocupado com seus pecados e o bem-estar de sua alma imortal, o que o fez pesquisar por si mesmo nas escrituras.

Ao pesquisar, decidiu “fazer como Tiago aconselha, isto é, pedir a Deus” (Joseph Smith—História 1:13; ver também Tiago 1:5). A aparição subsequente de Deus, o Pai, e Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, a Joseph deu início à dispensação da plenitude dos tempos.

Quatro Relatos

young Joseph Smith

O Profeta Joseph Smith escreveu ou ditou quatro relatos conhecidos da sua Primeira Visão. Além disso, seus contemporâneos anotaram as lembranças do que ouviram Joseph contar sobre a visão; cinco relatos desse tipo são conhecidos. É uma bênção contar com esses registros. Eles fazem da Primeira Visão de Joseph a visão mais bem documentada da história. Incentivo-os a visitar o site history.LDS.org para aprender mais sobre os relatos e ver como eles se complementam para delinear uma descrição mais completa.

O verbete “Relatos da Primeira Visão”, dos Textos sobre os Tópicos do Evangelho, declara: “Os vários relatos da Primeira Visão contam uma história consistente, embora se diferenciem em ênfase e detalhes. Historiadores dizem que, quando uma pessoa reconta uma experiência em várias situações e para diferentes públicos ao longo de muitos anos, cada relato vai salientar diversos aspectos da experiência e conter detalhes únicos. De fato, diferenças semelhantes encontradas nos relatos da Primeira Visão podem ser encontradas nos vários relatos das escrituras sobre a visão de Paulo na estrada para Damasco e a experiência dos apóstolos no Monte da Transfiguração. Mesmo assim, apesar das diferenças, existe uma consistência básica entre todos os relatos da Primeira Visão. Alguns erroneamente argumentaram que qualquer variação ao se recontar essa história é prova de que foi inventada. Ao contrário, esse rico registro histórico nos permite aprender mais a respeito desse acontecimento extraordinário do que poderíamos aprender se estivesse menos bem documentado”.2

Relato de 1832

Primeiramente, o relato de 1832 é o registro detalhado mais antigo da Primeira Visão. É parte de uma autobiografia de seis páginas, em sua maior parte escrita pelo próprio Joseph. Esse documento permaneceu em posse da Igreja desde que foi escrito. Após a jornada dos pioneiros para o oeste, ele permaneceu guardado em um baú por muitos anos e em geral não era do conhecimento público, até que foi publicado em uma tese de mestrado em 1965. Desde aquela época, foi publicado várias vezes, inclusive no site LDS.org e em The Joseph Smith Papers.

Nesse documento, Joseph relata sua aflição por não saber onde encontrar o perdão do Senhor. Ele testifica: “O Senhor abriu os céus sobre mim e eu vi o Senhor”.3 Algumas pessoas interpretam essa declaração como significando que Joseph se referiu à aparição de um único ser divino, mas, quando lida à luz de outros documentos, essa frase pode ser entendida como sendo Deus, o Pai, abrindo os céus e revelando Seu Filho, Jesus Cristo, a Joseph.

Esse relato enfatiza maravilhosamente a Expiação do Salvador e a redenção pessoal que Ele ofereceu a Joseph. Lemos em parte: “O Senhor (…) falou a mim, dizendo: ‘Joseph, meu filho, teus pecados te são perdoados. (…) Fui crucificado pelo mundo para que todos os que crerem em meu nome tenham a vida eterna’”. Joseph testificou que sentiu alegria e amor, mas não encontrou ninguém que acreditasse. “Minha alma estava repleta de amor e, por muitos dias, pude regozijar-me com grande alegria e o Senhor estava comigo, mas não consegui encontrar ninguém que acreditasse na visão celestial. Não obstante, ponderei sobre essas coisas em meu coração.”4

Relato de 1835

Em seguida, o relato de 1835 é a descrição de Joseph Smith sobre sua visão a Robert Matthews, um visitante de Kirtland, Ohio, em 1835. Foi registrado no diário de Joseph por seu escrevente. Não foi incluído nas primeiras edições da história de Joseph e foi publicado inicialmente no periódico BYU Studies na década de 1960. Nesse relato, Joseph testifica que primeiramente Deus apareceu a ele e em seguida viu também o Salvador: “Clamei ao Senhor em oração vigorosa. Um pilar de fogo apareceu sobre minha cabeça; ele pousou naquele momento sobre mim e encheu-me de alegria indescritível. Um personagem apareceu em meio a esse pilar de fogo, que se espalhava ao seu redor, mas não se consumia. Logo surgiu outro personagem, semelhante ao primeiro. Ele disse-me: ‘Os teus pecados te são perdoados’”. Nesse relato, Joseph também registrou: “Vi muitos anjos nessa visão”.5

Relato de 1838

O relato de 1838 é o registro mais bem conhecido e vem da História Manuscrita de Joseph. O primeiro esboço foi escrito depois de Joseph fugir de Kirtland em 1838 e o segundo foi redigido logo depois de sua fuga do Missouri em 1839. Sendo assim, foi escrito em condições de grande oposição. Foi publicado pela primeira vez em 1842 no periódico Times and Seasons, o jornal da Igreja em Nauvoo, Illinois. Foi incluído também na Pérola de Grande Valor em 1851, que originalmente era um folheto para os santos britânicos. Foi canonizado como escritura em 1880.

Diversos esboços desse relato foram publicados em The Joseph Smith Papers. Do mesmo modo que o relato de 1835, a questão central da narrativa é qual igreja está correta. Por ser uma história da Igreja, e não apenas de Joseph, esse relato “enfatiza a visão como o início da ‘ascensão e do progresso da Igreja’”.6 Portanto, não inclui as informações sobre o perdão pessoal mencionado nos dois relatos anteriores.

Relato de 1842

E, finalmente, o relato de 1842 é uma resposta a um pedido de informações solicitadas por John Wentworth, editor do jornal Chicago Democrat. Joseph escreveu-lhe uma carta que incluía não apenas as Regras de Fé, mas também uma descrição de sua Primeira Visão. A carta foi publicada no periódico Times and Seasons em 1842. Com a permissão de Joseph, foi republicada em 1844 pelo historiador Israel Daniel Rupp em seu livro sobre denominações cristãs nos Estados Unidos.7 Esse relato foi direcionado a um público que não conhecia bem as crenças mórmons. Foi escrito durante um valioso período de calmaria na oposição que o Profeta enfrentou.

Assim como nos outros relatos, Joseph descreveu a confusão que havia sentido e a aparição de dois personagens em resposta à sua oração: “Fui envolto por uma visão celestial e vi dois seres gloriosos, idênticos um ao outro em aparência e aspecto, cercados por uma luz mais brilhante que a do sol ao meio-dia. Disseram-me que todas aquelas denominações religiosas acreditavam em doutrinas falsas e que nenhuma delas era reconhecida por Deus como Sua igreja e Seu reino. E fui claramente ordenado a ‘não as buscar’, recebendo, no mesmo instante, a promessa de que a plenitude do evangelho me seria mostrada em algum dia futuro”.8

É uma bênção ter esses relatos da Primeira Visão de Joseph. Assim como os distintos Evangelhos do Novo Testamento, que descrevem em conjunto mais plenamente a vida e o ministério de Cristo, cada um dos relatos descrevendo a Primeira Visão de Joseph acrescenta pontos de vista e detalhes exclusivos à experiência como um todo. Juntos, eles relatam a história consistente e harmoniosa de Joseph. Todos eles enfatizam que havia confusão e contenda entre as igrejas cristãs, que Joseph desejava saber qual estava certa (se houvesse uma), que ele buscou nas escrituras e orou, que uma luz desceu do céu e que seres divinos apareceram e responderam a sua oração.

“Não Podia Negá-la”

A versão canonizada de 1838 do relato de Joseph Smith sobre a Primeira Visão é a experiência de aprendizado mais poderosa que alguém na Terra poderia ter. Essa experiência mudou a vida de Joseph, mudou a minha, e sei que já mudou ou vai mudar a sua à medida que se dirigir ao Senhor para receber a confirmação de sua realidade.

Conforme declarado no documento “Relatos da Primeira Visão”, encontrado no site LDS.org, lemos: “Joseph Smith testificou repetidas vezes que teve uma extraordinária visão de Deus, o Pai, e de Seu Filho, Jesus Cristo. Nem a verdade a respeito da Primeira Visão, nem os argumentos contra ela podem ser provados apenas pela pesquisa histórica. A fim de saber a veracidade do testemunho de Joseph Smith, cada pessoa sincera que busca a verdade precisa estudar o registro e depois exercer fé suficiente em Cristo para perguntar a Deus, em oração sincera e humilde, se o registro é verdadeiro. Se a pessoa perguntar com real intenção de colocar em prática a resposta revelada pelo Espírito Santo, a veracidade da visão de Joseph Smith lhe será manifestada. Dessa forma, cada pessoa pode saber que Joseph Smith falou sinceramente quando declarou: “Eu tivera uma visão; eu sabia-o e sabia que Deus o sabia e não podia negá-la” (Joseph Smith—História 1:25).

De acordo com o Presidente Joseph F. Smith (1838–1918), “o maior acontecimento que ocorreu no mundo desde a Ressurreição do Filho de Deus do sepulcro e Sua ascensão ao céu foi a visita do Pai e do Filho ao menino Joseph Smith”.9

Verdades da Primeira Visão

the Father and the Son

Analisar o que efetivamente aprendemos com essa experiência sagrada e inspiradora de Joseph Smith é uma atividade maravilhosa e esclarecedora. Gostaria de compartilhar uma amostra das verdades que aprendemos com a Primeira Visão de Joseph Smith sobre a natureza eterna de nosso Pai Celestial e de Seu Filho, Jesus Cristo; da realidade de Satanás; da luta entre o bem e o mal, assim como de outros aspectos importantes do grande Plano de Salvação.

Aprendemos que as escrituras são verdadeiras e podem ser entendidas literalmente e aplicadas em nossa vida.

Aprendemos que ponderar sobre as escrituras proporciona poder e visão.

Aprendemos que só o conhecimento não é suficiente; agir de acordo com o que sabemos tem como resultado as bênçãos de Deus.

Aprendemos a depositar nossa confiança em Deus, a buscar Nele as respostas às perguntas mais importantes da vida e a não pôr nossa confiança no homem.

Aprendemos que as orações são respondidas de acordo com nossa fé inabalável e de acordo com a vontade do Pai Celestial.

Aprendemos sobre a realidade da existência de Satanás e que ele tem o poder real de influenciar o mundo físico, inclusive a nós.

Aprendemos que o poder de Satanás é limitado e suplantado pelo poder de Deus.

Aprendemos que Satanás não vai deixar de procurar destruir a obra de Deus e que Satanás já sabia da importância de Joseph Smith em seu papel como Profeta da Restauração.

Aprendemos que podemos derrotar Satanás ao clamar a Deus e ao colocar nossa fé e confiança completas Nele.

Aprendemos que, quando há luz, a escuridão se dissipa.

Aprendemos que Deus, o Pai, e Seu Filho, Jesus Cristo, são seres separados e distintos, mas semelhantes em características e em aparência.

Aprendemos que fomos criados à imagem de Deus.

Aprendemos que Cristo ressuscitou.

Aprendemos que Deus nos conhece pessoalmente e está ciente de nossas necessidades e preocupações. Ele chamou Joseph pelo nome.

Aprendemos sobre a relação existente entre o Pai e o Filho. Jesus Se submete a Seu Pai, e o Pai Se comunica com os mortais aqui na Terra por meio de Seu Filho, Jesus Cristo.

Aprendemos que Jesus Cristo é amado por Seu Pai, que nomeou Jesus como Seu Filho Amado.

Aprendemos que a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, tal qual Ele organizara originalmente, não se encontrava na Terra na época de Joseph Smith, confirmando a realidade da Grande Apostasia predita pelo Apóstolo Paulo.

Aprendemos que, quando nos preocupamos o suficiente para desejar a orientação de Deus em nossa vida, Ele vai revelar um percurso refinado para nós. Na época de Joseph, todas as denominações e igrejas estavam erradas.

Aprendemos que todas as dispensações da história recebem as visões, as bênçãos e a glória de Deus.

Aprendemos melhor sobre como Deus escolhe Seus profetas.

Aprendemos que Deus escolhe os puros de coração que são justos e que têm desejos justos de realizar Sua obra, confirmando o ensinamento da Bíblia de que Deus olha para o coração e não escolhe com base na aparência externa, situação social ou posição (ver 1 Samuel 16:7).

A Primeira Visão de Joseph Smith é a chave para esclarecer muitas verdades que estiveram ocultas durante séculos. Não nos permitamos esquecer ou deixar passar despercebidas as muitas verdades preciosas que podemos aprender com a Primeira Visão.

Notas

  1. Ver, por exemplo, Deuteronômio 4:27–31; Isaías 60–62; Jeremias 30–33; Ezequiel 37:15–28; Amós 9:11; Malaquias 3:1; Mateus 17:11; Marcos 9:12; Atos 3:19–21; Romanos 11:25–27; Efésios 1:9–10; 2 Tessalonicenses 2:1–3; Apocalipse 14:6; 1 Néfi 13:34–42; 2 Néfi 26:14–17; Jacó 6:1–4; 3 Néfi 21.

  2. “Relatos da Primeira Visão”, Textos sobre os Tópicos do Evangelho, LDS.org/topics.

  3. Joseph Smith, em Histories, Volume 1: Joseph Smith Histories, 1832–1844, vol. 1 das séries históricas de The Joseph Smith Papers, editado por Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, 2012, pp. 12–13; pontuação, utilização de maiúsculas e ortografia atualizadas; ver também Dean C. Jessee, “The Earliest Documented Accounts of Joseph Smith’s First Vision”, em John W. Welch e Erick B. Carlson, eds., Opening the Heavens: Accounts of Divine Manifestations, 1820–1844, 2005, pp. 1–34; “Relatos da Primeira Visão”, Textos sobre os Tópicos do Evangelho, LDS.org/topics.

  4. Ver Joseph Smith, em Histories, Volume 1: Joseph Smith Histories, 1832–1844, pp. 12–13; pontuação, utilização de maiúsculas e ortografia atualizadas; ver também “Relatos da Primeira Visão”, Textos sobre os Tópicos do Evangelho, LDS.org/topics.

  5. Ver Joseph Smith, em Journals, Volume 1: 1832–1839, vol. 1 da série de periódicos de The Joseph Smith Papers, editado por Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, 2008, p. 88; pontuação, utilização de maiúsculas e ortografia atualizadas; ver também “Relatos da Primeira Visão”, Textos sobre os Tópicos do Evangelho, LDS.org/topics.

  6. “Relatos da Primeira Visão”, Textos sobre os Tópicos do Evangelho, LDS.org/topics.

  7. Ver I. Daniel Rupp, He Pasa Ekklesia: An Original History of the Religious Denominations at Present Existing in the United States, 1844, pp. 404–410.

  8. Histories, Volume 1: Joseph Smith Histories, 1832–1844, p. 494; ver também “Relatos da Primeira Visão”, Textos sobre os Tópicos do Evangelho, LDS.org/topics.

  9. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, 1998, p. 14.