Presidente Russell M. Nelson: Guiado, preparado, comprometido
Após passar décadas operando corações, como renomado cirurgião cardíaco, e depois tocando corações como apóstolo do Senhor Jesus Cristo, o presidente Russell M. Nelson chega com mão firme e amor inabalável por seu ministério como presidente da Igreja.
Quando um presidente da Igreja falece, a atenção de muitas pessoas se volta para o processo pelo qual seu sucessor é escolhido. De fato, esse processo, guiado pelo Senhor, teve início muitos anos antes. Russell M. Nelson teve uma vida inteira de preparação para seu santo chamado. Fui testemunha de grande parte dessa preparação.
A preparação do presidente Russell M. Nelson fica evidente levando em consideração as experiências e realizações de toda a sua vida. É um renomado cirurgião cardíaco de vanguarda. É um brilhante escritor e orador, capaz de se comunicar em muitos idiomas. Conhece e ama as pessoas e entende os efeitos das decisões na vida delas. Conhece e ama as escrituras e o templo sagrado. É um administrador experiente que toma decisões pronta e resolutamente.
O presidente Nelson conheceu pessoalmente 10 dos 16 presidentes da Igreja anteriores e foi orientado por eles em muitas ocasiões. Agora, como o 17º presidente, ele inicia seu ministério presidencial assegurando aos santos dos últimos dias que Jesus Cristo continuará a guiar Sua Igreja.
“O Senhor sempre instruiu e sempre vai instruir e inspirar Seus profetas”, afirmou ele durante a transmissão do anúncio de seu chamado como presidente da Igreja, em 16 de janeiro de 2018. “O Senhor está ao leme. Nós que fomos ordenados a prestar testemunho de Seu santo nome em todo o mundo continuaremos a procurar conhecer Sua vontade e segui-la.”1
A preocupação do presidente Nelson com o bem-estar eterno dos filhos de Deus vem de uma vida inteira de serviço sincero. Assim como literalmente tocou muitos corações, como cirurgião, ele metaforicamente tocou o coração dos santos do mundo inteiro com seus ensinamentos marcantes, serviço abnegado e amor infalível. Como ele disse na histórica transmissão de janeiro, esse amor “tem crescido ao longo de décadas conhecendo vocês, adorando com vocês e os servindo”.2
Preparação essencial
A preeminente carreira do Dr. Nelson como pesquisador de vanguarda, cientista e cirurgião cardíaco é bem conhecida. Tudo isso, além de sua exemplar vida em família, foi parte primordial de sua preparação.
Russell Marion Nelson nasceu no dia 9 de setembro de 1924, filho de Marion C. Nelson e Edna Anderson Nelson. Ambos os pais foram membros menos ativos da Igreja durante toda a infância de Russell, mas demonstravam ter grande amor pelos filhos e ocasionalmente os mandavam para a Escola Dominical. A princípio, o jovem Russell não se interessava pela Igreja, preferindo jogar bola com os amigos. Mas quando fez 16 anos, seu coração começou a ser receptivo às verdades do evangelho, e ele e seus irmãos foram batizados. Anos mais tarde, devido ao exemplo e à persuasão dos filhos, os pais da família Nelson voltaram à atividade.
O jovem Russell também aceitou de bom grado a oportunidade de obter instrução. Estava se dando conta de que o estudo é uma responsabilidade religiosa, tal como ensinaria mais tarde. Formou-se no Ensino Médio aos 16 anos e matriculou-se na Universidade de Utah quando o conflito da Segunda Guerra Mundial o impediu de servir uma missão de tempo integral.
Enquanto Russell estava se esforçando para se formar na faculdade, seu talento musical o levou a unir-se ao elenco de um musical na universidade. A cantora principal, Dantzel White, cativou-lhe os ouvidos e os olhos. Casaram-se pouco depois de ele se formar em 1945. Aos 22 anos, formou-se com honras na Universidade de Utah, como médico. Prosseguiu seus estudos na Universidade de Minnesota, onde fez sua pós-graduação. Lá, destacou-se em uma equipe pioneira de desenvolvimento da cirurgia cardíaca de peito aberto. Mais tarde, fez residência em cirurgia em Minnesota e no Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, Massachusetts, EUA.
Em meio a seus estudos e com a família aumentando, o Dr. Nelson foi convocado para servir na Guerra da Coreia, porque havia uma necessidade premente de médicos nas forças armadas. Devido a seu treinamento cirúrgico, ele foi enviado para Washington D.C., onde formou uma unidade de pesquisa cirúrgica no Centro Médico Militar Nacional Walter Reed. Em 1953, depois de cumprir suas obrigações militares, passou um ano no Harvard Service, no Hospital Geral de Massachusetts, em Boston. Depois, concluiu o doutorado na Universidade de Minnesota, em 1954.
Apesar de sua atarefada carreira e formação médica, o Dr. Nelson sempre colocou a família em primeiro lugar na vida. Dantzel White Nelson esteve ao lado do marido e o apoiou em todas as suas atividades familiares, eclesiásticas, profissionais e militares. Esse relacionamento de constante apoio e amor mútuos foi uma inspiração e uma influência estabilizadora para cada um de seus dez filhos: nove filhas e um filho. O relacionamento deles “era muito carinhoso e mutuamente prestativo”, de acordo com a filha Sylvia Webster. O caçula, Russell Nelson Jr., comentou: “Era bem óbvio que meus pais se amavam muito”.3
Dantzel Nelson faleceu inesperadamente pouco antes de seu aniversário de 60 anos de casamento. Depois de um período muito solitário, o élder Nelson casou-se com Wendy Watson, que nunca havia se casado anteriormente, cujo doutorado, cargo de professora na Universidade Brigham Young e amor demonstrado à numerosa família Nelson tornaram-na a companheira ideal para o élder e presidente Nelson.
“Tenho certeza de que é bem difícil entrar para uma família de mais de 200 pessoas e sentir que são amigos próximos”, disse a filha Sylvia. “A Wendy fez esse esforço e tem sido incrível.”4 Russell Jr. acrescentou: “A Wendy tem sido uma companheira realmente maravilhosa para ele. (…) Dá para ver como ele foi preparado ao longo dos anos para esse cargo e chamado, e uma parte muito importante disso foi o fato de Wendy estar em sua vida”.5
No momento em que este artigo está sendo escrito, a família Nelson tem 10 filhos, 57 netos e 116 bisnetos, com mais dois a caminho. Todos os que podem se reúnem em uma casa diferente a cada mês para comemorar aniversários e datas importantes da família.
“A todos os reinos se deu uma lei”
Quando Russell M. Nelson estava na faculdade de medicina, foi-lhe ensinado que nenhum médico deveria tocar um coração humano, porque assim que fosse tocado, ele pararia de bater. Apenas alguns anos mais tarde, porém, o Dr. Nelson e seus colegas pesquisadores relataram a primeira utilização bem-sucedida de uma bomba de circulação extracorpórea em um cachorro. O aparelho cardiopulmonar assumia a circulação do paciente, permitindo a cirurgia em um coração que não batia. Esse avanço alcançado pelo Dr. Nelson e seus colegas logo passou a ser utilizado em seres humanos, resultando na realização de mais de 1,5 milhão de cirurgias cardíacas de peito aberto por ano no mundo inteiro.
A inspiração que levou a essa descoberta chegou ao Dr. Nelson enquanto ele ponderava os seguintes versículos de Doutrina e Convênios:
“A todos os reinos se deu uma lei. (…)
E a todo reino é dada uma lei; e toda lei também tem certos limites e condições” (D&C 88:36, 38).6
O Dr. Nelson pensou que, se trabalhasse, estudasse e fizesse as perguntas certas, ele e sua equipe poderiam aprender quais eram as leis que governavam os batimentos cardíacos. “Foi por meio do entendimento das escrituras e da ‘aplicação’ delas a essa área de interesse”, disse ele, “que o grande campo da cirurgia cardíaca que conhecemos hoje foi facilitado para mim”.7
Durante toda a vida, essa capacidade de aplicar os princípios do evangelho abençoou o presidente Nelson, sua família, a Igreja e o mundo. Foi um ponto-chave em sua preparação para seu chamado de apóstolo e agora de presidente da Igreja.
Em sua carreira profissional, o Dr. Nelson rapidamente alcançou renome como cirurgião e pesquisador médico. Em 1995, aceitou o cargo de professor de pesquisa cirúrgica na Universidade de Utah. Ali, construiu um aparelho de circulação extracorpórea que usou para realizar a primeira cirurgia cardíaca de peito aberto em Utah — a primeira cirurgia desse tipo realizada a oeste do rio Mississippi. Deu palestras, escreveu vários capítulos de livros-textos de medicina e fez mais de 70 revisões por pares de artigos para outras publicações. Antes de seu chamado ao apostolado, realizou quase 7 mil cirurgias.8
Além de suas habilidades médicas, o Dr. Nelson foi um professor inspirador e um administrador eficiente, qualidades que o tornaram inestimável no campo médico e que mais tarde o distinguiriam em seus chamados na Igreja.
“O dever de um médico é principalmente ensinar”, observou o Dr. Nelson. Ele acrescentou: “Um médico atua realmente no mais alto nível de sua capacidade quando ensina ao paciente qual é o problema e o que pode ser feito a esse respeito”.9
O Dr. Nelson demonstrou essa disposição e esse interesse pelo ensino e pela instrução ao viajar para outros países a fim de demonstrar e ensinar procedimentos médicos. Para auxiliá-lo no ensino, ele estudou vários idiomas, inclusive francês, português, alemão, russo e espanhol para poder comunicar-se melhor com os médicos e pesquisadores de outros países e ensiná-los. Após participar de uma reunião na qual o presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) aconselhou a congregação a aprender chinês, o Dr. Nelson e sua esposa Dantzel imediatamente começaram a estudar mandarim. Sua fluência nesse idioma permitiu que trabalhasse mais de perto com a comunidade médica da China, onde fez palestras e realizou cirurgias, salvando a vida de um dos heróis nacionais da China.10
Buscar primeiro o reino de Deus
Por mais impressionantes que sejam as realizações médicas do Dr. Nelson, ele manteve o foco no Senhor e em Seu trabalho. A maioria dos membros da Igreja não sabe que ele serviu como missionário da Praça do Templo de 1955 a 1965, servindo de guia a visitantes, das 16 às 17 horas, todas as quintas-feiras. Essa foi uma das épocas em que ele esteve mais atarefado como cirurgião. Mais tarde ele escreveu que “em 1964, estávamos apenas dando os primeiros passos na medicina em relação ao desafio de substituir a válvula aórtica. As taxas de mortalidade eram elevadas, e o compromisso de tempo dedicado a cada paciente era extremamente elevado — para muitos, quase atenção exclusiva era necessária, por muitas horas, às vezes até dias”.11
Para muitos membros da Igreja, essa realidade excluiria um chamado que lhe consumisse mais tempo. Mas não para o Dr. Nelson. Em 1964, depois que ele e outros foram entrevistados como possível presidente de estaca, o então élder Spencer W. Kimball, acompanhado do élder LeGrand Richards (1886–1983), do Quórum dos Doze Apóstolos, disse a ele: “Sentimos que o Senhor deseja que você presida esta estaca. Em nossas muitas entrevistas, sempre que seu nome era citado, a resposta quase sempre foi: ‘Humm, ele não seria muito bom’, ou ‘Ele não tem tempo’, ou as duas coisas. Mesmo assim, sentimos que o Senhor o quer. Agora, se você achar que está atarefado demais e não deve aceitar o chamado, esse é um privilégio seu’. (…)
Eu simplesmente respondi que essa decisão tinha sido tomada em 31 de agosto de 1945, quando minha mulher e eu nos casamos no templo. Assumimos o compromisso de ‘[buscar] primeiro o reino de Deus e a sua retidão’, sentindo-nos confiantes de que tudo o mais nos seria acrescentado, conforme prometeu o Senhor (ver Mateus 6:33)”.12
A aceitação daquele chamado pelo Dr. Nelson ilustra o que o élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, chamou recentemente de “a humildade e a simplicidade pueris da fé exercida por Russell Nelson. (…) Ele é humilde assim, tal como uma criança, em todos os níveis e em praticamente todo relacionamento humano no qual eu o observei”.13
O élder Kimball deu uma bênção ao Dr. Nelson, prometendo que o índice de mortalidade referente à cirurgia de substituição da válvula aórtica cairia e que o procedimento já não mais consumiria tanto de seu tempo e energia.
“No ano seguinte, as exigências de tempo para a operação realmente diminuíram, e tenho tido o tempo necessário para servir naquele e em outros chamados”, relatou o Dr. Nelson. “Na realidade, nossas taxas de mortalidade baixaram até um limite tolerável, bem baixo e aceitável. O interessante é que essa foi a operação que fiz no Presidente Kimball, oito anos depois.”14
As demandas de sua carreira e dos chamados da Igreja significavam que o Dr. Nelson estava severamente limitado em seu tempo livre para passar em casa. Contudo, ele fazia tudo o que podia para dar prioridade a sua esposa e seus dez filhos. Sempre que estava em casa, dedicava integralmente seu tempo à família. Em suas muitas viagens pelo mundo, com frequência levava a esposa e um dos filhos consigo. Embora Dantzel cuidasse admiravelmente dos filhos em sua ausência, ela se sentia muito grata por sua dedicação a eles quando ele tinha um tempo livre em sua carreira atarefada e em seus chamados. “Quando ele está em casa, está em casa!”, disse ela certa vez ao presidente Harold B. Lee (1899–1973), que na época era o presidente do Quórum dos Doze Apóstolos.15 O presidente Lee repetia bastante essa afirmação ao aconselhar atarefados líderes do sacerdócio a se concentrarem na família.
Seguir o profeta
Fui testemunha e participante secundário de um importante episódio da vida profissional do Dr. Russell M. Nelson e de sua esposa Dantzel. Isso aconteceu na primeira vez em que estive com o casal Nelson, em 1965, há mais de 52 anos. Em sua autobiografia, o Dr. Nelson conta que lhe foi oferecido o cargo de professor de cirurgia e chefe da divisão de cirurgia cardiovascular e torácica da Universidade de Chicago. Essa oferta, escreveu ele, “me daria recursos na forma de financiamento, laboratório de pesquisas e apoio de equipe que tornariam realidade o sonho de qualquer acadêmico. Como incentivo extra, a oferta incluía quatro anos de faculdade para todos os nossos nove filhos, na instituição de sua escolha, com todas as despesas pagas pela Universidade de Chicago”. O reitor disse ao Dr. Nelson: “Um dos motivos pelos quais queremos você é que sabemos que você é um bom mórmon. Queremos você em nosso corpo docente. Precisamos de você aqui para trazer a esta universidade a influência que só um mórmon poderia proporcionar”.16
Como parte desse agressivo recrutamento daquele admirável médico, o reitor me telefonou pedindo que eu ajudasse a persuadir o casal Nelson a se mudar para Chicago. Na época, eu era professor de Direito na Universidade de Chicago e conhecia o diretor da faculdade de medicina porque tínhamos servido juntos no conselho de professores. O reitor pediu-me que convidasse o casal Nelson para jantar em nossa casa. Pediu-me que lhes dissesse como era a Igreja em Chicago, porque sabia que essa era uma preocupação importantíssima para eles.
E assim foi que minha finada esposa June e eu recebemos Dantzel e Russell Nelson para jantar e tivemos uma conversa maravilhosa com eles em nossa casa em Chicago, no dia 21 de novembro de 1965, um domingo. Fizemos o melhor que pudemos para persuadi-los a se mudarem para Chicago. Descobri mais tarde, em sua autobiografia, que eles “sentiram-se muito atraídos pela oferta e até escolheram uma casa em um dos subúrbios de Chicago onde poderiam criar sua família”.17
O que aconteceu em seguida é apenas uma ilustração de como a inspiração do Senhor dirigia as decisões e a preparação de Russell M. Nelson. Ao voltarem para Salt Lake City, ele procurou o conselho do presidente David O. McKay (1873–1970) para orientar a família Nelson naquela importante decisão. O profeta orou, e a resposta veio: “Não”.
O presidente McKay disse: “Vocês já moram na melhor cidade do mundo. Têm uma qualidade de vida que não pode ser igualada em lugar algum do mundo. Aqui suas filhas terão o melhor ambiente que poderiam ter. Elas são mais importantes para você do que qualquer fama ou futuro que lhe adviria em qualquer universidade. Não, irmão Nelson, seu lugar é aqui em Salt Lake City. As pessoas virão do mundo inteiro até você, porque você está aqui. Acho que não deve ir para Chicago”.18
Cheio de fé, o Dr. Nelson recusou a oferta de Chicago e permaneceu em Salt Lake City. Ali, em anos subsequentes, realizou cirurgias cardíacas de peito aberto e prolongou a vida de muitos pacientes que lhe ficaram extremamente gratos, inclusive o presidente Kimball, o élder Richard L. Evans (1906–1971), o presidente Boyd K. Packer (1924–2015) e muitos outros líderes e membros da Igreja e seus familiares.
Para June e eu, aquele encontro em Chicago foi o início de uma longa e preciosa amizade com Russell e Dantzel Nelson. Seis anos depois, ele foi desobrigado do cargo de presidente de estaca e chamado como presidente geral da Escola Dominical. Naquele mesmo ano, fui nomeado reitor da Universidade Brigham Young. Por muitos anos, servimos juntos no Quórum dos Doze Apóstolos, e agora serviremos juntos na Primeira Presidência, numa amizade que teve início em Chicago entre dois acadêmicos e suas respectivas esposas, há 52 anos.
Mudar corações
Em 7 de abril de 1984, o Dr. Nelson foi ordenado apóstolo e designado membro do Quórum dos Doze Apóstolos. “Em um breve momento”, comentou ele, “o enfoque dos últimos 40 anos na medicina e na cirurgia foi mudado para dedicar o restante da minha vida em serviço de tempo integral a meu Senhor e Salvador Jesus Cristo”.19
Ao ser chamado para o apostolado, o élder Nelson declarou: “O trabalho em que estou engajado agora é a causa mais importante do mundo. É de todo abrangente, é satisfatório e desafiador. E preciso fazer o melhor, porque tenho responsabilidade por esta mordomia”.20
Desde que se tornou apóstolo, e como presidente do Quórum dos Doze Apóstolos desde 2015, o presidente Nelson continuou a viajar pelo mundo — compartilhando palavras de vida eterna e mudando corações. Uma de suas primeiras designações foi abrir as portas das nações do Leste Europeu para o evangelho. “Em (…) cinco anos, fiz 27 viagens a 31 nações da Europa”, contou o presidente Nelson. “Antes do falecimento do presidente [Ezra Taft] Benson, (…) [pude] relatar-lhe que havíamos concluído nossa designação: temos agora a Igreja estabelecida em todos os países da Europa Oriental.”21
O presidente Nelson também dedicou 27 países para a pregação do evangelho, inclusive a Bulgária, a Croácia, El Salvador, a Etiópia, a Polinésia Francesa, o Cazaquistão e a Rússia. Certa vez, num intervalo de quatro dias, ele dedicou seis nações diferentes.22 Em seu ministério apostólico, já visitou até agora 133 países.23
Como membro do Quórum dos Doze, o élder Russell M. Nelson serviu por longos anos como encarregado de cada um de seus três conselhos-chave: Conselho Missionário, Conselho do Templo e História da Família e Conselho Executivo do Sacerdócio (agora Conselho Executivo do Sacerdócio e da Família).
A Igreja passou por muitas mudanças significativas durante os anos em que o élder Nelson serviu no Quórum dos Doze, sob a liderança de cinco presidentes da Igreja. Desde 1984, a Igreja mais que dobrou de tamanho, passando de cerca de 6 milhões em 1985 para mais de 16 milhões hoje. O Quórum dos Doze Apóstolos e a Primeira Presidência promulgaram duas declarações oficiais: “A Família: Proclamação ao Mundo”, em 1995, e “O Cristo Vivo”, em 2000. O número de templos em funcionamento aumentou de 30, em 1984, para 159, em 2017. Em 2010, quando o élder Nelson foi chamado como encarregado do Conselho Executivo Missionário, a Igreja tinha 58 mil missionários. Agora, depois do imenso crescimento quando a idade de serviço foi baixada, o número se estabilizou em cerca de 67 mil.
Qualidades pessoais
A maior parte do que acabou de ser analisado sobre o doutor, o élder e agora presidente Nelson é de conhecimento público. Vou agora comentar algumas de suas excelentes qualidades pessoais que observei ao longo dos anos.
Em primeiro lugar, Russell M. Nelson é uma pessoa extremamente afável e um bom amigo e colega. É infalivelmente bondoso e compassivo em todos os seus relacionamentos pessoais. É um maravilhoso exemplo, diligente e cuidadoso no cumprimento de suas responsabilidades — familiares, eclesiásticas e profissionais. É uma pessoa muito agradável de conviver.
Em seu estilo de liderança, ele é sempre gentil e acessível. Essa é uma qualidade muito admirável nos líderes mais experientes. Com ele, nunca hesitamos em levantar determinado assunto nem sentimos que isso o incomoda. Nunca temos medo de conversar com ele sobre qualquer assunto específico. O presidente Nelson é muito aberto, receptivo e sempre muito disposto a conversar.
Em sua tomada de decisões, o presidente Nelson se preocupa com o impacto geral. Ele é muito bom em pensar em todos os prováveis efeitos de uma decisão, norma ou aplicação de doutrina, nos vários grupos de membros: os idosos, os jovens, os menos ativos, os líderes da Igreja e outros. Vi essa qualidade em outros líderes, mas a visão do presidente Nelson nesse aspecto é excepcional. Talvez isso seja fruto de sua experiência como médico que não pode receitar um medicamento para apenas uma parte do corpo, sem levar em consideração os seus efeitos em outras partes.
O presidente Nelson sabe delegar muito bem, melhor do que a maioria dos líderes que observei nos meios profissionais e eclesiásticos. Provavelmente isso também está relacionado ao trabalho de cirurgião, que realiza uma tarefa especial depois (e antes) que outros executem as deles.
Outra qualidade importante do presidente Nelson é sua paciência. Ele evita confrontos ao solucionar problemas ou ao desincumbir-se de tarefas. Sabiamente deixa de lado a tática de “vamos resolver isso agora mesmo”, preferindo dar um tempo para ver se as coisas se resolvem sozinhas. Essa qualidade será muito importante em sua liderança, assim como foi nos dois anos e meio em que serviu como presidente do Quórum dos Doze.
Tendo louvado a paciência do presidente Nelson, devo também elogiar uma qualidade contrastante. Ele não hesita em tomar decisões. Quando é o momento certo e a questão está à espera de uma decisão, ele pronta e decisivamente a toma. Tem bom senso ao determinar se um assunto exige paciência e mais discussão, ou se devemos apenas escolher uma dentre as alternativas e levar adiante a obra do Senhor. Seus colegas de liderança adoram isso.
O presidente Nelson também é um unificador. Consegue harmonizar pontos de vista conflitantes e pessoas diferentes, unindo todos. Que qualidade maravilhosa para um líder de membros que estão comprometidos com a mesma doutrina divina, mas provêm de culturas e tradições diferentes!
Russell M. Nelson tem dons natos de diplomacia que observei pessoalmente. Ele os usou em suas atividades profissionais, até na China. Desde seu chamado para os Doze, ele abriu as portas para a Igreja no Leste Europeu em toda uma sucessão de circunstâncias milagrosas. Além disso, visitou 133 nações diferentes como servo do Senhor. Que preparação admirável para o grande cargo para o qual agora foi chamado!
Outra das excelentes qualidades do presidente Nelson — surpreendente para alguns — é seu talento como escritor. Suas comunicações por escrito são modelos de clareza, e sua revisão dos escritos de outras pessoas sempre é muito útil. Os membros dos Doze trocam esboços para obter sugestões de melhoria no texto de discursos importantes. Nesse processo, descobri que ninguém dá melhores sugestões para meus discursos do que o presidente Nelson. Como alguém que passou a vida profissional trabalhando com palavras, fiquei admirado ao ver meu esboço ser revisado de modo tão brilhante por alguém que passou a vida profissional lidando com o corpo humano. Fiquei aliviado ao saber que esse talento exemplar ao escrever foi resultado de trabalho árduo. Certa vez, durante uma análise que me foi solicitada de um de seus manuscritos, vi que aquele era seu oitavo rascunho. Se eu tivesse conhecimento do incrível número de publicações profissionais do Dr. Nelson, não teria ficado surpreso por não haver quem melhor redigisse um texto do que ele no Quórum dos Doze.
A maioria das pessoas se surpreende com a idade de nosso novo presidente: 93 anos! Nós, que trabalhamos de perto com ele, ficamos preocupados apenas com nosso próprio empenho em acompanhar seu ritmo. É impressionante como ele é ativo tanto física como mentalmente. Sua memória é extraordinária. Ele esquia com frequência, parando muito pouco para descansar. Ainda usa seu limpador de neve para limpar tanto a sua calçada quanto a dos vizinhos.24 Presenciei sua energia sem limites todas as quintas-feiras. Quando terminamos nossa reunião no Templo de Salt Lake, alguns usam o elevador para descer até o piso térreo e alguns descem a pé os vários lances de escada da nossa sala no último andar até o térreo. O presidente Nelson sempre desce as escadas correndo. Sempre tento acompanhá-lo, mas não consigo.
Comprometido com o Salvador
O presidente Nelson disse: “Cada dia de serviço de um apóstolo é um dia de aprendizado e preparação para receber mais responsabilidades no futuro”.25 Para ele, o tempo de preparação para liderar a Igreja já terminou e ele recebeu o manto sagrado do presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O que sua preparação nos leva a esperar durante seu período de liderança?
A coisa mais importante é seu compromisso com o Senhor Jesus Cristo, que é o Cabeça de Sua Igreja. Como disse o presidente Nelson em sua mensagem de janeiro, citada anteriormente: “Continuaremos a procurar conhecer Sua vontade e segui-la”.26 Enquanto isso, os ensinamentos inspirados do presidente Nelson identificam prováveis assuntos a serem enfatizados.
Durante a Conferência Geral de outubro de 2017, o presidente Nelson lembrou aos membros da Igreja da grande importância do Livro de Mórmon. Compartilhou os resultados de seu estudo do Livro de Mórmon, incluindo listas sobre o que é o Livro de Mórmon, o que ele afirma, o que ele nega, o que ele cumpre, o que ele esclarece e o que ele revela. Ele pediu aos membros que estudassem e ponderassem o livro diariamente.27
Em 16 de janeiro de 2018, dois dias após o presidente Nelson ter sido designado presidente da Igreja, ele anunciou que a nova Primeira Presidência começaria seu ministério “tendo o fim em mente”. Esse “fim” é a salvação das pessoas e o selamento das famílias na casa do Senhor. “Por esse motivo, estamos falando a vocês hoje de dentro de um templo”, disse o presidente Nelson, do anexo do Templo de Salt Lake.
“O fim que cada um de nós almeja é ser investido com poder em uma casa do Senhor, selado como família, fiéis aos convênios feitos no templo — que nos qualificam para o maior dom de Deus, que é a vida eterna. As ordenanças do templo e os convênios que fazem ali são fundamentais para fortalecer sua vida, seu casamento e família e sua capacidade de resistir aos ataques do adversário. Sua adoração no templo e seu serviço por seus antepassados vão abençoá-lo com mais paz e revelação pessoal, e vão fortalecer seu compromisso de permanecer no caminho do convênio.”28
O presidente Nelson também conclamou os santos a permanecerem no caminho do convênio: “Seu compromisso de seguir o Salvador ao fazer convênios com Ele e depois guardar esses convênios vai abrir a porta para todos os privilégios e bênçãos espirituais disponíveis a mulheres, homens e crianças de todo o mundo”. Para aqueles que se desviaram desse caminho, ele disse: “Quero convidá-[los], com toda a esperança de meu coração a, por favor, voltar. Sejam quais forem suas preocupações ou seus desafios, há um lugar para você nesta Igreja, a Igreja do Senhor. Você e as gerações que ainda não nasceram serão abençoados por suas ações de voltar ao caminho do convênio”.29
Aqui está outra dica importante: “A escritura que se tornou uma lenda viva para mim é a seção 88 de Doutrina e Convênios, na qual o Senhor diz: ‘Apressarei minha obra a seu tempo’”, disse o presidente Nelson. “E vivi (…) para ver essa aceleração.”30 Agora ele vai guiá-la.
O presidente Russell M. Nelson sempre prestou testemunho da divindade de Jesus Cristo e da veracidade do plano de salvação que nosso Pai Celestial e Seu Amado Filho nos concederam para nos orientar e nos guiar. À medida que o presidente Nelson lidera a Igreja para o futuro, os santos dos últimos dias podem ter grande consolo em saber que ele os guiará de acordo com a vontade do céu. “Declaro minha devoção a Deus, nosso Pai Eterno, e a Seu Filho, Jesus Cristo”, disse ele. “Eu Os conheço, eu Os amo e me comprometo a servi-Los — e a vocês — até o último momento de minha vida.”31
Amo esse servo do Senhor, meu colega e amigo de longa data, o presidente Russell M. Nelson. Junto com os outros membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, valorizo imensamente seus ensinamentos e anseio por sua liderança inspirada como nosso profeta. Testifico que ele foi chamado por Deus para liderar a Igreja em nossos dias.
Presidente Russell M. Nelson
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Nasceu no dia 9 de setembro de 1924, em Salt Lake City, Utah, EUA.
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Nasceu na época da Grande Depressão. Ele se lembra de pedir permissão para comer uma banana (um alimento dispendioso para o orçamento da família).
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Aos 10 anos começou a trabalhar como office boy na agência de publicidade de seu pai.
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Adora jogar palavras cruzadas.
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Obteve seu bacharelado em 1945 e graduação em medicina pela Universidade de Utah em 1947, aos 22 anos.
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Em 1954, concluiu o doutorado em cirurgia pela Universidade de Minnesota.
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Realizou a primeira cirurgia cardíaca de peito aberto bem-sucedida em Utah, em 1955, utilizando um aparelho de circulação extracorpórea que ajudou a desenvolver.
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Tornou-se um dos principais cirurgiões cardíacos dos Estados Unidos. Só no ano de 1983, realizou 360 cirurgias.
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Realizou uma cirurgia cardíaca de peito aberto no presidente Spencer W. Kimball.
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Estudou chinês após participar de uma reunião na qual o profeta incentivou as pessoas a se esforçarem para levar o evangelho a todas as nações, em especial à China.
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Foi chamado apóstolo no dia 7 de abril de 1984.
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Foi designado 17º presidente de A Igreja de Jesus Cristo do Santos dos Últimos Dias no dia 14 de janeiro de 2018.
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Já visitou 133 países no decorrer da vida.
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Serviu por um período de dois anos como médico nas Forças Armadas durante a Guerra da Coreia e visitou todas as unidades de hospitais móveis na Coreia e hospitais de campanha.
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Tem ouvido absoluto e participou de musicais quando jovem.
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Casou-se com Dantzel White em 31 de agosto de1945, no Templo de Salt Lake.
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Dantzel faleceu no dia 12 de fevereiro de 2005.
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Casou-se com Wendy L. Watson no dia 6 de abril de 2006, no Templo de Salt Lake.
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Esquiar é uma das suas atividades favoritas.
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Tem 10 filhos, 57 netos e 118 bisnetos.