Conectar as filhas de Deus com o poder do sacerdócio Dele
As mulheres são participantes essenciais da obra que Deus realiza por meio do poder do sacerdócio Dele.
Passei a reconhecer como nunca a importância de entender o sacerdócio e as bênçãos correlatas para as mulheres. Vivemos numa época em que igualdade, poder, justiça e tolerância são promovidos, geralmente acima de outras virtudes. Além disso, identidade, autoridade, espiritualidade e até Deus são assuntos que causam grande confusão para muitos.
Muitas mulheres, sem saber a que bênçãos elas têm acesso, não estão aproveitando ao máximo o banquete espiritual que está a seu alcance. Muitos homens também estão confusos em relação ao tema.
Como podemos entender melhor a conexão que as mulheres têm com o poder do sacerdócio e ajudá-las a “[dar] um passo adiante” para “[ocupar] seu lugar de direito tão necessário em sua casa, em sua comunidade e no reino de Deus — mais do que nunca o fizeram antes”?1 Em primeiro lugar, podemos humildemente procurar entender as verdades associadas ao sacerdócio, em especial os mais recentes ensinamentos dos líderes da Igreja. Em segundo lugar, podemos procurar entender por que algumas mulheres não se dão plena conta do acesso que têm ao poder do sacerdócio de Deus. Em terceiro lugar, podemos estar cientes de como podemos ajudar as mulheres a participar mais plenamente da obra que Deus realiza por meio de Seu poder do sacerdócio.
1. Que verdades foram esclarecidas no tocante às mulheres e ao sacerdócio?
Os apóstolos e as líderes gerais das mulheres deram recentemente mais ênfase à relação das mulheres com o sacerdócio. Eis algumas verdades vitais para se entender e ensinar corretamente.
O sacerdócio é o poder e a autoridade de Deus.
O sacerdócio é o poder pelo qual Deus realiza Seu grande trabalho de salvação, levando a efeito “a imortalidade e vida eterna do homem” (Moisés 1:39). Tanto os homens quanto as mulheres têm um papel importante na obra de Deus, e tanto os homens quanto as mulheres têm acesso a Seu poder para realizar Sua obra.
As mulheres desempenham um papel oficial e fundamental no trabalho de salvação.
Bonnie L. Oscarson, ex-presidente geral das Moças, declarou: “Todas as mulheres precisam ver a si mesmas como participantes essenciais no trabalho do sacerdócio. As mulheres desta Igreja são presidentes, conselheiras, professoras, membros de conselhos, irmãs e mães, e o reino de Deus não pode ir adiante a menos que nos ergamos e cumpramos nossos deveres com fé”.2
O presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) ensinou: “Deus confiou às mulheres desta Igreja um trabalho na edificação do Seu reino. E isso concernente a todos os aspectos de nossa grande e tripla responsabilidade — que é: primeiro, ensinar o evangelho ao mundo; segundo, fortalecer a fé e promover a felicidade dos membros da Igreja; e, terceiro, levar avante a grande obra de salvação para os mortos.
As mulheres da Igreja estão associadas aos homens na responsabilidade de levar avante essa poderosa obra do Senhor. (…) As mulheres têm grandes encargos, por cujo cumprimento são responsáveis. Elas dirigem suas próprias organizações, e essas organizações são fortes, viáveis e representam forças significativas para o bem no mundo. Elas desempenham um papel intimamente relacionado ao sacerdócio, procurando ambos edificarem juntos o reino de Deus na Terra. Nós honramos vocês e respeitamos sua capacidade. Esperamos liderança, força e resultados notáveis no trabalho nas organizações pelas quais são responsáveis. Nós as apoiamos e prestigiamos como filhas de Deus, trabalhando conosco para ajudar o Senhor a proporcionar a todos os Seus filhos e Suas filhas a imortalidade e vida eterna”.3
Foram delegados poder e autoridade tanto para os homens quanto para as mulheres por aqueles que possuem as chaves do sacerdócio.
As chaves do sacerdócio são “a autoridade que Deus concedeu aos [portadores] do sacerdócio para dirigir, controlar e governar a utilização de Seu sacerdócio na Terra”.4 O presidente Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro na Primeira Presidência, explica: “Toda ação ou ordenança feita é realizada com a autorização direta ou indireta de alguém que possui as chaves para essa função”.5
As mulheres têm autoridade para desempenhar seus chamados, sob a direção de alguém que possui chaves do sacerdócio, da mesma maneira que os homens. O presidente M. Russell Ballard, presidente em exercício do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou: “Os detentores das chaves do sacerdócio (…) literalmente tornam possível que todos os que servem fielmente sob sua direção exerçam a autoridade do sacerdócio e tenham acesso ao poder do sacerdócio”.6
O presidente Oaks disse: “Não estamos acostumados a dizer que as mulheres têm a autoridade do sacerdócio em seu chamado na Igreja, mas que outra autoridade poderia ser? Quando uma mulher — jovem ou idosa — é designada a pregar o evangelho como missionária de tempo integral, ela recebe a autoridade do sacerdócio para realizar uma função do sacerdócio. O mesmo se aplica quando uma mulher é designada para atuar como líder ou professora em uma organização da Igreja, sob a direção de alguém que possui as chaves do sacerdócio”.7
Quando ensino esse conceito a meus alunos, costumo perguntar: “Se uma estaca realizar uma reunião conjunta da presidência dos Rapazes e das Moças, quem preside?” Como tanto a presidente das Moças da estaca quanto o presidente dos Rapazes da estaca foram chamados e designados por alguém que possui chaves do sacerdócio (o presidente da estaca), com o chamado de cada um, ambos têm a mesma autoridade do sacerdócio e, portanto, nenhum deles preside o outro. Conviria que eles se revezassem na direção da reunião.
O Senhor abençoa igualmente as mulheres e os homens por meio de Seu sacerdócio.
O Senhor oferece muitas bênçãos por meio de Seu sacerdócio que podem advir a todos os membros que fazem e guardam convênios sagrados. O presidente Ballard ensinou: “Todas as pessoas que fizeram convênios sagrados com o Senhor e os honram têm o direito de receber revelação pessoal, de ser abençoadas pelo ministério de anjos, de estar em comunhão com Deus, de receber a plenitude do evangelho e, por fim, de tornar-se herdeiras ao lado de Jesus Cristo de tudo o que nosso Pai possui”.8
O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) instruiu: “As bênçãos do sacerdócio não se limitam aos homens. Elas também são derramadas (…) sobre todas as mulheres fiéis da Igreja. (…) O Senhor oferece a Suas filhas todos os dons e todas as bênçãos espirituais colocados à disposição de Seus filhos homens”.9
E à medida que realizarem a obra do Pai, as mulheres também serão abençoadas para ser “[herdeiras] de Deus e [coerdeiras] com Cristo” (Romanos 8:17; ver também versículo 16).
Tanto os homens quanto as mulheres (solteiros e casados) podem receber a investidura com o poder do sacerdócio no templo.
Em 1833 o Senhor prometeu a Joseph Smith que os santos, tanto homens quanto mulheres, seriam investidos “com poder do alto” (Doutrina e Convênios 95:8). O presidente Ballard esclareceu: “A investidura é literalmente uma dádiva de poder. Todos os que entram na casa do Senhor oficiam nas ordenanças do sacerdócio. Isso se aplica tanto aos homens quanto às mulheres”.10 Todos os membros dignos que recebem sua investidura e guardam os convênios que fizeram no templo têm poder no sacerdócio. Assim, as mulheres, casadas ou solteiras, podem ter o poder do sacerdócio em sua casa, independentemente da visita de um portador do sacerdócio.
Sheri Dew, ex-conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro, perguntou: “O que significa ter acesso ao poder do sacerdócio? Significa que podemos receber revelação, ser abençoadas e ajudadas pelo ministério de anjos, aprender a retirar o véu que nos separa de nosso Pai Celestial, sermos fortalecidas para resistir à tentação, sermos protegidas e iluminadas e mais inteligentes do que somos — sem qualquer intermediário mortal”.11 Qual é o resultado mais importante desse poder e como é recebido? O Senhor revelou que “o poder da divindade”, incluindo o poder de nos tornar como Ele é, manifesta-se por meio das ordenanças do sacerdócio (ver Doutrina e Convênios 84:20).
A autoridade do sacerdócio às vezes funciona na Igreja de modo diferente do que na família.
A organização da Igreja é hierárquica. A família é patriarcal. O presidente Oaks ensinou que “existem muitas semelhanças e algumas diferenças no modo como a autoridade do sacerdócio atua na família e na Igreja”.12 Por desígnio divino, o marido e a mulher podem ter algumas responsabilidades diferentes, mas trabalham juntos como “parceiros iguais”.13 O élder L. Tom Perry (1922–2015), do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “Lembrem-se, irmãos, de que, em seu papel como líder da família, sua esposa é sua companheira. (…) Desde o princípio, Deus ensinou à humanidade que o casamento deveria unir marido e mulher. Portanto, não há um presidente e um vice-presidente na família. O casal trabalha eternamente unido para o bem da família. Eles são unidos em palavras e ações ao liderarem, guiarem e dirigirem a unidade familiar. São iguais. Planejam e organizam os assuntos da família em conjunto e em harmonia ao seguirem adiante juntos”.14
O que acontece quando um cônjuge morre? O presidente Oaks ensinou: “Quando meu pai morreu, minha mãe passou a presidir a família. Ela não tinha um ofício no sacerdócio, mas sendo o membro restante do casal, passou a ser a autoridade governante da família. Ao mesmo tempo, tinha todo o respeito pela autoridade do sacerdócio de nosso bispo e de outros líderes da Igreja. Ela presidia a própria família, mas eles presidiam a Igreja”.15
2. Pedras de tropeço
Quais são algumas pedras de tropeço que podem impedir que as mulheres tenham plena consciência de seu acesso ao poder do sacerdócio de Deus?
Confusão tanto para homens quanto para mulheres no tocante ao sacerdócio.
O presidente Oaks ensinou: “O Sacerdócio de Melquisedeque não é um status ou um rótulo. Ele é um poder divino conferido sob confiança para que seja usado para o benefício da obra de Deus a Seus filhos. Devemos sempre nos lembrar de que os homens que portam o sacerdócio não são ‘o sacerdócio’. Não é adequado usarmos a expressão ‘o sacerdócio e as mulheres’. Devemos dizer ‘os portadores do sacerdócio e as mulheres’”.16
Quando dizemos: “O sacerdócio agora vai cantar um hino” ou “precisamos de voluntários do sacerdócio para ir ao acampamento das Moças”, estamos fazendo um desserviço a nós mesmos e a outros, por mais bem-intencionados que sejamos, e perpetuando a confusão e reduzindo ao mínimo o poder de Deus.
Pensar que o sacerdócio não tem a ver com as mulheres.
Quando são convidadas a estudar o sacerdócio, algumas irmãs respondem: “Não preciso abordar esse assunto. Não se aplica a mim”. Mas, como o sacerdócio abençoa todos os filhos de Deus, todos nos beneficiamos com um entendimento maior dele. Todos nos beneficiaríamos tendo uma compreensão maior do sacerdócio. Pensem em como a Igreja e nossa família seriam abençoadas se tanto as mulheres quanto os homens da Igreja fossem igualmente versados no entendimento e no ensino das verdades referentes ao sacerdócio.
Linda K. Burton, ex-presidente geral da Sociedade de Socorro, enfatizou que as mulheres e também os homens precisam estudar o tópico do sacerdócio. “Irmãs, não podemos defender e ensinar coisas que não entendemos nem sabemos por nós mesmas.”17
Fixar limites inexistentes para as mulheres.
Fica claro que alguns chamados da Igreja exigem ordenação a um ofício do sacerdócio, mas precisamos tomar cuidado para não limitar nossas mulheres simplesmente com base na cultura, na história, em percepções falsas ou tradições. Por exemplo, as mulheres podem ser líderes e professoras muito capazes, vozes importantes nos conselhos da Igreja e vigorosos exemplos de discipulado para os membros de todas as idades.
3. O que podemos fazer?
Aqui estão algumas maneiras pelas quais cada um de nós pode ajudar nossas irmãs no evangelho a participar mais plenamente da obra que Deus realiza por meio de Seu poder do sacerdócio.
Mantenha-se atualizado em relação às palavras das autoridades gerais e de nossas líderes femininas.
Nos últimos anos, os membros seniores do Quórum dos Doze Apóstolos falaram especificamente sobre o papel das mulheres na Igreja. Será que estamos ouvindo atentamente esses discursos?
Em 2015, por exemplo, o presidente Russell M. Nelson exclamou: “O reino de Deus não é e não pode ser completo sem as mulheres que fazem e guardam convênios sagrados, mulheres que podem falar com o poder e a autoridade de Deus!”18
Ajude todos os membros a entender o papel singular das mulheres no trabalho do sacerdócio.
O presidente Ballard relembrou às mulheres da Sociedade de Socorro que “sua esfera de influência é inigualável — uma esfera que não pode ser duplicada pelos homens. Ninguém pode defender nosso Salvador com mais persuasão ou poder do que vocês — as filhas de Deus que têm essa força e convicção interiores. O poder da voz de uma mulher convertida é imensurável, e a Igreja necessita de sua voz agora mais do que nunca”.19 Bonnie L. Oscarson declarou: “[As mulheres] da Igreja precisam ver a si mesmas como participantes essenciais no trabalho de salvação dirigido pelo sacerdócio, e não apenas como pessoas que observam e apoiam”.20
Dê atenção às líderes femininas.
É justificável que prestemos muita atenção ao que é dito por aqueles que apoiamos como profetas, videntes e reveladores. Eles têm as chaves do reino de Deus na Terra, e o Senhor dirige Seu trabalho por meio deles. Além dos ensinamentos deles, há na Igreja líderes femininas que foram designadas e receberam autoridade do sacerdócio para falar tanto para os homens quanto para as mulheres da Igreja. Convém-nos ouvir os ensinamentos delas também e dar ouvidos aos conselhos que Deus nos concede por intermédio delas.
Envolver as mulheres nos conselhos, não apenas por formalidade, mas na prática.
O presidente Ballard afirmou: “Todo líder do sacerdócio que não envolver suas líderes femininas com pleno respeito e inclusão não está honrando e magnificando as chaves que recebeu. Seu poder e sua influência serão diminuídos até que aprenda a agir à maneira do Senhor”.21
Não dar respostas “com autoridade” para perguntas que o próprio Senhor não respondeu.
O presidente Oaks advertiu os membros da Igreja a não darem respostas a perguntas que o Senhor não respondeu: “Não cometamos os erros do passado, (…) tentando dar motivos à revelação. Os motivos em sua grande maioria são criados pelos homens. As revelações são o que apoiamos como a vontade do Senhor, e é nelas que está a segurança”.22
O presidente Ballard dá um perfeito exemplo disso: “Por que os homens, e não as mulheres, são ordenados aos ofícios do sacerdócio? (…) O Senhor não explicou por que Ele organizou a Sua Igreja da maneira que o fez”.23 O presidente Ballard também nos advertiu a “não compartilhar rumores que promovam a fé, mas que não sejam comprovados, nem compreensões e explicações antiquadas sobre nossa doutrina e nossas práticas do passado. Sempre é sábio ter o hábito de estudar as palavras dos profetas e apóstolos vivos, manter-se atualizados nas questões, nas normas e nas declarações atuais da Igreja por intermédio do site mormonnewsroom.org e do site LDS.org, e consultar as obras de estudiosos membros da Igreja reconhecidos, ponderados e fiéis para garantir que vocês não ensinem coisas que não sejam verdadeiras, que estejam ultrapassadas ou que sejam estranhas e confusas”.24 Lembre-se de que às vezes “não sei” é realmente a melhor resposta. Precisamos pesquisar diligentemente na luz da fé para aprender a verdade divina.
Ajudar os homens e as mulheres a entender melhor o sacerdócio.
É fundamental ajudarmos tanto os homens quanto as mulheres a se tornarem confiantes em sua capacidade de estudar e aprender a respeito do sacerdócio. Algumas escrituras que podem nos ajudar nesse processo incluem, mas não se limitam a Alma 13 e Doutrina e Convênios, seções 2, 13, 20, 76, 84, 95, 107, 110, 121 e 124. Nunca é demais ressaltar a importância de ir ao templo para buscar fielmente não apenas respostas, mas sobretudo perguntas inspiradas a respeito de um tópico.
O élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, instruiu: “Essa doutrina do sacerdócio — desconhecida no mundo e pouco conhecida até mesmo na Igreja — não pode ser aprendida somente por intermédio das escrituras. (…)
A doutrina do sacerdócio só é conhecida por meio de revelação pessoal. Ela vem, linha sobre linha e preceito sobre preceito, pelo poder do Espírito Santo para aqueles que amam e servem a Deus com todo o coração, poder, mente e força (ver D&C 98:12)”.25
Ajudar as mulheres a entender que elas precisam permanecer com o Senhor e Seus profetas.
Há cada vez mais divisão e descrença no mundo. As mulheres, em muitos aspectos, estão lutando umas com as outras. As opiniões são fortes, e as emoções, profundas. Imagine a influência para o bem neste mundo se todos os membros da Igreja pudessem ver que eles, tal como Ester, foram reservados “para tal tempo como este” (Ester 4:14) e que eles, individualmente e como um todo, são necessários para liderar, e não para seguir o mundo.
4. Conclusão
Emma Smith declarou: “Faremos algo extraordinário. (…) Esperamos ocasiões extraordinárias e chamados urgentes”.26 Esses chamados urgentes, sim, súplicas, vêm dos líderes da Igreja para as irmãs ao longo dos últimos anos, como nunca aconteceu antes. À medida que entendermos melhor as verdades associadas ao sacerdócio, reconhecermos os possíveis motivos pelos quais muitas mulheres estão vivendo aquém de seus privilégios e colocarmos em prática o conhecimento que adquirimos no tocante às mulheres e às oportunidades que elas têm de participar do trabalho do sacerdócio, “encontraremos a alegria e a paz que advêm de saber por meio de nosso ensino que tocamos uma vida, que elevamos um dos filhos do Pai Celestial em sua jornada para um dia ser abraçado novamente em Sua presença”.27