Não me enganes
Ao obedecermos aos mandamentos de Deus, seremos sempre guiados no caminho correto e não seremos enganados.
Hoje, oferecerei conselhos a todos, mas falarei em especial a vocês da nova geração — crianças da Primária e jovens das Moças e dos Rapazes. Vocês são tão profundamente amados pelo profeta do Senhor para nossos dias, o presidente Russell M. Nelson, que, por essa razão, ele falou a muitos de vocês no ano passado em uma transmissão de um devocional especial para jovens do mundo todo intitulado “Juventude da Promessa”.1 Frequentemente ouvimos o presidente Nelson chamá-los exatamente disso, “juventude da promessa”, a nova geração e o futuro da Igreja restaurada de Jesus Cristo.
Meus jovens amigos, gostaria de iniciar contando duas histórias de minha família.
O 102º dálmata
Há alguns anos, cheguei em casa do trabalho e fiquei surpreso ao ver uma tinta branca espalhada por toda parte — no chão, na porta da garagem e em nossa casa de tijolos vermelhos. Inspecionei a cena mais de perto e descobri que a tinta ainda estava fresca. A trilha de tinta levava até o quintal, e eu a segui. Lá, encontrei meu filho de 5 anos, com um pincel na mão, correndo atrás de nosso cachorro. Nosso lindo labrador preto estava quase todo respingado de tinta branca.
“O que você está fazendo?”, perguntei energicamente.
Meu filho parou, olhou para mim, olhou para o cachorro, olhou para o pincel pingando tinta e disse: “Só quero que ele fique igual aos cachorros com manchas pretas do filme — aquele, os 101 Dálmatas”.
Eu adorava nosso cachorro. Achava que ele era perfeito, mas naquele dia meu filho não pensava dessa forma.
O gatinho listrado
Minha segunda história gira em torno do tio-avô Grover, que morava em uma casa no campo, distante da cidade. O tio Grover estava ficando bem idoso. Achamos que nossos filhos deveriam visitá-lo antes que ele morresse. Então, certo dia, viajamos um longo caminho até sua simples casa. Nós nos sentamos juntos para conversar e lhe apresentamos nossos filhos. Passado pouco tempo do início de nossa conversa, nossos dois filhos, que tinham talvez 5 ou 6 anos, queriam brincar do lado de fora da casa.
Tio Grover, ao ouvir o que eles estavam pedindo, inclinou-se colocando seu rosto bem perto do deles. Seu rosto era tão envelhecido e desconhecido que os meninos ficaram com um pouco de medo. Ele lhes falou, com sua voz grave: “Cuidado. Há muitos gambás lá fora”. Ao ouvirmos isso, Lesa e eu ficamos mais do que assustados; nós estávamos preocupados que eles pudessem ser atingidos pelo jato de odor de um gambá! Os meninos foram brincar lá fora enquanto continuávamos conversando.
Mais tarde, quando entramos no carro para ir para casa, perguntei aos meninos: “Vocês viram algum gambá?” Um deles respondeu: “Não, não vimos nenhum gambá. Mas vimos um gatinho preto com listras brancas nas costas”.
O grande enganador
Essas histórias sobre crianças inocentes que descobrem coisas sobre a vida e sobre a realidade podem nos fazer sorrir, mas elas também ilustram um conceito mais profundo.
Na primeira história, nosso jovem filho tinha um lindo cachorro como animal de estimação; no entanto, ele pegou uma lata de tinta e, com o pincel na mão, estava determinado a criar sua própria realidade imaginada.
No segundo relato, os meninos estavam felizes sem saber do perigo desagradável que enfrentariam de um gambá. Incapazes de identificar corretamente o que eles realmente encontraram, correram o risco de sofrer consequências desagradáveis. Essas são histórias que falam sobre confusão de identidade, isto é, presumir que a coisa real seja algo diferente do que é. Nesses casos, as consequências tiveram um impacto menor.
No entanto, muitas pessoas atualmente lidam com esses mesmos problemas em uma escala muito maior. Elas são incapazes de ver as coisas como realmente são ou estão insatisfeitas com a verdade. Além disso, hoje existem forças atuantes que têm o propósito de nos afastar deliberadamente da verdade absoluta. Esses enganos e essas mentiras vão muito além da confusão de identidade e geralmente têm consequências terríveis, não amenas.
Satanás, o pai das mentiras e o grande enganador, quer nos levar a questionar as coisas como realmente são e ignorar as verdades eternas ou substituí-las por algo que parece ser mais agradável. “Ele faz guerra contra os santos de Deus”2 e passou milênios planejando e praticando a habilidade de persuadir os filhos Deus a acreditar que o bem é mal e o mal é bem.
Ele alcançou notoriedade convencendo mortais de que gambás são apenas gatinhos ou que, com a aplicação de uma tinta, é possível transformar um labrador em um dálmata.
Vejamos um exemplo desse mesmo princípio encontrado nas escrituras em que o profeta do Senhor, Moisés, enfrentou o mesmo problema. “Moisés foi arrebatado a uma montanha sumamente alta; (…) viu Deus face a face e falou com ele.”3 Deus ensinou a Moisés sobre sua identidade eterna. Embora Moisés fosse mortal e imperfeito, Deus ensinou que Moisés era “à semelhança [do] Unigênito; e [o] Unigênito (…) será o Salvador”.4
Para resumir, nessa maravilhosa visão, Moisés contemplou Deus, e ele também aprendeu algo importante sobre si mesmo: ele era, de fato, um filho de Deus.
Ouçam com atenção o que aconteceu quando essa visão se encerrou. “E aconteceu que (…) Satanás veio tentá-lo”, dizendo: “Moisés, filho de homem, adora-me.”5 Moisés respondeu corajosamente: “Quem és tu? Pois eis que sou um filho de Deus, à semelhança de seu Unigênito; e onde está tua glória, para que te adore?”6
Em outras palavras, Moisés respondeu: “Você não me engana, pois sei quem sou. Fui criado à imagem de Deus. Você não tem a luz nem a glória Dele. Então por que eu deveria adorá-lo e ser vítima de suas armadilhas?”
Agora prestem atenção em como Moisés responde em seguida. Ele declara: “Vai-te, Satanás, não me enganes”.7
Podemos aprender muito com a resposta contundente de Moisés diante da tentação do adversário. Convido-os a responder da mesma maneira quando se sentirem influenciados por uma tentação. Ordenem ao inimigo de sua alma dizendo: “Vá embora! Você não tem glória. Não me tente nem minta para mim! Pois sei que sou um filho de Deus. E sempre pedirei ao meu Deus a ajuda Dele”.
O adversário, no entanto, não desiste facilmente de suas razões destrutivas para nos enganar e nos humilhar. Ele certamente não desistiu de fazer isso com Moisés; em vez disso, tentou fazer com que Moisés se esquecesse de quem era eternamente.
E como uma criança fazendo birra, “Satanás clamou com alta voz e bramou sobre a terra e ordenou, dizendo: Eu sou o Unigênito; adora-me”.8
Vamos revisar. Vocês ouviram o que ele disse? “Eu sou o Unigênito; adora-me.”
Na prática, o que o grande enganador estava dizendo era: “Não se preocupe; não vou machucá-lo — não sou um gambá, sou apenas um gatinho preto e branco”.
Moisés depois clamou a Deus e recebeu Dele força divina. Embora o adversário tremesse e a Terra sacudisse, Moisés não cedeu. Sua voz foi segura e clara. “Retira-te de mim, Satanás”, declarou, “porque somente a este único Deus adorarei, o qual é o Deus de glória”.9
Finalmente, ele “se retirou (…) da presença de Moisés”.10
Depois o Senhor apareceu, abençoou Moisés por sua obediência e disse:
“Bendito és tu, Moisés, porque (…) serás mais forte que muitas águas. (…)
E eis que estou contigo, sim, até o fim de teus dias”.11
A resistência de Moisés ao adversário é um exemplo vívido e edificante para cada um de nós, independentemente de nosso estágio na vida. É uma forte mensagem para vocês pessoalmente — para que saibam o que fazer quando ele tentar enganá-los. Pois vocês, assim como Moisés, foram abençoados com a dádiva do auxílio divino.
Mandamentos e bênçãos
Como podem encontrar ajuda celestial, assim como Moisés encontrou, e não ser enganados ou ceder à tentação? Um canal direto para receber ajuda divina foi reaberto nesta dispensação pelo próprio Senhor quando declarou: “Portanto, eu, o Senhor, conhecendo as calamidades que adviriam aos habitantes da Terra, chamei meu servo Joseph Smith Júnior e falei-lhe do céu e dei-lhe mandamentos”.12 Usando palavras simples, podemos dizer que o Senhor, que conhece “o fim desde o princípio”,13 conhece as dificuldades específicas de nossos dias. Portanto, Ele providenciou um meio de resistirmos aos desafios e às tentações, muitos dos quais viriam como resultado direto das influências enganadoras do adversário e de seus ataques.
O caminho é simples. Por meio de Seus servos, Deus fala a nós, Seus filhos, e nos dá mandamentos. Poderíamos reiterar o versículo que acabei de citar e dizer: “Eu, o Senhor, (…) chamei meu servo [o presidente Russell M. Nelson] e falei-lhe do céu e dei-lhe mandamentos”. Não é uma verdade maravilhosa?
Presto solene testemunho de que o Senhor realmente falou com Joseph Smith do céu, começando com a grande Primeira Visão. Ele também fala com o presidente Nelson em nossa época. Testifico que Deus Se comunicava com os profetas na antiguidade e lhes deu mandamentos para que guiassem Seus filhos à felicidade nesta vida e à glória na próxima vida.
Deus continua a dar mandamentos a nosso profeta vivo hoje. Existem muitos exemplos — um equilíbrio na instrução do evangelho mais centralizado no lar e apoiado pela Igreja; a substituição dos mestres familiares e das professoras visitantes pela ministração; ajustes nos procedimentos e ordenanças do templo; e o novo programa Crianças e Jovens. Fico maravilhado com a bondade e a compaixão de um amoroso Pai Celestial e de Seu Filho, Jesus Cristo, que restauraram a Igreja do Salvador na Terra novamente e chamaram um profeta em nossos dias. A restauração do evangelho de Jesus Cristo compensa os tempos trabalhosos com a plenitude dos tempos.
Iniquidade nunca foi felicidade
A obediência aos mandamentos dados a nosso profeta é a chave para não apenas nos esquivarmos da influência do enganador, mas também para termos alegria e felicidade eternas. Essa fórmula divina é bastante simples: a retidão, ou a obediência aos mandamentos, traz bênçãos, e as bênçãos trazem felicidade, ou alegria, para nossa vida.
No entanto, do mesmo modo que o adversário tentou enganar Moisés, ele procura iludi-los. Ele sempre fingiu ser alguém que não era. Sempre tentou esconder sua verdadeira identidade. Ele alega que a obediência vai tornar sua vida miserável e vai privá-los da felicidade.
Vocês conhecem alguns de seus truques para enganar as pessoas? Por exemplo, ele disfarça as consequências destrutivas das drogas ilícitas e da bebida, e sugere que ela proporciona prazer. Ele nos imerge nos vários conceitos negativos que podem existir nas mídias sociais, inclusive comparações debilitantes e realidade idealizada. Além disso, ele camufla outros conteúdos obscuros e prejudiciais encontrados na internet, como pornografia, ataques ostensivos a outras pessoas por meio do cyberbullying e disseminação de informações erradas para causar dúvida e medo em nosso coração e em nossa mente. De modo astuto, ele sussurra: “Apenas me siga e você certamente será feliz”.
As palavras escritas há centenas de anos por um profeta do Livro de Mórmon são particularmente relevantes em nossos dias: “Iniquidade nunca foi felicidade”.14 Espero que reconheçamos as armadilhas de Satanás. Que consigamos resistir a suas influências e reconhecer as mentiras daquele que busca destruir nossa alma e roubar de nós a alegria no presente e a glória no futuro.
Meus queridos irmãos e irmãs, vamos continuar sendo fiéis e atentos, pois esse é o único modo de discernirmos a verdade e ouvirmos a voz do Senhor por meio de Seus servos. “Pois o Espírito fala a verdade e não mente. (…) Estas coisas nos são manifestadas claramente para a salvação de nossa alma. (…) Porque Deus também as disse aos profetas da antiguidade.”15 Somos os santos de um Deus Todo-Poderoso, a esperança de Israel! Vamos hesitar? “[Vamos] fugir à luta? (…) Não! (…) A nossa mão e o coração, a Teu serviço, Senhor, estão.”16
Presto meu testemunho do Santo de Israel — sim, Jesus Cristo. Presto testemunho de Seu amor eterno, da verdade e da alegria duradouras que são possíveis por meio de Seu sacrifício infinito e eterno. Ao obedecermos a Seus mandamentos, seremos sempre guiados no caminho correto e não seremos enganados. No nome sagrado de nosso Salvador, Jesus Cristo. Amém.