2021
Minha cura
Janeiro de 2021


Minha cura

Quando eu estava grávida de meu primeiro filho, inúmeras vezes orava ao Senhor para que ele viesse saudável, inteligente e lindo. Então Guilherme nasceu e agradeci ao Senhor por meu filho lindo, saudável e inteligentíssimo.

Nos primeiros anos de vida de Guilherme, algumas dificuldades de desenvolvimento e de comunicação apareceram e, depois de consultas com médicos, terapeutas e vários exames, recebemos o diagnóstico de transtorno de espectro autista, ou autismo. Meu mundo desabou. Todos os sonhos do filho típico foram embora e fui tomada por medos e frustações. Eu me questionava por muitas vezes por que o Senhor estava “me testando” com meu filho. Sofri com ansiedade e com a busca de uma “cura”. Orei, jejuei e pedi a todas as pessoas conhecidas que fizessem o mesmo. Muitas vezes desejei em silêncio que meu marido desse uma bênção em meu filho e invocasse os poderes dos céus para tirá-lo dessa condição, mas o Espírito me constrangia a não o fazer.

Hoje, ao pensar em minha experiência, lembro-me da história de Eliseu e do jovem rapaz que o servia, mencionada no discurso da irmã Michelle D. Craig, na Conferência Geral de Outubro de 2020. Eliseu orou e pediu que o Senhor abrisse os olhos do rapaz para que ele visse além do problema que estava diante deles.

Assim como aquele jovem, no princípio eu só conseguia enxergar as provações e o quanto era dura minha realidade.

Em uma conversa com meu marido, em meio a muito choro e resmungos de minha parte, ele me aconselhou: “Em vez de você se perguntar o motivo de estar enfrentando esses desafios, por que você não tenta entender o que Deus quer lhe ensinar com isso e quais são Seus propósitos?”

Então minha oração mudou. Comecei a me esforçar para entender os caminhos e a visão do Senhor. Precisei me humilhar perante Deus para que Ele abrisse meus olhos e me permitisse enxergar o que não era claro para mim.

Meus olhos se abriram e entendi o tamanho da bênção e oportunidade que tenho em minha vida. Era eu quem precisava de uma cura, não meu filho. Tenho um “anjo azul” em casa, um ser celestial que me ensina a cada dia como amar de maneira não fingida, sem esperar nada em troca. Ele tem me mostrado que podemos progredir e caminhar um passo por vez. Todas as manhãs, recebo muitos abraços de bom dia, carinhos e apertões. Aprendi a entender que tudo tem seu tempo. Aprendi a respeitar cada ser humano como um ser individual, distinto, e a não julgar nenhuma limitação.

A cada palavra que meu filho aprende, fico tão feliz que às vezes choro. Isso me ensinou que nosso amado Pai Celestial Se regozija com nossas conquistas, torce por nossa evolução e Ele deve chorar de alegria com nossas superações.

Sou grata todos os dias de minha vida por meus filhos, Guilherme e Lorena, e por aprender tanto com eles. Sei que sou uma filha de Deus, que Ele me conhece, me ama e me proporcionou a oportunidade de ter um ser celestial em casa para poder ser melhor como pessoa, como mãe e como filha de Deus.

Sei que Deus vive, ama-nos, conhece- -nos e nos refina. Muitas vezes passamos por provações que não entendemos e desejamos pegar o caminho mais rápido para nos livrar delas. Se pararmos de olhar apenas para o problema, poderemos enxergar um plano maior. Sei que ainda tenho muito a aprender e um longo caminho a trilhar, mas posso contar com meu Amado Pai Celestial, invocar os poderes do céu para desfrutar das bênçãos da Expiação e ser consolada, perdoada e amada.

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