“Nosso espírito unido pela música”, Liahona, março de 2022.
Vozes da Igreja: Mulheres de fé
Nosso espírito unido pela música
A barreira do idioma se desfez porque sabíamos sobre Quem e sobre o que estávamos cantando.
Quando minha amiga e eu embarcamos em uma aeronave 747 em Seul, na Coreia do Sul, cumprimentamos uma coreana com aparência de avó que estava em um assento do corredor. Minha amiga e eu passamos por uma passagem apertada entre ela e o assento da frente para conseguirmos chegar em nossos próprios assentos: minha amiga ficaria no centro e eu ficaria na janela.
Estávamos voando há poucos minutos quando ouvi a melodia suave de um hino. Percebi que era o hino “Grandioso és Tu”,1 que é conhecido por muitas denominações cristãs e que eu havia decorado recentemente.
Olhei discretamente ao redor para descobrir de onde o som vinha. Ao fazê-lo, percebi que a coreana em nossa fileira possuía um pequeno hinário — impresso em caracteres coreanos — de sua igreja protestante.
Rapidamente troquei de lugar com minha amiga e discretamente comecei a cantar com aquela senhora, para nossa alegria. Ela não falava inglês e eu não falava coreano. Mas leio música.
Assim, ela virava as páginas de seu hinário, eu olhava as notas e acenava com a cabeça caso reconhecesse o hino. Depois, eu dava o tom e começávamos a cantar, ela em coreano e eu em inglês. Ela cantava a melodia e eu fazia o acompanhamento.
Logo, passageiros de outras fileiras começaram a cantar conosco. Por quase uma hora, nosso coro improvisado cantou vários hinos cristãos conhecidos, cada um em sua língua nativa. A barreira do idioma se desfez, pois sabíamos sobre Quem e sobre o que estávamos cantando. Nossos espíritos foram unidos pela música.
Antes de as comissárias de bordo servirem o jantar, nosso último hino foi “Noite feliz”2 — e estávamos apenas no meio do mês de outubro.
Desde aquela experiência, pensei em quão incomum, embora maravilhoso, foi um grupo de desconhecidos unir sua voz por meio de hinos em um voo comercial bem acima do Pacífico.
Ainda fico com um nó na garganta toda vez que canto “Grandioso és Tu” e “Noite feliz”. Não consigo cantar esses hinos sem pensar na senhora coreana e no dom da música que nos possibilitou compartilhar nossa fé mútua em nosso Salvador, Jesus Cristo.