Todos precisam do evangelho

Joy Teresa M. Moises

Eu tinha planejado servir missão, mas depois da faculdade achei que não precisava servir — até que consegui um emprego trabalhando com meninas que sofreram abuso. Então, vi que todos precisam do evangelho.

A Moeda Perdida, de Harold Copping © Providence Collection / licenciado por GoodSalt.com

Quando eu estava na Primária, não me lembro de quantas vezes minhas professoras perguntaram quem de nós ia servir missão de tempo integral. Em minha mente jovem, eu sempre dizia que o faria.

Minha mãe me mostrou como a coligação de Israel era importante ao ajudar os missionários de tempo integral a ensinar e compartilhar o evangelho. Certa vez, fui com ela procurar a casa de uma irmã da ala que não frequentava a Igreja havia algum tempo. Quase nos perdemos porque não sabíamos exatamente onde ela morava. Em vez de ficar irritada, minha mãe procurou diligentemente a casa da irmã. Assim como a mulher retratada na parábola da dracma perdida (ver Lucas 15:8–10), ela encontrou a irmã e se regozijou.

A maneira como minha mãe deu o melhor de si para a obra do Senhor, não apenas ao compartilhar o evangelho, mas também em outros chamados da Igreja, ajudou-me a perceber que todos precisam servir ao Senhor mesmo que de pequenas maneiras.

Com o passar dos anos, formei-me no seminário, recebi meu medalhão das Moças, formei-me na faculdade e comecei a trabalhar. Pouco a pouco, o sentimento de tornar-me missionária de tempo integral se tornou uma prioridade menor. Embora eu ainda estivesse ativa e magnificasse meus chamados na Igreja, dizia a mim mesma: “Não há problema em não servir missão de tempo integral porque não é minha obrigação. Sou mulher e posso servir ao Senhor de muitas outras maneiras”.

O que me fez mudar de opinião

Quando eu tinha 22 anos, tive a oportunidade de trabalhar em um centro onde atendia meninas que haviam passado por abuso, maus-tratos e negligência. Tive muita pena delas. Vi como abuso e maus-tratos lhes partiram o coração e destruíram seu amor-próprio. Algumas delas haviam tentado cometer suicídio. Algumas delas não queriam confiar em ninguém. Muitas delas não tinham esperança na vida e nunca sentiram o amor do Salvador.

Muitas vezes me perguntava: “Será que esses abusos poderiam ter sido evitados? E se seus autores tivessem recebido o evangelho? E se os pais tivessem se tornado membros da Igreja antes de aquelas meninas nascerem?” Percebi que aquelas meninas poderiam não ter passado por aquelas provações se seus pais e agressores tivessem recebido e vivido o evangelho.

Ao refletir sobre essas perguntas e trabalhar no centro, isso me ajudou a ver que todas as pessoas precisam do evangelho. Assim como o exército de Helamã, no Livro de Mórmon, lutou para defender sua fé e sua família, o Senhor precisa de missionários de tempo integral para compartilhar Seu evangelho e proteger Seu reino.

As experiências que tive com as moças do centro me inspiraram a trilhar o caminho para onde o Senhor queria que eu fosse. Decidi que eu precisava entrar para o exército missionário do Senhor. Ele viu esse desejo e fui chamada para servir na Missão Filipinas Cauayan.

Servir missão

Na missão, vi as pessoas mudarem ao aprenderem o evangelho. Ensinei pessoas que não sabiam como perdoar, que fumavam e bebiam, que tinham orgulho, que não sabiam orar. Graças ao evangelho, elas deixaram seu antigo caminho para se tornarem dignas do que Deus prometeu: a vida eterna.

Graças à Expiação do Salvador, aprendi que qualquer pessoa pode começar a trilhar o caminho estreito e apertado ou voltar a ele, caso se arrependa. O evangelho de Jesus Cristo nos ajudará a mudar e a progredir rumo à perfeição e a ser dignos das grandes bênçãos que o Pai Celestial preparou para nós. Essas mudanças podem ser da tristeza para a felicidade, do caos à paz, da raiva ao perdão, da fraqueza à força, do ódio ao amor.

Sou muito grata por ser membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O evangelho de Jesus Cristo me ajuda a entender meu valor como filha de pais celestiais mesmo em circunstâncias ruins. Nosso Pai Celestial sempre me consola por meio do Espírito Santo. As escrituras são minha bússola quando estou confusa e preciso tomar decisões.

Minha família e eu estamos nos esforçando para perseverar fielmente até o fim. Sou grata por estar casada com um homem que possui o sacerdócio e tem um forte testemunho do evangelho restaurado de Jesus Cristo. Meu convênio com o Senhor não é apenas para mim, mas para minha família e para Seu reino.

A autora mora nas Filipinas.