A aventura da mortalidade
Extraído de um devocional mundial para jovens adultos, “A aventura da mortalidade”, proferido pelo élder Dieter F. Uchtdorf e pela irmã Harriet Uchtdorf no Centro de Conferências em 14 de janeiro de 2018.
Acreditem, e Deus estará com vocês. Voltem o coração a Ele — e Ele vai guiá-los em sua jornada.
É um prazer estar com vocês hoje e poder sentir sua força, energia e a influência de seu espírito. Estou feliz porque tiveram a oportunidade de ouvir a irmã Uchtdorf. Harriet é meu raio de sol. Todos que a conhecem gostam muito dela. Ela é o tipo de pessoa que torna os outros a seu redor pessoas melhores e mais felizes. Com certeza ela exerce essa influência em mim.
Acabamos de comemorar 55 anos de casados. Quando olhamos para nossos dois filhos e seus cônjuges, seis netos e sua família e nossos quatro bisnetos, ficamos maravilhados em ver como a vida tem sido uma grande aventura.
A era das respostas instantâneas
Pensei em algo interessante ao me preparar para esta noite. Admito que mal dá para ver minha fase de 18 a 30 anos pelo meu espelho retrovisor, mas, apesar de minha idade atual, ainda me sinto jovem por dentro. De fato, a maioria das pessoas mais velhas se consideram jovens que apenas estão vivendo há mais tempo.
Quando olham para nós, a “antiga geração”, vocês podem ficar surpresos pelo quanto temos mais em comum com sua geração do que imaginam. Acredito que as diferenças entre os filhos do Pai Celestial, de qualquer idade, são pequenas se comparadas às semelhanças. Muitos de vocês, por exemplo, têm dúvidas sobre Deus e sobre si mesmos — perguntas profundas, fundamentais, parecidas com aquelas feitas por pessoas mais velhas:
“Deus realmente existe? Será que Ele Se importa comigo?”
“Estou no caminho certo?”
“Por que às vezes me sinto vazio, sobrecarregado, ignorado ou sozinho?”
“Por que Deus não intervém na minha vida?”
“Por que Ele não respondeu àquela oração?”
“Por que Ele permite que eu sinta tristeza, fique doente ou seja vítima de uma tragédia?”
Essas podem ser perguntas difíceis de se responder.
Nesta era de respostas instantâneas, em que o conhecimento absoluto e incontestável parece se resolver com uma busca no Google, às vezes ficamos frustrados quando as respostas às nossas perguntas mais pessoais, importantes e urgentes demoram a chegar. Elevamos nosso coração ao céu e parece que tudo o que recebemos em troca é um frustrante “cursor” rodando e carregando.
Não gostamos de esperar.
Quando temos que esperar mais do que alguns segundos para que um dispositivo responda, já achamos que a conexão está ruim ou que caiu. Em nossa frustração, chegamos até a desistir da pesquisa. Contudo, quando se trata de questões eternas, dos assuntos da alma, precisamos ser mais pacientes.
Nem todas as respostas têm o mesmo valor. As respostas que vêm da sabedoria do mundo ou da opinião pública são fáceis de se obter, mas perdem seu valor rapidamente quando surgem novas teorias ou tendências. As respostas celestiais, as respostas eternas, não têm preço. Para obtê-las, muitas vezes temos de fazer sacrifícios, trabalhar e ser pacientes.
Vale a pena esperar essas respostas.
Meu propósito é lhes dar a certeza de que o Pai Celestial os conhece, de que Ele os ouve e nunca vai abandoná-los. Ao voltarem o coração a Ele e se esforçarem para seguir Seu caminho, Ele vai intervir em sua vida e guiá-los em sua jornada na grande e emocionante aventura da mortalidade.
Ligar os pontos
Um dos grandes inovadores de nosso tempo, Steve Jobs, da Apple, percebeu isto: “Você não consegue ligar os pontos se olhar para frente; só consegue ligá-los se olhar para trás. É preciso confiar que, de alguma forma, eles vão se ligar no futuro”.1
O que ele quis dizer com isso? No final do século 19, Georges Seurat e Paul Signac começaram a pintar em um novo estilo, que ficaria conhecido como neoimpressionismo. A técnica deles consistia em fazer pontos na tela com pequenas pinceladas de cor. Olhando de perto, esses pontos parecem meio desconexos e aleatórios. Mas, olhando a pintura como um todo, consegue-se ver como os pontos se juntam em cores e como as cores criam formas que revelam uma linda cena. O que antes parecia arbitrário e até confuso começa a fazer sentido.
Às vezes, há momentos na vida que são como a arte neoimpressionista. Os pontos de cor que formam os acontecimentos de cada dia às vezes podem parecer desalinhados e caóticos. Não conseguimos ver nenhuma ordem neles. Não conseguimos imaginar um propósito para eles.
No entanto, quando damos um passo para trás e adotamos uma perspectiva eterna, quando vemos a vida sob o prisma do evangelho de Jesus Cristo, começamos a visualizar como esses vários pontos estão interligados. Talvez não seja possível ter uma visão global agora, mas, com paciência, podemos ver o suficiente para ter certeza de que essa é uma grande e bela pintura. Ao nos esforçarmos para confiar em Deus e seguir Seu Filho, Jesus Cristo, um dia veremos o produto final e saberemos que a mão de Deus estava direcionando e guiando nossos passos.
Saberemos que o Mestre Artista tinha um plano para todos esses pontos aleatórios. Veremos que o Mestre Artista ampliou nossos talentos, preparou oportunidades e nos apresentou possibilidades muito mais gloriosas do que jamais imaginamos ou alcançaríamos sozinhos. Com certeza já vi isso em minha própria vida.
Minha aventura da mortalidade
Quando eu era bem jovem, minha família foi forçada a fugir duas vezes de casa e deixar tudo para trás. Nas duas ocasiões, era evidente que as pessoas à nossa volta achavam que éramos “inferiores” a elas. Entre as crianças da minha idade, meu sotaque era uma marca de exclusão e uma razão para me ridicularizarem e rirem de mim.
O trauma e o estresse das mudanças de local e de ambiente afetaram meu rendimento nos estudos e acabei perdendo um ano escolar. Na Alemanha Oriental, aprendi russo como segunda língua. Foi difícil, mas consegui. Já na Alemanha Ocidental, eu tinha que aprender inglês.
Para mim, parecia impossível! Eu achava que minha boca com certeza não tinha sido feita para falar inglês.
Quando era adolescente, eu me apaixonei por uma garota maravilhosa de grandes e belos olhos castanhos. Infelizmente, ela não parecia nem um pouco interessada em mim.
Assim, lá estava eu, um rapaz insignificante e atribulado, vivendo na Alemanha do pós-guerra e que não parecia ter muita chance de sucesso na vida.
Contudo, eu tinha algumas coisas boas a meu favor. Sabia que minha família me amava. Na escola e na Igreja, alguns professores me incentivaram a sempre traçar metas elevadas. Ainda me lembro de quando um jovem missionário americano ensinou o conceito de que, “se Deus é por [você], quem será contra [você]?”2
Havia algo nesse conceito que teve um grande impacto sobre mim. “Se era assim”, pensei, “por que temer?”
Por isso, acreditei. E confiei em Deus.
Nessa época eu estava em um programa de aprendizes. Um dos professores me desafiou a dar um passo a mais e frequentar um curso noturno de engenharia mecânica. Isso exigiu muito esforço, mas me levou a descobrir minha grande paixão pela aviação! Levei um choque quando descobri que, para me tornar piloto, teria de aprender inglês. Mas eu queria ser piloto e, de alguma forma miraculosa, minha boca pareceu mudar, e o inglês deixou de ser um idioma impossível.
Com uma nova motivação, um novo compromisso para trabalhar com empenho e confiar no Pai Celestial, dei pequenos passos que me ajudaram a acreditar que eu conseguiria. Claro que isso não significa que tudo correu às mil maravilhas.
Aos 19 anos de idade, fui para San Antonio, no Texas, EUA, para começar meu treinamento de piloto na Força Aérea. No avião, sentei-me ao lado de um passageiro que falava com sotaque texano. Para meu desespero, percebi que o inglês que eu tinha me esforçado tanto para aprender não era o mesmo que ele falava!
Na escola de treinamento de pilotos, as coisas também foram difíceis. O programa era extremamente competitivo, com grande rivalidade na obtenção das melhores notas. Vi logo que estava em desvantagem, porque a maioria dos meus colegas eram falantes nativos do inglês.
Meus instrutores de voo me alertaram para outra possível desvantagem — eu passava muito tempo na igreja. Os membros me receberam muito bem tanto no ramo como na casa deles, e até construímos juntos uma capela em Big Spring, Texas. Meus instrutores estavam preocupados com o fato de isso prejudicar ainda mais minhas chances de ser bem-sucedido. Eu achava que não. Então, novamente, confiei em Deus e fiz o melhor que pude.
No final, consegui aprender inglês embora continue aprendendo. Concluí meu treinamento para piloto e terminei em primeiro lugar da classe. Tornei-me piloto de caça e, depois, comandante em uma companhia aérea. E aquela linda jovem de olhos castanhos dos meus sonhos se tornou minha esposa.
Fazer pequenas coisas com perfeição
Existe alguma lição nisso? Acho que há várias!
Uma delas talvez seja esta: não se deixem abater pelas grandes e difíceis tarefas da vida. Se vocês se comprometerem a fazer as coisas “fáceis”, as coisas “simples” que Deus pede, e as fizerem com o máximo de perfeição possível, grandes coisas vão resultar de seu esforço.
Entre as coisas fáceis e pequenas que vocês podem fazer com perfeição estão: estudar as escrituras, viver a Palavra de Sabedoria, ir à igreja, orar com real intenção e pagar o dízimo e as ofertas.
Façam essas coisas mesmo quando não tiverem vontade. Esses “sacrifícios” podem parecer pequenos, mas são importantes, pois “o sacrifício traz bênçãos do céu”.3
De certa forma, seus pequenos e simples sacrifícios são os pontinhos da vida diária que constituem a obra-prima da sua vida. Talvez vocês não vejam como os pontos se conectam agora, mas nem precisam ainda. Simplesmente tenham fé suficiente para o momento que estão vivendo. Confiem em Deus, e “de pequenas coisas provém aquilo que é grande”.4
Confiar em Deus
Talvez vocês estejam pensando: “Tudo bem, élder Uchtdorf, que bom que foi assim com você. Mas você é um apóstolo. Sou apenas um membro comum da Igreja. Minhas orações não são ouvidas. Minha vida não está sendo guiada. Se há um plano para mim, é uma versão brechó. Um plano de segunda mão. Um plano do tipo ‘contente-se com o que tem’”.
Meus queridos amigos, vocês são filhos do Deus vivo, o Deus do Universo. Ele os ama, Ele quer que vocês sejam bem-sucedidos, Ele tem um plano preparado para seu sucesso. Lembrem-se do que disse Steve Jobs: “Você não consegue ligar os pontos se olhar para frente; só consegue ligá-los se olhar para trás”.
Quando eu tinha a idade de vocês, não tinha a menor ideia para onde meus passos me levariam. Com certeza eu não via nenhum pontinho ligado a outro na minha frente.
Mas fiz questão de confiar em Deus. Ouvi os conselhos de minha família amorosa e de amigos sábios e dei pequenos passos com fé, acreditando que, se eu fizesse o melhor possível naquele momento, Deus cuidaria da perspectiva maior.
Ele o fez.
Ele conhecia o fim desde o princípio; eu não.
Eu não conseguia ver o futuro; Ele sim.
Mesmo durante aqueles períodos de dificuldades quando pensei que tinha sido abandonado, Ele estava comigo — vejo isso agora.
Em Provérbios, temos esta grande promessa: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.
Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”.5
Não há um ponto de interrogação no final desse versículo. Não, acho que deveria haver um ponto de exclamação!
Por isso, vocês têm que se perguntar: “Sou capaz de exercer fé suficiente para acreditar em Deus? Estou disposto a confiar que Ele me ama e quer direcionar meu caminho?”
Na verdade, vocês conseguem muito bem fazer diversas coisas sozinhos. Mas peço que me ouçam e acreditem quando digo que sua vida será infinitamente melhor se confiarem em Deus para guiar seus passos. O Senhor sabe de coisas que não é possível vocês saberem, e Ele tem um futuro preparado para vocês do qual não fazem ideia! O grande apóstolo Paulo testificou: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam”.6
Vocês querem que seu Pai Celestial os guie, abençoe e sustenha?
Então acreditem.
Amem-No.
Busquem-No de todo o coração.
Andem em Seus caminhos — o que significa guardar os mandamentos, honrar seus convênios, seguir os ensinamentos dos profetas e dar ouvidos aos sussurros do Espírito.
Façam isso e Deus vai “[aumentar] ainda mil vezes mais do que sois; e vos [abençoar], como vos falou!”7
Compreendo que, para alguns, isso possa parecer fácil de falar e difícil de fazer. Não é preciso ir muito longe na cultura atual para ouvir opiniões contraditórias que desestimulam ou mesmo ridicularizam a crença em Deus em geral e em nossa religião especificamente.
Essas opiniões causam ainda mais pressão nos dias de hoje devido aos avanços sem precedentes na comunicação. Esse é o seu desafio, mas também é seu privilégio.
Tenho certeza de que vocês vão encontrar um modo de lidar com isso à maneira do Senhor! Faz parte da aventura da mortalidade. A forma como lidarem com isso vai ter grande influência em seu futuro e no papel que desempenham na obra de Deus aqui na Terra.
Contudo, o que vocês estão vivendo não é uma exclusividade. Não foi só a geração de vocês que foi ridicularizada e desafiada por causa de sua fé em Deus. Na verdade, parece que isso faz parte do teste de todos os filhos de Deus na mortalidade.
“Se vós fôsseis do mundo”, disse Jesus a Seus discípulos, “o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o mundo vos odeia”.8
Encarem também a possibilidade de que, assim que fizerem o convênio de seguir o Salvador, os moradores do grande e espaçoso edifício desaprovarão sua conduta, às vezes até de maneira bem mordaz.9 Eles podem tentar maltratá-los e envergonhá-los.
Lembrem-se de que vocês não devem satisfações a eles, mas a Deus. Um dia, vocês estarão diante Dele para prestar contas de sua vida.
Ele vai perguntar o que fizeram para vencer as tentações do mundo e seguir o caminho da retidão. Vai perguntar se vocês seguiram o Salvador, se amaram ao próximo, se tentaram honestamente permanecer no caminho do discipulado.
Lembrem-se, não podemos ter as duas coisas. Não podemos receber as incompreensíveis bênçãos do discipulado enquanto mantemos, ao mesmo tempo, nosso registro de membro na Ala 1 da Babilônia. Queridos amigos, agora é a hora de nos comprometermos com Cristo e seguirmos o caminho Dele.
Um dia, todos os filhos de Deus vão saber o que é certo, inclusive aqueles que hoje zombam da verdade. Eles vão dobrar os joelhos e confessar que, de fato, Jesus é o Cristo, o Redentor, o Salvador do mundo.10 Vão saber que Ele morreu por eles.
Nesse dia, vai ficar claro que a voz Dele era a única que realmente tinha importância.
Vocês vão saber, com certeza, o quanto são abençoados por guardarem a fé, cumprirem os mandamentos de Deus, servirem ao próximo e edificarem o reino de Deus na Terra. Meus queridos amigos, acreditem — e Deus estará com vocês. Voltem o coração a Ele — e Ele vai guiá-los em sua jornada na grande e emocionante aventura da vida mortal.
“Não importa”
Falando sobre deixar que Deus guie nossa vida, gostaria de esclarecer uma coisa. Talvez vocês não gostem do que vou dizer. Quando perguntarem a Deus o que devem fazer, mesmo que sejam decisões importantes, talvez Ele não lhes dê uma resposta clara logo em seguida. A verdade é que, às vezes, não importa o que vocês decidem fazer, desde que continuem guardando os convênios e vivendo os princípios fundamentais do evangelho.
Em muitos casos, as decisões que vocês tomam podem não ser tão importantes quanto o que vocês fazem depois de tomarem as decisões.
Um casal pode, por exemplo, decidir que vai se casar mesmo que algumas pessoas da família achem que eles não foram feitos um para o outro. No entanto, tenho muita esperança em casais como esse se, depois de tomarem a decisão, forem totalmente fiéis um ao outro e a Deus de todo o coração e de todo o pensamento. Ao tratarem um ao outro com amor e bondade, centrados nas necessidades emocionais, espirituais e temporais do cônjuge, fazendo as “pequenas” coisas de modo consistente, eles se tornam o par perfeito.
Por outro lado, existem aqueles que pensam que são o “par perfeito” e acham que não precisam fazer mais nada. Se eles pararem de nutrir seu amor, de se comunicar um com o outro e passarem a viver uma vida egoísta, centrada em si mesmos, esse casal estará no caminho da tristeza e do remorso.
O mesmo princípio se aplica às escolhas vocacionais. Acredito muito naqueles que escolhem uma carreira de menor prestígio, mas fazem o melhor que podem e encontram formas de tornar seu trabalho interessante e desafiador.
Não tenho a mesma esperança por aqueles que escolhem profissões de prestígio, mas que, com o passar do tempo, perdem aquele entusiasmo tão necessário para se alcançar o sucesso. Na verdade, a habilidade de se adaptar bem às mudanças no trabalho será uma das qualidades mais importantes a serem desenvolvidas pela geração de vocês para lidar com o futuro.
Então, de que maneira o Senhor quer que vocês lidem com essas decisões importantes?
As instruções dadas a Oliver Cowdery e a Joseph Smith me foram muito úteis. O Senhor orientou: “Deves estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo”.11
O Pai Celestial deu a vocês um cérebro e um coração. Se confiarem no Senhor, Ele os ajudará a usar os dois a contento para tomarem decisões.
Em muitos casos, vocês têm mais de uma boa opção para escolher. Quando isso aconteceu com Joseph e seus companheiros, o Senhor usou uma frase interessante ao procurarem Sua orientação: “Não importa”.12
Mas imediatamente aconselhou: “Somente sede fiéis”.13
Seu trabalho é tomar as melhores decisões que puderem com base nas informações que têm e permanecer fiéis aos valores e princípios do evangelho. E depois lutar com todas as forças para ter sucesso nas coisas que escolher, e ser fiéis.
Façam isso e os pontos se ligarão.
Pode parecer frustrante saber que Deus não vai necessariamente fornecer um itinerário detalhado da sua jornada na vida. Mas será que vocês realmente querem orientação para cada detalhe de sua vida? Querem realmente alguém mostrando os atalhos da vida antes que tenham a oportunidade de descobri-los por si mesmos? Que tipo de aventura seria essa?
Meus queridos amigos, passamos pela aventura da mortalidade uma vez só. Será que uma pessoa completamente guiada com visões do futuro e respostas a todas as grandes perguntas da vida não deixaria de ter aquele sentimento de realização e perderia a chance de aumentar sua confiança no Senhor e nela mesma?14
Por terem recebido de Deus o arbítrio, vocês podem escolher muitas direções para seguir e ainda assim ter uma vida plena. A mortalidade é uma história de aventura interativa com o desfecho em aberto. Vocês têm mandamentos, convênios, conselhos proféticos inspirados e o dom do Espírito Santo. Isso é mais do que suficiente para guiá-los para a felicidade mortal e a alegria eterna. Além disso, não se desesperem se não tomarem decisões perfeitas. É assim que vocês aprendem. Faz parte da aventura!
Nenhuma aventura é um mar de rosas do começo ao fim, mas, se formos fiéis, teremos a certeza de chegarmos a um final feliz. Pensem no exemplo de José do Egito. Em muitos aspectos, sua vida foi um desastre. Ele foi vendido por seus irmãos como escravo. Foi jogado na prisão por um crime que não cometeu. Mas, apesar de todas as situações terríveis que foi forçado a viver, ele manteve sua fé. Ele confiou em Deus. Fez o melhor que pôde. Ano após ano — mesmo quando parecia que tinha sido ignorado e abandonado —, ele acreditou. José sempre voltou o coração a Deus. E Deus lhe mostrou que ele era capaz de transformar coisas negativas em positivas.15
Hoje, 4 mil anos depois, a história de José ainda nos inspira.
A aventura de vocês talvez não seja assim tão dramática, mas vai ter seus altos e baixos. Por isso, lembrem-se do exemplo de José. Permaneçam fiéis. Acreditem. Sejam honestos. Não se tornem amargos. Não persigam os outros. Amem a Deus. Amem ao próximo. Confiem no Senhor mesmo quando as coisas parecerem desanimadoras.
Pode ser que só vejam muito mais tarde, mas vão olhar para trás e saber que o Senhor, de fato, direcionou seu caminho.
E os pontos se ligaram.
Cinco coisas para lembrar
Até que isso aconteça, posso pedir a vocês que se lembrem destas cinco coisas?
Primeiro, saibam que as respostas de Deus às suas perguntas mais profundas podem demorar um pouco e podem vir de maneira inesperada. Mas as respostas de Deus são de valor eterno. Vale a pena esperar por elas.
Segundo, tenham um pouco de fé. Voltem seu coração a Deus. Acreditem que vocês são importantes para Deus e confiem que Ele fará mais por vocês do que podem fazer sozinhos. Aprendam com Ele. Amem-No. Acreditem Nele. Falem com Ele regularmente, intensamente. Ouçam Sua voz.
Terceiro, andem da melhor maneira que puderem no caminho do discipulado. Não fiquem sobrecarregados. Façam as coisas pequenas da maneira mais perfeita possível, e as coisas grandiosas vão se encaixar.
Quarto, não permitam que opiniões negativas os façam desistir de sua jornada de fé. Lembrem: vocês não devem explicações a seus críticos. Vocês prestam contas a seu Pai Celestial. Os valores Dele é que importam.
Quinto, tomem as melhores decisões que puderem seguindo as impressões que lhes vierem ao coração e à mente. Esforcem-se ao máximo para segui-las. Tenham fé, e Deus consagrará seus esforços sinceros para seu bem eterno.16
Façam isso e, no final, tudo irá bem.
À medida que procurarem seguir o Salvador, sua confiança se fortalecerá.17 E, se andarem em santidade e abrirem o coração para a Luz de Cristo, que seu amor a Deus amadureça e sua capacidade de amar o próximo seja refinada.
E tudo isso resultará em felicidade e alegria para vocês.
Vocês terão paz.
E, um dia, isso lhes dará a glória eterna.
Nesse dia futuro, ao fazerem um retrospecto dessa preciosa e emocionante aventura da mortalidade, vão entender. Verão que os pontos realmente se ligaram e formaram uma linda figura, mais sublime do que jamais teriam conseguido imaginar.
Com gratidão indescritível, verão que o próprio Deus, com Seu amor, Sua graça e Sua compaixão abundante, sempre esteve presente, velando por vocês, derramando bênçãos e guiando seus passos para voltarem à Sua presença.