Jesus Cristo: A fonte da alegria duradoura
Extraído do discurso “That They Might Have Joy” [Para que tenham alegria], proferido em um devocional realizado na Universidade Brigham Young, em 4 de dezembro de 2018.
Todo membro da Igreja restaurada do Senhor que se esforça para se lembrar de convênios sagrados, honrá-los e guardar os mandamentos pode receber dom da alegria duradoura.
Recentemente estive em uma reunião de testemunho poderosa e ouvi atentamente quando uma devotada irmã declarou: “Sinto imensa alegria por causa do plano de salvação do Pai Celestial”.
De imediato senti claramente que essa mulher não estava só falando de coisas que já conhecia. A luz que brilhava em seus olhos, o tom espiritual de sua voz, o brilho e a paz em seu semblante — tudo nela demonstrava a veracidade do que dizia. Ela estava plena de alegria. Ela irradiava alegria. De fato, ela estava tornando-se mais semelhante ao Salvador e recebera Sua imagem em seu semblante (ver Alma 5:14), por isso estava ficando cada vez mais cheia de alegria.
Sua expressão de fé me fez lembrar da letra de alguns hinos conhecidos:
A barra nos sustentará,
com fé no evangelho do Senhor.1
Vinde, ó santos, sem medo ou temor;
Mas alegres andai (…)
É bem melhor encorajar
E o sofrimento amenizar;
Podeis agora em paz cantar:
Tudo bem! Tudo bem!2
Clamemos, hoje, com fervor:
“Eu sei que vive meu Senhor”.3
E, nesta época de Natal, cantamos:
“Boas-novas de grande alegria
Para você e toda a humanidade”.4
E
Mundo feliz, nasceu Jesus.
Nasceu trazendo a luz! (…)
Cantemos seu louvor,
Cantemos seu louvor!
Cantemos, cantemos seu louvor!5
Desde que se tornou presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o presidente Russell M. Nelson tem frequentemente feito um convite às pessoas do mundo que inclui a promessa da alegria: “Nossa mensagem ao mundo é simples e sincera: convidamos todos os filhos de Deus em ambos os lados do véu a se achegarem a seu Salvador, a receberem as bênçãos do templo sagrado, a desfrutarem de alegria duradoura e a se qualificarem para a vida eterna”.6
O que é exatamente essa alegria sobre a qual cantamos e ensinamos e que temos a obrigação de oferecer a toda a humanidade? E como ela é obtida? Vamos pensar juntos em respostas para essas duas perguntas.
O que é alegria?
Um dicionário define alegria como “um sentimento de grande satisfação [ou] felicidade”.7 O Guia para Estudo das Escrituras, por sua vez, descreve a alegria como “condição de grande felicidade, proveniente de se viver dignamente”.8 Vejam que interessante: nossa perspectiva do evangelho nos ajuda a compreender que a alegria é mais do que um sentimento ou uma emoção fugaz; ao contrário, é uma dádiva espiritual e um estado de ser e se tornar. Por esse motivo descrevi a irmã que prestou testemunho como repleta de radiante alegria.
Como pai sábio e amoroso, Leí ensinou a seus filhos que o maior propósito para todas as pessoas na vida mortal é ter alegria:
“Mas eis que todas as coisas foram feitas segundo a sabedoria daquele que tudo conhece.
Adão caiu para que os homens existissem; e os homens existem para que tenham alegria” (2 Néfi 2:24–25).
Adão e Eva resumiram lições importantes que aprenderam com o Pai Eterno e por experiência própria. Adão declarou: “Bendito seja o nome de Deus, pois, devido a minha transgressão, meus olhos estão abertos e nesta vida terei alegria; e novamente na carne verei a Deus” (Moisés 5:10; grifo do autor).
E Eva disse: “Se não fosse por nossa transgressão, jamais teríamos tido semente e jamais teríamos conhecido o bem e o mal e a alegria de nossa redenção e a vida eterna que Deus concede a todos os obedientes” (Moisés 5:11; grifo do autor).
O plano de felicidade do Pai permite a Seus filhos obter um corpo físico, ganhar a experiência mortal, escolher a retidão na presença do mal e da tentação e ajudar o Pai Celestial em Seu grande plano por meio do casamento e da paternidade/maternidade honrosos.9 Por fim, na época de nossa ressurreição, “o espírito e o corpo [serão] reunidos para nunca mais se separarem, a fim de receberem a plenitude da alegria” (Doutrina e Convênios 138:17; grifo do autor).
Como se obtém alegria?
Acredito que o contraste entre a alegria em retidão e a diversão mundana é instrutivo e nos ajuda a compreender melhor a natureza da verdadeira alegria. A alegria advém de se exercer fé no Senhor Jesus Cristo, receber dignamente e honrar fielmente os convênios e as ordenanças sagradas e se esforçar para se tornar profundamente convertido ao Salvador e a Seus propósitos. A diversão é o resultado de “entretenimento”, “divertimento, com frequência ações barulhentas ou fala agitada” ou distrações agradáveis.10 Um dia nos brinquedos da Disneylândia é divertido. Preparar-se para o sacramento e participar dignamente dessa ordenança traz alegria.
A alegria é essencialmente espiritual; a diversão é essencialmente temporal. A alegria é essencialmente duradoura; a diversão é essencialmente temporária. A alegria é essencialmente profunda e enriquecedora; a diversão é essencialmente superficial. A alegria é essencialmente inteira e completa; a diversão é essencialmente fragmentada. A alegria essencialmente pertence à mortalidade e à eternidade; a diversão circunscreve-se à mortalidade.
É muito importante para nós nunca confundir ou trocar a alegria profunda e duradoura do discipulado devotado pela diversão superficial e momentânea.
O Redentor é a fonte única e definitiva da alegria duradoura e eterna. O profeta Jacó testificou: “Mas eis que os justos, os santos do Santo de Israel, os que tiverem acreditado no Santo de Israel, os que tiverem suportado as cruzes do mundo e desprezado a sua vergonha, herdarão o reino de Deus, que foi preparado para eles desde a fundação do mundo; e sua alegria será completa para sempre” (2 Néfi 9:18; grifo do autor).
A verdadeira fonte de alegria
Devido ao plano do Pai Celestial e à Expiação do Salvador, o arrependimento sincero nos convida a nos voltar a Jesus Cristo e depender Dele, a verdadeira fonte de alegria. Pensem detidamente na resposta do povo do rei Benjamim a seus ensinamentos sobre a Expiação do Salvador:
“E então aconteceu que após ter dito as palavras que lhe haviam sido transmitidas pelo anjo do Senhor, o rei Benjamim olhou para a multidão ao redor e eis que haviam caído por terra, porque o temor do Senhor se havia apoderado deles.
E haviam visto a si mesmos em seu estado carnal, menos ainda que o pó da Terra. E todos clamaram a uma só voz, dizendo: Oh! Tende misericórdia e aplicai o sangue expiatório de Cristo, para que recebamos o perdão de nossos pecados e nosso coração seja purificado; porque cremos em Jesus Cristo, o Filho de Deus, que criou o céu e a Terra e todas as coisas; que descerá entre os filhos dos homens.
E aconteceu que depois de haverem pronunciado essas palavras, o Espírito do Senhor desceu sobre eles e encheram-se de alegria, havendo recebido a remissão de seus pecados e tendo paz de consciência, por causa da profunda fé que tinham em Jesus Cristo que haveria de vir” (Mosias 4:1–3; grifo do autor).
Devido ao plano do Pai Celestial e à Expiação do Salvador, a obediência nos convida a seguir Jesus Cristo, a verdadeira fonte de alegria. O Salvador declarou a Seus discípulos:
“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
Tenho-vos dito essas coisas, para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa” (João 15:10–11; grifo do autor).
“E homem algum recebe a plenitude a não ser que guarde seus mandamentos.
Aquele que guarda seus mandamentos recebe verdade e luz, até ser glorificado na verdade e conhecer todas as coisas” (Doutrina e Convênios 93:27–28).
Devido ao plano do Pai Celestial e à Expiação do Salvador, o serviço nos convida a seguir o exemplo do caráter de Jesus Cristo, a verdadeira fonte da alegria. Recentemente, li uma declaração de Kevin J. Worthen, reitor da Universidade Brigham Young, a respeito da profunda alegria. Ele disse: “Passei a acreditar que uma medida de nosso progresso eterno é a intensidade da alegria que sentimos ao servir”.11
Alma, o Filho, disse a seu filho Helamã: “Tenho trabalhado sem cessar para conseguir trazer almas ao arrependimento; para fazer com que elas experimentem a intensa alegria que eu experimentei; para que também nasçam de Deus e encham-se do Espírito Santo” (Alma 36:24; grifo do autor).
Relembrem a alegria de Amom ao relatar seu trabalho missionário entre os lamanitas:
“Mas ei que minha alegria é completa, sim, meu coração transborda de alegria e regozijar-me-ei em meu Deus. (…)
Eis que quantos milhares de nossos irmãos ele livrou das penas do inferno! E eles foram levados a cantar o amor que redime e isto graças ao poder de sua palavra que está em nós; não temos, portanto, motivo para regozijar-nos? (…)
Ora, esta é minha alegria e minha grande gratidão; sim, darei graças a meu Deus para sempre” (Alma 26:11, 13, 37; grifo do autor).
Devido ao plano do Pai Celestial e à Expiação do Salvador, os desafios e as aflições nos convidam a levantar nossos olhos (ver Isaías 40:26; Salmos 123:1–2) para Jesus Cristo, a verdadeira fonte de alegria. A preciosa perspectiva fornecida pelo evangelho restaurado nos permite aprender lições que nos preparam para a eternidade por meio das adversidades da mortalidade. O sofrimento e as adversidades podem ser “sobrepujad[os] pela alegria em Cristo” (Alma 31:38) e consagrados para nosso benefício (ver 2 Néfi 2:2) para “que a [nossa] ação seja para o bem-estar de [nossa] alma” (2 Néfi 32:9). Assim, a alegria perdura nas ocasiões e experiências que são tanto boas quanto ruins devido a nosso conhecimento do plano do Pai e da Expiação do Salvador.
Fé no Senhor Jesus Cristo, arrependimento, obediência, serviço e uma perspectiva do evangelho sobre os desafios que encontramos na mortalidade, tudo isso nos convida a vir à fonte de alegria duradoura — Jesus Cristo. Convido vocês a identificar, estudar e, em espírito de oração, ponderar sobre mais princípios que nos capacitam a receber a importante dádiva espiritual da alegria.
Uma promessa cheia de alegria
A alegria duradoura não é uma bênção reservada a poucos eleitos. Pelo contrário, todo membro da Igreja restaurada do Senhor que se esforça para se lembrar dos convênios sagrados e honrá-los e guarda os mandamentos pode receber essa dádiva, de acordo com o tempo e a vontade do Senhor. Nesta época de Natal, que cada um de nós se empenhe para apreciar mais plenamente a extraordinária dádiva da alegria. Ao fazer isso, que comecemos a ver com novos olhos, ouvir com novos ouvidos, “[louvar] ao Senhor”, “[rogar] seu perdão” e dar “hosanas ao Senhor”.12
Alegremente declaro meu testemunho da existência real e da divindade de nosso Senhor Jesus Cristo.