Entender o porquê

Zach Wolf

Quando passei por uma terrível provação, fiquei com raiva e quis saber o motivo.

Alguns de nós passam grande parte da vida se perguntando “por quê?”

“Por que estou aqui?”

“Por que temos tantos mandamentos?”

“Por que Deus permite que coisas ruins aconteçam?”

Na missão, muitas pessoas me fizeram esses tipos de pergunta. E sempre tive uma resposta para elas. Eu tinha fé no evangelho e sabia que, não importava o que acontecesse, Deus estaria ao meu lado.

Ou pelo menos eu pensava que estaria.

Quatorze meses depois de começar a missão, acordei certa manhã e algo estava errado. Comecei a ficar tonto e gaguejava quando falava. As coisas pioravam a cada dia. A vida parecia incerta. Estava exausto. Não conseguia conversar, ler as escrituras ou me exercitar. Até ficar acordado parecia impossível.

Logo, eu estava em um avião voltando para casa mais cedo do que havia planejado. Minha missão terminou inesperadamente, e meus planos para a vida não estavam indo como esperava. De repente, eu estava fazendo a pergunta que muitos me haviam feito na missão:

Por que Deus deixou isso acontecer comigo?

A falta de respostas

Eu busquei respostas. Tinha certeza de que retornaria à missão porque ainda tinha muito o que fazer e aprender! Eu tinha sido fiel e obediente, então tinha que ser abençoado por isso, certo? Todos os dias, dizia a mim mesmo que os médicos encontrariam uma cura e que eu ia voltar. Orei constantemente. Mas, com o passar do tempo, sem ter respostas, fui forçado a aceitar que minha missão realmente tinha acabado.

Sem respostas, o tempo passou como um sonho. Nada parecia real. Sempre me sentia meio adormecido. Até meus passatempos favoritos eram impossíveis de realizar. Perdi-me espiritualmente e me afastei de Deus. Em minha dor, acreditava que não podia voltar à luz. Assim, senti-me à vontade na escuridão.

Mas, depois de meses de escuridão, aconteceu um milagre, e um médico me diagnosticou com narcolepsia com cataplexia, que é um distúrbio autoimune que danifica a parte do cérebro que regula o ciclo de sono e de despertar.

Minha condição não tinha cura, mas podíamos pelo menos tratar os sintomas. E essa resposta foi um raio de esperança que também me inspirou a encontrar a luz de Cristo em minha vida novamente.

Então, humildemente, fiz uma oração sincera e perguntei novamente:

Por que isso aconteceu comigo?

E, em minha esperança renovada, o Espírito me disse que eu já sabia a resposta.

Aplicar verdades em minha própria vida

Uma de minhas escrituras favoritas é Romanos 8:28: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”. Todas as coisas — inclusive desafios.

Eu sabia dessa verdade.

Eu tinha ensinado isso muitas vezes na missão. Mas não a tinha aplicado à minha própria vida. Percebi que havia acumulado raiva de Deus desde que voltei mais cedo da missão. Eu não tinha encontrado a paz que Ele promete porque eu não tinha permitido que Ele me oferecesse essas bênçãos.

Como o presidente Russell M. Nelson ensinou: “A alegria que sentimos tem pouco a ver com as circunstâncias de nossa vida e tem tudo a ver com o enfoque de nossa vida”.¹

Em minha perspectiva limitada, estava ressentido com Ele e não queria ser feliz até que minha vida fosse do jeito que eu queria. Mas o Pai Celestial me lembrou de que havia um propósito maior para minha dor — permitir me achegar a Cristo, ser mudado e sentir alegria. Afinal de contas: “Adão caiu para que os homens existissem; e os homens existem para que tenham alegria” (2 Néfi 2:25).

O élder D. Todd Christofferson, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “Em meio a esse fogo do ourives, em vez de ficar com raiva de Deus, aproxime-se Dele. Invoque o Pai em nome do Filho. Caminhe com Eles em Espírito, dia após dia. Permita que, com o tempo, Eles manifestem Sua fidelidade a você. Busque verdadeiramente conhecê-Los e conhecer a si mesmo. Permita que Deus prevaleça”.²

Entendo agora que saber que o Pai Celestial e Jesus Cristo estão conosco nem sempre removerá as dificuldades desta vida. Ainda tenho dificuldades com minha doença. Mas confiar Neles e amá-Los sempre dará significado às dores aparentemente sem sentido e às razões pelas quais perseveramos. Cada aflição, decepção e dor que vivenciamos pode ser transformada em uma lição ensinada com amor por nosso Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo.

Ao continuar a buscá-Los, Eles continuam a me ensinar e a me oferecer alegria todos os dias.

O autor mora em Washington, EUA.