Publicação semanal para jovens adultos
Quatro maneiras de acessarmos o poder da comunicação positiva
Abril de 2024


Apenas em formato digital: Jovens adultos

Quatro maneiras de acessarmos o poder da comunicação positiva

É mais do que apenas sorrir ou dizer coisas agradáveis — trata-se de ajudar outras pessoas a sentir o amor de Deus.

Duas meninas rindo juntas

Embora pessoas conhecidas achem, com frequência, que sou uma pessoa otimista, nunca me imaginei sendo um raio de sol radiante. Na verdade, existe um grande lembrete de meu temperamento não tão alegre que está pendurado na parede da sala da casa dos meus pais.

Em um verão, quando eu era uma criança, meus avós vieram nos visitar e aproveitamos a oportunidade para agendarmos uma sessão de fotos com a família. Eu estava completamente preparada, com meu vestido xadrez cor de rosa combinando com meu chapéu de aba larga. Mas as coisas começaram a dar errado quando não recebi um banco para me sentar como todos os outros membros da família.

Frustrada, fiz a maior careta que pude durante a toda a sessão, atrapalhando o que poderia ter sido uma prazerosa experiência com minha família e criando décadas de piadas sobre o “vestido carrancudo”.

Embora eu consiga rir agora, aquele retrato de família, para mim, é um lembrete constante do poder da positividade. Ser positivo, evidentemente, faz com que a vida seja mais agradável — pois quem encontra alegria genuína ao estar com raiva a todo o momento? Sem falar que a positividade tem sido associada, há muito tempo, a vários benefícios para a saúde como estresse reduzido, baixo risco de doença cardíaca e, até mesmo, uma vida mais longa.1

Contudo, a positividade não nos afeta apenas como indivíduos. Nossa positividade (ou a falta dela) pode influenciar cada pessoa com quem interagimos. Fomos ordenados a “[termos] bom ânimo” (ver Doutrina e Convênios 61:36; 78:18), e ao fazermos isso em nossa comunicação, nós — e aqueles ao nosso redor —conseguimos sentir mais abundantemente o amor de nosso Pai Celestial e nosso Salvador.

Eis algumas maneiras de explorar o poder da comunicação positiva.

1. Seguir o padrão de comunicação do Salvador.

Como exemplo supremo da comunicação positiva, podemos recorrer ao Salvador, que demonstrou Seu amor pelos outros ao interagir com gentileza, compaixão e compreensão.

O élder L. Lionel Kendrick, membro emérito dos setenta, ensinou: “A comunicação cristã é uma expressão de afeto, e não de ira, de verdade e não de falsidade, de caridade, e não de contenda, de respeito, e não de zombaria, conselho e não crítica, correção e não condenação. Ela é proferida com clareza e não com dubiedade. Pode ser carinhosa ou dura, mas deve sempre ser temperada”. 2

É claro que a maneira como dizemos algo é tão importante quanto o que dizemos,3 uma lição que aprendi como estudante de piano. Ao ter estudado piano por quase toda a vida, passei por muitas experiências relacionadas a técnicas de ensino. Embora pudesse ser desanimador receber uma lista sem fim de trechos musicais para praticar, fui privilegiada por ter professores que foram excepcionais em oferecer correção de modo compreensivo e encorajador e aprendi sobre o imenso poder de uma palavra gentilmente proferida.

2. Esforçar-se para ter uma perspectiva positiva.

Quer percebamos ou não, nossa atitude pode influenciar nossa comunicação com outras pessoas — e muitos outros aspectos de nossa vida. O presidente Thomas S. Monson (1927-2018) disse: “Muito na vida depende de nossa atitude. O modo pelo qual decidimos encarar as coisas e agir com as pessoas faz toda a diferença. Se dermos o melhor de nós e depois optarmos por ser felizes com nossas circunstâncias, sejam quais forem, poderemos ter paz e satisfação”.4

Uma maneira de cultivarmos a atitude positiva é convidar o Espírito para nossa vida. Podemos fazê-lo ao substituirmos a dúvida pela fé (ver Doutrina e Convênios 6:36), aceitarmos o dom do arrependimento, esforçarmo-nos ativamente para fortalecer nossos testemunhos e buscarmos reconhecer a mão do Senhor em nossa vida. Também descobri que ao planejar (e seguir esse planejamento) tempo para meu estudo das escrituras, sinto-me mais positiva durante o dia. Todas estas coisas nos ajudam a sentir o Espírito Santo de modo mais abundante e nos levam a mais sentimentos de esperança.

É claro que ser positivo também não significa reprimir todas as emoções negativas. Algumas vezes caí na armadilha de pensar que não tenho fé se demonstro preocupação ou tristeza. Mas como a irmã Sharon Eubank, primeira conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro, explicou: “Ser feliz não significa colocar um sorriso falso no rosto, não importa o que aconteça. Significa guardar os mandamentos de Deus e edificar e elevar os outros. Quando edificamos alguém, quando carregamos o fardo de outras pessoas, recebemos bênçãos em nossa vida que as provações não podem tirar de nós”.5 Embora todos nós tenhamos emoções negativas em nossa vida, podemos encontrar maior felicidade ao evitarmos nos concentrar em nossas tristezas e buscarmos edificar outros.

3. Considerar o coeficiente dos relacionamentos.

Otimismo pode não ser mensurável, mas certos indicadores podem nos ajudar a medir o quão positivo somos em nossas interações. Por décadas, o psicólogo John Gottman estudou o que faz um relacionamento ser saudável. Após observar milhares de casais, ele identificou uma fórmula que pode ajudar a predizer, com mais de 90 por cento de exatidão, se os casais continuarão juntos ou irão se separar nos anos seguintes.6

Sua maior descoberta? Durante os momentos de conflito, os casais felizes geralmente seguiam um coeficiente de, pelo menos, cinco interações positivas para cada interação negativa. Interações positivas incluem tecer um elogio, ter empatia, apoiar o ponto de vista do outro, enquanto interações negativas compreendem, entre outras coisas, revirar os olhos, ficar na defensiva, desdenhar ou ser crítico.7

Apesar da pesquisa de Gottman se concentrar em casais, suas conclusões podem ser aplicadas em todos os tipos de relacionamentos e destacam os efeitos prejudiciais da negatividade.

O apóstolo Paulo disse: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para utilidade da edificação, para que dê graça aos que a ouvem” (Efésios 4:29). Talvez não consigamos sempre concordar uns com os outros, mas podemos discordar sem sermos desagradáveis. E à medida que procuramos ser edificantes — mesmo em caso de conflito — podemos aliviar os fardos e dar espaço a uma alegria maior.

4. Ser “[um] exemplo dos fiéis”.

Agora sorrio para as fotos em família (mesmo que tenha que ficar de pé) e comecei a compreender como minha atitude pode influenciar aqueles ao meu redor, para o bem ou para o mal.

Embora eu esteja longe de ser perfeita, tento fazer um esforço extra para me envolver quando estou conversando com alguém, para expressar meu apreço por meu esposo e outros entes queridos e para, finalmente, ser “[um] exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (1 Timóteo 4:12).

É a combinação destas pequenas coisas — um ouvido atento, uma afirmação positiva, uma desculpa sincera — que tem o maior impacto. Essas pequenas coisas, que nos ajudam a imitar nosso Salvador, nos permitem compartilhar o amor de Deus.

E ao compartilhar Seu amor, nós também o sentimos.

Notas

  1. Ver “Positive thinking: Stop negative self-talk to reduce stress”, Mayo Clinic, 21 de janeiro, 2020, mayoclinic.org/healthy-lifestyle/stress-management/in-depth/positive-thinking/art-20043950; ver também “A Positive Outlook May Be Good for Your Health,” [Uma Perspectiva Positiva Pode Ser Bom para Sua Saúde”], por Jane E. Brody, New York Times, 27 de março, 2017, nytimes.com.

  2. L. Lionel Kendrick, “Comunicações cristãs”, A Liahona, janeiro de 1989.

  3. L. Lionel Kendrick, “Comunicações cristãs”, pg. 25.

  4. Thomas S. Monson, “Vida em Abundância”, A Liahona, janeiro de 2012, p. 4.

  5. Sharon L. Eubank, “Resplandeça a sua luz”, Liahona, novembro de 2017, p. 8.

  6. Ver Emily Esfahani Smith, “Master of Love” [“Mestres do Amor”], The Atlantic, 12 de junho de 2014, theatlantic.com/health/archive/2014/06/happily-ever-after/372573.

  7. Ver Kyle Benson, “The Magic Relationship Ratio, According to Science” [O Coeficiente Mágico dos Relacionamentos, Segundo a Ciência], The Gottman Institute, 4 de outubro de 2017, gottman.com/blog/the-magic-relationship-ratio-according-science.

  8. Ver Fortalecer a Família: Guia do Instrutor (2006), 26-28.

  9. Dieter F. Uchtdorf, “A felicidade é sua herança”, A Liahona, novembro de 2008, p. 120.

  10. Ver Fortalecer a Família: Guia do Instrutor (2006), 14-15.